30 novembro 2020

40 anos!

 



Hoje celebro o meu 40º aniversário! 

Como vem sendo tradição aqui no blogue, eu costumo dar uma prendinha a vocês. Este ano, vou partilhar com vocês um vídeo de apresentação da 2ª história da Duologia "Para Além...", que estreará na Primavera de 2021, em exclusivo aqui no blog!


Para Além do Para Sempre [Drama, Aventura, Sci-Fi, Histórico]





"Para Além do Para Sempre" conta-nos a história de Xalen, um rapaz do longínquo ano de 2222, que, após uma terrível tragédia, busca recuperar aquilo que perdeu! Esta aventura irá conduzi-lo entre o AU [Antigo Universo] e o NU [Novo Universo] - este detalhe fará mais sentido para quem leu a trilogia "Sombras da Luz", da minha autoria  e já disponível aqui no blog - e entre personagens de ficção e personagens históricas, Xalen cruzar-se-á comigo, que "faço" o papel de Vicenzo! Será que Xalen levará a sua missão até ao fim? Que perigos estarão ocultos nas Sombras?


29 novembro 2020

39 anos e 364 dias ou 40 anos menos 1 dia

Existem datas que nos marcam. Esta é uma delas. A véspera de fazer 40 anos. Não é para qualquer um. Afinal, tantos que nunca chegam a celebrá-los, não é?


Desde pequeno que escuto que a vida só começa aos 40. Os quarenta parecem ser um número bem redondo e marcante. Afinal, a partir de agora, é sempre “-enta”, daqui até aos noventa e muitos. Passamos mais de metade da vida – se lá chegarmos – nesta viagem pelos “-enta”.


Paco Bandeira canta, com uma certa doçura e melancolia na voz sobre a “Ternura dos Quarenta”. Parto do princípio que ele tenha razão e que realmente os 40 anos são aquela idade especial, que nos traz mais sabedoria, calma, uma nova forma de vermos a vida, de aceitarmos a morte, de valorizarmos o que realmente importa.


Mas esta reflexão não é sobre os 40 anos, apesar de, em muitos aspectos, acabar por ser também. Afinal, eu ainda não cheguei lá. Faltam algumas horas, pouquinhas é certo, mas ainda não cheguei lá. 


Apesar isso, fazendo uma retrospectiva pela minha vida, ao longo das últimas semanas mais em concreto e ao longo deste ano em geral, apercebi-me do quanto já percorri e calcorreei nesta estrada. A última década foi particularmente dura e penosa. Partiram pessoas bastante importantes na minha vida. Umas porque morreram, outras porque a vida se encarregou de nos separar e não trazer de volta. 




Tenho um amigo chamado Francisco que costuma dizer, em tom de brincadeira, que “eles voltam sempre”. Embora a vida me mostre que, em parte, o Francisco tem razão - naquilo a que ele se refere - a verdade é que, na maioria das vezes, eles não voltam. Seja porque não houve margem para regressarem, seja porque não querem, mas na maior parte do tempo, é porque eu já não estou naquela vibração. Já “não dou” para esse peditório. [risos]  




Tal como nas minhas histórias e contos, tudo tem um princípio, meio e fim. Algumas das histórias terminam inacabadas, outras têm finais infelizes. Há histórias que terminam bem, com um desfecho encorajador e inspirador para todos. Existem histórias que terminam com um “até já!”, mesmo tendo consciência de que esse “até já” poderá demorar anos. Recordo-me, com particular ternura, do tempo que levei para conhecer pessoalmente um grande amigo e apoio ao longo desta última década, que só tive o prazer e alegria de abraçar no Verão passado. Foram precisos 9 anos para nos conhecermos pessoalmente! 



Eu e o Hotei, que outrora escreveu o blog Any More Than A Whisper 



Ainda assim, existem histórias que teimam em continuar, talvez porque seja demasiado difícil colocar-lhes um ponto final. A vida, um dia, encarregar-se-á disso. Mas até lá, essas histórias e os leques de personagens que lhes dão cor, permanecerão presentes, enriquecendo a minha vida e as vidas de outras pessoas.





Esta última década de vida foi bastante impactante a vários níveis. 


