29 dezembro 2021

Previsão 2022

Bom, não costumo seguir na onda das previsões, mas, sendo um dos meus trabalhos, acho que é justo entrar na tradição. 

Assim sendo, fica aqui a minha previsão de como será o ano 2022 para todos nós! 



2022 será um ano de grandes agitações e mudanças, um pouco por todo o Mundo. O ano começa na “ressaca” do que temos vivido até agora – a pandemia continua a atrasar a vida de muita gente. Por conta disso, as cartas pedem-nos um pouco mais de paciência, para que saibamos usar estes momentos menos bons a nosso favor. 

Para muitos, devido ao isolamento – seja o social, seja o causado pela doença – este período sugere uma fase meditativa, onde muitas pessoas talvez tenham de tomar algumas decisões importantes. É importante irmos à raiz dos problemas, pois descobriremos que muitos deles estarão relacionados com o lado emocional da vida. Habituamo-nos a viver tão absortos da realidade, através das redes sociais, que estamos a esquecer de viver verdadeiramente. 

A máxima: “amar ao próximo”, nunca foi tão relevante como será ao longo de 2022. Permitam-se, a cada dia, dizer a alguém o quanto essa pessoa é importante. Pequenos gestos de gentileza e gratidão poderão curar muitas feridas abertas, incluindo no próprio Planeta Terra.  

Para muitos, 2022 trará uma grande oportunidade de mudarem de vida. Viagens, negócios, mudanças de profissão, estão favorecidas. Este é um ano que mexerá com o nosso íntimo. É o ano para reivindicarmos aquilo que queremos para nós. Para quem já entrou na mudança, este ano trará mais oportunidades de crescerem a vários níveis, em particular no campo profissional. Trabalhos que envolvam movimento – pessoas que viajam bastante por motivos de trabalho – serão muito favorecidas. Por outro lado, é bom saber gerir bem as finanças – saber gastar com “conta, peso e medida”. 

Será um ano de muitos nascimentos. Nascimentos de ideias, de vidas, um renascer da energia do próprio Planeta, que tem andado em revolução. Há medida que entramos numa nova vibração, tudo tende a ficar mais clarificado. Muitas verdades chocantes virão ao de cima. O Verão será particularmente vantajoso, embora traga consigo alguns problemas bastante preocupantes. É possível que novos e poderosos fenómenos naturais e atmosféricos causem muitos estragos. E o pior é que eles podem surgir de forma muito rápida e inesperada. Assim, é bom ter sempre à mão uma mala feita, pronta com aquilo que realmente é importante para nós. 

2022 será também um ano de amor. O amor andará no ar. Muitas pessoas vão sentir-se mais recetivas, depois de tanto tempo de isolamento, a darem-se uma oportunidade de amarem e de serem amadas. Para os que já estão numa relação, a relação poderá solidificar-se e eventualmente tornar-se algo mais sério. Para quem ainda está solteiro, as hipóteses de encontrar e viver um grande amor são grandes. Tudo dependerá da disposição e da abertura que cada um der ao amor.

Em jeito de resumo, 2022 será um ano intenso, de forma positiva. Este será um ano kármico, regido pelo número 6. Muitas pessoas procurarão uma paz e estabilidade interior, ao mesmo tempo que procuram adaptar-se às mudanças que a vida lhes traz. Devemos procurar ser justos, caridosos (de uma forma solidária) e altruístas. Por ser um ano kármico, muitas mudanças vão ocorrer. Colheremos os frutos do que andamos a semear anteriormente.

21 dezembro 2021

Old

 


Old [Tempo] [Presos no Tempo] [2021] é um filme de suspense.


Sinopse:

Uma família de férias num local paradisíaco é convidada a passar um tempo numa praia deserta. No entanto, Tempo é tudo o que eles não têm...    


Eis um trailer:





A minha opinião:


Ora aqui está um tipo de filme que não se vê todos os dias. O enredo é interessante, cativante e no mínimo, original. O tema principal do filme acaba por ser a forma como encaramos o envelhecimento. As dúvidas que temos a respeito da nossa mortalidade e de como o Tempo passa rápido demais, entre outras questões, umas mais humanas, outras mais filosóficas.

O filme tem alguns furos, mas conseguimos passar por cima disso. O desempenho dos actores é regular e cativa q.b. para nos manter até ao fim. 

O enredo tem um desfecho um pouco surpreendente mas, ao mesmo tempo, previsível. Não gostei muito da forma como se desenrolam as últimas cenas, achei demasiado rápido. 

Ainda assim, até que gostei do filme.


Nota Final João: 7/10

Hush

 


Hush [A Morte Escuta] [2016] é um filme dos géneros Suspense e Terror Psicológico.  


Sinopse:

Uma escritora chamada Maddie [Kate Siegel] perdeu a audição e posteriormente, a fala na adolescência, por conta de um problema de saúde. Ela vivia isolada, mas feliz, até ao dia em que um misterioso personagem aparece. Este homem cedo começa a atormentar Maddie, que terá de fazer de tudo para sobreviver. 


Eis um trailer:





A minha opinião:


Este é um filme deveras inquietante. Eu adoro filmes de terror psicológico, acho que são muito impactantes, ao contrário dos filmes "comuns" de terror. Com o desenrolar da trama, a pobre escritora vê-se presa na sua própria casa, refém de um sádico que quer matá-la, mas que ao mesmo tempo saboreia cada momento de tormento que a pobre mulher passa. Não podendo gritar nem falar para pedir ajuda, conseguimos facilmente ficar atormentados com o drama que ela passa.

É uma história simples, mas que nos cativa do princípio ao fim. O filme foi muito bem conseguido, até porque o director joga com a situação - ela não o consegue ouvir, e aí reisde a maior fraqueza dela; por outro lado, o assassino consegue escutá-la e planejar assim os seus próximos passos. 

É um verdadeiro jogo do gato e do rato. só um deles pode sair vencedor. Se sai com vida? Isso já são outros quinhentos...

Os actores desempenham um papel muito convincente, principalmente Siegel, que tem de se expressar corporalmente, já que não pode usar a voz. 

Como nem tudo é perfeito no filme, algumas coisas deixam a desejar. O sonho/pesadelo que ela tem, meio estranho e sem muita noção; o facto como ela concluí o que tem de fazer, entre outros aspectos, poderiam ter sido melhor trabalhados e não se tornarem tão frouxos. O filme perde com isso.

Ainda assim, é um bom thriller e vale a pena assistirem!

Nota Final João: 7/10

Porta dos Fundos: Te Prego Lá Fora

 


Te Prego Lá Fora [2021] é a paródia deste ano de Natal do Porta dos Fundos, para a Paramount +.


Sinopse:

Neste filme conhecemos um pouco de como foi a vida de Jesus quando era adolescente. Ele por conta de fazer milagres mudava de escola com frequência. Com Herodes à procura do Messias, como será que Jesus vai evitar cair nas garras dele? 


Eis um trailer:





A minha opinião:


Tem que se partir do príncipio que este filme é uma paródia. 

Posto isso, temos aqui uma comédia de animaçao, bem no estilo que a Porta dos Fundos já nos habituou. Jesus, neste filme é retratado como um adolescente típico - com borbulhas, inseguro, tímido, com poucos amigos. Na verdae, ele só tem um: Lázaro. E juntos eles procuram adaptar-se à escola e tornarem-se populares.

Não há muito mais a dizer sobre o filme. É uma animação para adultos que talvez faça rir um pouco depois de umas bebidas. Pessoalmente, acho que foi um tiro no pé.

Nota Final João: 5,6/10

20 dezembro 2021

Dos

 



Dos [Dois] [2021] é um filme Netflix.


