02 janeiro 2024

Para Além do Arco-Íris ~ Capítulo 16

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Capítulo 16


*NT, 19 de Janeiro de 2024*


Rodrigo despertou no silêncio do meio da tarde, perturbado por um estranho pressentimento. O som distante de um tiro ecoou, fazendo-o lembrar do que acontecera na noite anterior. A inquietação impeliu-o a levantar-se e a vestir-se rapidamente, como se uma força invisível o guiasse em direção ao mistério. Lúcia revelou-lhe que Leo tinha ido até à aldeia depois de ter tomado o pequeno-almoço e que os patrões tinham ido novamente à capital, mas que voltariam no dia seguinte e desta vez vinham para ficar uns dias na herdade com os convidados. Rodrigo comeu uma taça de frutas, tomou uma caneca de café forte e agradeceu.

- Lúcia, vou até à aldeia, ter com o Leo, está bem?

- Os senhores querem que mande preparar o jantar para que horas?

- Hummmm… Deixe lá, comemos alguma coisa por lá, ou comemos algo quando chegarmos, pode deixar um cesto de frutas nos nossos quartos, se faz favor! 

Lúcia levantou o nariz, um pouco intrigada. Virou costas e avisou:

- Não venham muito tarde… Como viu a noite passada, as noites podem ser perigosas… Venham cedo para casa.

Rodrigo gracejou, gesticulando:

- Sim, senhor! Ahrm… Quer dizer, sim senhora!!

Lúcia fulminou-o com o olhar. 

Rodrigo afastou-se da propriedade a rir e dirigiu-se à aldeia de El Callao, à procura de Leo. O nevoeiro misterioso voltou e envolvia-o como um manto, tornando a atmosfera mágica e enigmática.

A aldeia de El Callao emergia como um retrato encantador do Passado e do Presente, um lugar onde a história se entrelaçava com a beleza natural. As ruas de paralelepípedos, gastas pelo tempo, serpenteavam entre casas de pedra com telhados de terracota.

As construções antigas, de arquitetura rústica, contavam histórias silenciosas de gerações passadas. Janelas adornadas com cortinas de renda permitiam vislumbres do interior acolhedor, onde a luz amena das velas e lareiras criava uma atmosfera calorosa.

A praça principal, rodeada por árvores centenárias, servia como ponto de encontro para os habitantes da aldeia. Bancos de madeira convidavam à contemplação, enquanto fontes antigas murmuravam segredos do passado. O sino da pequena igreja anuncia os momentos importantes da comunidade.

O comércio local exalava o perfume de pães frescos e especiarias exóticas. Pequenas lojas ofereciam artesanato tradicional, produzido pelos hábeis artífices da aldeia. O mercado semanal transformava a praça numa explosão de cores, com barracas repletas de produtos frescos e coloridos.

Os campos circundantes exibiam uma paleta de verdes exuberantes, com vinhas que se estendiam até onde a vista alcançava. O rio serpenteante adicionava um toque sereno à paisagem, refletindo o azul do céu durante o dia e as estrelas cintilantes à noite.

À medida que o sol se punha sobre El Callao, as luzes suaves das lanternas de rua começam a iluminar as vielas estreitas, criando uma atmosfera mágica. A aldeia, resguardada pelo nevoeiro que muitas vezes a envolvia, tornava-se um cenário de conto de fadas, onde cada esquina reserva segredos e mistérios.

Enquanto percorria as ruas estreitas, Rodrigo avistou Leo, que parecia perdido em pensamentos. A aldeia silenciosa revelava o lado mais íntimo da noite, e os dois amigos decidiram vaguear pelas vielas desertas.

Leo, com um olhar nostálgico, mencionou Juca. 

- Sabes Rodrigo? Estou cheio de saudades do meu filhote… Já não o vejo há uma carrada de tempo! Achas que esta aldeia seria um local seguro para ele?

Um jovem moreno, de cabelos pretos, olhos pretos, lábios voluptuosos e porte atraente, que ia a passar por eles, não resistiu e comentou, com um sorriso sedutor:  

- El Callao, com a sua beleza intemporal e charme nostálgico, é mais do que uma aldeia; é um refúgio onde o Passado e o Presente dançam juntos, criando uma melodia única que ecoa nas memórias daqueles que a visitam.

Leo e Rodrigo estacaram. O jovem também. Leo abriu um grande sorriso e estendeu a mão.

- Adorei essa descrição da aldeia! É exactamente isso que eu estou a sentir! Como te chamas? Eu sou o Leo! Este é o Rodrigo!

- Eu sou o Nicolás! Vocês acabaram de chegar e já toda a gente sabe os vossos nomes, Leo e Rodrigo! Tu afugentaste o bando do El Lobo na herdade de Don Diego, certo? Impressionante! 



Nicolás vai dar que falar!


Leo virou-se para Rodrigo, orgulhoso.

- O Rodrigo sempre foi um herói! Ele é o meu herói! 

Rodrigo riu-se e baixou a cabeça, levemente corado e envergonhado.

Nicolás irradiava uma energia cativante. Leo foi imediatamente envolvido pela sua presença magnética. Entre risos e histórias partilhadas, Leo e Nicolás criaram um laço quase instantâneo.

Rodrigo, percebendo a conexão entre os dois, sorriu com aprovação. Observava Leo a encontrar um novo amigo, tal como acontecera outrora… 

Entre eles.


[Continua...]

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