26 fevereiro 2022

Faridah Àbíké-Iymídé - Ás de Espadas

 

Ás de Espadas é a obra de estreia de Faridah Àbíké-Iymídé, uma escritora nigeriana.


Sinopse:

Chiamaka e Devon, são alunos da Academia Particular Niveus. Quando ambos chegam ao seu último ano de estudos, uma estranha personagem, chamada "Ases", vai começar a trocar-lhes as voltas e a desvendar os mais profundos segredos de cada um deles. Conseguirão eles sobreviver a este jogo mortal?


A Minha Opinião:


Eu tenho andado com o blog em standby porque tenho dedicado boa parte do meu tempo livre a ler livros de ficção para jovens adultos, uma vez que esse é o público-alvo das novelas que eu escrevo também. E apraz-me dizer que à medida que vou lendo mais e mais obras, sinto que estou no bom caminho com as histórias que por aqui vou publicando.

Sobre este livro, eu descobri-o por mero acaso na Fnac. Estava a passear por lá, achei a capa gira e ao ler a sinopse, fiquei logo intrigado em ler o livro. A história é contada num estilo que eu estou a usar na novela "Chocolate com Pimenta" [ainda numa fase de "esqueleto", já que antes dessa ainda "levarão" com a Dualogia "Para Além..."]. Então, nesta trama, os capítulos são narrados na primeira pessoa, à vez. Ou temos as coisas vistas pela Chiamaka ou temos a perspectiva do Devon. E por vezes as histórias cruzam-se, quando ambos os personagens se encontram no mesmo ambiente ao mesmo tempo.

É uma perspectiva original e sempre interessante e que tenho visto em outras obras que abordarei posteriormente, dentro das que tenho vindo a ler.

Apraz-me dizer que a história é interessante, cativante, muito suspense e thriller, porque até ao fim do enredo, qualquer personagem, seja amigo ou inimigo dos protagonistas, pode ser o temível e ominisciente "Ases".

O livro encerra em si uma forte crítica social, aliada aos problemas da nossa sociedade actual - homofobia, racismo, distinção entre classes sociais, tudo temas que nos farão pensar e reflectir um pouco no tipo de sociedade em que vivemos e naquilo que a sociedade se está a tornar. 
   
Com uma acção corrente e muitos mistérios para serem desvendados, este é daqueles livros que não queremos parar de ler até descobrirmos toda a verdade. E essa...  

Altamente Recomendado para quem for fã deste tipo de histórias!


Nota Final João: 10/10

07 fevereiro 2022

Escrito nas Entrelinhas: Parte 3 ~ Capítulo 14

Podem ler os capítulos anteriores e/ou outras histórias, clicando aqui.  



Capítulo 14




*Algumas horas mais tarde...*


- Hey! Acorda dorminhoco! Será que é preciso dar-te um beijo para acordares? - gracejou uma voz bem-humorada.

Shade entreabriu os olhos, estremunhado. Perdera totalmente a noção das horas e do local onde se encontrava. Porém, ao escutar aquela voz tão familiar, virou a cabeça, na penumbra. Um vulto abraçou-o e deu-lhe um beijo.

Shade compreendeu logo quem era o vulto! Aquele abraço, aquele beijo saudoso, só podia ser do seu melhor amigo e grande companheiro, Damian!

- Damian!! Estás aqui?!?

- Olá belo adormecido! Isso é que foi dormir, ! Já tinha vindo aqui várias vezes, mas roncavas que nem um porco! Ah ah ah!

- Ohhhhhmmmm! Parvo! - resmungou Shade, atirando uma almofada a Damian.

Os dois amigos voltaram a abraçar-se com força.

- Trouxemos um lanchinho para ti, Shade! - declarou Alicia. - Espero que esteja como tu gostas!

- Uau! Leite com chocolate e torradas com manteiga de amendoim e compota? Já faz imenso tempo que eu não como algo assim tão bom!!

Shade atirou-se literalmente ao lanche, tal era a fome que sentia. Na verdade, ele estava eufórico por reencontrar Damian. Tinha muito medo de que este o tivesse abandonado face ao que se tinha passado. Damian e Alicia observavam Shade a devorar o lanche com sofreguidão. Mal imaginavam eles o que aquele lanche representava para Shade. A directora sorria para os dois rapazes. Ela gostava muito deles, tal como gostava de todas as pessoas que frequentavam o centro comunitário.

O jovem comeu tudo e depois disso abraçou Damian novamente, soluçando em silêncio. Ao aperceber-se disso, a directora acenou discretamente, nas costas de Shade e saiu da sala, fechando a porta muito devagar. Damian retribuiu o abraço e beijou Shade, com afecto.

- Shade! Meu gajo bom! Há quanto tempo, ! - exclamou Damian, emocionado, abraçando o seu melhor amigo. - Está tudo bem, está tudo bem... Eu estou aqui contigo, meu lindo!

- Caramba…! Como estás bonito, Damian! Fogo! Será que és capaz de me perdoar? Afinal... Há quase um ano que não nos vemos... Eu não tinha grandes formas de me comunicar... - desculpou-se Shade, entre soluços.

