Capítulo 8
*24 de Junho de 2017, 05:52*
Um jipe parou em frente da casa da família Sullivan. O motor foi desligado e os faróis também.
- Caramba Chayton, que noite…! - comentou Eddie Sullivan, enquanto colocava um saco de gelo, já meio derretido, no rosto.
- Pode crer, livra! Quem diria que nos iríamos meter nesta confusão? - interrogou-se Chayton, que também trazia marcas de sangue no rosto e nas mãos.
- Enfim…. Olhe, só lhe tenho a agradecer pelo apoio!
- Deixe lá, homem! Vá, você precisa é de descansar agora! Se continuar com dores, telefone que eu trago uma pomada! Sei que vocês não são muito adeptos das nossas coisas, mas pode ter a certeza de que as ervas são muito eficazes!
- Eu agradeço-lhe! Entretanto, você já sabe o que vai contar à sua mulher, Chayton?
- Ora, eu vou contar a verdade! Não vale a pena estarmos a inventar…. Fomos para o Rochest Bar, aqueles tipos começaram a insultar a memória do nosso Jules e nós perdemos a cabeça. Acho que é perfeitamente natural, face ao que aconteceu! Você não acha, Eddie?
Eddie Sullivan olhou para Chayton. Ambos tinham marcas de sangue na cara, mãos e na roupa. Sorrindo um pouco, entre gemidos, Eddie rematou:
- Sim, tem toda a razão… Uma vez mais, obrigado, Chayton! Você é um grande homem!
Dito isto, Eddie saiu do jipe e olhando para todos os lados, correu para casa. O jipe partiu a grande velocidade.
Pouco depois, Chayton chegou à sua própria casa. Tudo estava silencioso. De imediato subiu as escadas e foi verificar como estavam os filhos. Takoda e Matoskah dormiam profundamente, aconchegados um no outro. Chayton ainda ficou alguns segundos a observá-los, emocionado. Ambos tinham um sorriso nos lábios e um ar sereno.
De repente, apercebeu-se de que os amigos dos filhos não estavam em casa. Intrigado, desceu as escadas. A mulher dele, Shappa, também ainda não tinha regressado da reunião com Hudges, o patrão dela. Chayton pegou no telemóvel e ligou-lhe, mas Shappa tinha o telemóvel desligado.
Aborrecido, ele foi até à cozinha fazer um chá. Aproveitou para despir-se e colocar as roupas na máquina de lavar. Estava prestes a fechar a máquina quando ouviu a porta de casa a abrir-se. Cetan Nagin, Maȟpiya Lúta, Siha Sápa e Wakinyan entraram e ficaram surpreendidos ao depararem-se com Chayton. Traziam marcas de sangue no rosto, corpo e roupas.
- O que aconteceu com vocês? Aonde se meteram? O que andaram a fazer para estarem com marcas de sangue? - perguntou Chayton, com voz ríspida.
Os quatro rapazes entreolharam-se. Após alguns segundos de hesitação, Wakinyan falou, em voz baixa:
- Nós… Nós queríamos ajustar contas com aquele médico, o Michael…. Queríamos pregar-lhe um susto pelo que ele fez ao nosso Sunka Jules! O problema é que... Bem… Nós não sabemos onde é que o homem vive… Depois de deambularmos um bocado pela cidade, acabamos por decidir procurar o nosso wicasa wakan na floresta. Ele fez um ritual de sangue que atormentará o médico durante os próximos tempos…
Chayton fungou. Preparou várias canecas de chá para todos e sorriu, mais descansado.
- Wakinyan, eu vou confiar nas tuas palavras. Tu és um wicasa honrado, espero que continues a sê-lo.
- Claro que sim, pai! - respondeu Wakinyan, com um sorriso.
- Óptimo! Meus filhos, dispam essas roupas e bebam o chá que preparei. Depois disso, vão tomar um bom banho e deitem-se no quarto do Takoda, está bem? O Takoda está a dormir com o Matoskah. Estão os dois a dormir muito bem, felizmente.
Os quatro rapazes despiram as roupas, colocaram-nas na máquina de lavar e Chayton pôs a máquina a trabalhar.
- O Takoda é um menino de ouro, pai! O Matoskah estava muito nervoso quando saímos de casa… Ainda bem que o Takoda o conseguiu acalmar! - comentou Maȟpiya Lúta, com orgulho.
Chayton sorriu.
- É bem verdade! O nosso Takoda não podia ter melhor nome! Assenta-lhe que nem uma luva!
- Pai… Permite-me perguntar uma coisa…? - questionou Siha Sápa.
