31 outubro 2019

Der Goldene Handschuch

Para esta noite de Halloween, vou abordar o filme considerado como o mais macabro de 2019!

Der Goldene Handschuch [The Golden Glove] [O Bar Luva Dourada] [2019] é uma produção alemã. A trama do filme desenrola-se nos anos 70, na cidade de Hamburgo. Um serial killer chamado Fritz Honka [Jonas Dassler] mata, sem dó nem piedade, prostitutas idosas e corta-as aos bocados, escondendo-as dentro da sua própria casa! Conseguirá alguém pôr fim a este assassino?

Eis um trailer:




A minha opinião:


Dizer que "O Bar Luva Dourada" é violento e macabro é pouco! Concordo plenamente com a opinião da crítica que diz que "este é daqueles filmes que desejamos nunca ter visto". 


O filme é forte, muito forte. Causa nojo e repulsa. Definitivamente.


Por outro lado, para causar tudo isto, é porque o filme está muito bem feito. Se conseguirmos ver para além do macabro, violento e hediondo, estamos perante um filme que pode vir a tornar-se um cult no futuro. O desempenho dos actores é extremo! Não me apercebi de duplos no filme. As cenas de violência foram extremamente detalhadas, o que mostra a qualidade dos actores em demonstrar o que pretendiam! Junte-se a isto o cuidado nos planos de imagem, os detalhes de som, as músicas lindíssimas e a meticulosa cenografia!   


No filme conhecemos veteranos de guerra, sem abrigos, mendigos, bêbados, prostitutas idosas em fim de carreira, carentes por um pouco de atenção e saudosistas dos tempos em que eram jovens. Ou seja, tudo em si leva-nos a uma Hamburgo decadente e deprimente, pós-guerra, onde os mais velhos não conseguiram adaptar-se à nova realidade.


Tudo no filme foi pensado ao detalhe - a nível cenográfico fiquei surpreso pelos detalhes! Houve um serial killer que aterrorizou Hamburgo entre 1970 e 1975, matando 4 prostitutas. Essa história deu origem a um livro, de seu nome O Bar Luva Dourada, lançado em 2016 e que por sua vez serviu de inspiração a este filme.


Este filme não é para qualquer um. É preciso ter estômago para assistir. Existem cenas de nudez total e nudez frontal, bem como cenas de extrema violência contra mulheres. Brutal, grotesco, sórdido. O público feminino tem odiado este filme! Compreende-se o porquê!


O que mais me incomodou foi saber que realmente existiu um serial killer assim! Já o desempenho dos actores é fora de série!


Nota Final João: 8,1/10

Child's Play

Child's Play [O Brinquedo Assassino][2019] é nada mais, nada menos, que o remake de um filme bem conhecido da malta que viveu os anos 80: o Chucky! Neste filme, conhecemos Andy [Gabriel Bateman], um rapaz com problemas de audição que tem dificuldades em fazer amigos por causa disso mesmo. Ele vive com a sua mãe, Karen [Aubrey Plaza]. Esta, um dia, decide oferecer ao filho um boneco para que o filho não se sinta tão sozinho....

Eis um trailer:




A minha opinião:


Para os leitores que como eu, assistiram aos filmes da saga "Chucky" lá nos meados dos anos 80 pela televisão, ver este filme é uma viagem no tempo, com um sabor agridoce. Isto acontece porque temos aqui um filme de terror versão actual, ou seja, muito alarido para nada. 


O filme tem o Buddy - a nova versão do Chucky - um boneco perfeito para ter em casa, visto que ele monitoriza todos os aparelhos que tenhamos da marca Kaslan. Esta indicação é uma clara metáfora ao facto da sociedade actual estar cada vez mais consumista e dependente de aparelhos electrónicos. Por outro lado, se isso é interessante, introduzi-lo num filme destes e depois não o explorar completamente é de lamentar. 


Aqui existe um motivo para tudo - incluindo porquê que Buddy se torna mau e violento. Talvez o director tivesse a intenção de metaforizar o ser humano, explicando que ninguém "sai mau da fábrica", antes torna-se mau, devido a circunstâncias externas a si mesmo. Esse aspecto, a ser verdade, para mim torna o filme uma vez mais interessante, apesar de acreditar que a motivação do director não foi tão filosófica quanto a minha. 
childs-play-2019-chucky-remake
Andy numa das cenas de Child's Play


Quanto ao filme em si, apesar de ser engraçado e tal, ficou aquém do que esperava. Isso fica a dever-se ao facto de esperar um filme mais de terror em vez de terrir - o filme tem algumas partes de comédia básica - e acaba por ser um thriller com algumas cenas um pouco mais provocantes do que aquele filme que nos deixa arrepiados e em suspenso pelo que possa vir a acontecer a seguir. O pior de tudo ainda acaba por ser a forma como a acção se processa na segunda metade do filme. 


Child's Play pode ser uma introdução aos filmes de terror para crianças já um pouco crescidas. Tem aquele boneco com ar fofinho e adorável, que insiste em ser o melhor amigo do personagem principal até ao fim. Para os leitores que assistiram ao "Chucky", este é um saudoso remake de um filme que causou bastante medo nos anos 80, mas que não nos causa aquele medo "gostoso".


Nota Final João: 7,2/10

25 outubro 2019

LOVE DEATH + ROBOTS

Estreio hoje uma nova temática aqui no blog, à qual chamei "Aperta o Play!", uma temática sobre séries. A primeira que irei abordar é uma que acabei de ver esta semana, chamada "LOVE DEATH + ROBOTS".

