27 setembro 2021

Eleições Autárquicas

Sendo um leigo na matéria, a verdade é que com o passar dos anos os jogos políticos interessam-me. Existe muita informação que eles partilham nas entrelinhas, e por vezes é um verdadeiro desafio filtrar a "palha" do que realmente importa.

Das várias eleições que Portugal dispõe, uma das que certamente provoca maior impacto na vida das pessoas e das comunidades, são as eleições para as Juntas de Freguesia e as Câmaras Municipais. Nestas, acredito eu, na maioria das vezes não vence um partido - vence a pessoa que o representa. E embora as duas coisas pareçam dar no mesmo, a verdade é que são duas coisas bem diferentes.

Costumo acompanhar com relativo interesse as noites eleitorais. Acho importante percebermos o que vem aí, com o que poderemos contar, embora na maioria das vezes, já se sabe... Tudo fica na mesma.

Eu já estive nas Mesas de Voto a trabalhar em dias de eleições. Já trabalhei em todas as eleições que nos são colocadas ao dispôr. As mais aguerridas são, claro está, estas, as eleições para os orgãos locais. Desde que me casei, em 2017, passei a ser posto "de parte", nunca mais tendo sido chamado para essa função. Claro que esse facto nunca foi mencionado abertamente. Mas eu sei que as pessoas falam e mesmo agora, estando divorciado, ainda existe quem fale e comente em sussurros. 

Já não ligo a isso. 

O karma é fodido. Uma das famílias mais riquinhas e peneirentas da aldeia onde vivo, que falou bastante mal de mim na altura em que souberam, vieram a descobrir que o neto deles também é gay e está, inclusivamente, a pensar viver com o namorado dele. Não pude deixar de sorrir - sempre soube que ele era gay. O nosso "gaydar" não falha. Afinal, "até no melhor pano cai a nódoa". Não que ser gay seja uma nódoa ou um defeito. Vocês entenderam o que eu quis dizer. 

Quanto ao trabalho nas Mesas de Voto... 

Por um lado, fiquei contente, porque convenhamos, ganhar 50 euros para ficarmos o dia todo à espera que umas 500/600 pessoas [em média, na Mesa onde eu escrutinava] apareçam para votar, é um bocado chato. Além de que temos de estar no local 1 hora antes das urnas abrirem ao público, ou seja, às 7 da manhã e depois de fecharem, termos de fica lá até tudo estar concluído, com os resultados apurados e todos os votos entregues ao Tribunal da Comarca da nossa região.

Por outro, a vida de um Escrutinador, está agora muito facilitada - os Cadernos Eleitorais são agora impressos por ordem alfabética, o que torna muito mais simples de encontrar os votantes. Até à minha última participação enquanto Escrutinador, era uma chatice andar com o Caderno Eleitoral para trás e para a frente, porque antes, eles eram por ordem dos Eleitores, sendo o primeiro o eleitor mais velho da freguesia, até chegar ao eleitor mais recente/jovem da freguesia [recenseado]. Nesse aspecto, fiquei com pena de não ter tido essa oportunidade, quem sabe no futuro. Verdade seja dita que as eleições locais são as piores para se trabalhar. Existe muita pressão, os Delegados dos Partidos por vezes pegam por coisas que nem lembram ao diabo, enfim... Se fosse estar a contar-vos essas coisas, daria pano para mangas. E olhem que estou a falar só da minha freguesia. Imaginem agora o que não acontecerá por todo o país.

Bom, foi com surpresa que assisti aos resultados eleitorais deste ano. Gostei das mudanças a um nível geral - fiquei particularmente satisfeito pelo Moedas derrotar o Medina, fiquei com pena da Susana não ter ganho a Amadora, fiquei um pouco surpreso com a perda da maioria absoluta do Moreira aqui no Porto.

