13 fevereiro 2020

Sombras da Luz: Skyfall ~ Capítulo 5


Capítulo 5


*Planeta Terra, arredores de Bourges, França, 1 de Setembro de 2018*


- Então foi assim que tu conheceste esse tal Príncipe! - exclamou uma voz ensonada.

Razor, agora um jovem adulto, acenou com a cabeça, não tirando os olhos da fogueira que crepitava à sua frente. Estava encantado por ter revisto todas aquelas memórias da sua infância e particularmente emocionado por ter revisto o Príncipe, por quem nutria um terno sentimento desde então.

- É verdade, foi assim que eu conheci o Príncipe Mikel. Razor virou-se para uma raposa que estava ao seu lado direito e exclamou:

- Muito obrigado, Kitsune! É incrível como descreveste tão bem tudo aquilo que viste! Muito obrigado por me fazeres recordar estes momentos tão bonitos da minha infância!

Kitsune era uma raposa muito especial. Era uma criatura espiritual, mas tinha um corpo físico. Possuía pêlo castanho-alaranjado, olhos amarelados e focinho curto. Inteligente e astuta, uma das suas habilidades era a de ler a mente e o coração de quem se cruzasse com ela. Kitsune tinha ficado ao cuidado de Razor, a pedido do Príncipe Mikel1.

- Não tens de quê, Razor! Foi um gosto saber as tuas origens e as do meu amo!

- Olha lá Kitsune, onde está o tal Príncipe? Porquê que ele te deixou aos cuidados do Razor? - perguntou um rapaz, do outro lado da fogueira.

Kitsune olhou para ele durante alguns segundos, como que a avaliar se deveria responder ou não. Mirou-o de cima a baixo. O rapaz chamava-se Caleb D'Angoulême. Ele devia ser sensivelmente da mesma idade de Razor. Kitsune e Razor tinham conhecido Caleb e o seu grupo no dia anterior, após perderem-se numa grande floresta.


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Caleb


Caleb era alto, com um porte elegante. O seu cabelo era preto, comprido, com umas mechas a cair sobre o rosto, estando amarrado atrás, abaixo do pescoço. As suas sobrancelhas eram finas e escuras, bem como os seus olhos, cinzentos. Eles contrastavam com a pele, muito branca. Caleb tinha uma barba circular, contornando o queixo, conectando-se num fino bigode, formando um círculo. Dava-lhe um ar mais austero. Vestia-se de forma nobre e antiquada. Ele possuía uma particularidade que Kitsune não gostava - Caleb era um vampiro. Mas não era um vampiro qualquer. Tinha os mesmos dons da maioria dos vampiros - velocidade, sentidos apurados, regeneração, entre outros.

Contudo, Caleb e o seu bando não precisavam de alimentar-se de sangue humano ou animal - não tinham essa necessidade, embora se pudessem beber, tanto melhor para eles. Ao contrário de outros vampiros, eles podiam andar durante o dia, embora isso enfraquecesse os seus dons.

Os vampiros como ele eram conhecidos como os BV, uma sub-raça rara, dentro da raça vampírica. Odiados por uns, amados por outros, havia quem desejasse muito, tanto no mundo dos vampiros, como no mundo dos mortais, pertencer aos BV. O problema é que ser um BV não era assim tão fácil. Só um BV genuíno podia passar o dom a outro ser vivo. E para piorar, só o podia fazer de forma muito particular. Do bando dele, Caleb era o único BV genuíno e como tal, era ele o líder do grupo. De momento, o bando dele ainda só tinha mais dois membros. Duas raparigas, chamadas Ophelia Tremblay e Corrine le Boursier.


Ophelia


Ophelia tinha cabelos castanhos-escuros, pelos ombros. Os seus olhos eram azuis. Tinha uma pele rosada, embora pintasse os olhos de negro, ficando com aspecto de quem já não dormia há imenso tempo. Os seus lábios eram carnudos e tinha um piercing na língua. Ao pescoço, trazia uma coleira de picos.



