31 março 2021

Escrito nas Entrelinhas: Parte 2 ~ Capítulo 9

 


Capítulo 9




Uma voz seca respondeu ao telefone, após alguns instantes de silêncio:

- Director Hudges, esta investigação pode tornar-se perigosa para a doutora Shappa. Sugiro que a retire da investigação… Ela tem de cuidar dos filhos… E pelo que vejo nas fotos que me enviou, parece-me que o recado foi direccionado a ela…

Hudges afastou-se do local e ripostou, em voz baixa:

- Por isso mesmo é que é ideal que ela se mantenha no activo. Assim, é da maneira que a mantemos debaixo de olho e a vamos controlando… Mais a mais, duvido muito que ela aceite sair da investigação depois do que descobriu… O Michael andou a abusar dos filhos dela… Ela descobriu e o resto do país não tardará a saber, porque quem o matou, avisou que iria mandar para televisões do país todo!

- Sim, eu já sabia desses abusos. O Michael tinha esse “problemazinho” … Fora isso, era um bom profissional. Nunca recusou trabalho algum e prestou bastantes serviços ao nosso grande país. Eu vou mexer uns cordelinhos, mas não prometo nada… Se a notícia foi enviada para o país todo, é provável que seja uma questão de tempo até rebentar o escândalo na Internet…

- Isso seria muito convincente para quem nós sabemos, não é? - riu-se Hudges. - Afinal, é só mais um pretexto para levarmos o nosso plano avante…

- De facto, assim é. Espero que me mantenha a par de tudo o que se anda a passar, está bem? Conto consigo, Hudges! Bom trabalho, já agora!

A chamada foi desligada antes de Hudges poder despedir-se. Guardando o telemóvel no bolso, ele aproximou-se da equipa que estava a fazer recolhas no local e questionou-os:

- Então? O que acham? Descobriram alguma coisa digna de registo?

Shappa apresentou as primeiras notas que tinha:

- Pelo estado e rigidez do corpo, o doutor Michael deverá ter morrido entre as 3 e as 5 horas da madrugada. Ainda é cedo para tirar conclusões, mas descobri uma marca de injecção no pescoço, na veia jugular. É provável que o doutor Michael tenha sido atacado de surpresa, por detrás, com uma droga suficientemente forte para o deixar inconsciente, rapidamente. Para além disso, as outras marcas de seringas e mutilações, sugerem alguém que sabia que podia agir com tempo e com calma. As minhas primeiras suspeitas vão para alguém com vastos conhecimentos de medicina. Quem o matou, sabia onde tinha de injectar as seringas a fim de prolongar o sofrimento, mantendo-o vivo.

Hudges anotava algumas coisas e de repente olhou para Shappa, que estava concentrada a tentar achar impressões digitais no computador.

- Você está a dizer que o Michael estava vivo quando foi mutilado?

Shappa e a equipa forense acenaram afirmativamente com a cabeça.   

- Bom, eu vou levar as informações comigo. Recolham as impressões que conseguirem. Doutora, vejo-a daqui a pouco no posto de comando, está bom? Venha directamente para lá. Neste momento, toda a cidade está sob suspeita e isso incluí os seus familiares!

Shappa levantou-se, indignada:

- Desculpe? Você está a insinuar que o meu marido ou os meus filhos possam ter cometido um crime tão atroz? Quem é que me garante que não foi alguém do próprio FBI?

O Director Hudges pegou num cigarro e levou-o à boca. Preparava-se para acendê-lo, quando o telefone dele voltou a tocar.

- Falaremos melhor sobre isto mais tarde, doutora. Compreendo a sua indignação, mas tenha cuidado com o que diz ou será suspensa de funções!

Shappa ficou furiosa! Apetecia-lhe dizer poucas e boas ao seu chefe, mas sabendo os riscos que corria, controlou-se! Virando costas, foi procurar pistas pelo resto da casa. Quanto a Hudges, este saiu da casa de Michael a falar em tom jovial com o Presidente dos Estados Unidos da América, garantindo-lhe que tudo estava bem e explicando o que se andava a passar. Não tardou para entrar no seu carro e partir a grande velocidade.


*24 de Junho, 14:00*



·


A notícia da morte macabra de Michael chegou a televisões de todo o país. Em Nova Iorque, uma figura estava imersa nas sombras, sentada numa poltrona, enquanto saboreava um generoso copo de whisky, degustando cada gole com grande prazer.

Na televisão, a fanfarra anunciava o Jornal das 14 horas. Uma jornalista, chamada Josephine Sawyer, apareceu no ecrã. Com um sorriso, principiou o bloco informativo.  


Josephine Sawyer


- “Olá senhores telespectadores, muito boa tarde! Iniciamos as notícias de hoje com uma notícia de última hora. A pacata cidade de Grace Falls, que fica na fronteira entre o Estado da Dakota do Sul e o Estado do Nebraska, foi esta madrugada alvo de um homicídio de grande violência. Segundo pudemos apurar, a vítima era um médico que exercia Medicina Geral e prestava apoio geral no Hospital de Grace Falls. O nome dele era Michael Connors, tinha 28 anos e foi vítima de uma morte de extrema violência. Segundo relatos da polícia local, o médico foi decepado, os seus órgãos genitais foram mutilados e ao que tudo indica, quem o matou ainda deixou uma mensagem enigmática, numa parede. A nossa televisão, bem como televisões de todo o país, receberam algumas imagens, imagens essas demasiado violentas para serem passadas a esta hora. Recebemos também uma fotografia da mensagem enigmática deixada pela pessoa que assassinou o doutor Michael.

O rosto de Josephine deu lugar a uma fotografia.




Ao ver a fotografia, a figura que estava sentada na poltrona engasgou-se. Engasgou-se de tal forma que o copo de whisky caiu ao chão, partindo-se com estrondo.

- Foda-se! - gritou, com voz irritada.

Josephine voltou a aparecer na televisão, enquanto o vulto se levantava, resmungava impropérios e recolhia os estilhaços do copo. Josephine continuou:

- “A estação de televisão da cidade de Grace Falls, a GFNews, anunciou ontem à noite que o doutor Michael, uma das figuras mais acarinhadas da cidade, apesar de ter chegado à mesma há pouco mais de um ano, estava envolto num esquema de pedofilia. Supostamente, o doutor envolvia-se com jovens menores de idade, pagando-lhes bebidas e aliciando-os para terem sexo com ele. Nós recebemos vários ficheiros enviados pela pessoa que supostamente matou o doutor Michael e, por uma questão de privacidade, não as iremos colocar no ar. No entanto, eu já vi as imagens e vídeos e posso garantir aos senhores telespectadores que o prezado médico tinha uma quantidade considerável de pornografia infantil consigo. Temos em directo, via telefone, o Chefe-Comissário da Polícia de Grace Falls, Henry Larson. Boa tarde Senhor Comissário! Como está a situação por aí?

- “Olá boa tarde, Josephine! Olá boa tarde a todos os senhores telespectadores. A situação por aqui está um pouco mais calma, agora. Assim que soubemos das notícias, esta madrugada, nós começamos logo a preparar uma operação para deter o doutor Michael. Infelizmente, sabe como é, estas coisas levam o seu tempo e não podemos dar-nos ao luxo de prender pessoas sem provas…

- “Mas diga-me, a notícia não era fiável? Não acreditaram nas provas que tinham visto na televisão GFNews?