Ao nível local, este ano escrevi um discurso político para um dos candidatos numa freguesia que não a minha. Ele não venceu, não por conta da sua inaptidão - eu gostei do programa e da sua campanha de proximidade - mas por conta da "campanha duvidosa" de um rival, facto que até foi notícia no jornal Público. Na Câmara, ganhou o PS - esta terrinha sempre foi PS desde que me conheço como gente - embora nos dois últimos mandatos, tenha tido uma Independente - a NAU - que este ano "afundou", feito o Titanic. Ela foi punida, com toda a razão, pela incapacidade e parcialidade. Houve um escândalo relativo a isso, um concurso/sorteio de atribuição de casas a rendas acessíveis, onde um dos sorteados foi o meu pai. Ele e os restantes 49 sorteados - foram mais de 300 famílias que concorreram, para 50 imóveis disponíveis - perderam todos o sorteio por conta de pessoas de uma certa etnia que se barricaram na Câmara e exigiram as casas todas para eles.

Eis os resultados completos para a minha freguesia e as restantes: 




Estou curioso com o que irá acontecer daqui para a frente. Na minha freguesia foi renovado o mandato do Presidente anterior. Com oposição directa dentro da Câmara, quero ver o que isto vai dar. Outro aspecto interessante é ver que o Chega já conseguiu ter mais votos que alguns Partidos de Esquerda e Direita.

26 setembro 2021

Escrito nas Entrelinhas: Parte 3 ~ Capítulo 6

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Capítulo 6


*21 de Maio*


O sol já estava bem presente no céu quando Shade acordou. Na verdade, ele acordara porque escutou alguém no quarto. Sonolento, pensou tratar-se de Noah e sorriu, ainda de olhos fechados.

- Noah? Vieste-me dar os bons dias?

Uma voz feminina respondeu:

- Olá menino, Deus lhe dê os bons dias! Eu vim limpar o quarto e trocar a roupinha da sua cama! Daqui a pouco este quarto terá novos pacientes! Entretanto, o menino Noah deixou este saquinho com roupinhas novas e sapatilhas para o menino! Ele é um verdadeiro anjo! Deus o guarde a ele e a si!

Estremunhado, Shade levantou a cabeça e viu uma senhora de cabelos pretos a cantarolar, enquanto preparava a cama ao lado da sua.

- Ahmmm... O enfermeiro Noah? Ele ficou de me dar alta…!

A mulher riu-se.

- Oh menino, quem dá alta no hospital são os médicos, não os enfermeiros! O menino vá tomar banho que a senhora doutora está a chegar para lhe dar alta, sim? Ela já anda a fazer a ronda neste piso!

Shade levantou-se e correu para a casa de banho sem pensar duas vezes. Tomou um duche rápido e quando regressou ao quarto, deparou-se com a sua cama feita, pronta para receber um novo paciente. A médica que acompanhava o seu caso olhava pela janela, enquanto tomava notas numa prancheta.

- Ah! O jovem misterioso! Shade, não é?

- Sim senhora!

A médica aproximou-se de Shade e colocou o estetoscópio.

- Vou só auscultar-te…

- Está bem! - respondeu Shade, nervoso.

Com ar satisfeito, a médica rematou:

- Estás como novo, por isso vou dar-te alta! Tens aqui uma receita de vitaminas que deves tomar, a partir de agora, durante os próximos dois meses. Aconselho-te a começares a tomar esta medicação hoje mesmo, ainda antes de partires para a tua terra natal! A viagem de comboio é longa e pode demorar mais tempo se apanhares alguma tempestade de neve pelo caminho!

Shade acenou com a cabeça, enquanto a médica rabiscava na sua prancheta.

- Pronto! Aqui tens! Se não te importares, vestes-te e diriges-te ao hall de entrada, está bem? O enfermeiro Noah está lá à tua espera. Só precisas de assinar um documento e depois podes ir embora! Adeus!

Suspirando impaciente, Shade vestiu-se à pressa. Nem se apercebeu que tinham mexido na sacola dele. Animado com a ideia de partir, deu um jeito ao cabelo, colocou a sacola a tiracolo e saiu do quarto, deitando-lhe uma última mirada. Aquele quarto agora já pertencia ao seu passado. Uma certa melancolia assomou-lhe o espírito. Virando costas, ele percorreu o piso até chegar ao elevador e daí foi para o hall de entrada, onde Noah o aguardava com um papel. Shade leu, assinou, o enfermeiro entregou o papel na secretaria e ambos saíram para fora do hospital.

- Então, está tudo em ordem? - perguntou o enfermeiro.

- Sim, a médica pediu para eu tomar umas vitaminas e tal… E já agora, obrigado pelas roupas e sapatilhas! Como sabias o meu tamanho?