Eis um trailer:




LOVE DEATH + ROBOTS [2019] é uma série Netflix.

O título, por si só, já diz tudo. É uma série de animação para adultos, com temas variados, focados no Amor, Morte e Robots. A 1ª Temporada tem 18 episódios.

Um dos aspectos que torna esta série interessante é o facto de cada episódio da série contar uma história diferente. As histórias tem estilos de animação bastante variados, que vão desde as animações 2D às imagens extremamente realistas CGI [Imagens Geradas por Computador]. Os episódios variam entre os 5 e os 17 minutos, explorando os géneros de ficção científica, mistério, horror, terror e comédia. Existem cenas de nudez total e nudez frontal.

Pessoalmente, achei a série curiosa e interessante. Houve episódios que gostei pouco, outros que adorei e outros que me deixaram a discutir os mesmos durante algum tempo! Os meus episódios favoritos foram os seguintes: 


* When Yogurt Took Over
* Good Hunting
* Fish Night
* Zima Blue
* Alternat Stories
* Ice Age 


LOVE DEATH + ROBOTS não deixa os espectadores indiferentes. Se forem fãs de animação fora da caixa, ficção científica, robots e muita violência, acredito que vão adorar! 



Nota Final João: 8,7/10

************

E vocês? Já assistiram à série? 
Se sim, qual ou quais foram os vossos episódios favoritos? 

20 outubro 2019

Ленинград - Кольщик


Nós vivíamos na minha casa,
Ele nunca pagava a sua parte!
Na verdade, ele nunca seguia as regras!
Estava sempre meio azedo!

Tatue as minhas sobrancelhas, tatue!
Tatuador, tatue as minhas sobrancelhas!
Como uma memória daquele grande amor,
Para me fazer parecer mais fria!

Tatue!
Tatue!

Ele falava sobre estilo
Enquanto andava pela cozinha
Ele misturava vodka e sumo
E torcia pelo Real Madrid!

Tatue as minhas sobrancelhas, tatue!
Tatuador, tatue as minhas sobrancelhas!
Como uma memória daquele grande amor,
Para me fazer parecer mais fria!

Tatue!
Tatue!

Tatue, tatue, tatue, tatue
Tatue, tatue, tatue, tatue

O baixo está a tocar, o solo está a tocar
E então, ela canta como se tivesse as suas sobrancelhas tatuadas
Dê-nos luta, sim!
Termine de contar, sim!
A sua história, bela Flori-da!

E então, ele tentou escapar!
Parece que ele conseguiu fugir!
Deixou-me com uma filha, Olia!
E a chave da casa, debaixo do tapete!

Tatue as minhas sobrancelhas, tatue!
Tatuador, tatue as minhas sobrancelhas!
Como uma memória daquele grande amor,
Para me fazer parecer mais durona!

Tatue!
Tatue!
Tatue!

18 outubro 2019

Vírgulas do Destino: Meandros da Vida ~ Capítulo 5


Vírgulas do Destino: Meandros da Vida - Capítulo 5





*Vigo, 28 de Junho de 2013*




- “Informamos a los pasajeros qué acaba de dar entrada en la línea número 5, el tren precedente de Porto, en Portugal. ¡Deseamos a todos los pasajeros que desembarcaron aquí en Vigo, una excelente estadía!

Um casal começou a correr.

- ¡Caín! ¡Caín! ¡Mi querido hijo!

- ¡Mamá! ¡Papá! - gritei eu, correndo para eles.

Os meus pais abraçaram-se a mim a chorar e a rir.

- ¿Cómo estás hijo? ¡Cuánto tiempo! - perguntou o meu pai, enquanto me dava palmadinhas nas costas.

- Estoy muy bien. ¡Papá, mamá, ¡quiero presentarles a una persona...! La persona con la que quiero pasar el resto de mis días...

Os meus pais viraram-se e com um grande sorriso, perguntaram:

- ¿Eres tú Mikel, lo chico que Caín ha estado hablando tanto?

Mikel fez uma vénia e cumprimentou os meus pais, dizendo:

- ¡Así es! ¡Mucho gusto, señorita Eva y señor Adán!

Os meus pais abraçaram o Mikel e com um grande sorriso disseram:

- ¡Caín ya nos ha hablado mucho de ti! ¡Sé bienvenido a la familia, querido hijo! ¡Que Dios bendiga vostra relación! ¡Vosotros han sufrido mucho y merecen ser felices!

- ¡Gracias! ¡Me siento muy feliz! - respondeu Mikel, enquanto chorava, emocionado.

Eu e o Mikel abraçamo-nos.

Os meus pais levaram-nos até à nossa nova casa, enquanto eles preparavam uma festa para celebrar este feliz acontecimento. A meio da festa, os meus amigos e familiares desafiaram-nos para cantar! O Mikel virou-se para os nossos convidados e anunciou:

- ¡Hola a todos! ¡Esta es la canción que representa nostro amor!

Não tardou estava toda a gente a assobiar e a bater palmas, enquanto eu e o Mikel tocávamos e a cantávamos:




Terei eu sentido,
Que este dia chegaria novamente?

O meu coração,
Perplexo com o Amor,
Está a baloiçar e baloiçar, até doer...

Já não existe essa confusão,
E a dor no meu coração.
Eu pensei que ninguém ia reparar... Na solidão...
Mas a tua paixão viu... E despertou!