- “Sim, quer dizer… Nós ficamos de pé atrás... A notícia parecia demasiado escabrosa para ser real! Assim, tivemos de chamar a Polícia Local de San Lynch, explicar-lhes o que se estava a passar.... Você deve saber como é…. É um processo burocrático… Muitas vezes, leva mais tempo do que aquele que desejaríamos! Depois fomos à discoteca. Mas… Em primeiro lugar está a presunção de inocência dos nossos civis!

Josephine parecia surpreendida pelo discurso de Henry. Com um sorriso, questionou:

- “Vocês chegaram à discoteca e depois?

- “Após termos tudo acertado, a nossa equipa e a equipa da Polícia de San Lynch, fizeram buscas e detenções na discoteca. Detemos pessoas por posse de drogas ilegais e comprimidos! Pedimos também as imagens das câmaras de videovigilância do espaço que, entretanto, foram recolhidas por membros do FBI.

- “Está a dizer-me que o FBI já se encontra a investigar o caso?” - inquiriu Josephine, com ar surpreendido!

- “Segundo o que pude apurar, sim, até porque o doutor Michael era um agente infiltrado do FBI…

Henry Larson tem um súbito ataque de tosse e passou o telefone a outra pessoa.

- “Desculpe senhora jornalista, mas o nosso Comissário não poderá continuar a falar, passe bem! Boa tarde!

- “Desligaram a chamada? A sério?” - questionou-se Josephine, esquecendo-se por momentos que ainda se encontrava em directo.

A emissão foi para intervalo, segundos depois. A figura misteriosa deitava os estilhaços do copo no lixo, enquanto resmungava entredentes. Quando se sentou, pegou no seu telemóvel e enviou uma mensagem. 


*Enquanto isso, em Grace Falls…*


- Caramba, tu já sabes o que aconteceu? Que final horrível que teve o médico! - cochichavam pessoas, no mercado da cidade.

- É muito bem feito! - respondiam outras, quando o assunto vinha à baila.

Em casa dos Sullivan e dos Chayton, a notícia foi recebida com choque. No entanto, tanto Eddie como Chayton revelaram-se bastante calmos perante a notícia e reagiram até com alguma ligeireza.

- Ele só teve aquilo que merecia… - comentou Eddie.

- Aiii, pai! Cruzes-credo! Que descanse em paz! - exclamaram Bianca e Laura, benzendo-se. 

- Meninos, vocês já sabem que os nagi tanka não perdoam a pessoas assim tão más. Este médico provocou a fúria deles! - comentou Chayton.   

- Que o wasichu descanse em paz! - exclamaram Takoda, Cetan Nagin, Maȟpiya Lúta, Siha Sápa, Wakinyan. 

Matoskah fez um grunhido. Parecia satisfeito. Chayton apercebeu-se disso.

- Filho, eu sei que tu e o Jules eram muito próximos. Mas daí a regozijares-te com a morte de um ser vivo? Isso não é bom, nem é digno de ti!

O filho olhou para o pai, olhos nos olhos. Corou bastante e os seus olhos encheram-se de lágrimas. Chayton abraçou-o.

- Eu sei filho, eu sei. Estás revoltado com tudo isto! É natural! O Jules não merecia ter partido deste Mundo tão cedo! Talvez aquele médico tenha sido um dos causadores disso! Mas, pensa assim: pelo menos agora, a alma do nosso Sunka poderá descansar, finalmente, em paz.

Entre choros e uivos, Matoskah acenou com a cabeça. Chayton afagou os cabelos do filho e disse, com voz gentil:

- Acho que está na hora de aceitarmos a proposta que o Grande Chefe nos fez. Vai fazer-vos bem sair deste ambiente nocivo. Assim que a vossa mãe chegar, eu vou falar com ela sobre isso… Tenho a certeza de que ela concordará comigo!

- Boa ideia! - exclamou Wakinyan, com um sorriso.

A perspectiva de abandonarem a cidade e regressarem à Reserva animou-os. Passaram o resto do dia a preparar as coisas que queriam levar consigo.


*25 de Junho de 2017*


Shappa finalmente tivera oportunidade de regressar a casa, após inúmeras horas de volta do corpo de Michael. Depois de receberem o resultado da autópsia, ela obteve ordem para retornar a casa e descansar um pouco. Tomou um bom banho e foi deitar-se, na companhia de Takoda e Matoskah, que ficaram muito felizes de poderem dormir com a mãe.


·


*26 de Junho de 2017*


Bianca finalmente tomou uma decisão. Desde que regressara a Grace Falls, ainda não tinha tido a coragem para entrar no quarto do irmão. Este mantinha-se fechado à chave desde o dia em que Jules se suicidara. Depois de tudo o que acontecera, Bianca achou que talvez encontrasse alguma pista no quarto do irmão. Esperou pacientemente que ninguém estivesse em casa para fazê-lo. Receava perder a coragem se alguém a apanhasse. Assim, quando se apanhou com a casa vazia naquela manhã, ela aproveitou.

Rodou a chave da porta muito devagarinho. Abriu a porta, com medo de ser surpreendida. Para seu espanto, o quarto estava com a janela aberta - provavelmente Maurice vinha ali abrir a janela para deixar entrar o sol e o quarto apanhar ar. Fora isso, o quarto de Jules parecia estar como Bianca sempre o conhecera: a cama por fazer, livros espalhados pelo chão, roupa ao fundo da cama, cadernos com desenhos e escritos pousados em estantes e também na secretária onde estavam os computadores do irmão.

Ela não sabia por onde começar.

Bianca pegou em fotografias que o Jules tinha espalhado pelo quarto, enquanto chorava, cheia de saudades dele. O irmão estava sempre feliz e sorridente nas fotografias. Bianca questionava-se sobre o que teria levado o Jules a suicidar-se. Ele sempre fora bonito e popular entre as raparigas. Sabia que ele inclusive por vezes recebia galanteios de rapazes, que recusava de forma muito subtil. Então, o que lhe teria acontecido?

Estava ela entretida a verificar as estantes com livros, quando se deparou com um caderno de capa dura que lhe chamou a atenção. Ao retirá-lo da estante, apercebeu-se que este tinha um cadeado. Era um diário! Intrigada, Bianca sentou-se na cama de Jules. Não resistiu a pegar na almofada e abraçou-se a ela. Ainda tinha o cheiro dele, embora ténue. Intrigada, verificou que o cadeado tinha uma combinação de 4 números. Curiosa, ela experimentou várias combinações, para tentar abrir o diário, mas nenhuma delas fazia o “click!” necessário!

De repente, Bianca ouviu um carro a parar. 

Os pais tinham chegado. Levantou-se apressadamente, pegou no diário e no computador portátil, já que o outro computador era um computador de secretária. Saiu, fechou a porta à pressa e correu para o seu próprio quarto, onde guardou o diário e o portátil de Jules debaixo do colchão. 

Os pais entraram em casa, na companhia de Maurice. Bianca desceu as escadas a correr, sorrindo nervosa. Esperava que os pais não se apercebessem de nada.

