Ao ler o post do Francisco, publicado aqui, decidi escrever o seguinte comentário:
Acho que as coisas podem-se colocar da seguinte forma - o ser humano atingiu o limite da sua evolução. A partir de agora, entramos na curva descendente da evolução, ou seja, entramos em regressão. Talvez o Homem tenha ido aos limites mais cedo do que podemos imaginar - talvez a bomba atómica, algo tão assombroso e capaz de ceifar milhões de vidas em instantes - fosse a primeira "wake up call" para o rumo que a Humanidade estava a seguir.
É verdade que aparentemente a Humanidade vive de ciclos que se repetem, com alguma frequência. Ainda há 100 anos tivemos uma gripe mortal, que alastrou pelo Mundo e causou milhões de mortos. Pouco tempo depois, uma Guerra Mundial foi provocada pela ganância e pelo ego de meia-dúzia de homens.
Não parece existir actualmente uma semelhança?
Da mesma forma, temos a maneira como a população encara as situações. Os ricos, ficam mais ricos. Os pobres, ficam mais pobres. Pelo meio, quem é esperto, quem se desenrasca, vai-se safando e alguns até conseguem subir na vida, apesar de não passarem de "pé-rapados".
Acho que um dos problemas da actualidade é o facto de vivermos numa era demasiado informada. Temos acesso a mais informação e com a maior facilidade do que alguma vez possuímos na História, pelo menos dos registos conhecidos pelo público. Esta era em que vivemos é aquela que certamente ficará na História conhecida como a Era dos Extremos/Excessos.
As pessoas vão de uma fronteira à outra com a velocidade de um pensamento. Destilam ódio a torto e a direito. Metem-se em discussões inúteis, pelos motivos mais parvos e esdrúxulos que possamos imaginar.
Por algum motivo que desconhecemos - eu gosto de acreditar que foi um sinal do próprio Planeta, que teima em não desistir de nós, apesar de tanto mal que lhe causamos - este vírus conhecido por COVID-19 surgiu nas nossas vidas e tão cedo ele não se vai embora. Na verdade, acho mesmo que ele veio para ficar. As vacinas que andam a criar um pouco por todo o Mundo terão um efeito semelhante à vacina da gripe - produzem imunidade durante 3 ou 4 meses, mas passado esse tempo, estamos sujeitos a apanhar uma carraspana que nos leva desta para melhor.
Se analisarmos as coisas a frio, cedo constatamos que as pessoas que vão morrendo de COVID-19 não morrem propriamente da doença em si, mas de uma série de circunstâncias - aka doenças que as vítimas já possuíam - e que graças ao COVID-19, essas circunstâncias foram exponenciadas, acabando provavelmente com as defesas dos doentes.
Em parte, isto fez-me relembrar do que se passava nos anos 80, quando o pesadelo do HIV, que em muitos, originou a SIDA, provocou uma onda de pânico e um medo descomunal nas pessoas. Sendo o HIV um vírus que dá cabo do sistema imunológico e que inicialmente se congregava mais nos homens gays, logo nasceu a ideia de que só os gays apanhavam o HIV. E com isto surgiu uma verdadeira campanha de ódio contra a comunidade gay.
As pessoas demoraram muito tempo a compreender o flagelo do HIV. Foram precisos anos, milhões de mortos, inúmeras campanhas de prevenção... Para finalmente as pessoas perceberem que, para evitar apanhar uma doença como o HIV bastava algo tão simples, como o uso do preservativo.
Ainda assim, as pessoas teimam em não aceitar isso. Muitos inclusivé, neste século, promovem "festas do carimbo", com o objectivo de pura e simplesmente ficarem contaminadas com um vírus, aquele que foi outrora um dos maiores flagelos da Era Moderna. As pessoas fazem isso pela facilidade que existe actualmente em "curarem-se" da doença.