Ele estava muito frágil. Por momentos, viu Jules ao lado de Damian, que lhe acenava e mandava beijos. Ao ver o irmão, Shade serenou.

- Pelo menos, eu fazia uma ideia de onde andavas... Mas foi bom teres escrito da outra vez... Deu para ficarmos todos mais tranquilos... - sussurrou Damian, com voz meiga.

- Eu queria ter regressado mais cedo, mas as coisas fugiram totalmente ao meu controlo...

- Não te preocupes, nem penses mais no assunto! O que importa é que estás aqui, são e salvo! Nos braços do teu Damian!

- Ohhhhh… O que seria de mim sem ti... És um querido!

Damian deu um beijo na testa de Shade e levantou-se.

- Nós temos muita conversa para pôr em dia, lindo! Vens para a minha casa, certo?

Shade endireitou-se no sofá. Perguntou a medo:

- Tens a certeza? Não há problema? O Louie não vai resmungar?

- Eu e o Louie já acabamos há imenso tempo… P´raí no final do Verão do ano passado... Desde então, eu tenho conhecido alguns gajos, mas nada de especial. Alguns tornaram-se clientes frequentes. Não me queixo. Vens lá pra casa e ponto final! - rematou.

Shade acenou com a cabeça e deu uma palmada no rabo de Damian, entre risos.

- Saudades desse cu bom, caralho!

- Olha lá...! Ainda agora chegaste e já queres festa? - inquiriu Damian, com ar sedutor. 

Ele aproximou-se de Shade e meteu-lhe um dedo na boca, com um sorriso maroto, enquanto com a outra mão percorria o abdómen e descia até ao alto que se formava nas calças. 

 - Aguenta os... 

Marcia entrou na sala antes que Damian terminasse a frase. Ela ficou um pouco corada ao aperceber-se que estava uma alta tensão no ar.

- Shade! Que bom que já acordaste! A directora pediu para ires ao escritório dela!

Os dois rapazes entreolharam-se. Shade deu a mão a Damian, mas este largou-o, aproximando-se de Marcia e sorrindo para esta.

- Penso que a directora quer falar a sós contigo. Eu fico à tua espera na recepção. Depois de falares com a directora, vamos para casa!

Assentindo com a cabeça, Shade dirigiu-se ao escritório de Alicia, galgando os degraus a grande velocidade. Bateu à porta. Esta abriu-se instantes depois.

- Entra filho, entra! - respondeu Alicia, com um sorriso.

Shade entrou, meio desconfiado do que a directora queria. Provavelmente queria pregar-lhe um sermão por ter estado tanto tempo sem dar notícias.




Alicia era uma mulher justa. Inicialmente reprimiu Shade, mostrando a este que todos ali no centro tinham ficado muito preocupados com ele. Ao fim de alguns minutos, ela serenou e a conversa tomou outro rumo.

- Existem várias coisas que eu tenho de falar contigo, Shade... O Damian não te contou nada?

- Não, senhora directora... Mal falamos ainda... Ele disse que vou para casa dele… Isto se a conversa que quer ter comigo é sobre o sítio onde vou ficar…

Alicia ponderou rapidamente se deveria colocar já as cartas na mesa. Temia, no entanto, que Shade se assustasse e quisesse partir de novo. Damian conhecia-o bem. Ela deixaria a batata quente nas mãos dele.

- Compreendo. Sendo assim, fico mais descansada. Tu e o Damian venham ter comigo ao refeitório, está bem? Vou preparar uns sacos com comida para levarem...

Dito isto, a directora dirigiu-se ao refeitório, na companhia dos dois amigos. Ela pediu a Shade para chamar uma funcionária que estava encarregue das entregas de bens alimentares. Aproveitando o momento, Alicia pediu a Damian para ser ele a conversar com Shade sobre o que se andava a passar.

- Eu tenho medo de que ele fique assustado, entendes? Tu és como o irmão mais velho que ele nunca teve... Ele confia plenamente em ti, Damian...

Com um ar sério, Damian comentou:

- Eu vou ver se falo ainda hoje com ele sobre tudo isto, directora... Mas cheira-me que o Shade não vai gostar nada de saber que tem a cabeça a prémio...

- Shhhhhh! Fala mais baixo! Não aterrorizes mais o rapaz, que ele já tem sofrido que chegue!

- Então diga-me! O que é que eu faço? Como vamos lidar com isto?

Alicia olhou em volta, pensativa. 

- Vê se o convences a regressar ao voluntariado aqui no centro. Se ele passar cá o dia, sempre o temos debaixo de olho. 

- Vamos a ver... Ele esteve tanto tempo fora...

- Amanhã, se puderes, ficas em casa com ele. Entretanto, mete-se o fim-de-semana. Ele terá tempo para pensar e descansar. Pareceu-me bastante cansado, coitado...

Damian fungou, preocupado.

- Ele pareceu-me assustado. A forma como me abraçou… Aquele olhar… Ele passou por muita coisa nos últimos tempos… Deve ter muita coisa para contar… Quanto a estar cansado, sim, também achei isso... Não se preocupe directora, eu vou fazer com que o Shade fique bem!