De repente, a barriga de Shade roncou. Noah riu-se.

- Ora, tanto tempo que passaste cá no hospital, deu para verificar tudo, ah ah ah! Não tens de quê! Quanto à medicação…. Passamos na farmácia antes de eu te levar à estação! Mas, antes de tudo, tenho de te levar a comer alguma coisa, que pelos vistos tu não comeste nada! Alguma sugestão?

- Podemos comer um hambúrguer? - perguntou Shade com olhar sedutor. - Estou cá com umas saudades…!

Rindo-se com gosto, Noah acenou com a cabeça e conduziu Shade até ao seu carro, um jipe branco. Surpreso, Shade entrou no jipe e depois de fechar a porta e colocar o cinto, Noah arrancou.

- Se estás com vontade de comer um hambúrguer, vamos a um sítio onde fazem hambúrgueres em condições! Nada de junk food!  

Shade sorriu, feliz. Noah ligou o rádio para ouvirem música.





[Laura]

Setembro desfolhou-se
Numa agonia lenta
Com o seu fato de troncos
Entre os dedos do vento
Tons vermelhos dispersos
Na calma dos poentes
Eram lábios perdidos
Que sugeriam beijos

Eu esperava Setembro
Para voltar a ver-te
Para voltar a dar-te
Os sonhos que eram nossos
Vestida de esperança
E de alma enamorada
Eu esperava Setembro
Para voltar a ver-te

Setembro chegou
Vestindo flores silvestres
Com as frutas maduras
Nos braços nus agrestes

Por todos os caminhos
Te procurei sem ver-te
Os meus passos errantes
Na terra perfumada
Eu esperava Setembro
Para voltar a ver-te
Mas tanto procurei
Que dei por mim sozinha

Setembro desfolhou-se
No silêncio das tardes
Entre os dedos do vento
O meu amor desfeito


Ao escutar aquela voz, Shade arrepiou-se! Emocionado, começou a chorar, enquanto uma voz masculina comentava no rádio:

- “E foi o magnífico tema “Setembro”, interpretado pela nossa querida conterrânea, a grande, a diva, Laura Sullivan!




Outra voz acrescentou:

- “Laura Sullivan foi encontrada morta em Julho do ano passado no Pico do Diabo. A sua morte ocorreu pouco depois do terrível suicídio do seu filho mais novo, Jules Sullivan, cuja morte foi associada à organização criminosa “Mão Divina”. Esta organização criminosa provocou milhares de mortes um pouco por todo o país. Entretanto, em Nova Iorque…

Noah desligou o rádio e encostou o carro, ao aperceber-se que Shade chorava sem parar.

- Então querido, o que se passa? Estás bem?

- Esta senhora… A Laura... Ela era a minha mãe… E o rapaz, era o meu irmão… - respondeu Shade, entre fungadelas.


[Continua...]

25 setembro 2021

De regresso!

 

Queridos leitores e amigos,

Como estão? Tudo bem com vocês?
Espero sinceramente que sim.

Já lá vai bastante tempo desde a última vez que escrevi aqui no blogue. O meu computador morreu definitivamente - depois de ter gasto 150 euros num conserto que vim a descobrir uns dias atrás, não passou de me trocarem peças, roubarem à descarada, prejudicando-me imenso, visto que estive sem computador durante 4 meses. 

Quando o computador veio, passados dois dias já estava a levá-lo de volta para arranjar... E nunca veio em condições. Muitos dias se passaram em que ele nem ligava, e com o clima que se vivia naquela fase, entre outros problemas pessoais, fui caindo numa depressão.

As coisas chegaram a um pico em meados de Julho, sendo que o extremo ocorreu em Agosto. Uma angústia constante, uma ansiedade crescente, uma inquietação que me torturava de manhã à noite, associada a uma tristeza e uma falta de vontade de lidar com coisas corriqueiras do dia-a-dia. Cheguei a ter dias em que até para sair de casa era necessária uma forte dose de coragem e de força. Dias houve em que estava vestido e pronto para sair, mas dava-me o "click" e fechava-me no quarto, sem vontade para mais nada, sem falar com ninguém, atormentado pelas minhas dores físicas, emocionais e psicológicas.