- Então Bianca, já tomaste o café da manhã? - perguntou Laura, dando dois beijos à filha.

- Não, mãe! Estava à vossa espera!

- A esta hora, mais vale beberes um copo de sumo! A Maurice não tarda a pôr a mesa para almoçarmos! - resmungou Eddie, enquanto cumprimentava a filha.

- Ai pai, está bem! Veio algum correio para mim?

Maurice levou as mãos à cabeça.

- Ohhhhh! Não me lembrei! Esqueci-me de trazer o correio para dentro! 

Bianca riu-se, divertida.

- Oh, deixa estar, Maurice! Eu vou buscar!

E assim, Bianca correu até à caixa do correio. Estavam algumas cartas para Eddie, uma da escola onde Bianca trabalhava e uma para Laura, que não trazia remetente.

- Aqui está o correio! - anunciou, entregando as cartas aos pais e sentando-se a ler a sua.



·

Laura recebeu a sua carta com um ar surpreso. Levantando-se da mesa, foi até ao jardim para abrir a carta que recebera. Estava curiosa. Seria uma carta de amor de algum fã? Riu-se divertida, enquanto retirava a carta do envelope. Alguém tinha escrito a seguinte mensagem:

Laura,
Eu sei o que tu fizeste.
Eu sei o teu segredo.
Se falares disto a alguém, haverá consequências.
Voltarei a contactar-te.

Assustada, Laura reprimiu um grito. 

Ela leu e releu várias vezes aquela missiva, pensando tratar-se de uma brincadeira de muito mau gosto. Depois de se acalmar, verificou o envelope, em busca de pistas. O carimbo da carta estava ilegível, mas aparentemente, a carta tinha sido enviada no dia anterior. Infelizmente, não dava para perceber se tinha sido enviada de Grace Falls ou de outra cidade. Com um longo suspiro, Laura amarfanhou a carta e depois, pensando melhor, guardou-a no seu regaço. 

Todo o cuidado era pouco...


[Continua....]

30 março 2021

Sisak

 A minha proposta para vocês, para a noite de hoje! Sisak [2019] é uma curta indiana! Espero que apreciem! :)


29 março 2021

Escrito nas Entrelinhas: Parte 2 ~ Capítulo 8

 

Capítulo 8


·


*24 de Junho de 2017, 05:52*


Um jipe parou em frente da casa da família Sullivan. O motor foi desligado e os faróis também.

- Caramba Chayton, que noite…! - comentou Eddie Sullivan, enquanto colocava um saco de gelo, já meio derretido, no rosto.

- Pode crer, livra! Quem diria que nos iríamos meter nesta confusão? - interrogou-se Chayton, que também trazia marcas de sangue no rosto e nas mãos.

- Enfim…. Olhe, só lhe tenho a agradecer pelo apoio!

- Deixe lá, homem! Vá, você precisa é de descansar agora! Se continuar com dores, telefone que eu trago uma pomada! Sei que vocês não são muito adeptos das nossas coisas, mas pode ter a certeza de que as ervas são muito eficazes!

- Eu agradeço-lhe! Entretanto, você já sabe o que vai contar à sua mulher, Chayton?  

- Ora, eu vou contar a verdade! Não vale a pena estarmos a inventar…. Fomos para o Rochest Bar, aqueles tipos começaram a insultar a memória do nosso Jules e nós perdemos a cabeça. Acho que é perfeitamente natural, face ao que aconteceu! Você não acha, Eddie?

Eddie Sullivan olhou para Chayton. Ambos tinham marcas de sangue na cara, mãos e na roupa. Sorrindo um pouco, entre gemidos, Eddie rematou:

- Sim, tem toda a razão… Uma vez mais, obrigado, Chayton! Você é um grande homem!

Dito isto, Eddie saiu do jipe e olhando para todos os lados, correu para casa. O jipe partiu a grande velocidade.

Pouco depois, Chayton chegou à sua própria casa. Tudo estava silencioso. De imediato subiu as escadas e foi verificar como estavam os filhos. Takoda e Matoskah dormiam profundamente, aconchegados um no outro. Chayton ainda ficou alguns segundos a observá-los, emocionado. Ambos tinham um sorriso nos lábios e um ar sereno. 

De repente, apercebeu-se de que os amigos dos filhos não estavam em casa. Intrigado, desceu as escadas. A mulher dele, Shappa, também ainda não tinha regressado da reunião com Hudges, o patrão dela. Chayton pegou no telemóvel e ligou-lhe, mas Shappa tinha o telemóvel desligado.

Aborrecido, ele foi até à cozinha fazer um chá. Aproveitou para despir-se e colocar as roupas na máquina de lavar. Estava prestes a fechar a máquina quando ouviu a porta de casa a abrir-se. Cetan Nagin, Maȟpiya Lúta, Siha Sápa e Wakinyan entraram e ficaram surpreendidos ao depararem-se com Chayton. Traziam marcas de sangue no rosto, corpo e roupas.

- O que aconteceu com vocês? Aonde se meteram? O que andaram a fazer para estarem com marcas de sangue? - perguntou Chayton, com voz ríspida.

Os quatro rapazes entreolharam-se. Após alguns segundos de hesitação, Wakinyan falou, em voz baixa:

- Nós… Nós queríamos ajustar contas com aquele médico, o Michael…. Queríamos pregar-lhe um susto pelo que ele fez ao nosso Sunka Jules! O problema é que... Bem… Nós não sabemos onde é que o homem vive… Depois de deambularmos um bocado pela cidade, acabamos por decidir procurar o nosso wicasa wakan na floresta. Ele fez um ritual de sangue que atormentará o médico durante os próximos tempos…

Chayton fungou. Preparou várias canecas de chá para todos e sorriu, mais descansado.

- Wakinyan, eu vou confiar nas tuas palavras. Tu és um wicasa honrado, espero que continues a sê-lo.

- Claro que sim, pai! - respondeu Wakinyan, com um sorriso.

- Óptimo! Meus filhos, dispam essas roupas e bebam o chá que preparei. Depois disso, vão tomar um bom banho e deitem-se no quarto do Takoda, está bem? O Takoda está a dormir com o Matoskah. Estão os dois a dormir muito bem, felizmente.

Os quatro rapazes despiram as roupas, colocaram-nas na máquina de lavar e Chayton pôs a máquina a trabalhar.  

- O Takoda é um menino de ouro, pai! O Matoskah estava muito nervoso quando saímos de casa… Ainda bem que o Takoda o conseguiu acalmar! - comentou Maȟpiya Lúta, com orgulho.

Chayton sorriu.

- É bem verdade! O nosso Takoda não podia ter melhor nome! Assenta-lhe que nem uma luva!

- Pai… Permite-me perguntar uma coisa…? - questionou Siha Sápa.

- Já sei o que vem por aí…. Vocês querem saber se fui ter com o médico, não é? Pois bem, eu era para ir! No entanto, eu parei para beber alguma coisa num bar aqui da cidade, o Rochest Bar. Passado algum tempo apareceu o pai do Jules. Estivemos a conversar sobre isto e a beber uns copos e olhem, passado algum tempo envolvemo-nos numa discussão com uns idiotas quaisquer, que começaram a falar mal do nosso Sunka… O resto…. Vocês já podem imaginar…

Cetan Nagin, Maȟpiya Lúta, Siha Sápa e Wakinyan riram-se, divertidos. Eles conheciam bem o poder dos socos de Chayton!

