17 outubro 2021

Escrito nas Entrelinhas: Parte 3 ~ Capítulo 9

Com a chegada de novos leitores, deixo-vos a sinopse e o trailer da novela que está actuamente a ser postada aqui no blog!

Uma promessa inquebrável. Um amor que supera a morte! 
Este é o mote de partida para as últimas peças do puzzle que se iniciou na saga “Vírgulas do Destino”! Nesta história, os leitores acompanharão Shade, que está decidido a cumprir a promessa que o irmão lhe deixou! Conseguirá ele ser bem-sucedido? Enquanto isso, um novo pesadelo assola a cidade de Nova IorqueEstará a Mão Divina de regresso?




Podem ler os capítulos anteriores desta novela e/ou outras histórias, clicando aqui




Capítulo 9

ACTO QUARTO: REGRESSO A CASA





Se um dom especial é dado pr'a alguém
É pra ajudar o bem,
Na luta contra o mal!

É como a luz do sol
Que toca um cristal,
E em sete cores mostra assim, 
Que tudo é natural!

É como o som do mar, 
Que vem nos alcançar!
Pra nos mostrar o amor,
O amor que existe além do olhar...

O amor que existe além...
Do Olhar!


Noah ficou no cais até o comboio desaparecer lá ao longe, na linha do horizonte. Shade fora uma surpresa muito especial. O facto de ser filho de um pai bilionário era um bónus inesperado! Com um suspiro melancólico, Noah foi avançando lentamente, pé ante pé, até ao carro. Ainda sentia no ar o cheiro de Shade. Não queria esquecer aquele cheiro. 

Suspirou. 

Noah estava certo de que não voltaria a ver Shade tão cedo. Por outro lado, o pai dele talvez quisesse vir conhecê-lo pessoalmente! Dessa forma, Noah teria novamente a oportunidade de estar com aquele ruivo que lhe dera a volta à cabeça! Depois de entrar no carro, conduziu sem destino. Estava triste. Ligou o rádio, onde uma locutora anunciou:

- “A pedido de vários ouvintes, vamos escutar o lindíssimo tema de Biafra… Sonho de Ícaro!



[Biafra]

Voar, voar
Subir, subir
Ir por onde for
Descer até o céu cair
Ou mudar de cor
Anjos de gás
Asas de ilusão
E um sonho audaz
Feito um balão

No ar, no ar
Eu sou assim
Brilho do farol
Além do mais
Amargo fim
Simplesmente sol

Rock do bom
Ou quem sabe jazz
Som sobre som
Bem mais, bem mais

O que sai de mim
Vem do prazer
De querer sentir
O que eu não posso ter
O que faz de mim
Ser o que sou
É gostar de ir
Por onde, ninguém for

Do alto coração
Mais alto coração

Viver, viver
E não fingir
Esconder no olhar
Pedir não mais
Que permitir
Jogos de azar
Fauno lunar
Sombras no porão
E um show vulgar
Todo Verão

Fugir meu bem
P’ra ser feliz
Só no Pólo Sul
Não vou mudar
Do meu país
Nem vestir azul

Faça o sinal
Cante uma canção
Sentimental
Em qualquer tom

Repetir o amor
Já satisfaz
Dentro do bombom
Há um licor a mais

Ir até que um dia
Chegue enfim
Em que o sol derreta
A cera até o fim

Do alto, coração
Mais alto, coração


A ficha cai a Noah, que se apercebe que talvez nunca mais volte a ver Shade... 


Noah não resistiu. Lágrimas teimosas rolavam pelo seu rosto e teve de encostar o carro, enquanto recostava a cabeça ao volante. Por fim, caiu-lhe a ficha. Chorou como se não houvesse amanhã. Aquele tema deixara-o ainda mais melancólico e com vontade de correr atrás de Shade. Por ele, lutaria contra os seus medos e receios!


[Biafra]

Faça o sinal
Cante uma canção
Sentimental
Em qualquer tom

Repetir o amor
Já satisfaz
Dentro do bombom
Há um licor a mais
Ir até que um dia
Chegue enfim
Em que o sol derreta
A cera até o fim

Do alto, coração
Mais alto, coração

Do alto, coração
Mais alto, coração


Quando o tema terminou, Noah desligou o rádio e recompôs-se. Não podia dar parte fraca agora. Foi até casa, tomou um banho, trocou de roupa e voltou para o carro. Retirou o telemóvel do porta-luvas e deparou-se com mais de uma dezena de chamadas. Noah respirou fundo, como que a ganhar coragem. Determinado, ligou para Eddie. O telemóvel tocou várias vezes até que…

- “Edward Sullivan!” - respondeu uma voz ansiosa.