Numa pequena estrela, que sou eu,
Uma única gota de amor brotou.
Tenho de lutar contra o meu medo de perder as pessoas...!

Uma oração à lua,
Uma oração às estrelas,
Eu devo esculpir o caminho que devo seguir com o meu coração!

A razão pela qual as minhas lágrimas estão a ficar quentes,
É por causa dum pedaço de amor destinado...
Um pedaço de coração, eu fui capaz de encontrar...

No final,
Nós os dois tornamo-nos um só...
Uma verdadeira obra de amor.

Um pedaço de amor destinado,
Um pedaço de coração, eu fui capaz de encontrar...


Quando acabamos de cantar, toda a gente se levantou a chorar e a bater palmas. Eu e o Mikel abraçamo-nos e beijamo-nos, enquanto toda a gente fazia um brinde à nossa felicidade!

Depois de renascermos...

...Nós encontramos um Pedaço de Amor, no coração um do outro.




Quando te vi,
Eu senti os anjos a sorrir,
E a chuva do céu que era brilhante!

Já estás no meu Mundo!
E és um tesouro para mim!
A sensação é tão radiante!

O dia em que chegaste aqui,
Foi maravilhoso, sim!
Que eu nunca o hei-de esquecer!!
Eu adoro-te!

Abre a Porta do Paraíso,
Vê p’ra além do sol e do mar!
Digo-te que juntos podemos ir
Aonde o mundo deve estar!

Assim vamos poder contar a história
Que te fascina sempre:
Eu vou tentar!
Pega-me na mão e vem comigo,
O sonho vais realizar!

Assim vamos poder contar a história
Que te fascina sempre:
Eu vou tentar!
Pega-me na mão e vem comigo,
O sonho vais realizar,
Nesse lugar!


17 outubro 2019

Vírgulas do Destino: Meandros da Vida ~ Capítulo 4


Vírgulas do Destino: Meandros da Vida - Capítulo 4

Acordei cedo.

Liguei a televisão porque me apetecia estar um pouco na cama sem fazer nada...era domingo e estava cansado da viagem do dia anterior. Hoje estava a pensar passear um pouco por Lisboa e no fim do dia logo veria se regressava a casa ou ficava cá mais um dia. Ao fazer zapping, dei com o meu canal favorito. Ia começar a dar uma música nova!





- “OMFG! Tão lindo!” - pensei eu, ao ver o vídeo.

De repente, fiquei cheio de saudades do Mikel. Liguei-lhe, mas ele tinha o telemóvel desligado. Ainda devia estar a dormir...

Fui tomar um banho, arranjei-me e depois de fazer o check-out no hotel, dirigi-me à estação de comboios. Chegado lá, perguntei a uma funcionária como se ia para Belém.

- O senhor vai no comboio até ao Rossio, desce até ao rio e depois vira à direita! - respondeu ela prontamente.

- Obrigado! - respondi.

A viagem de comboio foi agradável. Aproveitei para passear um pouco por ali perto, indo conhecer a zona do Chiado e arredores. Depois de muito andar, comecei a pensar que já me teria perdido.

- Muito bonito! Estou perdido e não há aqui ninguém por perto a quem eu possa pedir ajuda! - resmunguei.


parque-das-nacoes-lisboa-lisbon


Lá andei mais um bocado até chegar novamente a uma zona à beira rio. Olhei para uma parede e encontrei uma placa, que dizia 24 de Julho.

- Hum... Deixa-me consultar o mapa... Bolas, acho que ainda estou longe! - suspirei, um bocado desanimado.

Procurei por ajuda e acabei por encontrar! Um rapaz estava a olhar para o rio. Aproximei-me dele e disse:

- Peço desculpa por incomodar...

O rapaz virou-se para mim e perguntou:

- Que se passa? O que queres?

Sorri ligeiramente e respondi:

- Desculpa incomodar, mas acho que estou perdido. Eu queria ir para aqui. - respondi, apontando o local no mapa.

Ele pigarreou e disse:

- Ora bem, a pé ainda estás um pouco longe. O que te aconselho é a apanhares o comboio, ali na estação de Santos para Belém. A viagem dura cerca de 8 minutos. Se fores a pé, bem que levas mais de uma hora a chegar! - respondeu ele, a rir-se.

Assenti com a cabeça, sorri e agradeci.

- Obrigado!

- Sempre às ordens! - respondeu o rapaz, com um sorriso.

Eu virei costas rumo à tal estação, voltando a cabeça para trás. O rapaz olhava para mim. Talvez estivesse a pensar se eu teria percebido bem as indicações. Chegado à estação de comboios, tirei o bilhete e num instante um comboio rumo a Cascais apareceu.

Entrei e segui nele até Belém.

O rapaz tinha razão.

A viagem foi muito rápida! Mal tive tempo para descansar! Ao chegar a Belém, estava a decorrer uma manifestação num jardim em frente a um palácio que, entretanto, vim a saber que era o Palácio da Presidência.


palácio-de-belém-portugal-lisboa-lisbon


As pessoas estavam a manifestar-se contra o aumento do IVA para os 30% em todos os produtos e bens, o fim dos subsídios de Férias e de Natal para todos funcionários, tanto públicos como privados e a criação do “Imposto de Sustentabilidade”, que visava manter os salários da classe política, que pelos vistos, estava a empobrecer! 




O Presidente da República, um homem chamado Alberto Silva, apelava à calma, usando um megafone:

- Meus queridos concidadãos, deste nosso Portugal! Vamos lá a ter paciência, que este imposto não vos fará mal!