Trabalho, relacionamentos, a “saída do armário”… 





Tantas alegrias e decepções, tantas lutas em vão, tanto sofrimento desmedido… 


É assim que costumamos pensar quando estamos a enfrentar as coisas. Depois da tempestade passar, da dor deixar de latejar tão intensamente, com um pouco de discernimento e maturidade, lá acabamos por ver que muita da dor e sofrimento, não mais eram do que fases do nosso crescimento pessoal. Passos que tínhamos de dar, erros que tínhamos de cometer, quedas que tinham de acontecer, para podermos compreender mais e melhor a vida, junto de tudo o que nos rodeia. No final de contas, nós não mais somos do que grãos de areia. Seremos até menos do que isso, num Universo [In]Finito.    






É verdade que também não podemos ser demasiado condescendentes. 


Tudo na vida deve ter conta, peso e medida. 


No entanto, vivemos num Mundo tão injusto e desequilibrado, onde é tão fácil ver o lado pior e mais negativo dos outros, que trabalharmos a Empatia é quase uma “obrigação”. Devia ser, pelo menos. 


O Mundo tornou-se tão difícil… 


Não o Mundo em si, mas a forma como as pessoas se tratam e lidam umas com as outras. Não consigo entender como existe alguém que fique feliz com a tristeza dos outros. Não consigo entender porque pessoas ricas, invejam aquilo que pessoas mais desfavorecidas possuem. As pessoas querem sempre mais, mais e mais. 


Será assim tão difícil ficar feliz com o que se tem? 


Será assim tão difícil agradecermos cada dia por estarmos vivos, pela Saúde, pelas pessoas que temos na vida? 


Existem tantas e tantas formas subtis que a vida nos coloca diariamente no caminho, mas nós tendemos a ver apenas e só aquilo que o nosso ego e as nossas necessidades básicas nos colocam à frente. Depois, quando a vida nos tira aquilo que damos como adquirido, lamentamos a perda. Aí, nós choramos, sofremos, pedimos desculpa, pedimos perdão, ficamos com a consciência pesada, porque sempre achamos que poderíamos ter feito mais e melhor. 


Poderíamos ter dado aquele passeio. 


Poderíamos ter feito aquela chamada. 


Poderíamos ter visitado aquela pessoa. 


Poderíamos ter dito: “eu amo-te”. 




Haverá melhor expressão de amor - independentemente de ser um amor romântico, familiar, amizade genuína, amor incondicional - do que dizer “amo-te” às pessoas que realmente amamos?


Sim… Muitas vezes escudamo-nos por detrás da desculpa: 


- “Eu não digo, mas pessoa X sabe. Afinal, eu mostro e demonstro os sentimentos, através de actos e gestos…”  


É verdade que a pessoa ou as pessoas até podem saber. 


Mas sabe sempre tão bem ouvir! 





É tão bom sentirmos o quanto somos amados, queridos, desejados, estimados pelos outros! 


Afinal, quando partirmos, de nada adiantam as lágrimas, a dor, a tristeza de quem cá fica!


Supostamente, quando partimos, seguimos para uma Nova Vida. Uns acreditam que irão para o Paraíso. Outros acreditam que depois de partirem, regressam ao Nada. Outros, como eu, acreditam que depois de se partir, vamos para um local onde nos reencontramos com as pessoas que mais queremos reencontrar. E lá, prosseguiremos para uma nova Caminhada, rumo à Eternidade, até que os nossos caminhos se voltem a separar, porque para mim a Eternidade é o Fim e o Recomeço… Uma morte sempre gerará uma nova vida e assim sucessivamente. 


Qualquer que seja o final depois da nossa estadia por aqui, o importante é que estejamos de bem com a vida, de bem com nós mesmos, acima de tudo, em paz. Afinal, desta vida nada levamos, a não ser, quem sabe, as memórias do que fomos e somos. 


Bens materiais, fama, sucesso, prosperidade, abundância… Tudo isso fica cá.


Muitas vezes, dou por mim a pensar se tudo isto não passará de um sonho. Imagino-me a voltar a ser criança, aquele menino tímido e reservado de 7 anos e a acordar desse sonho. E nessa altura, aperceber-me de que tudo o que vivi não passou disso mesmo. Um sonho, um longuíssimo sonho, com o que a minha vida poderia ser, graças às escolhas que eu faria ao longo do tempo. 


É…


…Talvez isso soe demasiado infantil… 


…Ou talvez seja apenas um desejo inerente que muitos de nós possuem, de voltarmos atrás.