- Senhor, peço desculpas por não ter atendido mais cedo, mas eu tinha dito para me telefonar mais tarde!

- “Compreende que me deixou ansioso e nervoso, não é? Afinal, manda-me aquela bomba e espera que eu aguarde calmamente?” - resmungou Eddie, apressadamente.

- Não foi minha intenção, senhor! Não foi de todo! Mas o Shade… Bom…
  
- “Onde está ele? Está aí ao seu lado? Pode passar-lhe o telemóvel? Quero falar com ele!

Uma onda de remorsos avassalou Noah.

- Eu lamento muito, senhor Edward! O Shade não está aqui… Ele já se foi embora…

- “Foi-se embora? Para onde?

- O Shade foi-se embora para casa! Eu comprei o bilhete para ele!

- “O senhor vive onde, Noah?

- Eu sou enfermeiro no Hospital da Zona Leste da cidade de White River! Eu estive a cuidar do Shade nas últimas semanas, uma vez que ele foi encontrado inconsciente numa estrada durante uma tempestade de neve! Eu estive a cuidar dele, assumi a responsabilidade e os custos durante a estadia dele no hospital. O Shade teve alta hoje de manhã e eu vim trazê-lo ao comboio, comboio esse que partiu há algum tempo em direcção à cidade de Fargo, na Dakota do Norte!

- “Dinheiro não é problema, meu caro Noah! Você tem a certeza de tudo o que me está a dizer? Olhe que se me estiver a mentir, eu processo-o!

- Tenho a certeza sim, senhor Edward! Outra coisa, porquê que o Shade não tinha dados médicos? Tivemos de criar a ficha médica dele!

Seguiu-se um longo silêncio do outro lado da linha.

- “Ainda bem que mencionou isso. Vou querer que me envie uma cópia dos dados médicos o mais depressa possível, está bem? E os exames de ADN que lhe tiver feito! Não se preocupe que eu cubro todas as despesas que tiver de fazer! Envie-me tudo isso o mais depressa possível!

- Diga-me a sua morada…

- “Tem papel e caneta? Tome nota…

Noah pegou numa caneta e num pedaço de papel e anotou a morada que Eddie lhe transmitiu. Este apressou-se a dizer:

- “Anotou tudo? Agora diga-me o número da sua conta…. Vou-lhe transferir cinco mil dólares dentro de instantes. Depois de confirmar tudo o que me disse e eu me encontrar com o Shade, transfiro-lhe o restante. No total, se me estiver a dizer a verdade, você receberá quinze mil dólares. Essa é a recompensa que tenho para oferecer! Nada mau, hã?”   

Noah embatucou. Tanto dinheiro!

- O senhor não precisa… Eu só quero que fique tudo bem!

- “Preciso, sim! E o dinheiro nunca é demais, não é, Noah? Ah ah ah ah! Você sabe dizer-me a que horas o comboio chega à cidade de Fargo?

- Não tenho a certeza, senhor. Penso que só chega amanhã pela madrugada… Depende do estado do tempo… Mas não ouvi alertas de mau tempo, por isso…

- “Eu vou telefonar para Fargo a saber. Entrarei em contacto consigo logo que tudo esteja confirmado! Até breve, Noah! E…. Muito obrigado!

- Obrigado eu, senhor! Até breve!      

Desligaram.

Noah respirou fundo. Ficou a matutar no que faria com tanto dinheiro. Animado com a perspectiva de poder realizar um sem-número de pequenos caprichos, deslocou-se ao hospital. Lá, Noah pegou no historial clínico de Shade e fotocopiou tudo o que tinham obtido sobre ele. Em seguida, deslocou-se aos correios da cidade e enviou tudo para a morada que Eddie lhe tinha dado, em Washington. O pacote com os documentos seguiu em Correio Ultra-Expresso e Eddie receberia o valioso pacote no dia seguinte.




Após a conversa com Noah, Eddie levantou-se e entregou o número da conta à sua secretária, pedindo-lhe para que esta transferisse o valor acordado. Em seguida, este regressou ao seu escritório e marcou um número. O telemóvel tocou algumas vezes até uma voz bem-humorada atender:
 
- “Olá boa tarde, senhor Eddie! Como está?
 
