18 outubro 2020

The Boys in the Band

 


The Boys in the Band [2020] é uma comédia dramática, baseada numa peça de teatro da Broadway com o mesmo nome, de 1968.


Sinopse:


Nova Iorque, 1968. Um grupo de gays reúne-se para celebrar o aniversário de um deles. A festa, que começa alegre e divertida, vai-se tornando triste e atroz, com mágoas e ódios a virem ao de cima, quando o verniz das "manas" estala...


A minha opinião:


Ora aqui está um bom filme para assistirem com outros gays, numa noite com algum vinho à mistura. Muitos de nós vão rever-se no filme. As manas mais novas vão achar este filme desactualizado, deprimente e pessimista. A explicação para isso centra-se no facto do filme retratar a vida gay nos anos 60. Para nós, trintões, quarentões, cinquentões e afins, cedo percebemos que muitas das cenas são recorrentes nas nossas vidas. 


Afinal, no universo gay, muita coisa ainda permanece igual. Existem os gays enrustidos, existem  aqueles que vivem no armário. Existem os que andam cá e lá. Existem aqueles que não conseguem manter-se fiéis num relacionamento. Existem os que se apaixonam e vivem o amor em segredo por muitos anos. E por aí fora.  


Neste filme, o elenco Jim Parsons [Michael], Zachary Quinto [Harold], Matt Bomer [Donald] [Ele aparece todo nu e inclusive, em nu frontal numa cena!], Andrew Rannells [Larry], Charlie Carver [Cowboy] [Hummmm... Eu adorava receber este presente de aniversário, que gato!], Robin de Jesús [Emory], Brian Hutchison [Alan], Michael Benjamin Washington [Bernard] e Tuc Watkins [Hank] são homens gays assumidos na vida real, o que é muito bom. 


Temos assim um filme feito por gays, com actores gays, onde nós, gays, nos revemos. Fazia falta um filme assim, autêntico. Os personagens procuram encontrar o seu lugar numa sociedade crítica e má, que os coloca de lado por serem gays. Isto faz com que eles se mantenham juntos por muito tempo, num círculo pequeno e fechado de amigos, apesar de terem diferenças abismais entre si. Este aspecto fez-me lembrar do meu antigo grupo de amigos, com a diferença deles serem heterosexuais e um tanto homofóbicos. Ainda bem que pus um ponto final nesse suplício, já o deveria ter feito era há muito mais tempo.


O filme aborda temas inerentes à sociedade no geral e aos gays em particular - beleza, envelhecimento, depressão, auto-rejeição, ódio de nós mesmos, relacionamentos [românticos e amigáveis], religião, raça e como todos estes temas se relacionam com nossa identidade gay. 


Estes personagens, com as suas características peculiares, mostram como era ser gay nos anos 60. Este filme nasceu da peça de teatro da Broadway, escrita por Mart Crowley, que foi convidado para orientar o elenco deste filme. A peça foi encenada na Broadway em 1968, antes dos tumultos de Stonewall, que ocorreram em 1969. O elenco do filme encena a versão mais recente da peça da Broadway desde 2018 e inclusivé, já ganharam um Tony [os óscares do Teatro].


As actuações são muito marcantes e os papéis muito bem escolhidos para os actores que os interpretam [Cowboy... Coitadinho, fiquei com pena de ti, passas a imagem do gay com um belo corpo e músculos, mas sem cérebro!] [risos]




Os diálogos são muito bons e encaixam perfeitamente uns nos outros. A primeira parte do filme é divertida e leve, mas rapidamente a tensão aumenta e a segunda parte torna-se bastante séria, dramática e, por vezes, cruel. O filme torna-se sombrio e deprimente, quando as máscaras que eles - e na verdade,  nós - usamos e deixamos cair - mostrando a nossa perspectiva de vida e experiência individual. 


É um filme excelente, por muitos motivos. As verdades apresentadas incomodam, acabamos o filme a sentirmo-nos desconfortáveis, mas para mim este filme representa muito bem o que vivemos e somos, enquanto gays. 


Altamente recomendado!


Nota Final João: 10/10


P. S. 1 - Se puderem, depois de verem o filme, assistam ao documentário "À Conversa com os Rapazes do Grupo", uma agradável e divertida conversa com o elenco e com os criadores do filme e da peça de teatro.


P. S. 2 - Mart Crowley [21/08/1935 ~ 07/03/2020] faleceu pouco tempo depois de celebrar o seu 84º aniversário, que celebrou durante o lançamento do filme. Ele entra numa das cenas como figurante. A obra que ele escreveu certamente perdurará e resistirá às malhas do Tempo.

2 comentários:

  1. Obrigado pela dica :) valeu amigo :)

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    1. Gostei imenso deste :)
      É daqueles filmes que vou rever no futuro! ;)

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