A casa de Damian ficava num prédio a vários quarteirões de distância. Uma chuva miudinha caía certeira e o céu aparentava ficar cada vez mais carregado.
- Vem aí outro temporal, segundo ouvi dizer... - comentou Damian, sem grande entusiasmo.
Shade seguia sempre em frente, sem dizer nada. Damian tentava meter conversa, mas Shade manteve-se calado o resto do tempo. A alegria de rever o amigo esfumara-se mais depressa do que o temporal levou a chegar à cidade de Fargo!
Os dois rapazes estavam já a menos de 200 metros da casa de Damian quando um relâmpago cruzou os céus, seguido de um estrondoso trovão.
Shade, que estava absorto numa conversa silenciosa com Jules - que os acompanhava e insistia para que Shade desculpasse o amigo - até deu um salto!
- Foda-se! Ia-me saltando a pila fora! Foda-se!!!
Damian riu-se com aquele comentário. Shade olhou para ele e riu-se também. A chuva não tardou a cair com bastante intensidade e os dois rapazes correram o mais que puderam até chegar a casa. Damian abriu a porta. Entraram.
- Bem-vindo ao meu humilde lar... - gracejou Damian, aproximando-se de Shade e roubando-lhe um beijo.
- Awwwwwwww! Como é bom estar de volta a casa! - exclamou Shade, visivelmente satisfeito, retribuindo o beijo.
- Tendo em conta o estado em que nos encontramos, o melhor é tomarmos um banho quente!
- Concordo contigo! Não me apetece nada, mas mesmo nada, ficar doente de novo...
Damian escutava-o com um sorriso maroto, enquanto o empurrava pela casa, à medida que Shade ia-lhe tirando a roupa. Entre risos e beijos molhados, ambos despiram-se e Shade ficou sem palavras.
O amigo tinha agora um corpo bastante trabalhado! Ao ver Damian totalmente nu, Shade ficou literalmente de queixo caído, enquanto tocava ao de leve nos musculosos braços e peitorais dele. O seu pénis latejava intensamente, ao contemplar aquele sonho latino à sua frente.
- Uau. Bolas, Damian! Uau!! Não me recordo de tu seres assim tão bom! Fogo! Aonde é que foste buscar este corpo de Adónis?
Com um sorriso sedutor, Damian provocou o amigo, agitando o seu majestoso falo perto da boca de Shade.
- Eu tenho treinado muito, desde que o Louie me abandonou por causa de um Personal Trainer. Aquilo entre eles ainda durou uns tempos, mas depois o Louie foi trocado por um executivo qualquer… Seja como for, agora o que não me falta são homens com vontade de serem “treinados” por mim, eh eh eh!
- Não duvido! Eu também quero! Atchim! Atchimmm! Merda! Já me estou a constipar!
Shade fungou e enfiou-se na banheira. Damian, com ar paternalista, abriu a torneira de água quente, que imediatamente começou a jorrar com força.
- Enquanto a banheira enche, eu vou preparar algo para comermos! Volto já! - afirmou Damian, virando costas.
- Hey! Belo rabo! Foda-se meu, tu assim vais deixar-me de rastos! - elogiou Shade, com um assobio.
Ele estava mesmo impressionado! Sentiu-se um verdadeiro puto, perante aquele pedaço de mau caminho que era o seu melhor amigo! Damian riu-se divertido e foi até à cozinha preparar algo para eles jantarem. Colocou uma lasanha no forno e foi ter com Shade. A água já cobria metade da banheira e ele fechou a torneira.
- Ahhhhhhh… A água está mesmo boa… Está mesmo como eu gosto! - congratulou-se Damian, deitando-se na banheira e fechando os olhos.
- Correcção… Tu é que estás mesmo bom… - sussurrou Shade.
Ele aproximou-se do amigo e, com a respiração acelerada, percorreu com as pontas dos dedos o corpo musculado de Damian. O seu próprio corpo já não conseguia esconder a alegria de estar ali. Com volúpia, os seus dedos desceram pelos desenvoltos peitorais de Damian. Este, por sua vez, permitiu-se mordiscar os mamilos de Shade. Shade tinha deixado crescer os pêlos no peito e em outros locais, para além da barba. Os dois amigos não tinham pressa. A água estava quente e o clima entre eles estava escaldante!
- Caramba, Damian! Como senti falta disto! - gemeu Shade, quando sentiu as mãos do amigo sobre as suas costas.
- E ainda agora começamos… - sussurrou Damian, abraçando e recostando Shade a si, prendendo-o num abraço musculado.
- Ó meu…! Tu…
Damian não deixou Shade continuar. Enquanto as suas mãos percorriam o baixo-ventre de Shade, este beijou Damian com volúpia.