Corrine


Já Corrine fazia lembrar uma boneca vitoriana. Tinha longos cabelos pretos, que lhe caiam sobre os seios e tinha dois totós no cabelo, um de cada lado: uma fita de cetim vermelha dum lado e um chapéu de coco, com uma pequena rosa vermelha, do outro. Tinha olhos castanhos, lábios cor de uva e vestia-se com roupas de estilo vitoriano preto, tal como Caleb.

Depois de ouvir a história de Razor, Caleb esperava que este e Kitsune se tornassem os próximos membros a integrar o grupo. Ele procurava respostas e Razor poderia ajudá-lo a encontrá-las. Após um longo silêncio, Kitsune respondeu:

- O meu amo partiu rumo às estrelas, nas costas de Rá, a Fénix do deus Hórus. Ele foi ao encontro dos Mestres Ascensos.

A estas palavras, todos exclamaram um Oooh! de surpresa! Razor, entusiasmado, perguntou-lhe:

- Então... Ele sempre encontrou o Filho de Neptuno1?

Kitsune acenou afirmativamente com a cabeça e deitou-se, enfiando o focinho entre as patas, a observar a fogueira.


*Nave Akitran, algures no Espaço Sideral*


- Meu amo, chegamos! - exclamou Rá, bicando levemente Mikel.

Este havia adormecido pelo caminho. Fora uma viagem bastante longa. A mudança de pressão e de dimensões fizeram-no cair num sono profundo, sem sonhos. Ao acordar estremunhado, Mikel perguntou:

- Hummmm... Onde estamos, Rá?

- Meu amo, estamos às portas da nave Akitran!

Mal Rá declarou isso, um rugido fez estremecer a dupla. As portas abriram-se de par em par, iluminando todo o local onde se encontravam, com a luz mais brilhante que alguma vez Mikel observara!

Entraram. 

Mikel desceu das costas de Rá, agradecendo-lhe todo o apoio.

Ele olhou ao redor, observando o local onde se encontravam. Estavam numa grande sala, praticamente vazia. Sentia uma energia agradável e quente. Olhando para cima, viu uma cúpula de cristal que mostrava o espaço. Milhares, talvez milhões de estrelas, brilhavam num imenso manto negro. A sala recebia uma luz azul-esbranquiçada vinda da cúpula. Rá abriu as asas de repente e levantou voo.

- Hey! Onde vais, Rá?! - inquiriu Mikel, admirado.

- Recebi ordens para me juntar ao meu amo original! Tu deves permanecer aqui. Serás encaminhado dentro de momentos para outro local.

- Mas... Eu não ouvi nada! - exclamou Mikel, intrigado.

Rá sorriu.

- Tens de abrir os ouvidos do teu coração e da tua alma. Estamos numa vibração mais elevada. Aqui, os sentidos terrenos não fazem falta... Adeus, jovem amo!

Ao dizer aquilo, Rá incendiou-se. Ao abrir as suas enormes asas, ela desapareceu numa bola de fogo, deixando cair uma pena em tons avermelhados. Mikel correu para apanhar a pena. Ao tocar-lhe, porém, a pena desfez-se!

- Obrigado Rá, muito obrigado! Boa sorte! - sussurrou Mikel, emocionado.

Com um suspiro, Mikel encostou-se a uma parede. Ele não soube quanto tempo esteve ali, sozinho. A sala, depois de Rá desaparecer, escureceu gradualmente e a esfriar a olhos vistos. Mikel não tardou a sentir medo e a ficar ansioso! Sombras estranhas ondulavam pelas paredes daquela sala e o pânico de Mikel aumentou. Ele começou a pensar em tudo o que lhe tinha acontecido nos últimos tempos, ficando cheio de saudades de Matoskah*, Baya Ainila* e dos restantes.