Ainda pensei em escrever nessa fase sobre a depressão masculina. Mas temia que me faltassem as palavras e acabei por desistir. Pelo meio, acabei por rapar a cabeça, a barba... Bati mesmo no fundo. Sentia-me feio, sentia-me horrível. A minha autoestima foi c'os porcos. Deixei-me levar pelas armadilhas que são a saudade, a culpa, amar alguém que não merecia... 

Já diz o ditado: "Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe". E assim, aos poucos, com a ajuda de amigos novos, muitos ainda do universo virtual, mas com quem já estabeleci conexões "reais", a coisa tem-se composto.

Pelo meio desta tempestade, o blogue fez 2 aninhos. Fiquei triste e desconsolado por não poder escrever algo a assinalar a data, mas não tinha computador e não me ajeito a escrever pelo telemóvel. Modernices que não subscrevo, ah ah ah ah!

O segundo ano do blog foi pautado por imensas coisas difíceis e más. Nunca pensei em desistir do blogue, ao contrário de outras vezes, mas realmente não foi fácil de superar este segundo ano. Tenho de agradecer o carinho de sempre do Francisco e do Paulo, dois grandes amigos que lamento ter mantido sem notícias e sem visitar os vossos espaços ao longo dos últimos tempos. Fiquei surpreso ao ver que o Francisco colocou o espaço dele em standby e quero acreditar que ele está a gozar umas merecidas férias e que não tarda nada está de volta.

A vocês, obrigado. 

06 setembro 2021

Dia do Sexo

Como hoje existem datas para tudo, não podia deixar de existir o Dia do Sexo!

A história deste dia surgiu como o facto do Dia das Mães e o Dia dos Pais terem "origem" no sexo. Afinal, não é de França que vêem as cegonhas com o cestinho. :P

A data tem mais duas motivações importantes - consciencializar e sensibilizar as pessoas para o uso do preservativo - mesmo que SIDA já tenha medicamentos eficazes que a combatem, existem inúmeras DST's que se podem apanhar num simples sexo oral [e sim, essa já me aconteceu!]. Esta data também serve para ajudar a quebrar tabus sobre o tema.

A primeira proposta de celebrar esta data foi a 20 de Novembro de 1935.





Eu hoje acabei por bater uma sobremesa - até porque os homens conquistam-se pelo estômago, não é? :P




Agora falta uma companhia e o café... Porque como diz o meu querido amigo Francisco:
"Um café não mata, nem compromete!"

05 setembro 2021

Escrito nas Entrelinhas: Parte 3 ~ Capítulo 5

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Capítulo 5


*18 de Maio de 2018*


Só a meio do dia seguinte é que Shade recebeu a visita do enfermeiro Noah. Agora que tinha o quarto só para ele, estava mais à vontade. Durante o resto do dia anterior, tinham ido até ao seu quarto vários funcionários do hospital, não só para trocar a roupa da cama, mas também para desligarem as máquinas e controlar o estado de saúde dele. Duas enfermeiras ainda lhe quiseram dar banho, mas Shade recusou, dizendo que tomaria o banho quando o enfermeiro Noah o viesse visitar.

Shade ainda perguntou duas ou três vezes por ele, mas tanto os funcionários como a médica que estava a acompanhar o caso dele disseram que Noah tinha terminado o seu turno e que só regressaria no dia seguinte.

Assim, quando este entrou no quarto, foi com alegria que Shade o recebeu. Pediu logo a Noah para fechar a porta do quarto à chave, para ficarem mais à vontade.

- Sabes que eu não posso fazer isso, Shade… Tu és menor de idade e eu…

Shade riu-se.

- Quem disse que eu sou menor de idade? Eu tenho 18 anos! A caminho dos 19!

Noah mostrava-se relutante.

- Ainda assim, estamos num hospital. Existem regras que não podem ser quebradas! O que é que tu queres fazer? O que é que tens em mente?

- Vá lá! Fecha a porta à chave! Se alguém perguntar, eu digo que fui eu que pedi, porque me vieste dar banho! Vá lá! - pediu Shade, com voz sedutora.

Noah sorriu timidamente e acedeu ao pedido. Com jeitinho, trancou a porta suavemente e aproximou-se de Shade. Este sussurrou:

- Está na altura de te recompensar pelo teu trabalho, meu enfermeiro!