- Olá Carlos! Como decorrem as buscas? Alguma novidade?
 
- “Infelizmente senhor, não tenho novidades... Já falei com várias pessoas e confirma-se que o Shade existe ou existiu, mas há muito tempo que ninguém lhe põe a vista em cima…
 
- Então prepare-se, porque eu tenho novidades para lhe dar! O Shade foi visto hoje em White River! Neste momento ele está num comboio para norte, a caminho de Fargo! Se tudo correr bem e o comboio não apanhar nenhuma tempestade de neve pelo caminho, ele deve chegar aí pela madrugada! Pode fazer o favor de estar atento a isso? Afinal eu estou a pagar-lhe bem pelos seus serviços! Não quero que volte a falhar…
 
- “Senhor, se tem garantias do que está a dizer, vou já à estação informar-me disso! Quer que aborde o rapaz?
 
- Ainda não, Carlos! Para já, quero que o siga e que me vá mantendo a par do que ele andar a fazer…. Deixe-o descansar um ou dois dias… Segundo soube, ele acabou de sair do hospital, não há-de ter forças para se aventurar por aí… Pelo sim, pelo não, siga-o como se fosse a sombra dele! Mas aja de forma discreta! Não deixe que ele se aperceba! Não quero que ele desapareça outra vez!
 
- “Está combinado senhor! Eu farei o que me pede!
 
- Muito bem, fico a aguardar notícias! Boa sorte!
 
Depois de terminar a chamada, Eddie tratou de ligar à filha, que se mostrou surpresa com as novidades.
 
- Mal posso esperar para o conhecer, Bianca! Achas que ele me vai receber bem?
 
- “Não sei, pai… Ele pareceu-me arisco, quer dizer… Nunca se deu a conhecer durante todo este tempo, não é? E a… Mãe… Também nunca falou nisto!
 
- De acordo com o que me disseste, nem o Shade sabia que tinha um irmão! Infelizmente, a única pessoa que podia responder a isso, era a tua mãe… De maneiras a que nunca poderemos vir a saber o que terá acontecido….
 
- “Pois…” - suspirou Bianca. - “Mas pelo menos agora sabemos que ele está vivo e até sabemos para onde se dirige! Bom pai, tenho de ir, depois avisa-me quando souberes novidades, está bom? Beijinhos!




Eddie percebeu, no tom de voz da filha, que esta ainda estava ressentida com a mãe por lhe ter escondido aquele segredo. Na verdade, desde que ele descobrira que a sua esposa Laura tinha tido dois filhos e abandonara um deles à sua sorte, mal dera à luz… Ele pegou numa fotografia da falecida esposa e recriminou-a com o olhar.


Quem matou Laura Sullivan? 
Esse é um dos mistérios da novela, que será revelado no grande final!


- “Como é que foste capaz de fazer aquilo, apenas para esconder uma traição?” - pensava ele muitas vezes.

Tantas perguntas que ele gostava de lhe fazer e que nunca poderia obter as respostas. Essa era, sem sombra de dúvidas, a maior insatisfação que Edward Sullivan tinha.



[Continua...]

4 comentários:

  1. Sempre assim, muitas perguntas que só serão desvendadas no final ... é o mote das novelas ... assim ficamos ansiosos e seguimos em frente na expectativa de que pistas surgirão e também palpites errados também ... rs

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    1. Eu tenho gostado muito de todo o trabalho que envolve escrever uma novela policial. É verdade que é trabalhoso, colocar tudo a bater certo, procurar os "furos" no enredo... Mas no fim, ao ver tudo assim, em "carne e osso", postado aqui no blog, vale a pena. :)

      De facto, a novela ainda tem muito para desvendar. A morte de Laura foi fulcral para o final da trama, mas até ao fim, ainda haverão mais mortes e seguramente, mistérios que nos deixarão a todos - eu incluído - com vontade de ver como acabarão! Porque eu acho que uma das piadas de escrever histórias é essa, os personagens acabam por ganhar "vida" e são eles que "passam a decidir" as histórias deles, eu passo apenas a "contar" sobre eles. :P

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  2. Estou a gostar, mas de facto quando nos cai a ficha, viramos novas pessoas :)

    Abreijos

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    1. Podes crer! Eu concordo plenamente contigo... Quando nos cai a ficha... Caramba...

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