De voltarmos até àquele tempo em que não tínhamos preocupações. Em que passavamos o dia a brincar, a ver desenhos animados, em que ficávamos felizes com respostas simples e questionávamos coisas tão interessantes como “porquê que o céu é azul?”, “porquê que as nuvens são brancas?”… E muitos porquês se seguiriam, até levarmos à exaustão as pessoas a quem questionávamos, que acabariam por dizer “Não sei!”. 


Mas isso não era relevante. 


Rapidamente esquecíamos esse “não sei”. Rapidamente voltaríamos a brincar, a correr, a pular, a sermos crianças.


Ontem, quando vinha para casa, vinha a pensar como as crianças da actualidade são tristes e infelizes. Elas têm tudo, muito mais do que alguma geração teve antes delas. No entanto, o custo que pagaram e pagam para serem e terem tudo, foi muito alto. O preço a pagar foi deixarem de ter infância. Hoje em dia, as crianças já não são mais crianças. São adultos em ponto pequeno. 


Afinal, quanto tempo temos para brincar? 


Quanto tempo dura a infância? 


Na melhor das hipóteses, dura 5/7 anos. Depois disso, passamos o resto das nossas vidas - partindo do princpío que vivamos até aos 80 anos, passamos cerca de 65 anos na “vida adulta” - presos a responsabilidades, a privações, a lutas… 


Aos poucos, vamos deixando de brincar… Até que acabamos por nos esquecer do que é isso. Achamos que “brincar” é dizer umas piadas brejeiras, é beber uns copos e fazer umas “palhaçadas”, com a mente toldada pelo álcool ou usando o álcool como desculpa. Mas isso não passam de meras cópias de fraca categoria do que realmente é brincar.





A sociedade parece impôr-nos as regras:

Tens de ter um trabalho, de preferência onde ganhes bem; 
Tens de encontrar uma pessoa que te aceite e te faça feliz; 
Tens de comprar uma casa; 
Tens de ter um carro, de preferência grande, para mostrar que és bem-sucedido; 
Tens de casar; 
Tens de ter filhos; 
[….] 


E por aí adiante, até morrermos.


A lista sobre como a sociedade nos vê como pessoas bem-sucedidas e felizes é deveras grande. Quando não preenchemos os requistos, somos mal-vistos e acabamos por ser rejeitados, vivendo à margem da sociedade. Isto acontece particularmente em meios pequenos, onde toda a gente sabe da vida de toda a gente.  


Se somos todos únicos, porque temos todos que seguir as mesmas regras? 


Porque não podemos criar as nossas próprias regras? 


Afinal, a vida de cada um, a si pertence, não é? 


Desde que saibamos respeitar os limites e nunca esquecer que a nossa Liberdade termina onde começa a Liberdade das outras pessoas, eu acho que devemos é aproveitar mais e melhor a vida que temos. Aceitar que existem coisas que nunca mudarão. Outras, mudarão se nós nos predispusermos a fazer para que as mudanças ocorram. Afinal, “nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” - já dizia Lavoisier. 


E nada mudará, realmente, se nós não agirmos nesse sentido.


Voltando aos pensamentos de ontem, acabei por chegar à conclusão que as crianças deviam aprender desde cedo a lição do “Carpe Diem” - vive o dia, vive o momento. Devia ser disciplina obrigatória na escola, assim como deveria ser obrigatório que elas brincassem. E aprendessem a brincar. Porque brincar é uma arte. Não é ficar sentado em frente de um computador a jogar. É algo que se faz com pouco ou nada até, mostrando-nos a simplicidade que a vida é, na sua essência. 





A vida, por si só, é simples. É uma questão de nos deixarmos ir com a corrente. 


Somos nós que complicamos a vida. Somos tantos neste Mundo, cada um com a sua bagagem,  as suas características únicas, com as suas dúvidas, interesses, sonhos, desejos, e por aí adiante. À medida que vamos conhecendo cada vez mais pessoas, aumentámos o nosso leque e abrimos os nossos horizontes pessoais. E é aqui que as coisas começam a tornar-se mais desafiantes. A linha que separa o nosso Eu do Eu das outras pessoas é ténue, às vezes. É fácil perdermo-nos no emaranhado de emoções, sonhos, vontades, desejos, egos… Difícil é manter a nossa postura, o nosso coração puro, perante as dificuldades e as perdas que a vida nos provoca. 


Como tudo na vida é relativo, a dor também o é. Podemos sofrer imenso com a perda de alguém que amamos, um animal de estimação, um amor que acabou inesperadamente, um adeus repentino e sem motivo. É verdade que podemos chorar e temos o direito de o fazer. De chorar e sofrer, porque a dor faz parte da condição de estarmos vivos. 