Sinopse:

Um homem e uma mulher acordam nus, deitados numa cama, cosidos pelo abdomen um ao outro.


A minha opinião:

O filme é, no mínimo, caricato e bizarro. Duas pessoas que não se conhecem acordam de repente, nuas, cosidas uma à outra. Como será que vocês reagiriam? Eu acho que dava em doido! xD

O filme é muito bem conseguido, mas peca pela rapidez - em algumas partes - noutras até chega a ser um pouco chato. Conseguimos sentir aquela dor, aquele "bleaaach!" [mete mesmo impressão!]. Por outro lado, se essa parte está bem conseguida, os diálogos dos actores, a química deles, a forma como agem... Não me convenceu. Achei um pouco forçado e artificial.

E o que dizer do plot twist? Essa poderia ter sido a cereja no topo do bolo. Mas não foi. O filme desenvolve-se com pastelice e de repente, tudo é descoberto. Não faz muito sentido. Faltou ali um pouco mais de drama e mistério. Pelo menos tem uma motivação "lógica", se é que se pode usar essa razão. xD

Este é daqueles filmes que vemos uma vez e chega.


Nota Final João: 3,4/10

South Park: Post-Covid

 


South Park: Post Covid [2021] é uma série de filmes para televisão, lançados para a Paramont +.


Sinopse:

Bem no estilo da série, neste filme vemos como será o futuro de Stan, Kyle, Cartman e Kenny. Eles sobreviveram à crise Covid, mas nunca mais voltaram a ser os mesmos.


Eis um trailer:




A minha opinião:

Ora aqui está um filme politicamente incorrecto, que os fãs de South Park vão gostar - ou não. As crianças de outrora agora são "cotas", visto que a crise Covid no mundo da série, vai demorar bastante tempo a resolver-se - pelo menos 40 anos! 

O filme tem algumas piadas que só quem conhece a série reconhecerá. Por outro lado, mostra-nos que o Mundo não mudará assim tanto em 4 décadas - mas algumas coisas mudam. Achei pertinente a questão que o filme coloca - como será o Mundo para as crianças que estão a crescer agora com o Covid? Embora o filme brinque com coisas sérias, essa questão deixou-me a pensar. Vivemos tanto no momento, que esquecemos de pensar que futuro estamos a deixar às crianças de hoje. 

O filme é um de vários que serão lançados durante os próximos tempos, tanto que este tem continuação. Não sendo um filme que agrade a muitos, certamente fará rir e sorrir a geração que assistia South Park na SIC Radical.


Nota Final João: 6,7/10

Rui Oliveira Marques - Histórias da Noite Gay de Lisboa

 


Não tem nada a ver com o post, mas...

Comprei este livro numa promoção da Wook - não sei qual o vosso feedback em relação a eles, mas o meu, para já tem sido muito negativo. Já mandei vir duas vezes livros por eles e como podem ver pela capa na fotografia, este já vinha com a capa assim. Pensei que eles teriam mais cuidado com os livros, já que se aclamam tanto nos anúncios, mas posso só ter tido azar. A ver vamos.


A minha opinião:

Saltei a sinopse e apresentação do livro porque este é bem pequeno. Sobre o livro em si, "Histórias da Noite Gay de Lisboa" é nada mais do que um livrinho sobre a história do Trumps, desde o seu início até à actualidade.

De leitura fácil e muito rápida, lê-se bem. É interessante de ver como um dos icónicos espaços da noite gay de Lisboa nasceu, cresceu e se foi adaptando aos tempos e às necessidades de um público cada vez mais diversificado e exigente.

O livro condensa testemunhos dos vários fundadores do Trumps e muitas pequenas histórias com momentos e relatos de episódios que aconteceram não só no Trumps, mas em outros espaços da capital portuguesa e que foram definindo os espaços nocturnos e a sociedade no geral ao longo dos últimos 40 anos. Estamos, portanto, com um pedacinho de História nas mãos.

A quem frequentou/frequenta o Trumps, talvez seja uma leitura interessante de se fazer. O livro certamente reaviverá boas memórias.


Nota Final João: 6,4/10

Listen


Listen [2020] é um filme português.


Sinopse:

Bela [Lúcia Muniz] e Jota [Rúben Garcia] são pais de 3 filhos, nos subúrbios de Londres. A filha do meio é surda e isso provcará uma série de problemas com os serviços sociais ingleses.


Eis um trailer:





A minha opinião:


Este é um filme forte. Impactante pela realidade daquilo que representa. Os actores são bem convincentes nos papéis. Deixam-nos a sofrer as dores deles, a entrarmos em pânico com o desenrolar das trágicas sucessões de eventos, à medida que a história avança.

Isto não é para qualquer um. Não é qualquer actor que consegue despertar e mexer com as emoções do público. E essa é a melhor coisa do filme.

O enredo tem alguns furos. A história foge de forma radical à forma como as coisas se processam na vida real, mas isso são outros quinhentos. Não ficou bem esclarecido um ou dois pontos, a meu ver e só não os menciono porque isso iria interferir no enredo do filme.

Ainda assim, é cinema português, que mostra que estamos a cada ano a criar mais e melhor cinema.


Nota Final João: 7,8/10

19 dezembro 2021

R.I.P. Carlos Marín

Carlos Marín, um dos cantores do quarteto "Il Divo", perdeu a batalha contra a Covid-19. Tinha 53 anos. 




Carlos Marín
13/10/1968 ~ 19/12/2021

12 dezembro 2021

Escrito nas Entrelinhas: Parte 3 ~ Capítulo 12

Podem ler os capítulos anteriores e/ou outras histórias, clicando aqui.

Capítulo 12




Foi com emoção que Shade atravessou os corredores e a estação de comboios da cidade. Aparentemente, tudo se mantinha como ele se recordava. Ao passar numa pequena loja de roupa que existia na estação, Shade decidiu entrar. Comprou uns óculos de sol, um cachecol e um gorro.

Um homem ia distraído a ler o jornal e chocou contra Shade. O homem, alto e moreno, com óculos de sol no rosto, pediu-lhe desculpas e continuou a ler o jornal.  

Shade foi até à casa de banho para poder mirar-se ao espelho. Com o gorro, os óculos, o cachecol e a barba que tinha deixado crescer, Shade sentia-se totalmente irreconhecível. Sorriu para o seu reflexo. Ao sair, retirou algumas notas da sacola e colocou-as no bolso das calças.

Em seguida, ele dirigiu-se para a saída da estação. Muitas pessoas cruzaram-se com ele, correndo apressadas ou discutindo o estado do tempo. Afinal, naquela altura do ano, já era expectável um tempo bem mais quente do que aquele que estava naquele dia. Decidido, Shade dirigiu-se à praça de táxis e entrou no primeiro carro. O homem moreno que chocara com ele antes seguia-o, discretamente.

- Bom dia! - respondeu o motorista, com ar afável, dobrando o jornal que estava a ler.

- Bom dia, senhor! Queria que me levasse até ao Centro Comunitário de Fargo Hills!
  
- Muito bem! Vamos lá! - respondeu o motorista, colocando o carro a trabalhar.
  
- Siga aquele carro! - ordenou o homem misterioso, ao entrar noutro táxi, um pouco mais atrás.
 
A viagem ainda demorou um certo tempo, pois a cidade tinha sofrido um nevão durante a noite e os limpa-neves circulavam e removiam a neve que tinha ficado acumulada nas estradas e ruas. O motorista foi fazendo conversa de circunstância com Shade, que se limitava a responder às questões, de forma vaga.