- “Por favor, alguém apareça! Não estou a gostar disto!

Como resposta aos seus pensamentos, no mesmo instante, a sala encheu-se de luz e cor. A temperatura voltou a aumentar. Porém, o mais surpreendente foi uma aparição! Do nada, apareceram não um, não dois, nem três, mas sim seis vultos encapuçados! Cada um trajado com uma cor diferente! Estes alinharam-se em frente de Mikel, que deu um grito e saltou para trás.


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Os Mestres Ascensos - aqui estão os sete, mas neste momento da trama, Mikel só conheceu seis!


- Nada temas, amado! És conhecido por muitos nomes! Por qual nome desejas ser chamado por nós? - perguntaram os seis vultos, ao mesmo tempo.

Assombrado com tamanha energia, Mikel, que percebera finalmente quem eram os vultos, respondeu, atrapalhado:

- Bem, por mim tanto faz...! Estejam à vontade para me tratarem como quiserem!

Os vultos riram-se, com gosto. A energia tornava-se a cada momento mais suave e amorosa. Mikel começava a sentir-se confortável e a deixar de ter medo.

- Sendo assim, vamos tratar-te por Mikel... Não é o teu nome real, uma vez que esse, terás de o descobrir por ti. Porém, Mikel é aquele que mais próximo da tua verdadeira vibração se encontra. Presumo que saibas quem somos?

Mikel sorriu, feliz.

- Sim! Vocês são os Mestres Ascensos dos Sete Raios! Mas... Falta aqui um de vocês!

Os Mestres Ascensos voltaram-se a rir. Um deles aproximou-se de Mikel e colocando-lhe uma mão sobre os ombros, afirmou:

- Muito bem visto, amado Mikel! O 7º Raio está directamente ligado a ti, por isso só verás esse ser quando estiveres pronto! Para já, terás de te contentar com a nossa presença!

- Oh desculpem! Não foi isso que eu queria dizer! Eu... Ahm... Hummm...

- Estamos a meter-nos contigo! - respondeu outro dos encapuçados. Talvez seja boa ideia apresentarmo-nos, não?

Todos se alinharam, mas não baixaram os capuzes. Em vez disso, falaram um de cada vez, fazendo uma vénia a Mikel enquanto se apresentavam:

- Eu Sou El Morya, Mestre do 1º Raio, o Raio Azul.

- Eu Sou Lanto, Mestre do 2º Raio, o Raio Dourado.

- Eu Sou Rowena, Mestra do 3º Raio, o Raio Rosa.

- Eu Sou Seraphis Bey, Mestre do 4º Raio, o Raio Branco.

- Eu Sou Hilarion, Mestre do 5º Raio, o Raio Verde.

Ao ouvir Hilarion, Mikel exclamou, entusiasmado:

- Oh! Eu já ouvi falar muito de ti! Foste tu que ajudaste a curar Hórus1!

Hilarion fez uma nova vénia, mais graciosa, e regressou ao seu lugar. Por fim, o último vulto declarou:

- Eu Sou Nada, Mestra do 6º Raio, o Raio Rubi.

Assim que acabaram de se apresentar, todos fizeram uma nova vénia e falaram em uníssono:

- Bem-vindo à nave Akitran, amado Mikel. A tua vinda é deveras importante. Neste momento, já sabes que algo de muito errado está a ocorrer não só no teu Mundo, mas também no Universo inteiro. Todos nós iremos treinar-te, a seu tempo. Antes disso, porém, terás de te purificar... Estás preparado?

Olhando para todos os vultos com determinação, Mikel respondeu:

- Sim, estou!

- Muito bem... Que Assim Seja!!! - gritaram todos os Mestres, enquanto Mikel se erguia no ar, até que, com um clarão de luz, desapareceu.


Nota do Autor:

1 - “Sombras da Luz: Amanhecer”;
* - “Escrito nas Entrelinhas, Parte 3”;

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