- Eu já não me metia nestas coisas há algum tempo! Ainda levei alguns murros, até porque o Eddie não percebe nada de lutas!

Todos se riram com aquilo. Acabado o chá, os quatro rapazes seguiram para a casa de banho e Chayton para o quarto, uma vez que o quarto dele tinha casa de banho privativa. Não tardou muito para que ele e os rapazes adormecessem profundamente.


*24 de Junho de 2017, 11:23*


A polícia foi alertada para o facto da casa de Michael ter a porta aberta e haver um rasto de sangue até ao exterior. Quando a polícia entrou na casa do médico, ficou sem palavras! O chefe da polícia, com ar apavorado, ordenou:

- Telefonem já para o FBI! Ninguém toca em nada!


*24 de Junho de 2017, 13:48*


Hudges, Shappa e uma equipa da Perícia Forense entraram na casa de Michael. A polícia criara um perímetro de segurança ao redor da casa, para que ninguém pudesse aproximar-se da mesma. Isto criou algum incómodo aos residentes na área, já que a polícia tinha criado um perímetro de segurança de 200 metros! Quando entraram na casa, devidamente equipados, Shappa, Hudges e os restantes colegas ficaram abismados. Havia sangue espalhado por todo o lado.

- Estamos perante um cenário de extrema violência… Alguém quis dar uma boa lição ao doutor Michael… - comentou um dos membros da equipa forense.

- Depois daquilo que passou na televisão ontem à noite, não me admira nada… - criticou Hudges, com desagrado. - Este homem colocou todo a nossa investigação em risco. Ainda assim, morrer desta forma…

O corpo de Michael jazia inerte, atado à cama. Alguém lhe tinha arrancado os olhos, partido o maxilar e não contente com isso, mutilado os órgãos genitais. Michael apresentava cortes profundos na perna direita e a mão esquerda havia sido decepada.

Na parede ao fundo da cama, estava escrito a letras garrafais:

 




·


Ao lado da mensagem, uma mão estava estampada.

- Caramba…! - gemeu Shappa, agoniada. - Aquilo é…?

- Sim, doutora Shappa! É sangue! Provavelmente do próprio doutor Michael! - respondeu um dos Técnicos da Perícia Forense, enquanto recolhia amostras.

- Temos aqui um crime cometido com muito ódio…. Só assim se explica tamanha violência! - analisou Shappa, começando a tirar notas.

Hudges pegou no telemóvel e fez uma chamada. Enquanto aguardava, ordenou:

- Recolham vestígios de toda a casa. Doutora, está ali um portátil, dê uma vista de olhos, pode ser?

Shappa acenou com a cabeça e aproximou-se do portátil. Hesitante, ela pegou num novo par de luvas e calçou-as sob as que já tinha posto. Qual o seu espanto, quando ao abrir o portátil, uma mensagem surgiu de imediato no ecrã:


Olá doutora Shappa! Tudo bem consigo? Lamento que nos estejamos a conhecer nas actuais circunstâncias! Espero que depois disto, os seus filhos fiquem bem! Enviei-lhe todo o material que o Michael tinha na sua posse! Faça bom uso desta informação! Para tornar tudo mais divertido, enviarei uma cópia deste material para televisões de todo o país!

Com os melhores cumprimentos,
Mão Divina ~ Deus


Shappa clicou numa pasta com o nome dela e deparou-se com dezenas de fotografias de rapazes. Entre eles estava Jules. Não tardou a ver os vídeos com Matoskah e Takoda.

- Isto não pode ser possível! - gritou Shappa, enojada!

- Espere aí! - respondeu Hudges ao telefone, aproximando-se de Shappa.

Hudges estacou. Retomando a chamada, rematou:

- Com que então… Mão Divina, hã? Parece que o seu palpite estava certo…!


[Continua...]

22 março 2021

Dalida - J' Attendrai



Eu vou esperar
Dia e noite, vou sempre esperar
Seu retorno
Eu vou esperar
Porque o pássaro que foge vem para o esquecimento
Em seu ninho
O tempo passa e corre
Batendo tristemente
No meu coração tão pesado
E ainda vou esperar
Seu retorno

Vou esperar
Dia e noite, vou esperar para sempre
Seu retorno
Vou esperar
Porque o pássaro que fugiu vem buscar o esquecimento
Em seu ninho
O tempo passa e corre
Batendo tristemente
No meu coração tão pesado
E ainda vou esperar
Seu retorno

O vento me traz
Sons distantes
Na frente da minha porta
Eu ouço em vão
Ai, nada
Nada vem
Eu vou esperar
Dia e noite, vou esperar para sempre
Seu retorno

Eu vou esperar
Porque o pássaro que fugiu vem buscar o esquecimento
Em seu ninho
O tempo passa e corre
Batendo tristemente
No meu coração tão pesado
E ainda vou esperar
Seu retorno
E ainda vou esperar
Seu retorno

O tempo passa e corre
Batendo tristemente
No meu coração tão pesado
E ainda vou esperar
Seu retorno

20 março 2021

Escrito nas Entrelinhas: Parte 2 ~ Capítulo 7

Voltamos hoje à novela "Escrito nas Entrelinhas: Parte 2", com um capítulo bem especial! Preparem as vossas pipocas, sentem-se e apreciem o episódio de hoje!


Para ler ou reler os capítulos anteriores e/ou outras histórias, clicar aqui

 


Capítulo 7



·


Todas as pessoas ali presentes ficaram chocadas ao ver Takoda cair para o lado, inconsciente! Matoskah correu mais rápido do que um raio para amparar a queda do seu irmão. Ele ficara deveras impressionado com tudo o que acontecera. Os indígenas começaram a emitir urros entre si. Shappa e Chayton aproximaram-se dos filhos, em pânico! O que teria acontecido?

Eddie e a família correram para junto da criança. Takoda começava a ficar com a pele fria e meio azulada. Matoskah abraçava o irmão com todas as forças que tinha. Queria gritar, em desespero, mas não conseguia! Duas pessoas aproximaram-se de repente, uma de cada lado da igreja. Uma delas era o Doutor Michael. Estava impressionado com o que acabara de ver e de imediato propôs levar Takoda para o hospital.

A outra pessoa era a médium da cidade, Agatha. Ela era alta e elegante. Tinha cabelos compridos e tez clara. Os seus olhos eram em tons verde-água. Agatha envergava um quimono de cerimónia. Ela aproximou-se de Shappa e disse-lhe algo em voz baixa. Shappa virou-se para ela impressionada e agradeceu.


Agatha Salamando


- Vamos levar o nosso Takoda para a rua, ele precisa de apanhar ar! Vamos deitá-lo na relva, a ver como reage! - exclamou Chayton.

Matoskah e os amigos assentaram com a cabeça e foram para a rua, procurando um jardim bonito onde colocar Takoda. Naquele momento, todos queriam que o menino se restabelecesse.

