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Existem datas que nos marcam. Esta é uma delas. A véspera de fazer 40 anos. Não é para qualquer um. Afinal, tantos que nunca chegam a celebrá-los, não é?
Desde pequeno que escuto que a vida só começa aos 40. Os quarenta parecem ser um número bem redondo e marcante. Afinal, a partir de agora, é sempre “-enta”, daqui até aos noventa e muitos. Passamos mais de metade da vida – se lá chegarmos – nesta viagem pelos “-enta”.
Paco Bandeira canta, com uma certa doçura e melancolia na voz sobre a “Ternura dos Quarenta”. Parto do princípio que ele tenha razão e que realmente os 40 anos são aquela idade especial, que nos traz mais sabedoria, calma, uma nova forma de vermos a vida, de aceitarmos a morte, de valorizarmos o que realmente importa.
Mas esta reflexão não é sobre os 40 anos, apesar de, em muitos aspectos, acabar por ser também. Afinal, eu ainda não cheguei lá. Faltam algumas horas, pouquinhas é certo, mas ainda não cheguei lá.
Apesar isso, fazendo uma retrospectiva pela minha vida, ao longo das últimas semanas mais em concreto e ao longo deste ano em geral, apercebi-me do quanto já percorri e calcorreei nesta estrada. A última década foi particularmente dura e penosa. Partiram pessoas bastante importantes na minha vida. Umas porque morreram, outras porque a vida se encarregou de nos separar e não trazer de volta.
Tenho um amigo chamado Francisco que costuma dizer, em tom de brincadeira, que “eles voltam sempre”. Embora a vida me mostre que, em parte, o Francisco tem razão - naquilo a que ele se refere - a verdade é que, na maioria das vezes, eles não voltam. Seja porque não houve margem para regressarem, seja porque não querem, mas na maior parte do tempo, é porque eu já não estou naquela vibração. Já “não dou” para esse peditório. [risos]
Ontem fui ao Porto, porque agora o Governo decidiu voltar com as tretas das limitações de concelhos - impedindo-me de celebrar na segunda-feira o meu aniversário, junto de familiares, amigos e do Zé... Bom... Na verdade também fui porque tinha de levantar um documento na farmácia para o Centro de Dia que olha pela minha avó às vezes. Eles lembraram-se de pedir uma tonelada de papelada na 3ª feira passada, exigindo toda a papelada que pediram, para a próxima segunda feira. Enfim, Portugal no seu melhor.
Polémicas à parte, aproveitei para escolher a minha prenda de aniversário e aproveitei para comprar uma prenda de Natal que me faltava. Já a tinha escolhido, já a tinha inclusivé visto numa loja há umas semanas atrás, mas entretanto ficou pendente e ontem acabei por decidir que aquela era a melhor opção para quem se trata. Gosto de dar prendas úteis e que vão ao encontro de quem as recebe, pelo que aquela terá sido uma excelente opção. [Assim eu espero, mas acredito que sim!] ;)
Quem andou ontem pela Baixa do Porto não diria que estamos em clima de Pandemia, muio menos de um "confinamento" civil. Estavam tantas pessoas na rua, mas tantas, que o desafio para mim era conseguir manter-me distanciamente afastado do máximo de pessoas possível.
Por todo o lado eram filas e mais filas para entrar em algumas lojas internacionais, como a Zara, cuja fila era quase quilométrica. Foi também em frente da Zara que captei este momento fotográfico, dedicado ao Francisco - que certamente se vai rir muito e perceber o motivo de lhe dedicar a fotografia. :P
E como diria o Paulo...
#é o que tem pra hoje!
Mas que ano este, foda-se...
Morreu hoje Diego Armando Maradona Franco, o maior futebolista do Mundo de todos os tempos - taco a taco com o Pélé, certamente.
Ele foi encontrado morto, devido a uma paragem cardiorespiratória. Ainda me recordo de o ver jogar quando eu era criança e realmente ele sabia mostrar e jogar bom futebol. Apesar do caminho sinuoso que rumou na sua vida, ele foi o ídolo de muitos jovens e sem dúvida, deixou a sua marca no Mundo. Lamentável vê-lo partir tão cedo... Este ano tem sido terrível em termos de partidas.
¡Adiós Pelusa!
Neste fim de semana particularmente difícil acabei de ver a 6ª e última temporada de Downton Abbey.
A minha opinião [contém spoilers]:
Esta foi, até hoje, a melhor série de época que já assisti. Congratulo-me por ter esperado para poder ver todas as Temporadas e Especiais de Natal de seguida, ao invés de esperar um ano inteiro pela continuação das histórias. Ainda me falta ver o filme que lançaram o ano passado, mas acredito que seja apenas uma recordação para os fãs, do que algo realmente novo.