·

Shade puxou Noah pelas calças até si. Enfiou uma das mãos dentro das calças de Noah, que gemeu, excitado. Noah fechou os olhos e percorreu com uma das mãos o corpo nu de Shade, que se mostrava animado pelo suave toque do enfermeiro.



- Gostas assim? - perguntou Shade, enquanto massajava o falo de Noah, devagar.

Noah recostou-se ao lado de Shade. Seguro de que a porta estava trancada e ninguém entraria de repente, permitiu-se aproveitar aquele momento. Durante as semanas em que Shade estivera em coma, ele imaginara aquele cenário inúmeras vezes. E agora, finalmente, a sua fantasia estava a tornar-se realidade.

As suas mãos deslizavam por todo o peito e ventre de Shade, enquanto este manuseava o falo de Noah, que endurecia exponencialmente. Noah cheirou os cabelos de Shade e depois, os seus lábios procuraram os lábios do rapaz. Beijaram-se. Trocaram vários beijos, entre arfares e sussurros excitados, enquanto com uma das mãos ele agitava o membro de Shade, que crescia e enrijecia a olhos vistos.

- Posso…. Chupar-te? - pediu Noah, com voz trémula.

- Força! Mereces! Ele é teuPor agora! - respondeu Shade, excitado e satisfeito.

Noah começou a dar beijos no pescoço de Shade e foi descendo, até chegar ao seu desejo. Aí, colocou o membro na boca e saboreou-o com tamanho prazer e intensidade que Shade teve de se controlar para não atingir o orgasmo em poucos segundos. Enquanto Noah lhe dava aquele gosto, Shade gemia e arfava de prazer.

- Hummmm! Que maravilha! Há tanto tempo que não me sentia tão bem! Tens jeito para isto, senhor enfermeiro! - comentou ele, entre beijos.   

- Dá-me…! Dá-me tudo o que tens para dar, Shade! - gemeu Noah, suplicante.

- Abre a boquinha então…! Vá lá…! Vou dar-te o que tu queres! - respondeu Shade, levantando-se e colocando Noah de joelhos.

Noah fechou os olhos, enquanto Shade lhe pegava na cabeça e agitava-a freneticamente. Naquela posição, Noah conseguia abocanhar ainda mais o falo de Shade, que sentiu um prazer ainda maior.

Deliciado, o rapaz permitiu-se atingir o orgasmo dentro da boca do enfermeiro, que até se engasgou com a quantidade e intensidade que recebeu. 

Shade deitou-se na cama, visivelmente satisfeito. Segundos depois, Noah atingiu o orgasmo também, enquanto se masturbava freneticamente e gemia, tocando no corpo de Shade.

- Isto foi ainda melhor do que nas minhas fantasias! Obrigado! - suspirou Noah, enquanto se limpava e vestia.

- Não tens de quê! Até eu sair daqui, podemos repetir mais vezes! - comentou Shade, com voz divertida.     


*20 de Maio de 2018*


Durante os dias que se seguiram, as idas ao quarto de Shade sucederam-se. Como Noah não queria chamar a atenção, em algumas das vezes ele limitava-se a trocar beijos e rápidas carícias com Shade, já que este encontrava-se totalmente recuperado.

Noah confessou a Shade que o momento ideal para estarem mais à vontade seria no turno da noite. No turno da noite a maior parte dos médicos, funcionários e enfermeiros não estavam ao serviço, visto aquele hospital não ter muitos problemas durante o período nocturno. Assim, Noah falou com um colega para trocar de turno, a fim deles poderem estar juntos naquela que seria a última noite de Shade no hospital.

Passava pouco das sete e meia quando Noah entrou no quarto de Shade, com um tabuleiro na mão. Trazia-lhe o jantar daquele dia. Entre beijos e carícias ousadas, Noah prometeu regressar mais tarde, para dar a sobremesa a Shade. Este, divertido e provocador, levantou a roupa, mostrando o seu falo semi-rígido a Noah, que logo corou, envergonhado.

- Tratarei dele mais logo! Agora tenho de ir! - despediu-se Noah, dando um beijo na testa de Shade.
 