Entretanto, na igreja, Father Simon, visivelmente emocionado, aguardou que Eddie, Laura e Bianca retornassem à igreja para prosseguir a cerimónia. O resto da cerimónia foi rápida. Afinal, os restos de Jules iriam ser cremados. O Senador Tieman manteve-se ao lado da família Sullivan o resto do tempo. Também ele ficara impressionado com o que acabara de acontecer. Ele podia jurar que tinha visto Tatanka, o rapaz indígena que o tinha salvo a ele e ao filho, anos antes, a dançar ali, no meio da igreja. Ninguém parecia entender o que acontecera ali. Uma visão colectiva, talvez?

Enquanto isso, Takoda não dava sinais de melhorar. O corpo apresentava um pouco de cor, mas ele não reagia a estímulos e a pulsação dele mantinha-se baixa. Após trocarem impressões com o Chefe da sua tribo, Shappa e Chayton aceitaram o conselho de Michael, que insistia em levar a criança para o hospital.

- Eu levo-o comigo, no meu carro! Assim, posso colocá-lo já num quarto, em observações! - exclamou Michael, com voz preocupada.

- Muito bem, nós vamos atrás de si! - exclamou Chayton.

- Meninos, vocês vão para casa, está bem? Cuidem do Matoskah! Assim que tivermos notícias, eu telefono! - rematou Shappa, entrando no carro do marido.

Matoskah começou a berrar, desesperado! No entanto, nenhum som saía da sua garganta! O Chefe Indígena aproximou-se dele e dos seus amigos e afirmou:

- Meus queridos filhos, vocês precisam de ter fé! O nosso amado Takoda vai ficar bom! Confiem nos nagi tanka! Eles estão a olhar por nós!

Um dos rapazes da tribo aproximou-se de Matoskah. Este virou-se para ele. 

O rapaz chamava-se Baya Ainila24. Ele era um pouco mais novo que Matoskah. Alto, com cabelos castanhos avermelhados, abaixo dos ombros e olhos cinzentos. Tinha um corpo delineado. Baya Ainila abraçou Matoskah e através da língua gestual expressou o que lhe queria dizer. Este sorriu e respondeu, também em língua gestual. Baya Ainila era um rapaz surdo. Foi só nesse instante que Matoskah se apercebeu que só conseguia comunicar-se e expressar-se por gestos, já que nenhum som saía da sua garganta! Emocionado, apressou-se a contar isso ao amigo, enquanto lágrimas grossas rolavam pelo seu rosto. Baya Ainila fez-lhe festinhas nos cabelos e deu-lhe um beijo, sendo seguido por outros membros da tribo.


Baya Ainila


Mais calmo, Matoskah, por fim, aceitou voltar para casa e descansar um pouco. Os amigos acompanharam-no. Quanto aos membros da tribo, depois de uma reunião com o Chefe da aldeia, decidiram acampar na floresta. Todos estavam preocupados com o que teria acontecido a Takoda.

Enquanto isso, no hospital, Michael tinha conseguido reservar um quarto especial para Takoda. Ele iria para o mesmo quarto onde Matoskah estivera sob observação. Enquanto enfermeiros colocavam o pequeno ligado a aparelhos, Michael foi ter com Shappa e Chayton. Estes estavam na sala de espera, de mãos dadas, a chorarem em silêncio.


·


- Então doutor, já sabe de alguma coisa? - perguntou Chayton, ao ver o médico a aproximar-se.


- Podemos vê-lo? - inquiriu Shappa, com voz agastada.

Michael fungou e suspirou. Com voz afectada, rematou:

- Ainda não sabemos o que se passou com o Takoda. Ele está a ser ligado a máquinas que vão fazer os registos de tudo o que é possível sabermos, neste momento. Ele ficará em observação pelos próximos dois dias. Nós vamos fazer exames e raio-x. Doutora Shappa, eu vou dando notícias.  

- Podemos vê-lo? - insistiu Shappa.

Michael encolheu os ombros.

- Uma vista rápida, cinco minutos no máximo. Espero que compreendam.

Chayton e Shappa abraçaram o médico. Ao entrarem no quarto onde Takoda estava internado, ficaram estarrecidos. O pequeno jazia deitado na cama, com vários aparelhos e fios ligados ao corpo dele.

- Meu filho!! - exclamou Chayton, sem se conseguir controlar.


*19 de Junho de 2017*


Takoda regressou a casa, após vários dias internado no hospital. Os médicos não sabiam explicar o que tinha acontecido ao rapaz. Felizmente, ele parecia estar pronto para outra, já que recuperara toda a sua vivacidade.

Quanto a Matoskah, este piorou. Ele não voltou a falar desde o incidente com o irmão no funeral de Jules. Os médicos que o examinaram disseram que o rapaz estava num estado catatónico. Ele expressava-se por gestos e grunhidos, embora na maior parte do tempo Matoskah ficasse quieto, sentado na sua cama, a contemplar o vazio.

Shappa acabou por entrar em depressão, completamente angustiada com tudo o que se andava a passar com a sua família. O marido dela, Chayton, saía cedo e voltava bastante tarde, muitas vezes a cheirar a álcool. Apesar disso, a família Chayton pôde contar com a ajuda de Laura e Bianca Sullivan, bem como de toda a tribo indígena. Estes ofereceram-se para cuidar de Matoskah e levá-lo para um local muito especial, onde poderia ser visto pelos melhores wicasa wakan. Shappa aceitou a proposta, mas pediu para se aguardar que Takoda regressasse a casa, a ver se, com o regresso dele, Matoskah reagiria.
 
 
Matoskah reagiu.
 
Ele chorou, sorriu, emitiu uivos. Notava-se claramente que estava feliz e ele bem se esforçava para falar, mas algo o impedia. Takoda, que tinha sido informado ainda antes de sair do hospital do estado do irmão, aguentou firme, dando as mãos a Matoskah, sorrindo para ele e abraçando-o com muito carinho.
 

*23 de Junho de 2017, 23:57*

 
Era já bastante tarde quando muitas pessoas em Grace Falls sintonizaram o mesmo programa de televisão. Durante a programação ao longo do dia, a GFNews anunciou que iria “lançar uma bomba” na Edição da Meia-Noite!
 

*24 de Junho de 2017, 00:00*


- Olhem, vai começar! - comentou Bianca, sentando-se numa poltrona, junto dos pais.

Uma voz-off na televisão, anunciou:

- “Em directo dos estúdios da GFNews, esta é a Edição da Meia-Noite!

Dois jornalistas apareceram no ecrã. 


Os repórteres Benjamin Meyers e John Walls. A notícia que eles estão prestes a anunciar aos habitantes de Grace Falls vão cair que nem uma bomba!


- “Olá senhores telespectadores, muito boa noite! Eu sou o Benjamin Meyers…

- “… E eu sou o John Walls…

- “…. E esta é a Edição da Meia-Noite da GFNews!” - responderam os dois jornalistas, com um meio sorriso.



·


- Nunca vi estes sujeitos… - exclamou Shappa, que assistia sentada na sala da sua casa, na companhia do marido.

Chayton acenou com a cabeça. Também ele não se recordava de ter visto aqueles jornalistas. Após o regresso de Takoda, ele acalmara e deixara de chegar tão tarde a casa e de beber. Os filhos deles e os amigos estavam sentados ao redor, movidos pela curiosidade. O que iriam anunciar nas notícias?