Mas também podemos sorrir, porque apesar da perda, tivemos a oportunidade de viver algo bom e bonito. Sorrir porque aconteceu. As memórias e a saudade acompanhar-nos-ão até ao fim, ou pelo menos até ao momento em que o nosso cérebro nos trair…


São vários os desejos e votos que levo para a vida, a partir de agora. A poucas horas de entrar na “ternura dos quarenta”, termino esta reflexão, parafraseando a letra do Paco Bandeira


Meus amigos, importante é o sorriso
Para seguir viagem, co'a coragem, que é preciso
Não adianta, deitar contas à vida
A ternura dos quarenta, não tem conta, nem medida…


Venham daí os quarenta. E que com eles venham com novas emoções, novos sonhos, novas vivências, novas experiências, novas realidades. Que venham muitos sorrisos e alegrias e muitos “amo-te” a serem ditos e a serem escutados, de forma genuína. Que venham infinitos motivos para estar grato por aqui continuar, junto com vocês.



Abreijos, 
João

28 novembro 2020

Etecetera #2.6

Ontem fui ao Porto, porque agora o Governo decidiu voltar com as tretas das limitações de concelhos - impedindo-me de celebrar na segunda-feira o meu aniversário, junto de familiares, amigos e do Zé... Bom... Na verdade também fui porque tinha de levantar um documento na farmácia para o Centro de Dia que olha pela minha avó às vezes. Eles lembraram-se de pedir uma tonelada de papelada na 3ª feira passada, exigindo toda a papelada que pediram, para a próxima segunda feira. Enfim, Portugal no seu melhor. 


Polémicas à parte, aproveitei para escolher a minha prenda de aniversário e aproveitei para comprar uma prenda de Natal que me faltava. Já a tinha escolhido, já a tinha inclusivé visto numa loja há umas semanas atrás, mas entretanto ficou pendente e ontem acabei por decidir que aquela era a melhor opção para quem se trata. Gosto de dar prendas úteis e que vão ao encontro de quem as recebe, pelo que aquela terá sido uma excelente opção. [Assim eu espero, mas acredito que sim!] ;)


Quem andou ontem pela Baixa do Porto não diria que estamos em clima de Pandemia, muio menos de um "confinamento" civil. Estavam tantas pessoas na rua, mas tantas, que o desafio para mim era conseguir manter-me distanciamente afastado do máximo de pessoas possível. 


Por todo o lado eram filas e mais filas para entrar em algumas lojas internacionais, como a Zara, cuja fila era quase quilométrica. Foi também em frente da Zara que captei este momento fotográfico, dedicado ao Francisco - que certamente se vai rir muito e perceber o motivo de lhe dedicar a fotografia. :P



E como diria o Paulo... 


#é o que tem pra hoje!

25 novembro 2020

R.I.P. Maradona

 Mas que ano este, foda-se...


Morreu hoje Diego Armando Maradona Franco, o maior futebolista do Mundo de todos os tempos - taco a taco com o Pélé, certamente.


Ele foi encontrado morto, devido a uma paragem cardiorespiratória. Ainda me recordo de o ver jogar quando eu era criança e realmente ele sabia mostrar e jogar bom futebol. Apesar do caminho sinuoso que rumou na sua vida, ele foi o ídolo de muitos jovens e sem dúvida, deixou a sua marca no Mundo. Lamentável vê-lo partir tão cedo... Este ano tem sido terrível em termos de partidas.


¡Adiós Pelusa!


Diego Armando Maradona Franco
30/10/1960 ~ 25/11/2020

24 novembro 2020

Downton Abbey - O Filme [2019]

 



Com os mais recentes acontecimentos na minha vida, tenho andado um bocado a leste de tudo. Nem ver filmes e séries tenho visto... A não ser este filme e outro, que vi no fim de semana. A ver se ao longo dos próximos dias me consigo sentar e dedicar algum merecido tempo ao blog e a vocês que também escrevem.


Sinopse do Filme:


Passaram-se 2 anos após o fim da história que fomos acompanhando ao longo de 6 temporadas + os especiais de Natal. A trama desenrola-se em 1927, com a família e os empregados de Downton Abbey a serem surpreendidos com uma visita muito especial: os Reis de Inglaterra visitarão a herdade e passarão lá uma noite. O que irá acontecer? Essa é a proposta que o filme nos apresenta.