Por fim, chegaram ao local que Shade tinha pedido. O táxi onde vinha o homem misterioso parou algumas dezenas de metros atrás. Ele não queria que Shade suspeitasse que estava a ser seguido. Após pagar a viagem e deixar o carro partir, Shade olhou para o edifício e sorriu, emocionado. Com um suspiro, ele ganhou coragem e entrou.

- Bom dia, senhor! Em que posso ajudá-lo? - perguntou uma rapariga, com um sorriso simpático.

- Marcia? És tu?! - exclamou Shade, retirando os óculos e o cachecol.
   
- Não! Não pode ser! Shade! És tu?! Ó meu Deus! És mesmo tu! - guinchou a rapariga, levantando-se e correndo para Shade, dando-lhe um forte abraço.

Marcia era uma rapariga mais baixa do que Shade. Ela tinha 25 anos, cabelos castanhos-escuros, tez morena e olhos castanhos.
   
- Por onde é que tu andaste? Há mais de meio ano que ninguém sabe nada de ti, nem mesmo o Damian! Anda muita gente à tua procura, sabias? - inquiriu ela, com olhar acusador.
 
- Ohhhhh... Tu já sabes, né? O Damian deve ter dito alguma coisa... Eu mandei uma carta para ele há uns tempos...

- O Damian disse que não tinha notícias tuas desde que te foste embora para Grace Falls! Tu estás bem? Pareces um pouco adoentado!   

- Eu estou bem! - mentiu Shade.




Uma forte dor de cabeça avassalou-o. Ele começou a ficar com tonturas e Marcia, ao aperceber-se, amparou Shade até uma cadeira, enquanto chamava por ajuda. Não tardaram a aparecer várias pessoas, que de imediato, se ofereceram para ir à cozinha buscar um copo de água com açúcar.

A directora do centro, Alicia Sheppard, uma senhora de 68 anos, alta e forte, com o cabelo grisalho e preso no alto da cabeça num carrapito, ficou alarmada com a algazarra que se passava no átrio do centro. Levantou-se agilmente do seu lugar na directoria e foi averiguar o que se passava.

Os rapazes e raparigas que se encontravam ali acenaram-lhe e falavam entre si, preocupados. Marcia explicou à directora que Shade aparecera do nada e que se sentira mal, com tonturas. Tal como Marcia, Alicia também se emocionou ao reconhecer Shade.

- Não pode ser! És mesmo tu! Ó meu querido! Há quanto tempo! Estás bem? Vocês já lhe deram um copo de água com açúcar? Deve ser dos nervos! Uma quebra de tensão! Rapazes, levem-no para a enfermaria! Ele parece precisar de descansar um pouco!
  
Assim, Shade foi levado para a enfermaria, onde a directora ficou a observá-lo, enquanto ele se deitava sobre uma marquesa. Shade fechou os olhos. Alicia colocou-lhe um termómetro e viu que ele tinha um pouco de febre, mas nada de muito alarmante.

- Tens estado a tomar algo para essa gripe, Shade?  

- Estou a tomar umas vitaminas, Directora Sheppard... A minha cabeça parece que vai explodir! Dói-me imenso! - gemeu Shade.

- Toma este medicamento, vai fazer-te bem! - ordenou a directora, dando a Shade um novo comprimido e um copo cheio de água.

Este, com alguma dificuldade, ergueu-se. Bebeu o copo de água e tomou o comprimido, voltando a deitar-se.

- Posso ficar a descansar um bocadinho? Acabei de chegar de viagem...

- Claro que podes, querido! Este centro continua a ser uma casa para ti! Temos sempre as portas abertas! Olha, assim que o Damian chegar, eu mando-o vir cá ter contigo, está bem? Vou deixar-te descansar. A porta da enfermaria ficará fechada para não seres incomodado! - rematou a directora, não sem antes colocar uma manta sobre o corpo de Shade e uma almofada sob a cabeça deste.

- Obrigado, directora... É muito amável! - gemeu Shade, adormecendo quase de seguida.

Depois de sair da enfermaria, a directora Sheppard foi ter com Marcia, pedindo-lhe para que ninguém fosse incomodar Shade, já que ele estava com um pouco de febre e uma enxaqueca, frutos de uma longa viagem. As duas mulheres seguiram juntas até ao escritório da directora, distraídas com a conversa.

- Ele deve ter regressado de viagem lá da terra onde o irmão morreu!  




- Shhhhhh! Não fales isso em voz alta! Não devemos comentar isso em voz alta! O rapaz já sofreu que chegue! Tu bem viste o estado em que ele chegou aqui! Nem parecia ele!

- Aqueles olhos... Aquele sorriso... - suspirou Marcia, com ar sonhador.
 
- Marcia! - resmungou Alicia.  

- Desculpe, senhora directora!

- O Shade está a descansar e não deve ser incomodado. Quando o Damian vier, manda-o vir ter comigo. Eu sei que ele ficará bastante animado por saber que o Shade regressou…. O Shade também ficará muito feliz de rever o seu melhor amigo... Mas por agora, precisamos de deixá-lo descansar. Por falar nisso, não deixes, de forma alguma, o Shade sair do Centro sem me vir dar uma palavrinha, entendido?

- Muito bem directora! Até já! - rematou Marcia, virando costas e regressando à recepção.


[Continua...]

11 dezembro 2021

Matheus & Kauan - Ser Humano ou Anjo



Ô, ô, ô, ôh, ô, ô, ô, ôh

Quantas vezes tentei
Já caí, levantei
É você que me mantém de pé

Não preciso gritar
Você vem me salvar
Você sente quando eu vou chorar
Parece não ser desse mundo
Porque você sabe de tudo

Não sei se é ser humano ou se é um anjo
Exagero é falar de você
Passo meu tempo te admirando
Só queria saber

Se é ser humano ou se é um anjo
Diz aí, quero ouvir de você!
Eu nem sei se te mereço tanto
Só queria saber
Se é ser humano ou se é um anjo

Ô, ô, ô, ôh, ô, ô, ô, ôh

Parece não ser desse mundo
Porque você sabe de tudo

Não sei se é ser humano ou se é um anjo...

Se é ser humano ou se é um anjo...

Se é ser humano ou se é um anjo...

Ô, ô, ô, ôh, ô, ô, ô, ôh
Se é ser humano ou se é um anjo
Ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ôh
Você é ser humano ou é um anjo?

10 dezembro 2021

Bruno Bimbi - O Fim do Armário

O livro que irei abordar hoje é um livro que tive de ler em contexto de aula - estou a fazer um curso de Apoio Psicossocial. Esse é um dos motivos para andar mais ausente do blog. Noutra disciplina estou a começar um projecto para jovens LGBT, mas isso será tema para outro dia. :)

Da autoria de Bruno Bimbi, um jornalista argentino, o livro chama-se "O Fim do Armário".



Como podem ver pela fotografia acima, foram muitos os episódios que quis abordar na apresentação que tive de fazer do livro!


O livro “O Fim do Armário” retrata, de uma forma natural - embora por vezes exponha uma realidade bastante nua e crua - e diga-se de passagem, com muito sarcasmo e bom humor à mistura, um retrato muito fiel da Comunidade LGBT ao longo da História, com especial enfoque nas mudanças que estão a ocorrer ao longo do século XXI

Embora apresente, por vezes até a título pessoal, vivências, partilhas, experiências e relatos na primeira pessoa, sobre o que é ser gay na actualidade, o livro destina-se a pessoas de todos os géneros e orientações.  

Algumas histórias e relatos são profundamente impactantes. De entre os muitos relatos, experiências e partilhas - achei o livro todo muito rico em informação, um verdadeiro colosso para desbravar pré-conceitos - houve três histórias que me tocaram profundamente.