Após apresentarem as notícias do dia e sempre com um texto no rodapé da televisão a comunicar um escândalo mais para o fim daquele bloco informativo, eis que John Walls bebe um copo de água e a câmara se centra no rosto dele.

- “Conforme anunciado ao longo do dia, a GFNews tem uma bomba para apresentar nesta edição. As imagens que vamos ver já a seguir são de um bar na cidade de San Lynch. Um bar gay chamado Born2B!




Após alguns segundos de expectativa, o rosto do jornalista deu lugar a imagens do bar Born2B, enquanto uma voz-off explicava:

- “Aberto há pouco mais de um ano e meio, o bar Born2B é um espaço alternativo, vocacionado para o público gay, na cidade de San Lynch. Neste bar realizam-se festas e convívios todas as semanas. A GFNews teve acesso a imagens exclusivas, a respeito de uma festa que ocorreu no passado dia 11 de Maio! Essa festa foi a Born2BHot! Entre as pessoas que estiveram presentes nesta festa estava Jules Sullivan, filho do empresário Edward Sullivan. Como se sabe, Jules Sullivan suicidou-se alguns dias depois de ter estado presente neste evento.





Jules, na noite em que foi à festa do Born2B, a tirar uma selfie para os leitores!


- O quê? - exclamaram Eddie, Laura, Bianca, Shappa, Takoda, Chayton, Cetan Nagin, Maȟpiya Lúta, Siha Sápa e Wakinyan. Matoskah emitiu um uivo gutural.

Jules apareceu, a dançar, em tronco nu, com ar bastante feliz e divertido! Ele dançava de forma provocadora para uma figura conhecida - o doutor Michael! A dada altura, Michael e Jules abraçaram-se de forma sedutora e beijaram-se com volúpia. 





As mãos de ambos percorriam todo o corpo do outro, deixando as pessoas que estavam à volta deles com ar extasiado e cheias de desejo! Não tardou muito para que começasse a tocar uma música popular. Jules virou-se para o DJ da festa e pediu:

- “Hey! Gatinho! Quero cantar esta música! Emprestas-me o teu microfone?


·


O público começou a assobiar e a rir-se, perante aquela provocatória! O DJ riu-se e entrando no jogo, apontou para um alto nas suas calças. Jules aproximou-se do DJ e agarrou-lhe aquele alto, enquanto se ria, divertido! Em seguida, deu um beijo ao DJ e pegando num microfone, voltou para o palco e começou a cantar!

 

[Jules]


O meu amor era muito atrevido!
Tinha fama de grande saltitão!
Mas eu disse-lhe que estava perdido,
No dia em que me fisgou o coração!

Pedi-o logo em casamento!
Na sua cabeça, queria juizinho!
De cada vez que armava um pé-de-vento,
Tinha logo de dar-lhe um avisinho:

Se te portas mal, vai haver terror!
Se te portas mal, tu vais sentir dor!
Se te portas mal, ai por favor!
Vou ter de te dar, tu vais levar…
Pancadinhas de amor!
 

O público exultava! Jules e Michael beijavam-se de forma provocante e iam dando palmadas no rabo um do outro, deliciados!


Eddie Sullivan e a família observavam a cena, completamente embasbacados! Quase toda a população da cidade estava colada ao ecrã da televisão naquele momento! Muito longe dali, o Senador Tieman acompanhava a reportagem, batendo os pés ao som da música. Aquilo era uma surpresa que ele não estava à espera!  

 

[Jules]

 
Todos os dias era uma aventura
O que ele queria era andar na festa
Mas eu não sou "mana" de amarguras
E muito menos de coisas na testa!
 
Um puxão de orelhas com jeitinho
Na altura certa é sempre bem dado!
Traz de volta todo o juizinho…
À cabeça perdida do teu amado!
 

O senador Tieman pegou no seu telemóvel e ordenou, com voz ríspida:

 

- Estou? Liga-me ao director da televisão GFNews! Quero saber onde conseguiram o vídeo que estão a passar agora no canal! E já agora, liga-me ao Hudges, do FBI. Parece-me que temos um sério problema entre mãos...

 

- “É para já, Senador!- respondeu uma segunda voz.

   

[Jules]

 
Aos homens custa ter poiso certo,
A não ser que ponhas rédea curta!
Nem sempre fazemos o correcto,
Mas o que importa é ganhar a luta!
 
Faço o caminho da felicidade
Aquele que toda a gente quer!
Escuta bem este conselho de verdade:
Que te dou de “mana” para “mana”!

 

O público ficou em êxtase! Jules colocou-se de quatro, enquanto Michael simulava uma cópula e ambos se beijavam com paixão! O vídeo terminava ali. A emissão voltou ao estúdio. Benjamin Meyers estava com um ar bastante sério.


·

- “Senhores telespectadores, antes de prosseguirmos, nós queremos deixar bem clara uma coisa. Não é nosso objectivo, aqui na GFNews, fazer juízos de valor. Cada pessoa deve ser livre para ser do jeito que é. Ponto. Não transmitimos este vídeo com o intuito de atiçar ou faltar ao respeito à memória de Jules Sullivan e/ou da sua família.

John Walls meteu a sua colherada:

- “No entanto, não é menos verdade de que estamos perante um problema delicado. Jules Sullivan era menor de idade. Segundo o que pudemos apurar, muitos jovens menores de idade costumam participar nestas festas e eventos no bar Born2B, estando por isso sujeitos a serem vítimas de algum predador sexual. O Jules esteve presente nesta festa, onde acabou por se envolver com o doutor Michael, um dos médicos mais populares da nossa cidade... Segundo imagens das câmaras de videovigilância e testemunhas que estiveram presentes nesta festa, o doutor Michael e o Jules foram vistos a abandonar juntos o local. Mas há mais: esta já não terá sido a primeira vez que o doutor Michael se envolveu com jovens menores de idade naquele bar…

Eddie Sullivan desligou a televisão, furioso!

- Aquele bandalho! Eu vou já dizer-lhe como é! - gritou.

- Pai, vê lá no que te vais meter! - guinchou Bianca, tentando acalmar Eddie.    

- Eu só vou dar uma palavrinha com este médico de meia-tigela! - rematou Eddie, batendo a porta com estrondo.

Em casa dos Chayton, o clima era exactamente o mesmo. Shappa recebeu uma chamada do seu chefe, o Director Hudges, a pedir que fosse ter com ele, para resolverem uma urgência. Ela entendeu o que o director queria dizer. O doutor Michael podia ter dado cabo de toda uma gigantesca operação, por culpa daquele “deslize”. 

Chayton saiu logo a seguir, dizendo que iria colocar tudo em pratos limpos com o médico. Takoda e os restantes estavam muito nervosos, em especial Matoskah, que tinha ficado muito perturbado. A raiva no rapaz era tanta que o seu rosto estava vermelho e ele uivava:

- Mi…Cha…El…

Wakinyan bufou. O seu olhar estava irado! Os amigos levantaram-se de imediato! Ele suspirou.

- Meus amados irmãos! Este wasichu denegriu a imagem do nosso Sunka Jules! Não podemos permitir isso! Proponho que procuremos este wasichu e lhe mostremos o erro que é aproveitar-se de um dos nossos!