As pessoas começaram a berrar e a gritar palavras de ordem.

Indignado, eu virei-me para ele e gritei:

- ¿Por qué no te callas?

Ao escutarem aquilo, os seguranças do Presidente não perderam tempo! De imediato encetaram buscas para saber quem tinha dito aquilo! Eu tratei de me pôr a andar dali para fora o mais depressa que podia, enquanto as pessoas, animadas com o meu atrevimento, entoavam:




Ouves as pessoas a cantar?
Cantam a canção dos homens furiosos!
Esta é a música de um povo
Que não será escravo novamente!
Quando a batida do teu coração
Ecoar na batida dos tambores
Haverá uma vida prestes a começar
Quando o Amanhã chegar!

Vais unir-te à nossa cruzada?
Serás forte e ficarás comigo?
Para além da barricada
Não existirá um mundo que tu queiras conhecer?
Então junta-te à luta
E ganharás o direito de ser livre!

Ouves as pessoas a cantar?
Cantam a canção dos homens furiosos!
Esta é a música de um povo
Que não será escravo novamente!

Quando a batida do teu coração
Ecoar na batida dos tambores
Haverá uma vida prestes a começar
Quando o Amanhã chegar!

Darás tudo o que podes dar
Para que o nosso estandarte possa avançar?
Alguns vão morrer, alguns vão viver
Vais erguer-te e agarrar a oportunidade final?
O sangue dos mártires
Vai regar os prados de Portugal!


- “Wow! Será que vai começar uma revolução?” - pensei.

Depois de muito andar, finalmente cheguei ao meu objectivo: a Torre de Belém!

Um grupo enorme de japoneses estava à entrada, a tirar fotografias ao monumento. Como estava a decorrer a manifestação ali perto, a Torre de Belém tinha sido fechada por precaução, pelo que não haveria visitas!

Desconsolado, fui passear até aos Jardins de Belém, que ficavam ali perto. Estava cansado e frustrado. Andava eu a deambular por ali, quando encontrei o rapaz que me tinha orientado durante a manhã! Ele estava deitado na relva, em tronco nu! Sorri e aproximei-me dele.

- Por aqui? - perguntou-me ele, surpreendido.

- Sim, já fui até onde queria ir e estava a passear à beira rio, quando te vi... - respondi.

- Ah bom...! Então, como te chamas? Eu sou o Abel! - respondeu ele, levantando-se para me cumprimentar.


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Abel


Eu retribui o cumprimento e apresentei-me:

- Eu sou o Caim! Muito prazer em conhecer-te! - exclamei, entre sorrisos.


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Caim


Como estava cansado, perguntei:

- Posso sentar-me?

Abel riu-se.

- O jardim é público... - foi a resposta dele, voltando a deitar-se e encolhendo os ombros.

Sorri.

Abel era um rapaz muito atraente. Tinha cabelos pretos, um bocado despenteados. Os seus olhos eram castanhos e aveludados. Davam-lhe um ar oriental e misterioso. Ele estava cheio de olheiras.

- “Deve ter dormido mal de noite...” - pensei.

O seu sorriso era simpático, mas senti que era algo forçado. Talvez ele estivesse a sentir-se pouco à vontade e eu estivesse a incomodá-lo. O seu corpo era delineado. Tinha a pele branca, ligeiramente avermelhada de estar ali deitado ao sol. Junto ao ombro direito, ele tinha uma tatuagem! A tatuagem de uma raposa!


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Estupefacto, sentei-me ao lado dele e pousei as coisas. Suspirei cansado e fechei os olhos. Eu tinha a testa alagada em suor. Um dos problemas de viajar com a mochila às costas é que vinha carregado com tudo o que trazia. E isso não era fácil. Como se não bastasse isso, aquele dia estava quente! Sentia tanto calor! Abri a mochila e retirei uma garrafa de água. Peguei nela, abri-a e despejei-a pela cabeça abaixo!


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- Ahhhhh! Que bom! - exclamei eu, pleno de satisfação.

Sorri satisfeito e tirei a t-shirt que, entretanto, ficara molhada.

Virei-me para o rapaz, que parecia ausente.

- Está tudo bem, Abel? Estás muito calado! - perguntei, com ar divertido.

Virando a cara para o outro lado, ele respondeu:

- Sim, está tudo bem. Apenas estava perdido em pensamentos quando aqui chegaste!

Bebi um pouco de água. Que maravilha! Estava mesmo a saber-me bem aquela pausa!

Virei-me para Abel e perguntei:

- Gostas de música?

Ele limitou-se a acenar com a cabeça. Ri-me divertido. Saquei o baixo do estojo e comecei a tocar e cantar uma melodia:



[Caim]

No quiero estar sin ti
Si tu no estas aquí me sobra el aire
No quiero estar así
Si tu no estas la gente se hace nadie

Si tu no estas aquí no se
Que diablos hago amándote!
Si tu no estas aquí sabrás
Que dios no va a entender por que te vas

No quiero estar sin ti
Si tu no estas aquí me falta el sueño
No quiero andar así
Latiendo un corazón de amor sin dueño

Si tu no estas aquí no se
Que diablos hago amándote!
Si tu no estas aquí sabrás
Que dios no va a entender por que te vas

Derramare mis sueños si algún día no te tengo
Lo más grande se hará lo más pequeño
Pasare un cielo sin estrellas esta vez
Tratando de entender quien hizo un infierno el paraíso

No te vayas nunca porque

No puedo estar sin ti
Si tu no estas aquí me quema el aire
Si tu no estas aquí sabrás
Que dios no va a entender por que te vas

Si tu no estas aquí

Quando acabei, olhei para o Abel. Tinha adormecido. Ri-me baixinho. Uma expressão de contentamento e um grande sorriso fizeram-me compreender que ele estava a ter bons sonhos.