- As saudades que eu tinha de… - tentou dizer Shade, com Damian a empurrá-lo para trás e a levantar-se, de forma provocante.
O corpo de Damian reluzia, brilhante. Bem no centro, uma estrela erguia-se cada vez mais alto. A estrela brilhava e engrossava a cada momento que passava. Encantado por rever aquela estrela, Shade começou a cantar, enquanto tentava agarrá-la com as duas mãos!
[Shade]
No teu frio deslizar
És uma louca tentação!
E na pele, o teu tocar,
És veneno, és paixão!
Damian riu-se divertido e decidiu entrar no jogo, cantando para o cometa que se exibia no corpo de Shade!
[Damian]
Sedutora, perigosa, tu deixas-me louco!
Mordes, cravas, venenosa, matas e não pouco!
[Shade & Damian]
Tens o olhar, o olhar da serpente!
Que me faz querer e sonhar!
É o olhar, o olhar da serpente
Que não me deixa respirar!
Corpo fatal que me obriga a [m]amar!
[Shade]
Ela é implacável, voraz
Deixa um rasto de paixões
[Damian]
Só ela sabe do que é capaz!
Não precisa de razões!
[Shade]
Faz de tudo é fogaz,
Pra alcançar a sua presa!
[Damian]
Para ela tanto faz,
Tem no olhar da serpente a certeza!
[Shade & Damian]
Tens o olhar, o olhar da serpente!
Que me faz querer e sonhar!
É o olhar, o olhar da serpente
Que não me deixa respirar!
Corpo fatal que me obriga a [m]amar!
- Ó meu…! Que lindo! As saudades que eu tinha de ouvir-te cantar, Shade!
- E eu a ti, Damian… E eu a ti…
Shade foi puxado para fora da banheira. Envolto nos braços de Damian, ele foi levado naqueles musculosos braços até ao quarto. Aí, os lábios dos dois tocaram-se, vezes sem conta.
Shade agarrou-se a Damian como se este fosse uma tábua de salvação e Shade estivesse perdido no oceano. A respiração de Damian era quente e profunda. Shade sentia em cada momento um sopro de vida, que lhe percorria todo o corpo. Entre arfares e sussurros, ele recostou-se naquele peito que parecia um enorme recife. Percorreu-o tantas vezes que lhe perdeu a conta. Ambos gemiam e sussurravam desejos e fantasias que tão bem conheciam. Afinal, fora com Damian que Shade aprendera o que sabia sobre sexo. Não tardou para que o amigo aportasse dentro de si, com aquele torpedo grande, grosso e bem cheio, que outros tinham de pagar - e bem! - para sentir!
Na rua, o vento aumentava de intensidade, trazendo consigo um verdadeiro temporal. Rapidamente os gritos e gemidos de Shade misturaram-se com os uivos do vento e da chuva forte. Algumas velhotas rezavam a Deus a pedir que a trovoada acalmasse.
Não tardou para que caísse granizo do tamanho de bolas de pingue-pongue. Uma sirene ecoou. Alguns minutos mais tarde, um funil enorme desceu das nuvens e atingiu Prairie Rose, uma cidade nas imediações de Fargo. O tornado durou poucos minutos. Da mesma forma que tinha surgido, dissipou-se.
Os dois amigos levantaram-se da cama, algum tempo mais tarde. Foram para a salinha comer a lasanha que Damian tinha no forno. O ribombar dos trovões era, naquele momento, assustador. Por duas vezes, os rapazes ficaram sem luz. Eles estavam habituados a lidar com temporais fortes, ainda para mais em plena época de tornados! No entanto, aquele ano estava a ser bastante atípico! O Inverno não arredava pé, apesar de estarem quase no final da Primavera! Shade comentava isso mesmo com Damian, quando a luz falhou uma terceira vez.
- Foda-se! Eu não percebo! Estamos no século XXI e ainda não descobriram uma forma de lidar com estes temporais? - resmungou Shade.
- Ora, eles só desenvolvem aquilo que lhes convém... É provável que os investigadores já tenham soluções. No entanto, se ninguém se chegar à frente e financiá-los, essas coisas ficam no papel... Os governos preferem investir em armas e assim, em vez de apostarem no conforto e bem-estar daqueles que os elegem...! - respondeu Damian, enquanto procurava candelabros.
Após tactear pela sala às escuras, o clarão de um relâmpago permitiu-lhe saber onde estava o que procurava. Enquanto acendia um candelabro, um trovão ecoou com tal intensidade que as janelas da casa vibraram.
- Bolas! Está mesmo em cima de nós! - gemeu Shade, na brincadeira.
Damian colocou a lasanha na mesa e serviu Shade.
- Vamos jantar à luz das velas! Queres melhor forma de celebrar o nosso reencontro? - questionou, com carinho.