Takoda, Cetan Nagin, Maȟpiya Lúta e Siha Sápa concordaram de imediato. Matoskah uivou, agitado! Wakinyan prosseguiu:

- Muito bem! Vamos fazer assim: Takoda, o nosso Matoskah não está em condições de sair, ainda por cima, à noite! Peço-te que fiques cá, tomes conta dele e cuides dele com a tua própria vida! Pode ser, amado misún?  

Com um aceno de cabeça, Takoda abraçou-se ao irmão, que por momentos serenou um pouco, retribuindo o abraço.

- Excelente! Muito obrigado! - rematou Wakinyan, dando um beijo e um abraço a Takoda e a Matoskah. 

Cetan Nagin, Maȟpiya Lúta, Siha Sápa fizeram o mesmo e instantes depois, os quatro jovens abandonaram a casa.


*24 de Junho de 2017, 02:45*


O doutor Michael tinha ficado a trabalhar dois turnos seguidos. Naquelas últimas semanas, um surto de rinite alérgica tinha levado muitas pessoas ao hospital, com complicações respiratórias. Quando finalmente ele pôde sair, o que mais desejava era tomar um banho e deitar-se na sua cama para descansar. 



Dr. Michael


Ao chegar a casa, sorriu, feliz. Ele vivia numa bonita casa senhorial, casa essa que tinha as paredes isoladas acusticamente e vidros espelhados duplos. Ele adorava a casa e o silêncio da zona envolvente. Retirou as chaves do bolso, olhou para o jardim de tulipas que ele tinha mandado fazer à frente da sua casa e suspirou:

- Possa, estava a ver que este dia nunca mais chegava ao fim…!

De repente, um vulto mascarado surgiu por detrás dele e injectou-lhe uma seringa no pescoço. O doutor Michael ficou com a visão turva e começou a cambalear, aterrorizado, caindo instantes depois.


*24 de Junho de 2017, 04:18*


O doutor Michael acordou ao som de uma música estranha que estava a tocar. Teria tido um pesadelo? Uma forte dor no pescoço rapidamente o fez querer tocar no local. Para seu espanto, ele descobriu que estava amarrado! Um par de algemas prendia os seus braços à cabeceira da cama! Duas correntes enferrujadas estavam apertadas nos seus pés! Assustado, olhou à sua volta. Um vulto, que envergava um fato de protecção completo, cantava em voz de falsete: 



·

[???]

Pé ante pé, através da janela,
Pela janela, que é onde eu estou...!
Ó querido, vem!
Pé ante pé, através das tulipas, ter comigo!

Ó querido, vem ter comigo!
Pé ante pé,
Através do jardim dos salgueiros!
Vem ter comigo, pé ante pé, por entre as tulipas!


- Quem é você? O que significa isto?! - gritou Michael, em pânico. - Socorro!! Alguém me ajude!

- Ai, ai, ai…! Doutor Michael…! Você faz muitas perguntas! Se quer viver mais um bocadinho, deixe-me cantar até ao fim! - respondeu o vulto, prosseguindo com a sua canção!



[???]

As Sombras da Noite rastejam,
Os salgueiros choram, sozinhos!
Os velhinhos e os bebés estão a dormir…

As estrelas de prata,
Brilham no céu!
E eu aqui estou, a planear, a planear,
Como te vou matar!

Se eu te beijar no jardim, sob o luar,
Tu vais-me perdoar?
Afinal, já sabes que no final,
Eu vou-te matar!

Por isso vem, pé ante pé, por entre as tulipas, ter comigo!

As estrelas de prata,
Brilham no céu!
E eu aqui estou, a planear, a planear,
Como te vou matar!

Se eu te beijar no jardim, sob o luar,
Tu vais-me perdoar?
Afinal, já sabes que no final,

Eu vou-te matar!
Por isso vem, pé ante pé, por entre as tulipas, ter comigo!


- Quem é você? - perguntou Michael, à medida que o seu falo crescia incomensuravelmente!



·


Uma voz impessoal falou através do fato.

- Quem eu sou não importa…! Afinal, quem está a ser julgado aqui é o senhor! Mas, se o doutor se portar bem, eu mostrarei o meu rosto antes de o matar! Prometo!

- Isto não pode estar a acontecer! Isto só pode ser um pesadelo, uma alucinação! - gemeu Michael, assustadíssimo!

- De facto, quem sabe? Até poderá ser…! Ou não! Doutor Michael, está na hora de o fazer pagar pelos seus delitos! - respondeu o vulto, aproximando-se de Michael com uma seringa.

- Socorro!! O que pensa que está a fazer?

- Vou aplicar-lhe uma anestesia local, não se preocupe. Mas se começar a fazer muitas perguntas, eu vou ter de me chatear consigo… E sejamos sinceros: ainda espero obter algumas respostas…. Embora eu não esteja com muitas esperanças! 

O vulto aproximou-se de Michael e injectou-lhe uma seringa na barriga da perna. Michael gritou, gemeu, esperneou. Mas de nada lhe adiantou. Ele estava muito bem amarrado à cama.  

Instantes depois, a perna direita de Michael estava hirta e rígida. O vulto aproximou-se e pegou numa faca de cozinha que estava em cima de uma cómoda ao fundo da cama.

- Ora bem, ora bem… Por onde começo? - perguntava-se o vulto, na sua voz impessoal. Por aqui? Por ali? Ai, ai! Tenho tanto por onde escolher…! Acho melhor tirar à sorte para ver!

E assim, o vulto lançou a faca pelo ar, que caiu entre as pernas de Michael. Este, literalmente, borrou-se de medo.  

- Oh! Mas já?! Ainda é cedo! Esse será o prato principal, ah ah ah ah!

Pegando na faca, o vulto passou-a ao de leve sobre o falo de Michael. Este assistia a tudo, horrorizado! Por mais que não quisesse, o seu pénis estava bastante erecto! Estava tão hirto que até lhe causava dores! O vulto riu-se, divertido. Virou costas e saiu do quarto. Michael começou a gritar com quantas forças tinha. Instantes depois, o vulto regressou e deu-lhe com um taco de basebol na cara, partindo-lhe alguns dentes com o impacto.

- Ó doutor Michael…. Pensei que já tinha percebido… Não é para causarmos alarido, está bem? Vá, porte-se bem, que eu já lhe coloco gelo na cara!  

- “Maldito sejas!” - pensou Michael, sem saber o que fazer para se libertar.

As dores cresceram exponencialmente. A sangrar do nariz e da boca, com os lábios rebentados, Michael começou a rezar.

- Ai, meu Deus…! Ajuda-me!    

O vulto apareceu na soleira da porta, trazendo consigo o portátil de Michael e disse:

- Chamou por mim, Michael?

- O quê? - perguntou este, confuso.

O vulto sentou-se junto de Michael e passando as mãos pelo rosto deste, sussurrou:

- Você chamou por Deus… Você pediu ajuda… Michael, eu sou Deus. Eu vim ajudá-lo… A Mão Divina vai libertá-lo de toda a sua dor e sofrimento… Mas para isso, é preciso que pague pelos seus pecados, primeiro…

- O que quer de mim? É dinheiro? Eu tenho muito! Eu posso dar-lhe todo o dinheiro que tenho guardado! Eu sou de uma família muito rica! Eu posso dar-lhe tudo o que você quiser!