A primeira delas é sobre um homem norte-coreano, chamado Jang Yeong-jin, que, em pleno Inverno, “atravessou a nado um rio gelado até à China, onde passou mais de um ano a tentar obter uma forma de chegar legalmente à Coreia do Sul.” 

E isto porque Jang Yeong-jin não sabia o que era ser gay. Ele mais tarde contou a sua história, narrada no livro “A Mark of Red Honor” [ainda não publicada em português]. A descrição narrada por Jang e por Bruno, nas páginas seguintes, é de deixar qualquer ocidental de queixo caído. 

A segunda história ocorre no Brasil e lembro-me de ter lido e escutado sobre ela. 

José Leandro e José Leonardo regressavam de uma festa junina. Vinham abraçados e felizes. Um grupo de 8 homens viu-os e atacou-os com uma violência sem precedentes, acabando por ceifar a vida de José Leonardo.

Estes dois rapazes não eram um casal, nem eram gays. Eram irmãos gémeos. José Leonardo deixou a sua namorada grávida de 3 meses. 

A última história é um verdadeiro relato de terror, não aconselhável aos mais sensíveis.

Gabriel, um rapazinho de 8 anos, gostava de brincar com bonecas. A mãe, Perla Fernández e o padrasto, Isauro Aguirre, estranharam o comportamento do menino e partiram do princípio de que ele era gay. Tudo porque ele gostava de brincar com bonecas.

Nem consigo transcrever o que fizeram com a pobre criança. É horrível demais. 

A dada altura, Gabriel queria suicidar-se. Já não aguentava as inúmeras torturas físicas, psicológicas, emocionais. Chegou mesmo a escrever uma carta de suicídio. O padrasto, ao descobrir a carta, acabou por matá-lo. E isto com o conluio da mulher e pasme-se, de 4 Assistentes Sociais, que sabiam de tudo e não fizeram nada. Toda a vizinhança já tinha denunciado o caso, mas ninguém fez efectivamente nada, para salvar aquele menino.  

É muito triste que um rapazinho tenha sido torturado e posteriormente morto [embora depois de tanta tortura, acredito que foi o melhor que lhe podia ter acontecido, acabar com o sofrimento dele], porque achavam que ele era gay.

Estes 3 exemplos do livro deram-me ainda mais certeza de como a nossa sociedade é triste, é má, é intolerante e, agora digo-o sem receio, doente. As pessoas não conseguem suportar, nem respeitar os direitos individuais.

Apesar das inúmeras conquistas, desde os tempos da Rebelião de Stonewall [1969] a cada dia que passa eu assisto a avanços e recuos. Enquanto gay, é muito preocupante analisar a situação a nível mundial e sociológico. 

Mais do que avanços - que também os há - eu acredito que na realidade, estamos a retroceder na luta pelos Direitos Humanos, muito por conta de uma visão extremista, distorcida e fundamentalista, criada por fenómenos da extrema-direita [e não só!] na Europa e em outros continentes, aos quais se somam as crises sociais, económicas, de valores, o crescimento da migração - que traz consigo um “abanão” sóciocultural - e acarreta uma preocupação religiosa, sociológica, geográfica e demográfica muito importante e que certamente causará impacto nas próximas 2 décadas.  

Este é um bom livro. A edição mais recente - a portuguesa, publicada em Agosto de 2020 - traz novos capítulos ao livro original - publicado na Argentina em 2017. O "Fim do Armário" é um livro que deveria ser lido por todos. 

Recomendado!


Nota Final João: 10/10 

09 dezembro 2021

Até quando?

 
Eli era um rapazinho de 12 anos que cometeu suicídio depois de inúmeros ataques homofóbicos por parte de colegas da escola.


Podem ler a notícia na íntegra, clicando aqui.

08 dezembro 2021

A Mendiga e o Samurai [Conto Japonês]

“Conta-se que um bravo samurai viveu na ilha de Hokaido, no norte do Japão. Ele era um senhor feudal que possuía grandes áreas de terra, tendo, assim, muitos súditos. Tudo adquiriu após diversas batalhas, no comandando as tropas do Imperador.

Certa feita, após uma guerra, voltou para a sua terra natal e decidiu que iria casar-se. Tratava-se de um homem forte e belo e, quando a notícia de que o Samurai desejava casar-se se espalhou, por toda a ilha as mulheres ansiavam por desposá-lo. As mulheres mais bonitas da ilha e de outras ilhas mais distantes o visitavam em seu palácio, sendo que muitas delas lhe ofereceram, além de sua beleza e encantos, muitas riquezas. Nenhuma, contudo,  o satisfez o suficiente para se tornar sua esposa.

Um dia, uma jovem maltrapilha e simples  chegou ao palácio do samurai e, com muita luta, conseguiu uma audiência:

Eu não tenho nada material para lhe oferecer, só posso lhe dar o grande amor que sinto por você”. Como prova, complementou: “Se você me permitir, eu posso fazer algo para te mostrar esse amor”.

Isso despertou a curiosidade do samurai, que lhe pediu para dizer o que poderia fazer.

Vou passar 100 dias em sua varanda, sem comer ou beber nada, exposta à chuva, sereno, sol e frio à noite. Se eu aguentar esses 100 dias, você me fará a sua esposa”, afirmou a jovem.

O samurai, surpreso (embora não comovido), aceitou o desafio. Ele disse: “Eu aceito. Se uma mulher pode fazer tudo isso por mim, ela é digna de ser minha esposa”.

Dito isto, a mulher começou seu sacrifício.

Os dias começaram a passar e a mulher suportou bravamente as piores tempestades. Muitas vezes ela sentia que desmaiava de fome e frio, mas encorajou-se a por imaginar que que finalmente estaria ao lado de seu grande amor.

De tempos em tempos, o samurai mostrava seu rosto do conforto de seu quarto para vê-la e acenava com o polegar.

À noite a temperatura caiu para muitos graus negativos e isso por si só deveria ser de uma grande penúria, porque ela não tinha um único cobertor.

Foi assim que o tempo passou: 20 dias, 50 dias… As pessoas da ilha ficaram felizes porque pensaram: Finalmente teremos uma esposa para o nosso senhor!

90 dias … O samurai continuou a mostrar a cabeça de vez em quando para ver como estava o sacrifício de sua pretendente: “Esta mulher é incrível”, ele pensou consigo mesmo, e lhe deu encorajamento novamente.

O dia 99 finalmente chegou e todos os habitantes da ilha começaram a se reunir nos arredores do palácio para ver o momento em que aquela mulher se tornaria a esposa do samurai. Eles estavam contando as horas, às 12 horas daquele dia, eles teriam um casamento.

A pobre mulher, em sua grande simplicidade, foi ainda acometida por extrema fraqueza e por doenças… Então algo inseperado aconteceu: às 11 da noite do centésimo dia, a mulher corajosa se rendeu e decidiu se retirar daquele palácio. Deu uma olhada triste no samurai que o fitava surpreso e saiu sem dizer uma palavra.

As pessoas ficaram chocadas! Ninguém conseguia entender por que aquela mulher corajosa desistira de apenas uma hora a mais para ver seus sonhos se tornarem realidade. Ela já havia suportado tanto!

Ao chegar em sua casa, seu pai já sabia da sua desistência e perguntou: “Por que você desistiu de ser a esposa do grande samurai?