Tranquilo e animado com a perspectiva de deixar o hospital no dia seguinte, Shade saboreou lentamente aquele jantar. Naquele dia, tinham servido um pedaço de frango guisado com arroz e ervilhas. Apesar da comida do hospital não ser grande coisa, pelo menos estava quentinha, algo que Shade já não se recordava de saborear. 

Afinal, desde que a cidade de Grace Falls fora declarada cidade-fantasma, todo o sistema eléctrico da mesma havia deixado de funcionar, pelo que Shade estivera bastantes dias a comer comida fria ou aquecida em fogueiras que conseguia fazer.

Depois de comer, ele colocou a bandeja numa cadeira e foi à casa de banho. Pela primeira vez em muito tempo, ganhou coragem e olhou-se ao espelho. Ficou surpreendido! Ele tinha agora uma barba ruiva e os seus cabelos estavam novamente abaixo dos ombros. Sorriu para o seu reflexo, satisfeito. Se já nem ele se reconhecia a si mesmo, dificilmente outros o reconheceriam agora.


·

Por instantes, pensou que desta forma, seria mais fácil regressar a Fargo. Temia que andassem à sua procura, principalmente porque ele era irmão de Jules Sullivan. Ele sabia que o irmão tinha ficado famoso pelos piores motivos e não queria atrair as atenções sobre si. Havia perguntas que ele jamais queria ter de responder. Shade não se esquecera da promessa que fizera ao irmão.

Mal chegasse a Fargo, Shade teria de procurar por um dos seus melhores amigos até conhecer Jules, um rapaz chamado Damian. Meses antes, ainda em Grace Falls, Shade enviara-lhe uma encomenda para este guardar com a sua própria vida. Se o pior acontecesse, Damian deixaria a encomenda num local secreto, cuja localização só eles os dois sabiam. Damian era uma das poucas pessoas em quem Shade confiava.

Inconscientemente, Shade girou a torneira do duche e ao sentir a água quente, meteu-se debaixo do chuveiro e tomou um bom banho. A noite no hospital tinha essa vantagem - a maior parte dos doentes não andava a deambular pelos corredores e muito menos pelas casas de banho. Assim, Shade poderia tomar um banho à sua vontade. Tendo em conta que ele partiria até ao final da manhã seguinte e desconhecendo quando teria outra oportunidade de voltar a tomar um banho, ele aproveitou e deixou o jacto de água quente cair sobre o seu corpo elegante, agora um pouco peludo, embora estivesse mais magro do que o habitual.       

Vinte minutos depois, alguém tentou entrar na casa de banho, o que fez Shade resmungar:

- Hey! Está gente! Está ocupada!

- Sou eu, o Noah! Posso entrar? - perguntou o enfermeiro, com voz sedutora.

- Claro que podes! Anda! - respondeu Shade de imediato, enquanto se ensaboava.

Noah não perdeu tempo. Despiu-se e instantes depois, estava a sentir o jacto do chuveiro a cair sobre ele. Fechou os olhos, saboreando aquele agradável momento. De repente, ele começou a sentir outro jacto quente a atingi-lo em cheio no abdómen, enquanto Shade se ria às gargalhadas.

- Hey! Então? - resmungou Noah.

Shade riu-se ainda mais.

- É para te lembrares de mim! - declarou Shade, com voz divertida.

- Sabes que este jogo pode jogar-se a dois, certo? - provocou Noah, enquanto Shade se desviava do jacto do enfermeiro, rindo-se e fazendo caretas.

- Vá! Porta-te bem! Senão, não tens direito à sobremesa, Noah! - gracejou.
 
- ‘Tá bem, ‘tá bem! Eu vou ser um bom menino! - gemeu Noah, algum tempo depois de se lavar energicamente, respondendo com voz submissa. - Vamos embora para a cama, mestre?
 
- Assim é que é falar! Vamos lá! - congratulou-se Shade, abraçando o enfermeiro e dando-lhe um beijinho no rosto.
 
Rezando a todos os santos que se lembrava, Noah entregou uma toalha a Shade e este correu para o quarto, rindo-se divertido. Noah pegou nas roupas de ambos e depois de verificar que o corredor estava vazio, embrulhou-se numa toalha e correu para o quarto de Shade, dando com o nariz na porta! Este tinha fechado a porta à chave!  