Deixei-me ficar ali mais um bocado, a desfrutar do merecido descanso e aproveitei para secar a minha t-shirt, que tinha ficado molhada...

Quando a roupa secou, vesti-me. Uma leve brisa agitou os meus cabelos. Estava na hora de me ir embora. Abel continuava a dormir. Tirei a pulseira que levava no meu braço direito. Pousei-a na relva ao lado dele.

- Obrigado por me teres guiado, raposa! - sussurrei.
   
Levantei-me e fui embora, rumo à Gare do Oriente. Peguei no telemóvel e voltei a ligar ao Mikel.

Tocou várias vezes, até que...

- Olá Mikel! Daqui é o Caim! Tudo bem? - perguntei, a medo.

- "Caim! Mas que agradável surpresa! Está tudo bem, obrigado por perguntares! Então, como está a decorrer o passeio por Lisboa?" - respondeu ele, com voz alegre.

Sorri feliz.

- Está a correr tudo bem, obrigado! Olha... - retorqui, levemente corado.

- "Que se passa?" - perguntou ele, preocupado.

- Quando eu estava no bar, na Noite Mística, ouvi dizer que tinha direito a três perguntas! Pois bem, eu só fiz duas! Isso quer dizer que tenho direito a mais uma, certo? - questionei, de imediato.

Mikel deu uma gargalhada ao telemóvel.

- "Sim! Tens toda a razão!"

- Podes vir buscar-me à paragem logo à noite? Chego aí às 22:30! Quero fazer uma última pergunta às tuas cartas!

- "Está bem, fofinho! Mas é algo grave? Se quiseres, eu vejo já..." - respondeu ele prontamente.

- Não te preocupes. Pode ser? Vais buscar-me? - inquiri.

- "Vou buscar-te, sim senhor! É curioso… Mas já estou cheio de saudades tuas..." - suspirou ele.

- Awwww...! Eu também fofo, eu também! Então, até já! - rematei.

- "Até já! Boa viagem! Beijinhos!"

Desligamos a chamada. Sorri para o telemóvel.

Mal podia esperar para ver a cara dele quando ouvisse a pergunta que eu queria fazer às cartas:

- Mikel, aceitas namorar comigo?


[Continua...]

16 outubro 2019

Vírgulas do Destino: Meandros da Vida ~ Capítulo 3


Vírgulas do Destino: Meandros da Vida - Capítulo 3


Mikel levou-me até à praia no carro dele. Lá, rapidamente corremos e brincamos um com o outro. A dada altura, fizemos uma fogueira. Eu fui buscar o meu baixo ao carro e, ao tocar uma melodia, não tardamos a cantar, enquanto trocávamos carícias, beijos... E fazíamos amor...




Porque eu nasci, para dizer que te amo
E eu estou dividido entre fazer o que devo fazer
Para te fazer meu
Fica comigo esta noite...

Despido e limpo,
Sinto-me novo, sinto-me fresco
Sinto tanta ambição
Tu e eu, carne na carne!

De cada vez que tu respirares
Enquanto estiveres ao meu lado
Trarás vida às minhas esperanças mais profundas!

Qual é a tua fantasia?
Qual é? Qual é? Qual é? Qual é.…?
[Eu sei, tudo o que tu querias, não é tudo o que tu tens...]


*Lisboa, 25 de Maio de 2013*


- “Boa tarde senhores passageiros. É com enorme prazer que vos informo de que estamos a chegar a Lisboa. Por favor certifiquem-se que não deixam nenhum dos vossos bens no autocarro. Obrigado!

Acordei atarantado!

- “Hã?? Já estamos a chegar a Lisboa? Foi só um sonho?” - pensei.

- Desculpe, mas como podemos estar a chegar a Lisboa, se ainda agora saímos de Vila do Conde? - perguntei surpreso, aos passageiros que seguiam no banco da frente.

As pessoas ao meu redor começaram a rir-se. Eu olhava para elas, confuso! Quanto mais me interrogava, mais elas se riam!

Olhei pela janela.

Era verdade!

Estava a chegar à Gare do Oriente, a paragem final do autocarro!

A viagem, a meu ver, foi bastante rápida. Parecia ter sido ainda agora que eu e o Mikel nos tínhamos despedido...

Suspirei.

Já sentia saudades dele.

Fiquei triste por ele não ter conseguido vir comigo a Lisboa, ao jantar de blogues. A nossa noite fora muito agradável. Depois de cantarmos uma melodia à memória do Santiago e do Ángel, eu e o Mikel fomos passear pela cidade, de mãos dadas.

Primeiramente, pousamos as coisas no carro dele. Depois disso, ele fez-me uma “night tour”, enquanto trocávamos miminhos, beijinhos e carícias. Pelo meio, falávamos de tudo e mais alguma coisa. A dada altura, e porque já a noite ia longa, o Mikel levou-me para casa dele.

- Caim, sê bem-vindo ao meu humilde lar! Põe-te à vontade! Queres tomar algo, comer alguma coisa? - perguntou ele, com voz doce.