E, para seu espanto, ela respondeu: 

Eu tinha 99 dias e 23 horas em sua varanda, suportando todos os tipos de calamidades e ele foi incapaz se me liberar desse sacrifício. Ele meu viu sofrendo e só me encorajou a continuar, sem mostrar nem um pouco de compaixão pelo meu sofrimento. Eu esperei todo esse tempo por um vislumbre de bondade e consideração que nunca veio. Então eu entendi: uma pessoa tão egoísta, imprudente e cega, que só pensa em si mesma, não merece meu amor!

Isso faz-nos refletir: quando você ama alguém e sente que para manter essa pessoa ao seu lado você tem que sofrer, sacrificar sua essência e até implorar, mesmo que doa, retire-se. E não tanto porque as coisas ficam difíceis, mas porque quem não faz você sentir-se valorizado, quem não é capaz de lhe doar o melhor de si mesmo, será incapaz de retribuir o compromisso e a entrega que você dispensou a ele e, DEFINITIVAMENTE, você merece um amor do tamanho de si.”

05 dezembro 2021

Escrito nas Entrelinhas: Parte 3 ~ Capítulo 11

 Podem ler os capítulos anteriores e/ou outras histórias, clicando aqui.


Capítulo 11




*22 de Maio de 2018*


Shade acordou com uma luz intensa, que parecia querer entrar-lhe pelos olhos adentro. Ensonado, abriu os olhos muito devagar, apercebendo-se que ainda estava no comboio. Admirado, verificou se as suas coisas se mantinham ao seu lado. Jules dormia no banco à sua frente, com um sorriso nos lábios. Por sorte, ao que tudo indicava, nenhum passageiro entrara na sua carruagem durante toda a viagem. O papel que ele tinha deixado na porta, mantinha-se.

Sentia-se um pouco febril. Não sabia bem aonde estava, já que só via um sol radioso a iluminar vilas e cidades que tinham uma generosa camada de neve. Foi à casa de banho. Ao regressar, minutos depois, deparou-se com o revisor, que lhe sorriu timidamente.

- Bom dia, meu rapaz! Estás melhor?
       
- Bom dia, senhor! Estou um pouco cansado e com dores de cabeça. A viagem ainda demora muito? Pensei que já tivéssemos chegado! Quer dizer, ainda nem sei que horas são, mas já é de dia... - comentou Shade.

- De facto, já devíamos ter chegado a Fargo há mais de seis horas, meu rapaz! No entanto, apanhamos uma súbita tempestade de neve pelo caminho e o comboio teve de avançar mais lentamente! Felizmente, não caiu assim tanta neve quanto isso e pudemos avançar, ainda que a uma velocidade bem reduzida! Chegaremos a Fargo daqui a uma hora! Por isso, sugiro que vás comer alguma coisa, já que estão a servir o pequeno-almoço!

- Obrigado pela sugestão! Vou fazer isso! - rematou Shade, acenando ao revisor e partindo a grande velocidade para a carruagem-restaurante.

Ao chegar lá, Shade pediu um menu para ele. Sentou-se ao lado de uma janela e espreguiçou-se com gosto. Estava muito contente por estar a chegar a Fargo. Tinha muitas saudades de Damian, o seu melhor amigo.

A funcionária levou-lhe um bom repasto, bem ao estilo norte-americano. Leite, café, panquecas, compota de morango, torradas, bolachas, um prato com bacon, um copo de sumo de laranja e uma maçã. Como bónus, ele tinha direito a um jornal, o New Gazzette Post.

Com a fome que estava, Shade rapidamente começou a comer, enquanto folheava o jornal, de forma distraída. À medida que ia lendo as manchetes, passava os olhos rapidamente pelas notícias para saber o que tinha acontecido durante o tempo em que estivera sem notícias do Mundo que o rodeava. Estava a beber um pouco do sumo de laranja quando se deparou com uma notícia que o fez engasgar-se. A manchete anunciava:



Noite de Terror!
Estaremos perante o regresso da Mão Divina?

- “Eram já 22:45 quando cheguei a casa. Fiquei admirada por estar tudo tão silencioso, mas nada me fazia imaginar o que estaria prestes a descobrir…” - comentou Sasha Jones, uma rapariga de 24 anos, moradora em Nova Iorque. - “Estava tudo muito calmo no bairro onde vivo, talvez porque estivesse a nevar. É tão estranho estar a nevar nesta altura do ano! Estamos quase no Verão e estamos a viver um Inverno sem fim! Bom, eu cheguei a casa e deparei-me com o meu companheiro de casa, o Ronald Wills, morto, sem razão aparente. Perto dele, estava uma janela partida. Entrei em pânico e liguei para a polícia. Ele estava bem quando sai para a faculdade! Hoje ele não tinha aulas e decidiu ficar em casa para descansar!”
 
“O relato de Sasha já não é o primeiro na cidade de Nova Iorque. Depois de todas as forças policiais terem-se assegurado que a Organização Criminosa conhecida como Mão Divina tinha sido totalmente desmantelada, começaram a surgir casos isolados de mortes a que a polícia não deu grande importância.”
 
- “Olhe, se agora vamos pensar que todos os homicídios que ocorrem na cidade e no país são por culpa desses lunáticos, que foram capturados há meses, não tarda damos todos em doidos, olhe para o que lhe digo! - comentou o Comandante da Polícia de Nova Iorque, Adam Vasquez. - É verdade que temos tido um aumento do número de mortos na cidade, mas não são suicídios. E também não são homicídios. Acreditamos que muitas pessoas estejam a morrer devido às condições de instabilidade atmosférica que temos presenciado ao longo deste ano, até porque a maioria dos casos são entre pessoas sem-abrigo.”
 
“Por mais que o Comandante da Polícia de Nova Iorque se queira evadir às respostas, o nosso enviado especial sabe que a morte de Ronald pode estar conectada ao registo de outras 3 mortes que ocorreram nos últimos 6 meses. Em todos esses casos, as pessoas foram encontradas já sem vida, dentro das suas casas, com uma janela partida. A nossa fonte acredita que estamos perante um novo assassino em série e que dentro de dias, este passará a ser conhecido por “O Assassino das Janelas Partidas”.”

- O Assassino das Janelas Partidas? Mas que nome tão estúpido! - gracejou Shade, rindo-se para o jornal. Aquela notícia, bem como outras que  ele tinha lido até ao momento, pareciam-lhe um pouco sensacionalistas demais.

No entanto, a morte de Ronald não foi a única a ensombrar a noite de Greenwich Village ontem. No quarteirão seguinte, a polícia foi chamada por causa de uma queixa sobre um cheiro nauseabundo, vindo de um apartamento isolado. Ao invadirem o apartamento, a força policial deparou-se com um cenário macabro: uma mulher nua, de 23 anos, chamada Brigitte Carlston, esquartejada até à morte.

O seu corpo foi desmembrado e quem cometeu tamanha atrocidade, levou uma parte do corpo dela. Devido ao forte cheiro provocado pelo estado de decomposição, a polícia forense acredita que a pobre mulher já se encontrava morta há mais de uma semana. O caso, entretanto, passou para a alçada da CIA, do FBI e dos IA, uma vez que se trata do segundo caso nos últimos 2 meses, na cidade de Nova Iorque.

- “Não temos nada a declarar. A senhorita Brigitte não tinha inimigos conhecidos, nem ex-namorados revoltados. Vamos investigar a fundo o que passou e assim que tivermos mais informações, divulgaremos ao público.” - anunciou fonte oficial do FBI.

Questionado sobre se haveria alguma conexão com a Mão Divina, a mesma fonte retorquiu:

- A Mão Divina foi devidamente e plenamente extinta, há mais de 9 meses. Temos estado atentos a todas as formas de comunicação nas redes sociais, sempre em busca de indícios de algum resquício dessa malograda organização. Acreditamos que estes actos, isolados, sejam uma mera coincidência e fruto de imitadores que pretendem causar o pânico e o terror entre as pessoas. Ainda assim, caso alguém tenha alguma informação útil sobre “O Desmembrador”, é favor entrar em contacto com as autoridades locais mais próximas.