- Vá lá, Shade! Isto não tem graça! Abre a porta!

- Só se pedires com jeitinho... - comentou este.

- Por favor, querido mestre, abre-me a porta! Está um frio do caraças e se eu for apanhado, vou para o olho da rua!

A porta destrancou-se e Noah entrou, enquanto Shade se dirigia à sua cama, aborrecido. Noah fechou a porta com cuidado e depois falou, com tom zangado:

- Olha lá, que ideia foi essa, Shade? Queres que eu perca o emprego? Depois de tudo o que eu fiz por ti?

- É pá, era só uma brincadeira! Não é preciso levares a peito! Tem calma contigo!

Noah atirou as roupas de Shade com alguma violência, atingindo-o na cara. Estava mesmo chateado!

- Eu estou aqui a fazer algo por ti, algo que nunca fiz por ninguém! E tu, agradeces-me assim! Achas bonito?

Shade amuou.


·

- Foda-se! Sabes que mais? Tu és exactamente como todos os outros! Pensei que fosses diferente, mas no fundo, só fazes as coisas para teu próprio proveito! Pensei que contigo as coisas fossem ser diferentes… Mas, se à mínima merda, atiras tudo à cara e cobras o que fizeste por mim.... Só te digo isto: ainda bem que amanhã me vão dar alta! Já estou farto deste lugar! Mal posso esperar para ver este pardieiro pelas costas! Por mim ia-me embora agora mesmo! Só lamento não poder fazê-lo, porque vocês colocariam a polícia atrás de mim!
    
Noah vestiu-se e suspirou.

- Olha… Desculpa lá... Eu fiquei chateado... Não queria ter dito nada daquilo. Estou triste e frustrado porque tu vais-te embora e eu vou sentir a tua falta...

Shade riu-se, desagradado.

- A minha falta? Tens a certeza? Tens a certeza de que vais sentir a minha falta? Não será que vais sentir é falta da minha pila?!
 
Aquela questão atingiu Noah no rosto da mesma forma que as roupas tinham atingido a cara de Shade. Noah sentou-se na cadeira e cabisbaixo, desabafou:


·

- Eu nunca estive com um rapaz. Há muito tempo que eu sei do que gosto e o que quero, mas nunca tive coragem para me envolver intimamente com ninguém. Contigo... Tudo aconteceu tão naturalmente, foi bom...! Foi muito bom! Só lamento que a nossa última noite juntos acabe assim, desta forma. Eu já te pedi desculpas e volto a pedir. Desculpa-me, Shade! Por favor! Eu estou mesmo desconsolado porque vais embora e certamente não voltar-te-ei a ver. Afinal, se não existiam registos teus até agora, tu para a sociedade nunca...

- Já por isso é que me chamo Shade... - suspirou o rapaz, olhando para o enfermeiro com um sorriso triste. - Desculpa lá a cena que eu fiz, Noah. Não pensei que estava a colocar o teu emprego em risco por causa...

Noah sorriu e colocou um dedo sob os lábios de Shade.

- Shhhh! Está tudo bem, meu querido! Amigos como antes?

Shade aproximou-se de Noah e abraçando-o, sorriu abertamente.

- Sem dúvida! E se nunca estiveste com um rapaz, permite-me a honra de te dar a conhecer todos os prazeres da carne, neste quarto de hospital, meu caro enfermeiro! Não penses que dou esta honra a qualquer um!
 
Submisso, Noah ajoelhou-se e sorrindo feliz, declarou:

- Seja feita a tua vontade, mestre!


·

Os dois rapazes riram-se e excitaram-se mutuamente. O facto de estarem ali, num quarto de hospital, correndo o risco de serem apanhados a qualquer momento, aumentava a adrenalina! Entre beijos e carícias, Noah foi descendo pelo corpo de Shade e quando chegou às calças, desceu-as com um só gesto. No mesmo instante, um falo peludo, grande e grosso, totalmente erecto, quase que bateu no seu rosto.

Noah olhou e feliz, agarrou o falo de Shade e abocanhou-o. Naquela noite, aquela fera seria sua e só sua! Shade controlou-se várias vezes para não atingir o orgasmo. Noah deliciava-se com tamanha volúpia que Shade se viu obrigado a colocar o seu rosto contra uma almofada, para abafar os gemidos de prazer!