- Obrigado, fofo! Por mim, o que tu preparares… Por mim está muito bom! Não quero dar trabalho! - respondi.

Mikel acenou com a cabeça e riu-se. Eu pousei as coisas no chão e sentei-me num dos sofás. Ele virou costas, indo para a cozinha a cantarolar. Passado um bocadinho já estava de volta. Trazia uma bandeja com dois copos de cacau quente e bolachas!

Ri-me, ternurento. O Mikel era mesmo um fofo!

- Awwww! Não era preciso!

- A esta hora, nada melhor do que um chocolate quente e bolachas! - respondeu-me ele a rir, sentando-se ao meu lado e pousando a bandeja à nossa frente.

- Eu adoro chocolate quente e bolachas antes de ir numir! Como sabias? - questionei, enternecido.

- Ora! Eu também gosto muito! - gracejou ele, entre beijos.

Recostei-me no seu ombro direito e demos as mãos. Mikel deu-me um beijinho na cabeça e acariciou os meus cabelos. Ele adorava fazer-me isso e eu também!

Peguei nos copos de leite e entreguei um ao Mikel. Com um sorriso, fizemos um brinde:

- “À nossa!” - exclamamos os dois, antes de entrelaçarmos os braços e o Mikel beber do meu copo e eu do dele.

- Sempre vais ao jantar dos blogues? - perguntou ele, ao fim de alguns goles.

- Sim... Já tenho o jantar pago e o alojamento também... É uma pena que não possas vir...! - respondi, um bocadinho triste.

- Eu também queria ir, fofo… Acredita que sim! Mas… Surgiu este convite para dar uma entrevista para o Porto Canal e isso é muito importante para mim... Para o meu trabalho. - rematou ele, com um meio sorriso.

Apesar de ficar feliz por ele - porque efectivamente, eu estava feliz - a verdade é que me sentia triste também.

Suspirei.

Ao ver-me assim tristonho, Mikel deu-me beijinhos no pescoço e nas bochechas. Enquanto me abraçava mais intimamente, sussurrou:

- Não fiques assim, fofinho! Eu vou estar sempre contigo. Estarei sempre à distância de uma chamada, de uma sms, de um monitor, de uma visita! Não vamos pensar nisso agora, tim?

Beijamo-nos.

Eu e ele entrelaçamos os dedos e ele conduziu-me ao andar de cima.

- Podes escolher onde queres ficar a numir, fofinho! A minha casa tem 4 quartos!

- Posso… Posso dormir contigo? - perguntei, a medo.

Ia ser a primeira vez que ia dormir com alguém depois da morte do Santiago.

Mikel olhou para mim, levemente corado e respondeu:

- Hãããã… Sim… Claro que sim! No fundo… É o que eu queria também, mas... - Mikel baixou a cabeça, corando ainda mais.

- Eu sei! Eu sei, fofo! Eu entendo! - respondi, beijando-o.

Rimo-nos felizes e entramos no quarto dele. Entre beijos e carícias cada vez mais ousadas, despimo-nos e deitamo-nos na cama. Abraçamo-nos, bem enroscadinhos um no outro, enquanto trocávamos mimos, carícias e confidências. Assim adormecemos, bem agarradinhos, a minha cabeça sob o seu peito, ao nascer do sol.

Perto do meio-dia, o alarme tocou. Faltavam 15 minutos para o autocarro partir!

- Mikel! Mikel! Acorda, fofo! Estou super atrasado!

- Hummm? Já? - resmungou ele, sonolento.

- Tim, fofinho! Daqui a pouco o autocarro parte sem mim!

Ao olhar para as horas, Mikel levantou-se num ápice. Arranjou-se num instante e levou-me à paragem onde eu iria apanhar o autocarro. Enquanto esperávamos, ele tirou o pendente que trazia ao pescoço, ergueu-o para o céu e anunciou:




- Hórus Rá Harakhty, meu Guardião e meu Protector, abençoa com a tua luz este objecto! Que ele ilumine o caminho do Caim, a partir deste momento!

Em seguida, ele colocou o pendente no meu pescoço e sussurrou, pegando nas minhas mãos:

- Uma pequena lembrança minha, para que nunca te esqueças de mim!

- Awwww! Muito obrigado, fofo! - sorri, emocionado, com uma lágrima ao canto do olho.

Procurei na mochila. Ao encontrar o que queria, entreguei ao Mikel e disse-lhe:

- Espero que gostes! Tenho esta caixinha desde pequenino! Ela acompanha-me sempre!
  
Mikel deu à manivela e a caixinha de música não tardou a tocar uma melodia.



- Eu estou... Eu estou sem palavras! - exclamou ele, com um sorriso que nunca mais acabava! - Muito, muito, muito obrigado, fofinho!

Mikel e eu abraçámo-nos e beijamo-nos com paixão. O autocarro que, entretanto, chegara, estava prestes a partir.

- Boa viagem, Caim! Foi um prazer conhecer-te!

- Obrigado, Mikel...! Muito obrigado por tudo!

Já era quase noite. 

Como vim no autocarro do meio-dia, acabei por não poder aproveitar este dia para visitar Lisboa, mas não fazia mal. Apanhei o comboio rumo à Amadora. Seria num restaurante perto do local onde iria ficar hospedado por esta noite que decorreria o jantar e o encontro de blogues. Num instante cheguei ao hotel, fiz o check-in e dirigi-me ao quarto.

Estava cansado.