Shade decidiu virar a página do jornal. A ideia de imaginar uma mulher esquartejada a quem alguém levara um pedaço do corpo, era demais para a sua cabeça, àquela hora do dia. Suspirou triste. Sentiu um aperto no peito. Uma tristeza e uma agonia começaram a invadi-lo.

Após alguns minutos a contemplar a paisagem, Shade pediu uma nova caneca de café e prontamente a funcionária veio até à mesa dele. Com um sorriso, ela encheu a caneca e Shade ficou a observar o fumo que se levantava da caneca, perdido em pensamentos. Quando levantou a caneca e deu os primeiros goles, uma notícia a meio da página seguinte chamou-lhe a atenção.



Presidente Interina anuncia recepção calorosa!
Estará a preparar-se para concorrer à Casa Branca?

A Presidente Interina dos Estados Unidos da América, Zelda Washington!


A nossa amada e estimada Presidente Interina, Zelda Washington, soma e segue. Seguindo uma política de proximidade, completamente oposta à do seu predecessor, a nossa Presidente continua a criar laços com nações aliadas e a conquistar multidões. Parece cada vez mais certo, embora ela recuse afirmá-lo, que Zelda Washington concorrerá às eleições oficiais da Primavera do ano que vem.

- “Ainda é muito cedo para estarmos a falar de uma eventual corrida à Presidência, pelo menos no meu caso. Aceitei o desafio de governar a nossa grande nação durante este período de crise e é o que estou a fazer, o melhor que sei. - comentou a Presidente, quando questionada.

Embora Sua Excelência fale assim, a verdade é que muitos analistas políticos aprovam a sua forma de agir e concordam com a sua reserva em anunciar uma pré-candidatura ao lugar.

- “Ela tem muito a perder se lançar já uma candidatura. Deve aumentar ainda mais o apoio das classes menos favorecidas e marcar mais alguns pontos em questões de política internacional, já que o anterior Presidente deixou muito a desejar nesse aspecto. Os Estados Unidos da América fizeram muitas inimizades durante a anterior Presidência. - respondeu um famoso analista.

Segundo fontes da Casa Branca, a Presidente Interina tem sido vista em conversações com o Presidente da GraceTech, Edward Sullivan. Zelda Washington terá pedido a Sullivan para colaborar com uma equipa da sua maior confiança a fim de organizarem uma recepção que terá lugar em princípios de Agosto, a fim de homenagearem uma figura que se destaca actualmente na política internacional.

Logo abaixo, Shade deparou-se com uma fotografia de um homem, com ar sereno. Sorriu para a fotografia. O homem transmitia segurança só com aquela expressão.


Lord Mikel

- “A Presidente Interina está a efectuar os contactos necessários para ultimar um encontro com Sua Excelência, o Duque de Devonshire, mais conhecido por Lord Mikel. Sabemos que ele teve muito trabalho e está mais do que na hora da maior nação do Mundo demonstrar o seu apreço e gratidão pelo que ele fez! Desta forma, está a ser preparada uma festa de recepção a Sua Excelência, num evento que contará com vários convidados especiais, a quem a nossa estimada Presidente quer agradecer, entre eles o mais recente líder ameríndio, o Chefe Matoskah. - declarou Kassandra Williams, porta-voz da Casa Branca.

- Wow! O Matoskah tornou-se líder da comunidade dele? O Jules vai ficar feliz por saber disto! - comentou Shade, animado.

Ao levantar a cabeça, Shade viu Jules sentado à sua frente, a sorrir para ele. Feliz, pousou a caneca do café e apontou para o jornal.

- Olha só para aqui! O teu amigo Matoskah vai a uma festa na Casa Branca e este senhor aqui, o Lord Mikel, também foi convidado! Era fixe se pudéssemos ir a esta festa, não era? Adorava conhecer o Lord Mikel! - suspirou Shade, enquanto Jules acenava a cabeça, com um grande sorriso no rosto.

Uma voz roufenha interrompeu aquele momento:

- “Informamos os senhores passageiros que chegaremos dentro de minutos à estação de Fargo. Em nome da companhia AmeTrain, pedimos imensas desculpas pelo atraso, mas como informado anteriormente, nós apanhamos vários nevões pelo caminho. Relembro aos senhores passageiros para verificarem se não deixam nenhum pertence no comboio. Obrigado! Votos de um bom dia e boa viagem!

Shade virou-se e correu para o seu compartimento. Arrumou as suas coisas. Ao sair, olhou para o compartimento vazio. Algumas migalhas pelo chão. Um papel amarfanhado num canto. Ainda pensou em ir buscar o papel, já que este continha o contacto de Noah. No entanto, no segundo seguinte, Shade virou costas e seguiu para junto dos restantes passageiros, saindo do comboio. 

Aquela viagem já pertencia ao passado.


[Continua...]

01 dezembro 2021

Dezembro

 

You are my
December because you seem to
     emanate a golden glow,
          quite like of parols* swinging from tall streetlamps
December in how you
     brush through my hair like a cool, gentle breeze
          brought by the northeast wind of
               clear blue skies and fair weather.
December also in the way you
     wrap your arms around me
          tightly, it
               reminds me of my favorite warm, woolly sweater that
                    my dear grandma knitted for me.
        You are my
December in how you
     light up my eyes like
          the Christmas lights that twinkle on the Christmas tree
No, actually, more like the
     fireworks that set fire to
          the midnight sky on New Year's Eve
December because
     you are a great gift
          like the secret surprises tucked under the Christmas tree
     you are a sweet treat
          like a gingerbread coated with colorful sugar,
               freshly baked and toasty
     you refresh me
          like the much needed break that lasts for two weeks
    You are my
December because
     you leave me melting
          like the mini mallows sprinkled  
               on my hot choco steaming
     You are my
December because

  
I love December


Poema "You Are My December", da autoria de Marge Redelicia.



parol-philippines-png

* Paról é um ornamento natalício das Filipinas, em formato de estrela.

30 novembro 2021

Resultados Final "Escrito nas Entrelinhas: Parte 3"

Era para ser um jantar intimista com vários amigos, mas acabei por passar o aniversário sozinho, por culpa da "omicron". Acho que se está a criar um alarmismo exagerado em relação a esta variante, mas vamos indo e vamos vendo, não é? Um dia de cada vez. :)


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Para celebrar o meu 41º aniversário, decidi criar uma sondagem para saber qual dos 4 finais para a trilogia "Escrito nas Entrelinhas" vocês iriam escolher. Foi a primeira vez que fiz algo do género, uma vez que nem eu soube, até ao derradeiro momento, qual dos finais iria ser o vencedor. Isto porque quando criei esta sondagem, coloquei os finais em cápsulas, ainda sem os ter etiquetado com "Final A, Final B, Final C, Final D" e ainda os baralhei várias vezes. Depois disso, etiquetei-as. Elas ficaram guardadas durante meses a fio, sem ninguém lhes tocar.

Qual será o final que vai ganhar?



Chegou a hora de descobrirmos quem venceu!

De acordo com os dados acima, vemos que a votação foi renhida!


O Final A teve 22% dos votos;
O Final B teve 23% dos votos;
O Final C teve 26% dos votos;
O Final D teve 29% dos votos;


Assim, com 29% dos votos, o Final D é o vencedor!

E o final vencedor corresponde... ao Final Regular!



Vejamos o que nos reservavam os outros finais!


