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Capítulo 12
Foi com emoção que Shade atravessou os corredores e a estação de comboios da cidade. Aparentemente, tudo se mantinha como ele se recordava. Ao passar numa pequena loja de roupa que existia na estação, Shade decidiu entrar. Comprou uns óculos de sol, um cachecol e um gorro.
Um homem ia distraído a ler o jornal e chocou contra Shade. O homem, alto e moreno, com óculos de sol no rosto, pediu-lhe desculpas e continuou a ler o jornal.
Shade foi até à casa de banho para poder mirar-se ao espelho. Com o gorro, os óculos, o cachecol e a barba que tinha deixado crescer, Shade sentia-se totalmente irreconhecível. Sorriu para o seu reflexo. Ao sair, retirou algumas notas da sacola e colocou-as no bolso das calças.
Em seguida, ele dirigiu-se para a saída da estação. Muitas pessoas cruzaram-se com ele, correndo apressadas ou discutindo o estado do tempo. Afinal, naquela altura do ano, já era expectável um tempo bem mais quente do que aquele que estava naquele dia. Decidido, Shade dirigiu-se à praça de táxis e entrou no primeiro carro. O homem moreno que chocara com ele antes seguia-o, discretamente.
- Bom dia! - respondeu o motorista, com ar afável, dobrando o jornal que estava a ler.
- Bom dia, senhor! Queria que me levasse até ao Centro Comunitário de Fargo Hills!
- Muito bem! Vamos lá! - respondeu o motorista, colocando o carro a trabalhar.
- Siga aquele carro! - ordenou o homem misterioso, ao entrar noutro táxi, um pouco mais atrás.
A viagem ainda demorou um certo tempo, pois a cidade tinha sofrido um nevão durante a noite e os limpa-neves circulavam e removiam a neve que tinha ficado acumulada nas estradas e ruas. O motorista foi fazendo conversa de circunstância com Shade, que se limitava a responder às questões, de forma vaga.
Por fim, chegaram ao local que Shade tinha pedido. O táxi onde vinha o homem misterioso parou algumas dezenas de metros atrás. Ele não queria que Shade suspeitasse que estava a ser seguido. Após pagar a viagem e deixar o carro partir, Shade olhou para o edifício e sorriu, emocionado. Com um suspiro, ele ganhou coragem e entrou.
- Bom dia, senhor! Em que posso ajudá-lo? - perguntou uma rapariga, com um sorriso simpático.
- Marcia? És tu?! - exclamou Shade, retirando os óculos e o cachecol.
- Não! Não pode ser! Shade! És tu?! Ó meu Deus! És mesmo tu! - guinchou a rapariga, levantando-se e correndo para Shade, dando-lhe um forte abraço.
Marcia era uma rapariga mais baixa do que Shade. Ela tinha 25 anos, cabelos castanhos-escuros, tez morena e olhos castanhos.
- Por onde é que tu andaste? Há mais de meio ano que ninguém sabe nada de ti, nem mesmo o Damian! Anda muita gente à tua procura, sabias? - inquiriu ela, com olhar acusador.
- Ohhhhh... Tu já sabes, né? O Damian deve ter dito alguma coisa... Eu mandei uma carta para ele há uns tempos...
- O Damian disse que não tinha notícias tuas desde que te foste embora para Grace Falls! Tu estás bem? Pareces um pouco adoentado!
- Eu estou bem! - mentiu Shade.
Uma forte dor de cabeça avassalou-o. Ele começou a ficar com tonturas e Marcia, ao aperceber-se, amparou Shade até uma cadeira, enquanto chamava por ajuda. Não tardaram a aparecer várias pessoas, que de imediato, se ofereceram para ir à cozinha buscar um copo de água com açúcar.
A directora do centro, Alicia Sheppard, uma senhora de 68 anos, alta e forte, com o cabelo grisalho e preso no alto da cabeça num carrapito, ficou alarmada com a algazarra que se passava no átrio do centro. Levantou-se agilmente do seu lugar na directoria e foi averiguar o que se passava.
Os rapazes e raparigas que se encontravam ali acenaram-lhe e falavam entre si, preocupados. Marcia explicou à directora que Shade aparecera do nada e que se sentira mal, com tonturas. Tal como Marcia, Alicia também se emocionou ao reconhecer Shade.
- Não pode ser! És mesmo tu! Ó meu querido! Há quanto tempo! Estás bem? Vocês já lhe deram um copo de água com açúcar? Deve ser dos nervos! Uma quebra de tensão! Rapazes, levem-no para a enfermaria! Ele parece precisar de descansar um pouco!
Assim, Shade foi levado para a enfermaria, onde a directora ficou a observá-lo, enquanto ele se deitava sobre uma marquesa. Shade fechou os olhos. Alicia colocou-lhe um termómetro e viu que ele tinha um pouco de febre, mas nada de muito alarmante.
- Tens estado a tomar algo para essa gripe, Shade?
- Estou a tomar umas vitaminas, Directora Sheppard... A minha cabeça parece que vai explodir! Dói-me imenso! - gemeu Shade.
- Toma este medicamento, vai fazer-te bem! - ordenou a directora, dando a Shade um novo comprimido e um copo cheio de água.
Este, com alguma dificuldade, ergueu-se. Bebeu o copo de água e tomou o comprimido, voltando a deitar-se.
- Posso ficar a descansar um bocadinho? Acabei de chegar de viagem...
- Claro que podes, querido! Este centro continua a ser uma casa para ti! Temos sempre as portas abertas! Olha, assim que o Damian chegar, eu mando-o vir cá ter contigo, está bem? Vou deixar-te descansar. A porta da enfermaria ficará fechada para não seres incomodado! - rematou a directora, não sem antes colocar uma manta sobre o corpo de Shade e uma almofada sob a cabeça deste.
- Obrigado, directora... É muito amável! - gemeu Shade, adormecendo quase de seguida.
Depois de sair da enfermaria, a directora Sheppard foi ter com Marcia, pedindo-lhe para que ninguém fosse incomodar Shade, já que ele estava com um pouco de febre e uma enxaqueca, frutos de uma longa viagem. As duas mulheres seguiram juntas até ao escritório da directora, distraídas com a conversa.
- Ele deve ter regressado de viagem lá da terra onde o irmão morreu!
- Shhhhhh! Não fales isso em voz alta! Não devemos comentar isso em voz alta! O rapaz já sofreu que chegue! Tu bem viste o estado em que ele chegou aqui! Nem parecia ele!
- Aqueles olhos... Aquele sorriso... - suspirou Marcia, com ar sonhador.
- Marcia! - resmungou Alicia.
- Desculpe, senhora directora!
- O Shade está a descansar e não deve ser incomodado. Quando o Damian vier, manda-o vir ter comigo. Eu sei que ele ficará bastante animado por saber que o Shade regressou…. O Shade também ficará muito feliz de rever o seu melhor amigo... Mas por agora, precisamos de deixá-lo descansar. Por falar nisso, não deixes, de forma alguma, o Shade sair do Centro sem me vir dar uma palavrinha, entendido?
- Muito bem directora! Até já! - rematou Marcia, virando costas e regressando à recepção.
[Continua...]
E segue a impressionnante saga!
ResponderEliminarAinda vai acompanhar-nos por um bom tempo! Mas espero que siga interessante para ti! ;)
EliminarContinuando a ler com toda a atenção merecida
ResponderEliminarE eu agradeço desde sempre o carinho e dedicação da tua parte Francisco. És um bom amigo e leitor. :)
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