Deitei-me na cama e agarrei-me à almofada, imaginando que o Mikel estava ali, deitado ao meu lado, a mexer nos meus cabelos e a sussurrar-me palavras doces no ouvido....

Acordei com um telefone a tocar.

- “Boa noite! Peço desculpa Sr. Caim, mas está aqui um senhor a perguntar se vai a um jantar de blogues?” - inquiriu o recepcionista, com voz amável.

Olhei para o telemóvel.

Já passava quase 1 hora da hora marcada para o início do jantar!

- Vou sim! Diga que só vou tomar um duche rápido e já desço!

- “Certamente! Com licença!

Abri a mochila, escolhi umas roupas e fui tomar um duche rápido. Vesti-me, sequei o cabelo, peguei no estojo com o baixo e lá fui eu! Era a minha primeira vez a participar num encontro destes! O restaurante ficava na rua por detrás do hotel.




Ao chegar lá...

Um homem idoso e uma mulher de meia-idade aproximaram-se de mim, perguntando:

- Olá boa noite! És tu o Thor, o deus nórdico?

- Olá boa noite! Sou sim! E vocês são? - inquiri.

- João Roque e Margarida, os organizadores do evento! Muito prazer! - responderam os dois, cumprimentando-me.

- Estás um pouco perdido, não é mesmo? Não te preocupes! Muitos de nós estão aqui pela primeira vez! - afirmou a Margarida, com um sorriso. Como te chamas?

Apresentei-me.

- Eu sou o Caim! Venho de Espanha!

- Bem me parecia que falavas com um sotaque carregado! - respondeu ela.

Sorri timidamente.

Os anfitriões sorriram.

- Põe-te à vontade, eu e o João Roque estamos só a confirmar as presenças e daqui a cinco minutos os jantares vão ser servidos! Espero que te divirtas! - rematou Margarida, partindo que nem uma flecha para o meio de uma data de pessoas.

Eu ia olhando à minha volta e sorria a uns e a outros, timidamente. Fiquei espantado com a quantidade de pessoas que ali estavam! Deviam ser umas 50 ou 60 pessoas!

Quase todas eram de Portugal, mas havia algumas que como eu, vinham do estrangeiro! Itália, Espanha, Brasil e até da ilha de Malta! Eu estava estupefacto! Rapidamente me apercebi que a minha atitude era comum - muitas pessoas também circulavam por ali, timidamente, sorrindo e fazendo um pouco de conversa. Devia ser a primeira vez delas num jantar de blogues também.

João Roque regressou e comentou:

- Então, estás a gostar? Já ouvi dizer que vens de Espanha!

Assenti com a cabeça e respondi:

- Sim, é verdade! Estive uns dias no norte do país, onde cheguei a conhecer o Hórus Kuma Gwanni, mas ele não pôde vir hoje... Tinha uns compromissos aos quais não podia faltar. Mas ele pediu para dizer que adorava estar presente e que manda cumprimentos para todos!

- Pois, eu entendo - respondeu João Roque, com um ar prazenteiro. - Se ele viesse, tínhamos o nosso panteão de deuses da blogosfera completo! - respondeu ele, começando-se a rir. - Bem, espero que estejas a gostar. As senhoras do restaurante vão começar a servir o jantar agora!

- Estou a gostar sim, muito obrigado!

João Roque foi anunciar às pessoas que estavam lá fora que o jantar ia ser servido. Eu peguei num prato e ao pegar nos talheres, outro rapaz pegou nos mesmos que eu.

- Peço desculpas! Força! - respondeu um rapaz que, pelo sotaque, percebi que não era português.

- Obrigado! Eu sou o Caim e tu?

- Eu sou o Guze'. Muito prazer! - respondeu o rapaz, cumprimentando-me.


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Guze'


Guze' era alto, magro, de cabelo castanho-escuro, muito escuro mesmo, levemente encaracolado. Tinha olhos castanhos. O seu olhar era generoso e brilhante, como aqueles olhares inocentes que as crianças possuem. Curiosamente, deixara crescer a barba. A ele, a barba não o tornava mais velho. Na verdade, dava-lhe um ar mais adulto, já que tudo nele parecia aparentá-lo mais jovem do que era, na verdade. Tinha um sorriso bonito e umas mãos compridas, típicas de artista.
- De onde vens? - inquiri.

- Eu venho da ilha de Malta! Já quis participar no jantar do ano passado, mas como na altura não pude... Pelo menos consegui vir a este! É uma excelente forma de conhecermos os rostos por detrás dos blogs! Só tenho pena que o Gwanni não tenha vindo, mas eu vou ter com ele depois de amanhã… - respondeu ele, com um grande sorriso.

- Tens toda a razão! Eu vim ao jantar para conhecer algumas pessoas sobre as quais acompanho os blogues há bastante tempo! - afirmei eu.

Palavra puxa palavra, o ambiente tornou-se muito caloroso. Entre garfadas, todas as pessoas falavam, riam, partilhavam momentos divertidos ou simplesmente dois dedos de conversa.

Depois de toda a gente ter comido e bebido muito bem, os anfitriões foram até ao centro da sala. Pedindo a atenção de todos os presentes, disseram:

- E agora, vamos passar ao primeiro de dois momentos muito especiais deste nosso encontro!

João Roque tomou a palavra e declarou:

- Queridos amigos e amigas, como sabem, desde há muitos anos que organizo estes eventos. Eles permitem dar-nos a conhecer uns aos outros, além do salutar convívio e das amizades que se criam e fortalecem. Nesta edição, eu e a Margarida organizamos as coisas por forma a tornar a noite de hoje ainda mais memorável! É com imenso prazer que chamo aqui ao “palco” … Pedro Xavier!