O Final A, que foi o menos votado, era o que tinha o Final Perfeito
O Final B correspondia ao Final Mau!
O Final C, que esteve perto de vencer, era o pior final de todos, o Final Terrível!  


Espero que tenham gostado desta brincadeira, que serviu de prendinha para vocês!

Um grande abraço e beijo,

João  

29 novembro 2021

Escrito nas Entrelinhas: Parte 3 ~ Capítulo 10

Podem ler os capítulos anteriores e também outras histórias, clicando aqui.
 

Capítulo 10


*Enquanto isso, no comboio…*

Shade conseguira arranjar um lugar numa carruagem com compartimento e porta de deslize. Ele ficou todo contente, embora soubesse que a qualquer momento podiam entrar novos passageiros, já que o comboio parava em todas as estações e apeadeiros.

O comboio não ia cheio, mas também não ia vazio. Muita gente entrava e saía poucas paragens depois. O revisor viera ter com Shade meia hora depois de terem iniciado viagem e explicou-lhe que havia uma carruagem-restaurante a meio do comboio, onde serviam snacks e bebidas a toda a hora, para além de servirem refeições às horas de pequeno-almoço, almoço, jantar e ceia. Ele apresentou a lista daquele dia, que tinha um prato de carne, outro de peixe e outro de dieta, para além de frutas e sobremesas. As refeições tinham de ser marcadas com antecedência e Shade pediu para marcar um jantar para dois, do prato de carne.




Intrigado, o revisor mirou-o de cima a baixo e até se voltou para ver se estava mais alguém na carruagem, mas Shade limitava-se a olhar para o banco à sua frente, com ar sonhador. O revisor alertou Shade para estar atento aos seus pertences e também para a possibilidade da viagem poder demorar algumas horas a mais do que estava previsto, devido à neve que estava acumulada nos sopés das montanhas que o comboio teria de atravessar durante o percurso até Fargo.

Shade abriu a sua sacola, apresentou o bilhete, o revisor confirmou os dados e com um aceno, desejou-lhe uma boa viagem e retirou-se do compartimento, fechando a porta atrás de si. Shade abriu novamente a sacola e ao colocar o bilhete lá, apercebeu-se que algo não estava certo. De imediato, retirou tudo da sacola. O envelope com o dinheiro que Barry e a esposa lhe tinham dado parecia menos volumoso! Ele contou o dinheiro e as suas suspeitas confirmavam-se! Alguém roubara-lhe mil dólares!

- Filhos da puta! Cabrões! Não se pode confiar em ninguém! - vociferou Shade, zangado.

Quem teria roubado o dinheiro? O primeiro pensamento foi para Noah. Noah tivera inúmeras oportunidades para mexer na sacola, até porque visitara Shade todos os dias. Ele rapidamente retirou Noah da lista de suspeitos. 

Embora pensasse que ele o poderia ter roubado, Noah não sabia que Shade tinha recebido aquela quantia. Noah sempre mostrara um grande respeito por ele. 

Shade pensou nas outras pessoas que visitaram o seu quarto, no hospital. Sabia que várias auxiliares faziam a ronda ao longo do dia. Ele costumava estar pelo quarto, salvo quando ia à casa de banho. Também podia ter sido um outro enfermeiro ou enfermeira. Até podia ter sido a médica que estava de olho no caso dele… 

Shade lembrou-se da auxiliar que o acordara naquela manhã. Ela não tinha feito barulho nenhum, talvez para não o acordar, mas ao mesmo tempo, ela poderia ser a principal suspeita! Aquela lengalenga toda, conversa de beata de igreja…

- “Vá lá, ao menos não me fanou o guito todo!” - pensou Shade, aborrecido.




Ele ainda ficou a matutar no assunto durante algum tempo, à medida que a tarde avançava e o cenário se tornava cada vez mais campestre. Ele estava agora a atravessar uma zona de campos de milho a perder de vista. Longos corredores verdes que se estendiam por quilómetros. Mais sereno, lembrou-se do pacote que Noah lhe tinha entregado. Retirou-o do bolso e sorriu. Tinha ali três charros!

- Ah, grande Noah! Isto sim, vai mesmo dar jeito agora!

Shade pegou na sua sacola, não sem antes escrever num papel: “Reservado! Fui à casa de banho!”, fixando-o na porta do compartimento, para ninguém ter a ousadia de entrar e sentar-se no seu lugar.

Chegado à casa de banho, fechou a porta atrás de si e aproveitou o momento para aliviar a bexiga. Riu-se, divertido, enquanto observava o jacto a deslizar a grande velocidade por um cano e a desaparecer. Olhou-se ao espelho. Estava com um ar cansado. Retirou um isqueiro, que Noah tinha colocado junto dos charros e sorriu para o reflexo no espelho.

- Isto é mesmo aquilo de que precisamos, Jules! - comentou Shade, ao dar a primeira passa.  





- “Sem dúvida!” - respondeu Jules, que estava ao lado de Shade, no reflexo do espelho.

Shade fumou o primeiro charro rapidamente. Ia a meio do segundo, quando um rapaz sensivelmente da mesma idade dele entrou pela casa de banho adentro.

- Hey! Então é daqui que vem este maravilhoso cheiro!

- Jules! - gemeu Shade, com ar sonhador, abraçando o rapaz.

- Sim, chefe! Sou esse mesmo! Ah ah ah! Deixa-me fumar também, que pelo cheirinho, isso é material do bom! - gracejou o rapaz, fechando a porta e encostando Shade ao lavatório, enquanto fumavam e trocavam beijos.

- Ouve lá, tens mais? Esta merda é das boas, foda-se! - suspirou o rapaz, já com um ar totalmente apaziguador.

- Ó Jules, como sentia a falta disto! - exclamou Shade.

Os dois rapazes fumaram o último charro. Em seguida, o rapaz sacou o seu pénis para fora, aliviou a bexiga e começou a masturbar-se, enquanto Shade o observava, com ar deliciado. Provocante, o rapaz levantou um pouco da t-shirt que trazia, mostrando um ventre liso, que Shade tocou e beijou, começando a masturbar-se em seguida.





Uma voz feminina, impessoal, anunciou:

- “Atenção senhores passageiros! Chegaremos a Woodstock dentro de cinco minutos!

- É a minha paragem, pá! Vou esporrar, aproveita! - sussurrou o rapaz, encostando a cabeça no peito de Shade.

- Eu vou gozar agora… Aaaaahhhh! Jules! - murmurou Shade, enquanto beijava e acariciava o rapaz.

Os dois atingiram o orgasmo quase ao mesmo tempo, gemendo e arfando deliciados. O rapaz ejaculou abundantemente para cima de Shade. Apressado, o rapaz limpou-se e empurrou Shade para o lado, que quase caiu com um solavanco. 

O rapaz lavou as mãos e sorrindo, despediu-se. Abriu a porta e deixou Shade ali, totalmente embasbacado. Este suspirou, feliz e consolado. Limpou os vestígios que tinha nas mãos e na roupa. Lavou as mãos. 

Depois disso, não tardou a regressar ao seu compartimento, que se mantinha vazio. Sorriu ao seu reflexo na janela. Jules sorriu-lhe de volta. Shade aconchegou-se e adormeceu.

Um solavanco mais forte, seguido da abertura da porta do compartimento, fizeram Shade abrir os olhos, estremunhado. As luzes do comboio já estavam acesas. Espreitou pela janela. Lá fora, estava escuro como breu. Não se conseguia distinguir nada, a não ser luzes, muitas luzes, em cidades e vilas lá ao longe, à medida que o comboio seguia viagem.