A 6ª Temporada prossegue o caminho percorrido até agora. Depois de muitos precalços, avanços e recuos, a moral da história é a de que o amor vence as maiores barreiras e que a mudança é, em si mesma, inevitável. Quem se mantiver parado no Tempo, ficará inequivocamente, para trás e certamente será esquecido.
São vários os desfechos felizes, como seria de esperar. Existem personagens que passaram o pão que o diabo amassou ao longo da novela toda e finalmente são recompensados. Aqui, os bons nem sempre eram assim tão bons e os maus...
...Eram um bocadinho maus, mas muitas vezes a sua maldade escondia uma grande falta de amor-próprio e uma ainda maior gentileza, demonstrada em situações trágicas vividas por outras personagens.
Lady Mary e Lady Edith, duas irmãs que sempre se espicaçaram ao longo da novela, finalmente chegam ao confronto final - Mary provoca a irmã, mostrando finalmente toda a raiva e inveja que tem da irmã, ao descobrir que esta se tornará Marquesa - um título honorífico que permitirá a Edith ser superior à restante família, que são Condes - acabando com a derradeira chance da irmã ser feliz. Não obstante, mal se apercebe que provocou uma nova tragédia à irmã, Mary arrepende-se profundamente. Isto acaba por ser uma lição de como nós, no nosso dia a dia, por vezes reagimos a quente a certas coisas e podemos acabar com a vida ou com os sonhos de alguém, por palavras proferidas num momento de maior tensão ou raiva.
Ironicamente, Mary acaba feliz, nos braços de um piloto de corridas. Irónico este facto, se nos relembrarmos que Matthew morreu num acidente de carro. Mais uma vez, a história mostra-nos o quanto é importante darmos tempo ao tempo, para curarmos as nossas feridas mas também mantermos o nosso coração aberto, uma vez que nunca é tarde para amar.
Mas não só os ricos terminam bem. Vários eventos ocorrem entre os criados de Downton Abbey. Muitos decidem mudar de vida, outros partem para novos trabalhos, e também existe quem tenha de finalmente pousar a espada, porque a idade já não permite continuar. Estas foram algumas das maneiras que o autor arranjou para mostrar o quanto é bom a mudança e como é também importante estarmos disponíveis para a acatar e aceitar.
Fiquei muito satisfeito com a última temporada e mais satisfeito ainda com o Especial de Natal, onde realmente fecham o ciclo de alguns personagens que ainda tinham um final em aberto. Esta série envolveu-me do príncipio ao fim. Definitivamente, ela cativou-me e vai deixar muitas saudades.
Parabéns aos actores e a toda a equipa que com eles trabalhou e tornou esta série possível! Obrigado!
Nota Final João [6ª Temporada]: 10/10
Nota Final João [Temporadas 1~6]: 9,5/10
Hoje de manhã recebi uma chamada que não estava de todo à espera: uma prima minha, que já não vejo há mais de 7 anos, ligou para a minha avó para falar comigo. Estranhando o facto, ao falar com ela, rapidamente caiu uma bomba: o pai dela, meu tio, faleceu esta madrugada, vítima de um ataque cardíaco fulminante - tal como aconteceu com o meu irmão há 6 anos atrás e à minha cadela, o ano passado.
De início, eu nem queria acreditar. Parecia algo irreal, surrealista.
É verdade que ele estava doente. Devido à puta da pandemia, ele, que iria ser operado ao coração, porque tinha uma veia a ficar entupida, viu a sua operação a ser adiada várias vezes. Na semana passada, finalmente anunciaram que iria ser operado em breve. Ele estava bastante optimista com a situação, até porque estavam a contar fazer uma intervenção mais leve, mas igualmente eficaz, o que faria com que ele passasse menos tempo em recuperação e mais depressa pudesse voltar ao trabalho. Ele era taxista em Lisboa, desde que voltou do Brasil há 4 anos atrás. Atendia todo o tipo de pessoas, incluíndo muitos artistas. Era uma delícia conversar com ele, tantas eram as histórias que os seus passageiros partilhavam com ele. No passado ele foi dono de mais de uma dúzia de lojas da Concentra e da Nintendo Portugal, tendo sido graças a ele que eu fui introduzido ao mundo dos videojogos.
Eu e o meu tio temos tanto em comum que por vezes eu pensava se não seria filho dele, ao invés do meu pai. Ele gostava de comer e beber bem, adorava conviver com pessoas amigas, gostava de se divertir na casa dele, era muito amigo de todos os que ganhavam a sua confiança e só não fazia mais pelas pessoas se não pudesse. A vida no Brasil abriu-lhe ainda mais os horizontes, tornando-o ainda mais generoso, bem-humorado, cativante e interessante.