Toda a gente bateu palmas e um rapaz subiu ao “palco improvisado”. Sorrindo timidamente, ele olhou para todos e respirou fundo.


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Pedro Xavier


- Olá, boa noite a todos! É um prazer estar aqui entre vocês! O meu nome é Pedro Xavier e a noite de hoje é muito especial para mim, como escritor, blogger e pessoa! Hoje, graças à minha editora, vou lançar o segundo volume de uma saga de livros que eu ando a escrever! - afirmou, corando até à raiz dos cabelos.

Toda a gente bateu palmas e algumas pessoas mostravam-se bastante impressionadas!

Pedro Xavier pigarreou e prosseguiu:

- Este livro chama-se “Dois Mundos, Um Destino” e eu gostaria de partilhar com vocês um trecho deste conto. Querem ouvir? - perguntou ele, sorrindo divertido para todos os presentes.

- Sim!!! - gritaram todas as pessoas, fazendo um barulho ensurdecedor!

- Muito bem, então...espero que gostem! - rematou.


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Pigarreando uma vez mais, Pedro Xavier pegou no livro e começou a ler:

- “Se quiseres podes dormir um pouco. Eu tomo conta de ti. - disse-me Davis, reparando que o calor e a humidade da sala se tinham juntado ao cansaço das batalhas travadas nesse dia para me deixarem sonolento.

- Vou só descansar um bocadinho. - respondi-lhe.

Davis sentou-se e eu virei-me, deitando a minha cabeça sobre o seu colo, enquanto ele me afagava o cabelo. Estava quase a adormecer quando senti que algo estranho se passava com o meu corpo, o que me despertou imediatamente. Olhei para a minha mão esquerda e assustei-me, levantando-me num salto. Uma mão de energia tinha acabado de se separar da minha mão de carne e osso.

- Não, mas eu agora não estou a sonhar como antes..." - pensei, percebendo que aquilo tinha sido real, demasiado real.

Toda a gente voltou a bater palmas. Muita gente colocou-se de pé para o felicitar. Muito feliz, Pedro Xavier agradeceu, fazendo uma vénia a todos os presentes. Um senhor alto levantou-se e depois de cumprimentá-lo, dirigiu-se ao palco, dizendo:

- Gostaram? Podem saber toda a história obtendo o livro do Pedro nas versões e-book ou print-on-demand! Mais informações no site da nossa editora! - respondeu o homem, com um grande sorriso.

Novamente toda a gente bateu palmas. A Margarida subiu ao palco e com um grande sorriso, declarou:

- O João Roque disse que nós tínhamos duas surpresas preparadas para vocês! Quem gosta de cantar?

Várias vozes clamaram ao mesmo tempo.

- Eu! Eu! Eu!

- Muito bem, muito bem! Temos cantores! Alguém trouxe instrumentos? É que cantar sem música não tem lá muita piada... - retorquiu a Margarida.

Ela sabia que eu trazia um baixo. Estava a dizer aquilo de propósito para se meter comigo.

A rir-me, levantei-me e anunciei:

- Eu trago um baixo comigo! Posso dar uns acordes ou tocar umas músicas!

- Muito bem, já temos baixista! Quem se oferece? - perguntou ela.

- Eu teria muito gosto! - respondeu uma rapariga brasileira. Quero aproveitar esta oportunidade para dizer umas verdades ao “babaca” do meu namorado! Depois de hoje, ele vai passar a “ex”!

Margarida ficou um pouco atrapalhada, mas sem se dar por vencida, respondeu:

- Muito bem! Caim! Aceitas o desafio?

Assenti com a cabeça e disse:

- Claro que sim! Só preciso de saber qual é a canção que vamos tocar!

A rapariga, que se chamava Madalena, estava ali no jantar da companhia de um amigo chamado Rui. Pelos vistos, ela ia deixar o namorado, para ficar com o “miguxo”, como ela lhe chamava.

- “Não queria nada estar na pele do namorado dela...” - pensei eu, entre sorrisos.

Madalena e eu subimos ao palco e ela mostrou-me a letra da canção que eu ia tocar.

- Pode ser esta, Caim?

- Sim, claro!

E assim, para delírio do público presente, começamos a tocar e a cantar:




[Madalena]

Meu amor era verdadeiro,
O teu era pirata!

O meu amor era ouro
E o teu não passava...de um pedaço de lata!

Meu amor era rio
E o teu não formava uma fina cascata!

O meu amor era de raça!
E o teu simplesmente um vira-lata!

Ex my love,
Ex my love,

Se botar teu amor na vitrine,
Ele nem vai valer 1,99!


Quando a Madalena acabou de cantar, toda a gente a aplaudiu de pé e um homem chamado Francisco virou-se para ela e disse:



shea-adler-meandros-da-vida
Francisco


- Querida, os homens voltam sempre!

Foi a gargalhada geral.

Depois deste evento, as pessoas começaram a dispersar. Como já estava a ficar tarde, despedi-me das pessoas, trocando contactos e regressei ao hotel. A noite tinha sido bastante divertida!

[Continua...]

RIP Akira Toriyama

Bom, confesso que quando soube desta partida, hoje de tarde, me emocionei bastante. Afinal, esta é uma das pessoas cujos trabalhos serviram ...