Para Além do Arco-Íris ~ Capítulo 12

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Capítulo 12 

*NT, 18 de Janeiro de 2024*

Alguns dias depois, os dois amigos finalmente partiram rumo à Venezuela. A viagem sofrera atrasos e percalços inexplicáveis, mas que abalaram os dois aventureiros, deixando Rodrigo com um mau pressentimento. Não era bom nada um bom presságio. Embora não fosse um homem supersticioso, a vida já lhe tinha dado provas de que, às vezes, quando surgem muitos bloqueios a algo, é porque não se deve seguir por aquele caminho. 

Rodrigo, porém, era um homem teimoso e gostava de contrariar o Destino. Assim, ele e Leo decidiram mudar um pouco os planos. Em vez de seguirem nos voos directos, já que tinham tido tantos problemas nos dias anteriores, eles seguiram em voos discretos, atravessando assim uma parte da América do Sul.

*NT, 20 de Janeiro de 2024*

A Cordilheira dos Andes!

Enquanto sobrevoavam a majestosa Cordilheira dos Andes, Rodrigo e Leo observavam extasiados as montanhas cobertas de neve, cujos picos tocavam o céu em um espetáculo de beleza indescritível. O piloto do pequeno avião desviava habilmente das imponentes massas rochosas, proporcionando uma experiência única e emocionante para os dois amigos.

Entretanto, conforme se aproximavam de El Callao, a paisagem mudava, revelando uma exuberante selva tropical que se estendia até onde os olhos podiam alcançar. O verde intenso das árvores e a diversidade de sons da natureza criavam uma atmosfera mágica, quase surreal. A viagem do pequeno aeroporto à recôndita aldeia de El Callao, onde viviam os seus anfitriões, Don Diego e Doña Bárbara foi muito rápida. As casas coloridas erguiam-se entre a vegetação exuberante, e o aroma de especiarias flutuava no ar. A simplicidade do lugar contrastava com a riqueza da cultura local.

Chegados a El Callao, Leo e Rodrigo foram recebidos por Gonzaléz, um dos capangas de Don Diego. Gonzaléz era um homem alto, moreno, bastante musculado. Os seus olhos eram negros como azeviche. 

Gonzaléz

Gonzaléz conduziu-os através de uma plantação de pinheiro-do-caribe, até entrarem numa propriedade enorme. Ele disse-lhes que Don Diego e Doña Bárbara estavam ausentes da aldeia, pois tinham saído de urgência para uma reunião com o governo venezuelano e que tentariam regressar a tempo do jantar, embora tal fosse difícil. 

Don Diego dera ordens para que Rodrigo e Leo fossem bem acolhidos e para que nada lhes faltasse durante a sua estadia. Cansados da viagem, os dois homens foram tomar um banho e deitaram-se a descansar. A viagem tinha sido longa e extenuante. Não tardaram a adormecer.

A noite já ia alta quando ambos desceram até à sala de jantar para petiscarem algo. Uma mulher aguardava por eles. Lúcia era uma jovem mulher de estatura média, mas a sua presença era imponente. Os seus longos cabelos castanhos caíam em ondas suaves até à metade das costas, muitas vezes amarrados numa trança firme para maior praticidade durante as suas aventuras como guerreira. Não que Rodrigo e Leo viessem a saber disso agora. Lúcia era uma das guarda-costas de Doña Bárbara, além de governanta. 

Lúcia vai dar muito que falar!

Os seus olhos eram intensos, da cor de avelãs, irradiando determinação e coragem. As maçãs do rosto destacavam-se subtilmente, evidenciando a força e vitalidade que ela carregava consigo. A sua pele era marcada pela exposição ao sol, sinalizando as inúmeras batalhas que já enfrentara. Quando os homens se sentaram à mesa, Lúcia mandou servi-los. A dada altura, Rodrigo perguntou:

Rodrigo

- Olha lá, Lúcia, onde estão os teus patrões?

Agitando a sua farta cabeleira, de forma provocante, Lúcia respondeu:

- Ainda não chegaram, senhor! Segundo sei, estão a caminho, mas ainda não chegaram! Eles deram ordens para servir-vos no que vocês precisarem!

Lúcia fez uma vénia a Rodrigo e Leo. Em seguida, virou costas, abanando o seu corpo de forma provocante. Tal gesto não passou despercebido aos dois homens. Eles riram-se de forma cúmplice e comentaram, entre sussurros, o que fariam com Lúcia se esta deixasse.    

Os dois amigos comeram e beberam o mais que puderam! A comida estava deliciosa! Completamente saciados, eles decidiram dar uma volta pela propriedade depois do jantar, para fazerem a digestão. O ar estava quente e agradável, contrastando com o tempo invernoso e frio que se fazia sentir em Portugal naquela altura do ano. 

Depois do jantar delicioso preparado por Lúcia, Rodrigo e Leo decidiram explorar a vasta propriedade de Don Diego, absorvendo a exuberância da noite tropical. A lua cheia lançava a sua luz sobre a paisagem, criando sombras misteriosas que dançavam entre as árvores.

*NT, 21 de Janeiro de 2024*

Enquanto caminhavam pelos jardins bem cuidados, eles depararam-se com uma construção antiga, aparentemente esquecida. Era uma espécie de gazebo coberto por trepadeiras, onde a lua filtrava os seus raios prateados de maneira encantadora.

Curiosos, Rodrigo e Leo decidiram entrar no gazebo. O ambiente estava impregnado de uma energia peculiar, e eles sentiram como se estivessem a ser observados por olhares invisíveis. No centro do gazebo, uma escultura antiga representava uma figura enigmática que parecia guardar segredos ancestrais.

Neste momento, Lúcia alcançou-os, oferecendo-lhes um pouco de sabedoria local:

- Os habitantes de El Callao acreditam que o Arco-Íris toca a Terra neste sítio. Foi relativamente perto daqui que a Doña Bárbara encontrou uma pedrinha invulgar, numa das minas de diamantes que eles têm. Este é um local repleto de mistérios e de magia. 

Enquanto ela falava, uma brisa suave agitava as folhas das árvores ao redor, criando uma sinfonia natural. Rodrigo, mais uma vez, sentiu uma mistura de fascínio e inquietação. Leo, por sua vez, começou a perceber que a aparente normalidade da aldeia escondia segredos mais profundos.

Leo

O grupo decidiu retornar à casa principal antes da chegada de Don Diego e Doña Bárbara. Lúcia, com sua aura enigmática, guiou-os pelos caminhos iluminados pela lua. Ela ia à frente dos aventureiros e rapidamente desapareceu. Enquanto isso, no gazebo, sombras milenares aguardavam, testemunhando o desenrolar de uma história que ultrapassava os limites do visível.

[Continua....]