Não tardou muito para que Shade retirasse o falo da boca de Noah. Como este lhe perguntasse porquê, Shade respondeu:

- Não queres que a festa acabe depressa, pois não? Trouxeste protecção? Vira-te!
   
Noah acenou com a cabeça, apontando para os bolsos da bata. Shade retirou de lá um preservativo e rapidamente colocou-o no seu membro. Depois disso, pegou na fronha da sua almofada e amordaçou Noah. Dando um beijo a este, Shade espicaçou-o:

- É capaz de doer um bocadinho, mas depressa te habituas! A mordaça é para que não te escutem a gemer, senão aí é que vais mesmo para o olho da rua, seu enfermeiro safado!
 
O falo de Noah reagiu àquelas palavras e perdeu um pouco da sua graça. Shade, com carinho, riu-se e beijou o peito de Noah, enquanto o masturbava e se masturbava. Noah, por sua vez, começou a sussurrar palavras sem nexo, à medida que Shade aprofundava conhecimentos no seu corpo. Quando este se apercebeu que Noah estava a ficar bastante excitado, ele decidiu investir! Noah sentou-se e fez-se magia!

O falo de Shade entrou num local que nunca havia sido explorado. Ele sabia que aquela era a primeira vez de Noah e não queria magoá-lo, por isso penetrava-o com alguma delicadeza. Este, porém, mostrava-se deliciado! Gemia, chorava de prazer e pedia para que Shade entrasse mais a fundo! Este, excitado, não se fez rogado!

Deliciados, os dois rapazes ficaram naquele estado de euforia algum tempo, enquanto se beijavam através da mordaça! Noah pulava louco, enquanto Shade gemia e resistia! Ele queria prolongar aquele momento o mais que pudesse!        

Entre beijos, arfares e gemidos, o vaivém continuou durante mais algum tempo. Shade sentia que não tardaria a atingir o clímax, mas queria que Noah também o atingisse! Assim, ele pegou no membro de Noah e agitou-o vigorosamente! Não tardou para que Noah arrancasse a mordaça e avisasse:

- Ohhhh! Ohhhh! Shade! Vou-me vir!!!
 
- Hummmm! Eu... Eu também! - gemeu Shade, penetrando-o com vigor, atingindo o orgasmo instantes depois, dentro do enfermeiro.
 
Noah atingiu o orgasmo quase de seguida, com o seu jacto a sair em grandes quantidades rumo ao peito e ao rosto de Shade.

- Ahhhh! Ohhhh! Ahhhh! Ahhhh! Desculpa...! Desculpa-me, Shade!! - gemeu Noah, quando se apercebeu do que fizera.

Shade riu-se, divertido. Mais relaxado, retirou o seu pénis lentamente, para não causar dor. Depois disso, pegou na fronha da almofada e limpou-se. Noah tinha deixado uma quantidade considerável de vestígios pelo seu peito e rosto.

- Acho que vou ter de tomar um novo banho. Acompanhas-me? - perguntou Shade, com um sorriso.

Noah segurou com as duas mãos no rosto de Shade. Beijou-o com carinho e acenou com a cabeça.

Após o banho, Shade regressou ao quarto. Noah vestiu-se rapidamente e partiu para as urgências, pois ligaram-lhe a pedir ajuda. Shade adormeceu rapidamente, enquanto pensava na longa viagem que iria fazer no dia seguinte.



[Continua...]

01 setembro 2021

Setembro

 



Earth has not anything to show more fair:
Dull would he be of soul who could pass by
A sight so touching in its majesty:
This City now doth, like a garment, wear
The beauty of the morning; silent, bare,
Ships, towers, domes, theatres, and temples lie
Open unto the fields, and to the sky;
All bright and glittering in the smokeless air.
Never did sun more beautifully steep
In his first splendour, valley, rock, or hill;

Ne'er saw I, never felt, a calm so deep!
The river glideth at his own sweet will:
Dear God! the very houses seem asleep;
And all that mighty heart is lying still!


Poema "Composed Upon Westminster Bridge", da autoria de William Wordsworth 
[07/04/1770 ~ 23/04/1850]