- Falavam em mim? - perguntou Shade, de mãos dadas a uma senhora que se arrastava com dificuldade. - Acabei por encontrar a Mathilda no outro lado do centro! Estava a dar o lanche aos velhinhos do centro de dia!

Mathilda era uma senhora de 76 anos, de estatura média, cabelos e olhos cinzentos, uma cara gentil e bonacheirona. Ela era a fundadora do Centro Comunitário de Fargo Hills. Apesar de ter alguns problemas de saúde, ainda gostava de trabalhar no Centro, pois dizia a quem a quisesse ouvir que “parar é morrer”. No entanto, Mathilda já sofrera dois Acidentes Vasculares Cerebrais e como consequência, perdera uma parte da sua mobilidade e algum do seu juízo. Ainda assim, era uma senhora muito estimada e respeitada por todos.  

- Olá Mathilda, querida! Que bom! Está tudo bem? 

- Olá directora, boa tarde! Os bons ventos trouxeram o nosso menino de volta a casa! Ai! Eu rezei tanto, mas tanto! O que eu fiquei chocada com as notícias que circulam por aí! Então quando começaram a surgir recompensas pelo menino...

- Mathilda!! - gritaram Damian e Alicia ao mesmo tempo.

Era tarde demais. Shade escutara aquilo e ficara estupefacto!

- O quê…? Que história é essa de haver uma recompensa? Uma recompensa a meu respeito?

Damian deu um passo em frente, na direcção de Shade. Este deu um passo atrás, assustado!

- Escuta… Nós falamos melhor sobre isto em casa, está bem? Confias em mim, Shade? Eu não tenho nada a ver com isso!

Mathilda, atrapalhada, ajudou Alicia a escolher os produtos e ambas entregaram aos rapazes vários sacos de provisões. Desde que Damian falara, o ambiente entre todos ficou bastante pesado. Shade estava muito irritado! Ele percebeu que algo se passava, mas decidiu dar um voto de confiança a Damian. Como todos se mantivessem calados, Alicia tentou colocar água na fervura.

- Querido, o Damian explica-te tudo melhor em casa, está bom? Eu espero por vocês na próxima semana! Até lá, vê se tu descansas e te alimentas bem! - rematou pouco depois, enquanto os rapazes saíam do centro com vários sacos.


[Continua...]

06 fevereiro 2022

Machado de Assis - A Mão e a Luva

 
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Um leitor do blog enviou-me de prenda de anos/Natal um exemplar deste livro de Machado de Assis. [Muito obrigado pela prenda e pela dedicatória!] ^_^


Sinopse:


3 homens disputarão o amor de uma mulher que não parece, de todo, estar interessada em qualquer um deles. De entre Jorge, Estêvão Luís Alves, conseguirá algum deles conquistar o coração da "Dama de Ferro" Guiomar? Acabará Guiomar por preferir ficar sozinha?


A Minha Opinião:


Esta é uma obra que foi publicada em formato de folhetim, com o subtítulo de "Um Perfil de Mulher", em 1874, num jornal chamado O Globo. O folhetim teve 20 capítulos. 

É uma obra de época, com um português por vezes difícil de entender aos dias de hoje. Ainda assim, conseguimos entender o sentido do que é descrito. De leitura fácil e rápida, é um livro que nos encanta pela leveza com que o autor narra a trama. De uma forma típica para um folhetim, em cada capítulo ele vai aguçando o nosso interesse e curiosidade, enquanto a trama se desenvolve, por vezes de forma um pouco inesperada.

Guiomar é afilhada de uma baronesa muito rica e já de uma certa idade, cujo maior sonho é ver a afilhada - que ela ama como se de uma filha se tratasse - bem casada e feliz. Mas Guiomar quer viver mais e melhor a vida, por forma a superar as expectativas que a vida lhe impôs desde o seu nascimento, a começar pela sua condição de mulher. Para complicar - ou não, dirão vocês - Guiomar é cortejada por muitos homens, dos quais se destacam 3: Estevão, um rapaz bem melodramático e sentimental; Luís Alves, melhor amigo de Estevão e um rapaz ambicioso e Jorge, "mauricinho" de gema, da família da Baronesa e a quem aquele casamento com Guiomar interessa, do ponto de vista económico.

Este é um livro intemporal, uma vez que facilmente encontramos "personagens" assim nas nossas vidas. Todos movidos pelos seus próprios interesses e convicções. 

Recomendado!


Nota Final João: 8/10

01 fevereiro 2022

Fevereiro

 
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A snowy path for squirrel and fox,
It winds between the wintry firs.
Snow-muffled are its iron rocks,
And o'er its stillness nothing stirs.

But low, bend low a listening ear!
Beneath the mask of moveless white
A babbling whisper you shall hear—
Of birds and blossoms, leaves and light.


Poema "The Brook in February", da autoria de Sir Charles George Douglas Roberts
[10/01/1860 ~ 26/11/1943]