- Eu não preciso de dinheiro algum! Sou feliz do jeito que eu sou! E deixe-me corrigi-lo: existe uma coisa, pelo menos, que você não me pode dar: devolver a inocência aos rapazes de quem abusou…! Ó Michael… Porquê?

Michael abanou a cabeça, surpreso!

- O quê? Mas eu nunca fiz nada disso! Do que está a falar?

- Vamos continuar com as mentiras?

O vulto pegou na faca e espetou-a com força na perna direita de Michael. Deixou a lâmina penetrar bem fundo! A dor era insuportável, apesar de Michael não sentir nada porque se encontrava anestesiado. No entanto, o horror e choque de ver a sua perna assim, a ser cortada uma e outra vez, com o sangue a jorrar em várias direcções, fê-lo gritar desesperado! 

- Está bem, está bem! Você tem razão!

- Eu sei disso! Eu sei que tenho! Eu sei tudo, Michael! Eu sou Deus! Olhe só o que eu encontrei no seu computador!

O vulto abriu uma pasta que estava cheia de fotos de rapazes nus, menores de idade. Muitos deles pareciam estar a posar para a câmara, em poses sensuais. No entanto, percebia-se que pelas expressões faciais eles estavam sob efeito de alguma droga ou psicotrópico. Entre as inúmeras fotografias, havia um conjunto de fotografias onde o protagonista era Jules.

- Como é possível, doutor Michael? Você prestou um juramento quando se tornou médico! Não deveria honrar o seu juramento? Não tem um pingo de vergonha? Como consegue dormir à noite? E como se isto não bastasse…

Michael chorava e soluçava. O vulto misterioso levantou-se e foi buscar algo. Quando regressou, deu uma injecção no rosto de Michael e sentou-se ao lado dele.

- Ora bem, ora bem! Sabe o que me irritou mais em si? Foi o facto de você se aproveitar destes miúdos, miúdos esses que o procuravam, confusos e carentes, para lhe pedir ajuda e orientação! Como é possível, Michael? Como é possível que você invoque o meu sagrado nome em vão, quando faz coisas como estas?

O vulto misterioso puxou o computador para si e introduziu uma pen drive. Passados alguns segundos, dois vídeos surgiram no ecrã.

- Se tudo o que já vimos dificilmente merece perdão, estes dois vídeos são a cereja no topo do bolo! - declarou o vulto, abrindo o primeiro vídeo.  

No vídeo, aparecia um jovem que estava deitado numa cama do hospital. Era Matoskah. Michael aparecia no vídeo a fechar a porta do quarto à chave e a colocar uma cadeira por detrás. Aproximou-se de uma mesinha e pegou num telefone.

- “Olá boa tarde! Fala doutor Michael! Olhe, eu vou estar a fazer exames médicos agora, não passe nenhuma chamada para mim na próxima hora!

- “Muito bem, doutor! Até já!” - respondeu uma voz feminina, desligando em seguida.

- “Vamos lá a ver do que são feitos os rapazes ameríndios…” - comentou Michael, com voz excitada.

Matoskah estava profundamente sedado. O médico levantou o lençol que lhe cobria o corpo e ficou encantado com o que viu! Em menos de nada, colocou o seu pénis para fora e começou a esfregá-lo no corpo do rapaz, enquanto gemia e estimulava o falo de Matoskah.

- Creio que não é preciso continuarmos a ver isto… - resmungou o vulto, interrompendo o vídeo. - Você é uma criatura doente, Michael.

- Eu… Eu… Como...? - gemeu o médico, à medida que os efeitos da anestesia na perna começavam a passar.

- Vejamos o segundo vídeo, antes que a diversão acabe! - respondeu o vulto, com voz irritada.



·


A cena passava-se no mesmo quarto de hospital. Quem estava deitado na cama agora era Takoda. Michael cumpriu rigorosamente o mesmo padrão que havia feito no vídeo anterior, até à parte em que retirou o lençol que cobria Takoda, deixando o rapaz todo nu.
 
- “Meu Deus! Que menino tão lindo e abonado!” - declarou Michael, não conseguindo esconder um sorriso de enorme satisfação.
 
De imediato o médico aproximou-se do rapaz e começou a beijar todo o seu corpo com um ar extasiado. Encantado, cheirou os cabelos de Takoda, enquanto trauteava uma canção!
 
[Michael]
 
As Sombras da Noite rastejam,
Os salgueiros choram, sozinhos!
Os velhinhos e os bebés estão a dormir…
 
As estrelas de prata,
Brilham no céu!
E eu aqui estou,
A planear, a planear,
Como de ti vou cuidar, como de ti vou cuidar!
 
 Por isso vem, pé ante pé, por entre as tulipas, ter comigo!
Pé ante pé, através da janela,
Pela janela, que é onde eu estou...!
Ó querido, vem!
Pé ante pé, através das tulipas, ter comigo!
 
Ó querido, vem ter comigo!
Pé ante pé,
Através do jardim dos salgueiros!
 
Vem ter comigo, pé ante pé, por entre as tulipas!
Se eu te beijar no jardim, sob o luar,
Tu vais-me perdoar?
Eu vou, com as pontas dos dedos,
No teu corpo delicioso, penetrar!”
 

O médico tinha um ar totalmente alucinado! Quando terminou de cantar, aproximou-se do corpo de Takoda e começou a beijar a sua barriga, descendo aos poucos, até chegar aonde pretendia. Aí, abocanhou a sua vítima e masturbou-se, enquanto saciava o seu desejo.
 
- Ficamos por aqui… Já não aguento mais, doutor Michael! Você vai receber a Mão Divina agora mesmo!
 
O vulto retirou a máscara de protecção. Michael, ao ver quem estava por detrás da máscara, gritou, completamente surpreso!
 
- Não é possível!!!
 
O vulto riu-se. Colocou novamente a máscara e rematou:
 
- Acabou o seu reinado de terror, doutor Michael! Adeus!
 
Tudo aconteceu muito rápido. A faca surgiu do nada e foi espetada suavemente sobre o olho esquerdo do médico. Este gritou, agonizado! Como estava anestesiado, só sentiu uma pequena dor! No entanto, a visão do que lhe acontecera era indescritível! Não demorou muito para que o misterioso vulto pegasse na faca e por fim, cumprisse o que prometera. Com um gesto firme e implacável, decepou o pénis de Michael, que ainda se mantinha bastante erecto.
 
 
Nota do Autor:
 
24 - Coiote Silencioso;


[Continua...]

18 março 2021

De regresso!

A partir deste fim-de-semana, regressará ao blog a história "Escrito nas Entrelinhas: Parte 2"! A história vai continuar a partir do momento em que parou.





Bianca regressa a Grace Falls após a morte do irmão. Inconformada, ela procura descobrir o que é que aconteceu! Numa Demanda em busca da Verdade, ela acabará emaranhada num rol de mistérios que colocarão a sua própria vida em risco! O que terá acontecido ao irmão de Bianca?


Podem ler os capítulos anteriores e/ou outras histórias, clicando aqui.