Fala-se muito da Prep, como se fosse o Santo Graal e uma cura infalível para contactos de uma só noite, ou vários contactos aventureiros, casuais, sem protecção. O que as pessoas talvez não saibam é que o Prep não é dado a toda a gente. Ele arrasa com o Sistema Imunológico, o que acaba por ser prejudicial a todos o que o tomam. Mesmo os médicos fazem um estudo antes de decidirem dar o Prep a alguém, pois sabem dessa situação. Ainda assim, o que fazem as pessoas? Isso mesmo, prosseguem com os contactos com inúmeros parceiros, sem se preocuparem com o que possa vir a acontecer.
Esta situação faz-me pensar noutra situação: as pessoas que se tatuam.
Cada um sabe de si, óbvio. Mas existe tanta malta nova que tatua braços inteiros, esquecendo-se que existem trabalhos que não permitem tatuagem visíveis. Hoje podem até não trabalhar aqui ou ali, mas ninguém sabe onde estará amanhã... As tatuagens têm outro problema - elas vão perdendo a cor, acabam por envelhecer, tal como a pele. E as pessoas esquecem-se que não serão jovens para sempre. Algum dia acordam e pensam:
"Dass, onde estava eu com a cabeça, caralho?"
Com o COVID-19 passa-se a mesma coisa.
As pessoas sabem que ele causa problemas.
As pessoas sabem como o podem evitar.
Ainda assim, as pessoas insistem em ter encontros com toda a família. ainda ontem apanhei um grupo de 20 pessoas numa grande almoçarada/lanche, debaixo de uma ponte romana aqui perto de casa. Os jovens insistem em sair à noite, até às tantas, com os seus inúmeros e grandes grupos apesar de, no fundo, se sentirem mais sozinhos do que nunca. Todos eles "amarrados" aos telemóveis, em busca dos “Likes”, dos “Corações”, de novas pessoas para os seguirem... À espera de serem o próximo Ronaldo do Instagram ou a Cristina Ferreira do Facebook.
Enfrentamos a maior crise de identidade enquanto Humanidade, desde que o fenómeno COVID-19 surgiu. Pensávamos que era algo que só acontecia aos outros. Afinal, antes deste vírus, tivemos a Gripe das Aves, a Peste Suína, a Gripe disto, a Gripe daquilo... Tudo coisas que vieram sempre do mesmo lugar.
Coincidência?
Quem sabe...
Ficamos fechados em casa, tal como aconteceu outrora. Para livrar Israel do seu sofrimento tirando-o do Egipto, fazer justiça e executar juízo contra os (supostos) deuses egípcios (Êx 12:12), Deus enviou a última das suas 10 pragas, que matava todos os primogénitos daqueles que não haviam feito aliança com o Deus de Israel. Tanto pessoas, como animais, morreram naquela noite. A condição para livrar-se daquela praga era ficar em “quarentena” dentro de casa, depois de se passar o sangue de um cordeiro nos umbrais das portas (Êx 12:22-23), o que simbolizava a libertação do povo de Deus da escravidão do pecado pelo sangue de Jesus (1 Co 5:7; Cl 1:14).
Aqui em Portugal, vivemos a pandemia com o confinamento e todas as consequências que ele trouxe. Foram tempos terríveis para todos, embora houvesse uma pequena melhoria graças ao respeito pelas medidas. O governo quis abrir tudo cedo demais e cedo se viram as consequências disso - os casos nunca pararam de existir, ficando nós numa curva de planalto idêntica ao nosso "morning wood".
Sendo Portugal um país bastante católico, as pessoas foram impedidas de celebrar o 13 de Maio em Fátima. Mas houve disponibilidade para, cerca de um mês depois, as pessoas poderem juntar-se para assistir e rir em espectáculos de humor, com a presença e avalo do Primeiro-Ministro e do Presidente da República. Acho que na cabeça de muito boa gente isto representou que o pior já tinha passado e como tal, as pessoas podiam voltar a ter uma vida tão normal quanto possível.