- Ohhhhh, nee...
Shade abraçou e recostou a cabeça no peito de Damian. Este deu-lhe beijinhos na testa e afagou os seus cabelos, enquanto pensava naquilo que queria saber.
- Eu sei, eu sei... Eu também senti a tua falta, puto! Olha lá… Afinal o que te aconteceu, Shade? Estiveste quase um ano fora e a directora Alicia disse-me que estiveste internado algum tempo num hospital!
Shade pousou os talheres. Bebeu um pouco de sumo. Ele não conseguiria mentir a Damian. Suspirou.
- Bom, como tu sabes, depois que o Jules se suicidou e marcaram a data para o funeral dele, eu fui até Grace Falls para estar presente no funeral... O Jules deixou-me um pedido... Uma promessa, vá... Pronto. Eu tinha de cumpri-la. Tinha de vingá-lo.
Damian pousou os talheres, surpreso.
- O que queres dizer com isso?
- Não leste a carta que te mandei, dentro da encomenda?
- Não... Guardei a encomenda conforme estava escrito na primeira carta que escreveste... Por falar nisso, aquele nosso local não é mais seguro... Amanhã vamos lá buscar a encomenda que mandaste.
Shade indignou-se.
- Ohhh! A sério? Mas porquê?
Damian suspirou.
- Tudo teve início quando o senhor Sullivan descobriu que tu és irmão do Jules. Ele, sem querer, provocou uma verdadeira “caça ao tesouro” aqui em Fargo. Vieram pessoas de todo o país à tua procura e vasculharam toda a cidade e arredores. Como ninguém sabia de ti, nem mesmo eu, eles acabaram por dispersar... Muitos desistiram. Mas, ainda assim, visitaram todos os locais onde tu poderias estar escondido.
Shade enfureceu-se.
- Foda-se! Que filhos da puta! Mas afinal… O que quer esse cabrão?
- Ó Shade...! Tenta compreender... Ele não sabia da tua existência até a filha dele ler o diário do teu irmão. Quando soube, ele ofereceu uma recompensa por informações sobre ti, pois é intenção dele adoptar-te. Ele até criou umas casas de acolhimento para jovens gays, chamadas Casas de Acolhimento Jules & Shade Sullivan.
- Hummmm...
Shade não se mostrou muito entusiasmado. Daquilo que Jules lhe contara, Eddie Sullivan era um homem que vivia para a empresa que tinha ajudado a construir, sempre em busca de novas formas de ganhar publicidade gratuita e procurando que a empresa crescesse. Era um homem bastante ambicioso. Damian viu a cara de caso de Shade e tentou persuadi-lo.
- Hey! Vá lá, Shade! Não faças essa cara...! O homem vai pagar as obras de restauração e reabilitação do Centro Comunitário de Fargo Hills! Ele pediu à directora para se encontrar contigo para conversarem. Não me parece que ele te obrigue ao quer que seja... Até porque ninguém o conseguirá! - comentou Damian, com voz doce.
Shade riu-se.
- Mentiroso, tu! Sabes muito bem que eu a ti, não nego nada… Se achas que faço bem em falar com esse cabrão…
- Shade! - resmungou Damian.
- Ai homem! Já sabes que estou a falar por falar, é só da boca p’ra fora!
- ‘Tá bem, ‘tá bem! Ainda assim, não te custava nada seres mais educado. Não foi essa a educação que te dei… Nem a directora, nem os outros!
Shade remeteu-se ao silêncio e continuou a comer, com um encolher de ombros. Damian sabia que Shade dizia aquilo sem intenção. Não era um rapaz que guardasse rancores por muito tempo. No entanto, quando ficava zangado, era melhor fugirem-lhe da frente! Depois de acabarem de comer, Shade comentou o que lhe ia no pensamento:
- Aconteça o que acontecer… Eu tenho de cumprir a promessa que fiz ao Jules... Preciso de encontrar o nosso verdadeiro pai... E confrontá-lo. Quero saber porquê que ele nos abandonou à nossa sorte… Ele tem de pagar pelo que nos fez!
Damian olhou para Shade, com ar preocupado.
- Tens alguma pista sobre ele? Já sabes por onde começar?
- Ainda não... Talvez o Eddie me possa dar alguma informação útil...
Cansados e já de barriga cheia, Shade e Damian foram para o quarto deste. Eles deitaram-se na cama, a escutar a chuva, que batia forte nas persianas do apartamento, enquanto praticavam gouinage. Felizes e satisfeitos, os dois não tardaram a atingir um novo orgasmo, adormecendo em seguida.
[Continua...]
Gostei muito :)
ResponderEliminarAdorei essa opinião e argumento XD
Abreijos
O Damian tem muito bons argumentos! ^^
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