Hoje é um dia muito triste para todos, em particular a minha avó. Ela perdeu uma filha há muito tempo atrás, da qual "herdei" o nome e quem sabe, o talento para as Artes. Depois disso, ela perdeu o marido, depois um neto - o meu irmão - depois foi a vez da nossa cadela, que era a sua grande companheira e partiu o ano passado, agora o 2º dos seus filhos, sendo que o 3º e último deles está a enfrentar o Covid-19 neste momento...
Bom, só posso agradecer a este tio por todos os bons momentos que passamos juntos. Depois do regresso dele do Brasil, a nossa relação melhorou mais ainda, sendo que as afinidades entre nós aumentaram consideravalmente. Afinal, o Brasil tem uma energia muito especial...
Que descanses em paz.
Tiveste uma vida cheia e plena.
Partiste cedo de mais.
Obrigado por tudo.
Abreijos,
João
Capítulo 3
-
A floresta é perigosa para tu, wasichu!
Tatanka vai levar-te para fora daqui, agora!
Lucius
deu a mão ao rapaz, que aos seus olhos era um gigante! Afinal, o pequeno Lucius
tinha oito anos, enquanto o rapaz aparentava ter pelo menos o dobro.
-
Espera! Temos de ir buscar o meu pai! Ele
está por ali, algures.... Ele caiu e magoou-se! Não consegue andar! -
choramingou Lucius.
Tatanka
parou e olhou para Lucius, com ar preocupado.
-
Isso é mau! Hoje é dia da prova! A prova
para ser mim ser wicasa5! O Hanska Mato6 andar por aí!
-
Oh não! Isso não deve ser bom! O que é um
han mato? - perguntou Lucius, curioso.
O indígena respondeu, com voz dura.
- Wasichu não sabe? Wasichu mata Mato7 muitas vezes! Wasichu ser mau para Mato! Mato não gostar de wasichu!
Como
Lucius desatasse a chorar, assustado, Tatanka colocou-o aos ombros. Assim seria
mais fácil para os dois. Lucius chamou pelo pai. Ao fim de várias tentativas,
este respondeu de volta, com uma voz fraca. Tatanka correu pela floresta,
enquanto olhava para todos os lados. Temia que Hanska Mato aparecesse a
qualquer momento.
Por
fim, ele e Lucius encontraram o pai deste.
Tatanka pegou em Tieman sem dificuldades e transportou-o a ele e ao filho dele em direcção ao local onde tinham acampado. Estavam quase a chegar lá, quando de repente...
- Oh não! O que é aquilo? - perguntou Lucius, apontado para uma enorme criatura que se aproximava a grande velocidade.
- Aquele ser Hanska Mato! Eu ter de lutar com ele! Vocês esconder ali! Atrás da pedra! Depressa! - gritou Tatanka, colocando Tieman no chão e ajoelhando-se para que Lucius descesse em segurança.
Tieman
e Lucius esconderam-se atrás de uma rocha em forma de penedo, enquanto Tatanka
corria na direcção oposta. Um grande urso pardo rosnava, furioso! Tatanka
bufava e o urso bramia cada vez mais alto, até que se colocou de pé, em tom
ameaçador!
- Fecha os olhos e tapa os ouvidos, filho! Isto não vai ser bonito de se ver! - gemeu Tieman, enquanto chorava de dores e angustiado por não poder fazer nada.
A luta foi rápida. O grande urso pardo trespassou os peitorais de Tatanka com as suas garras afiadas. O rapaz ainda lhe deu luta, mas as garras do urso perfuraram-lhe os pulmões. O urso, passados alguns minutos a cheirar o corpo inerte de Tatanka, virou costas e foi-se embora.
Quando se aperceberam do silêncio que reinava, Lucius e o pai esgueiraram-se da rocha, para descobrirem que Tatanka estava morto. Horrorizado, Lucius começou a chorar e a berrar desesperado! Tieman deixou-se cair por terra, lívido.
Não tardou muito para que um rapaz indígena, alertado pelos gritos de Lucius, aparecesse de repente. Lucius chorava junto de Tatanka. O rapaz indígena, ao ver o corpo de Tatanka, gritou e uivou. Poucos minutos depois, a clareira onde se encontravam encheu-se de indígenas, entre eles Shappa, que começou a gritar, em estado de choque! Tatanka Ptecila era o seu filho mais velho! Chayton, o seu marido, abraçou-se a ela e ao pequeno rapaz indígena de cabelos arruivados que tinha uivado. Este encontrava-se abraçado ao corpo de Tatanka enquanto gritava algo no seu dialecto:
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Uma das novidades para este ano é um podcast chamado "GenPod", onde falaremos sobre uma data de temas do vosso interesse! Sigam no...