Um dos problemas da COVID-19 é o facto de se poder ter a doença e não apresentar sintomas. Se ficássemos com uma gripe e não tivéssemos sintomas, tendo em conta a vida que existia antes da chegada do vírus do ano, acho que toda a gente se contaminaria e o número de mortes seria exponencialmente maior. Afinal, a gripe é dos vírus mais contagiosos e mortíferos em certas condições. No entanto, as estimativas recentes mostram que, em média, a COVID-19 é cerca de 50 a 100 vezes mais mortífera do que a gripe sazonal.
No entanto, e apesar de não querer, é inevitável que se fale do que vou falar a seguir.
Porquê que o vírus continua em alta? Porquê que aumentou tanto?
A razão é simples: a doença demora algum tempo a matar, mas os humanos demoram ainda mais tempo a registar a mortalidade da pandemia devido à burocracia administrativa. As pessoas que morrem hoje provavelmente foram infetadas há três ou quatro semanas.
E quem cria a burocracia?
Isso mesmo, o Governo!
Aqui em protugal, estamos numa época-chave da governação.
Este ano, em Outubro, temos as eleições para o Governo dos Açores. Em 2021, temos as eleições para a Presidência da República em Janeiro e, em Setembro/Outubro, temos as eleições para as Autarquias.
Nenhum governo, nenhum Presidente, nenhuma Câmara… Quer sair do Mandato com o desagrado dos seus governados. É melhor satisfazer as pessoas, dando-lhes aquilo que querem - até porque todos foram muito civilizados a ficar em casa, numa espécie de férias prolongadas, com o "bónus" de continuarem a receber uma parte do salário. Muitos nem sequer tiveram de pagar as prestações das suas casas, porque até isso foi permitido deixar para mais tarde. Resumindo: foi um presente envenenado para muitos, cujas consequências se começarão a ver e a sentir nos próximos meses.
É verdade que existem trabalhos e serviços que se podem fazer a partir de casa.
E ainda bem!
Mas outros há que trabalharam sem parar mesmo quando todos estavam em confinamento, como é o caso dos serventes nas obras. Reconstruíram duas casas mesmo ao lado da minha e não houve confinamento que lhes valesse - nem dores de cabeça da minha parte de tanto os ouvir - que os impedissem de esburacar, de partir, de fazer o que tinham de fazer, para poderem levar ao final do mês o sustento para as suas mulheres e filhos.
Há poucas semanas, tivemos a Festa do Avante!, talvez a maior receita financeira do PCP, isenta de impostos. Já muito se escreveu sobre o tema e não me vou alongar sobre isso. Eu era contra a festa deste ano, pelos motivos óbvios. O governo, numa jogada claramente política, permitiu que a festa ocorresse, por forma a poder "cobrar o favor" na altura em que se discutir o Orçamento de Estado, que já teve de sofrer alterações este ano e certamente sofrerá muitas mais no próximo.
O povo, indignado, decidiu fazer "justiça pelas próprias mãos".
Sendo um povo católico, na sua maioria de centro-esquerda ou de centro-direita, aproveitou a deixa que a festa do Avante! criou para a usar como arma de arremesso contra o governo - e assim tivemos uma afluência inesperada e brutal em Fátima, no passado domingo, dia 13 de Setembro, na maior afluência ao Santuário, desde que a pandemia chegou.
O que o povo se esqueceu é que o vírus não desapareceu, nem por milagres vai desaparecer tão cedo. As consequências destes actos pagar-se-ão, não tardará muito. Ele veio para ficar e para colocar um ponto final em muita coisa.
Afinal, quantos de nós não se aperceberam das mudanças?
Quantos de nós já não se aperceberam que graças à desculpa do vírus, muitas coisas estão a ser proibidas?
Quantos de nós já se aperceberam de que estamos a retroceder em certas vitórias que tivemos no passado?
Poucos enriquecem.
Muitos empobrecem.
A campanha do Medo está aí.
Quando aliado à Ignorância, o Medo é, sem sombra de dúvidas, o mais letal vírus que a Humanidade enfrentará.
Escusado será dizer o que se seguirá, não é? :)
Abreijos :3