- Peço desculpa por acordá-lo, senhor… Os jantares já estão a ser servidos há mais de uma hora. Daqui a pouco eles deixam de servir! Seria uma pena não aproveitar a comida, a viagem ainda vai ser longa… Há registos de neve a bloquear os carris numas terras mais a norte! - declarou o revisor, apercebendo-se do intenso odor que vinha das roupas de Shade.

Shade acenou com a cabeça, bocejando e espreguiçando-se.

- Nós já vamos! Obrigado!

Torcendo o nariz, o revisor comentou, antes de voltar a fechar a porta:

- Sabe que é proibido fumar nestes compartimentos? Existe uma zona para fumadores na carruagem a seguir à carruagem-restaurante!

- Mas eu não fumei, senhor! - bocejou Shade, com voz estremunhada.

Passados alguns minutos, Shade dirigiu-se à carruagem onde ficava o restaurante do comboio. Ficou admirado por ver que muita gente estava a acabar de jantar. O estômago dele roncou. Foi nessa altura que Shade se apercebeu que estava cheio de fome. Dirigiu-se ao balcão onde serviam os pratos e uma rapariga de cabelos pretos recebeu-o com um sorriso.

- Olá boa noite! É para comer?

- Olá senhora! Boa noite! Sim, eu marquei uma reserva para mim e para o meu irmão! Ela ficou registada em nome de Shade e Jules!




A rapariga pegou na lista de encomendas daquele dia e após alguns segundos, encontrou o nome, passando um visto à frente. Virando-se para Shade, ela sorriu e encaminhou-o.

- Por favor, senhor! Pode escolher uma daquelas mesas ali! Já lhe vou levar o jantar!

- Não se esqueça do meu irmão! - resmungou Shade.

Atarantada, a mulher olhou à volta. Não estava mais ninguém nas redondezas a não ser os clientes que se encontravam a jantar. Ao aperceber-se do cheiro que vinha das roupas de Shade, ela sorriu e acenou com a cabeça.

- Peço desculpas! Podem sentar-se que eu já vos sirvo! Ah! Peço desculpas! Senhor Shade, terá de pagar as refeições antecipadamente!

Shade regressou ao balcão, com ar entediado.

- Muito bem, quanto é?   

A mulher dirigiu-se à caixa e trouxe um talão.

- Mas…. Está aqui a registar apenas um prato, bebida e sobremesa para mim! E a refeição do meu irmão? - resmungou.

A mulher trocou olhares com o gerente do restaurante, que se aproximou para ver o que se passava. Perante uma rápida explicação sussurrada da empregada, o gerente virou-se para Shade e disse:

- O jantar do seu irmão é por conta da casa, senhor!

Animado, Shade pagou o que estava descriminado no recibo e deu uma generosa gorjeta à empregada.

- A senhora é muito gentil! Fique com o troco!

- Ó meu Deus! Muito obrigada, senhor! Eu vou já levar as comidas! É só um minuto!

O gerente seguia Shade pelo canto do olho. Aquele rosto era-lhe familiar… Mas de onde o conhecia, se nunca o tinha visto? A mesma questão era colocada por vários passageiros que estavam a jantar. Não tardou para que todas as pessoas da carruagem se voltassem pelo menos uma vez e começassem a falar daquele rapaz que parecia a todos, de alguma forma que não sabiam explicar, familiar.

Shade, por sua vez, fez um brinde com o irmão, assim que a funcionária levou a comida e a bebida. Estava cheio de fome. O frango assado estava muito bom, acompanhado com uma generosa colher de arroz e batatas assadas. A sobremesa era uma mousse de chocolate, acompanhada de um crepe com gelado de morango e chantilly. Shade estava cheio de fome, pelo que comeu tudo. Parecia que estava esfomeado! Quando terminou, pediu um café e comentou:   

- Sabes Jules? Estou mesmo feliz! E se cantássemos uma canção para animar esta noite?

Jules, que estava sentado à sua frente, sorriu para ele e acenou com a cabeça.




[Shade]

Confessar…
Sem medo de mentir!
Que em ti,
Encontrei inspiração
Para escrever...!

Tu és uma pessoa que nem eu!
Tu sentes amor,
Mas não sabes muito bem
Como o vais dizer...

Dou-te o meu coração!
Queria dar-te o Mundo!
És o Luar do meu Sertão!
Neste comboio azul...

Todas as vezes, que o comboio assobiar,
A cor dele,
Será a cor que alguém pintar
E tu, sonhares...

Não faz mal!
Não sermos compositores!
Se o amor está a valer,
Eu empresto-te um verso meu
Para te dizer...

Só me dará prazer,
Se viajar, contigo!
Até ao nascer do Sol,
Neste comboio azul...

Dou-te o meu coração!
Queria dar-te o Mundo!
És o Luar do meu Sertão!
Neste comboio azul...


Rapidamente, as pessoas que seguiam naquela carruagem pegaram nos telemóveis e tablets, para tirarem fotografias e filmarem aquele momento! Shade parecia plenamente convicto de que estava a cantar com e para alguém, à sua frente!

[Shade]

Vais recordar-te
De um rapaz como eu?
Que sente amor,
Mas… Não sabe muito bem
Como o expressar...?

Só me dará prazer,
Se viajar, contigo!
Até ao nascer do Sol,
Neste comboio azul...
Uh! Uh! Uh...!

Dou-te o meu coração!
Queria dar-te o Mundo!
És o Luar do meu Sertão!
Neste comboio azul...


 Quando terminou de cantar, muitas pessoas bateram palmas, para grande espanto de Shade.

- Mas...! O que se está a passar aqui? - perguntou o revisor, alertado pela algazarra naquela carruagem.

O revisor apercebeu-se de que era Shade o causador dos distúrbios. Preparava-se para o recriminar, quando a empregada saiu em sua defesa.

- Espere, senhor! Aquele rapaz não estava a incomodar ninguém! Ele só começou a cantar uma música muito bonita e as pessoas estavam a aplaudir! Ele canta muito bem!

- É verdade o que ela está a dizer? - perguntou o revisor, olhando em volta.

Os clientes acenaram todos que sim e alguns até entoaram: “Bis! Bis!”. A carruagem-restaurante ficou bastante animada, com muitos outros passageiros a dirigirem-se para lá, admirados e curiosos.

De repente, Shade sentiu-se muito cansado. Levantou-se a cambalear e pediu ao revisor para o levar de volta para a sua carruagem, pois não se sentia com muitas forças para ir sozinho. Preocupado, o revisor amparou-o, enquanto murmurava baixinho sobre a juventude estar perdida.

Ao aperceber-se que Shade estava a tremer com frio, o revisor passou-lhe a mão pela testa. Estava bastante quente. Ele deixou Shade sentado no seu compartimento, enquanto foi buscar uma manta e cobriu-o.

- Obrigado… Jules! - murmurou Shade de olhos fechados, dando um abraço ao revisor, que ficou atrapalhado e corado que nem um tomate!

- Ahmmm… De nada, acho eu? - comentou o revisor, ajeitando-lhe a manta.

Ao sentir-se aconchegado e mais quentinho, Shade adormeceu, pouco depois.  



[Continua...]


***************************************************************


É já amanhã à noite [30 de Novembro, 23:59] que termina a votação que decidirá o final da novela "Escrito nas Entrelinhas: Parte 3"! 

Esta será a primeira vez que eu faço uma votação do género, sendo que nem eu sei qual o resultado entre os 4 finais possíveis  - [Perfeito/Regular/Mau/Terrível] - será o derradeiro vencedor! 

Até ao derradeiro segundo, vocês podem continuar a votar! Boa Sorte!