- Já sei o que vem por aí…. Vocês querem saber se fui ter com o médico, não é? Pois bem, eu era para ir! No entanto, eu parei para beber alguma coisa num bar aqui da cidade, o Rochest Bar. Passado algum tempo apareceu o pai do Jules. Estivemos a conversar sobre isto e a beber uns copos e olhem, passado algum tempo envolvemo-nos numa discussão com uns idiotas quaisquer, que começaram a falar mal do nosso Sunka… O resto…. Vocês já podem imaginar…
Cetan Nagin, Maȟpiya Lúta, Siha Sápa e Wakinyan riram-se, divertidos. Eles conheciam bem o poder dos socos de Chayton!
- Eu já não me metia nestas coisas há algum tempo! Ainda levei alguns murros, até porque o Eddie não percebe nada de lutas!
Todos se riram com aquilo. Acabado o chá, os quatro rapazes seguiram para a casa de banho e Chayton para o quarto, uma vez que o quarto dele tinha casa de banho privativa. Não tardou muito para que ele e os rapazes adormecessem profundamente.
*24 de Junho de 2017, 11:23*
A polícia foi alertada para o facto da casa de Michael ter a porta aberta e haver um rasto de sangue até ao exterior. Quando a polícia entrou na casa do médico, ficou sem palavras! O chefe da polícia, com ar apavorado, ordenou:
- Telefonem já para o FBI! Ninguém toca em nada!
*24 de Junho de 2017, 13:48*
Hudges, Shappa e uma equipa da Perícia Forense entraram na casa de Michael. A polícia criara um perímetro de segurança ao redor da casa, para que ninguém pudesse aproximar-se da mesma. Isto criou algum incómodo aos residentes na área, já que a polícia tinha criado um perímetro de segurança de 200 metros! Quando entraram na casa, devidamente equipados, Shappa, Hudges e os restantes colegas ficaram abismados. Havia sangue espalhado por todo o lado.
- Estamos perante um cenário de extrema violência… Alguém quis dar uma boa lição ao doutor Michael… - comentou um dos membros da equipa forense.
- Depois daquilo que passou na televisão ontem à noite, não me admira nada… - criticou Hudges, com desagrado. - Este homem colocou todo a nossa investigação em risco. Ainda assim, morrer desta forma…
O corpo de Michael jazia inerte, atado à cama. Alguém lhe tinha arrancado os olhos, partido o maxilar e não contente com isso, mutilado os órgãos genitais. Michael apresentava cortes profundos na perna direita e a mão esquerda havia sido decepada.
Na parede ao fundo da cama, estava escrito a letras garrafais:
Ao lado da mensagem, uma mão estava estampada.
- Caramba…! - gemeu Shappa, agoniada. - Aquilo é…?
- Sim, doutora Shappa! É sangue! Provavelmente do próprio doutor Michael! - respondeu um dos Técnicos da Perícia Forense, enquanto recolhia amostras.
- Temos aqui um crime cometido com muito ódio…. Só assim se explica tamanha violência! - analisou Shappa, começando a tirar notas.
Hudges pegou no telemóvel e fez uma chamada. Enquanto aguardava, ordenou:
- Recolham vestígios de toda a casa. Doutora, está ali um portátil, dê uma vista de olhos, pode ser?
Shappa acenou com a cabeça e aproximou-se do portátil. Hesitante, ela pegou num novo par de luvas e calçou-as sob as que já tinha posto. Qual o seu espanto, quando ao abrir o portátil, uma mensagem surgiu de imediato no ecrã:
“Olá doutora Shappa! Tudo bem consigo? Lamento que nos estejamos a conhecer nas actuais circunstâncias! Espero que depois disto, os seus filhos fiquem bem! Enviei-lhe todo o material que o Michael tinha na sua posse! Faça bom uso desta informação! Para tornar tudo mais divertido, enviarei uma cópia deste material para televisões de todo o país!
Com os melhores cumprimentos,
Mão Divina ~ Deus”
Shappa clicou numa pasta com o nome dela e deparou-se com dezenas de fotografias de rapazes. Entre eles estava Jules. Não tardou a ver os vídeos com Matoskah e Takoda.
- Isto não pode ser possível! - gritou Shappa, enojada!
- Espere aí! - respondeu Hudges ao telefone, aproximando-se de Shappa.
Hudges estacou. Retomando a chamada, rematou:
- Com que então… Mão Divina, hã? Parece que o seu palpite estava certo…!
[Continua...]
Gostei muito ;)
ResponderEliminarAbreijos
Olá Francisco, fico feliz que tehas gostado! :D
EliminarAbreijos :3
Gostei também ...
ResponderEliminarBeijos
Oi Paulo!
EliminarMuito obrigado!
Abreijos :3