A minha opinião:


Ora aqui está um belo exemplo do que é dar um doce aos fãs. Depois da série ter acabado de ser exibida, o sucesso foi tão grande que muitos fãs "exigiram" mais e foi assim que nasceu a ideia de dar "um pé de dança" [piada que tem a ver com o filme] e regressarmos à Abadia mais famosa do Mundo [pelo menos para quem viu a série!] [risos]


Tudo se poderia resumir ao que escrevi acima. Os actores tiveram um desempenho fenomenal, como quase sempre, e surpreendeu-me como conseguiram voltar a vestir as "personagens" tão bem, passados 4 anos. É preciso ser-se mesmo muito bom, digo eu. 


Este filme agradará a todos os públicos ao qual se destina - primeiramente a quem viu toda a série e os especiais de Natal - até pelo facto de certos pormenonres e detalhes só fazerem sentido se tiverem acompanhado tudo. Caso não tenham visto, mas gostarem de filmes de época, este também vos entreterá, com uma história singela, com princípio, meio e fim. 


Esse é o principal motor da trama do filme - o facto dele ser simples e acessível ao público. Sob outro ponto de vista - e faça-se aqui um spoiler - finalmente vemos o Thomas a conhecer outros homens gays e, inclusivé, a divertir-se num bar dedicado apenas a homens gays. Aqui entre nós, ao ver aquelas cenas, fiquei cheio de vontade de entrar pelo ecrã e ir dançar aquelas danças dos anos 20, pois nunca tinha visto homens a dançar aquelas danças e achei muito bonito. Fiquei muito contente por finalmente ele encontrar uma grande oportunidade para ser feliz, já que penou a trama toda por causa de ser gay.


O filme aborda de forma leve e divertida uma variedade de questões, mas no fim de contas, podemos dizer que o que importa mesmo são os traços que nos unem enquanto seres humanos. Muito bom o último discurso de Maggie Smith
        

O filme não traz nada de novo a quem já se habituou à classe, à qualidade e ao glamour de Downton Abbey. Ainda assim, vale a pena ver e fecha com chave de ouro, uma das - se não mesmo a melhor - série das primeiras duas décadas do século XXI.   


Nota Final João: 9,5/10

17 novembro 2020

Downton Abbey [6ª Temporada]

 Neste fim de semana particularmente difícil acabei de ver a 6ª e última temporada de Downton Abbey.


A minha opinião [contém spoilers]:


Esta foi,  até hoje, a melhor série de época que já assisti. Congratulo-me por ter esperado para poder ver todas as Temporadas e Especiais de Natal de seguida, ao invés de esperar um ano inteiro pela continuação das histórias. Ainda me falta ver o filme que lançaram o ano passado, mas acredito que seja apenas uma recordação para os fãs, do que algo realmente novo.


A 6ª Temporada prossegue o caminho percorrido até agora. Depois de muitos precalços, avanços e recuos, a moral da história é a de que o amor vence as maiores barreiras e que a mudança é, em si mesma, inevitável. Quem se mantiver parado no Tempo, ficará inequivocamente, para trás e certamente será esquecido.


São vários os desfechos felizes, como seria de esperar. Existem personagens que passaram o pão que o diabo amassou ao longo da novela toda e finalmente são recompensados. Aqui, os bons nem sempre eram assim tão bons e os maus... 


...Eram um bocadinho maus, mas muitas vezes a sua maldade escondia uma grande falta de amor-próprio e uma ainda maior gentileza, demonstrada em situações trágicas vividas por outras personagens.  


Lady Mary e Lady Edith, duas irmãs que sempre se espicaçaram ao longo da novela, finalmente chegam ao confronto final - Mary provoca a irmã, mostrando finalmente toda a raiva e inveja que tem da irmã, ao descobrir que esta se tornará Marquesa - um título honorífico que permitirá a Edith ser superior à restante família, que são Condes - acabando com a derradeira chance da irmã ser feliz. Não obstante, mal se apercebe que provocou uma nova tragédia à irmã, Mary arrepende-se profundamente. Isto acaba por ser uma lição de como nós, no nosso dia a dia, por vezes reagimos a quente a certas coisas e podemos acabar com a vida ou com os sonhos de alguém, por palavras proferidas num momento de maior tensão ou raiva.


Ironicamente, Mary acaba feliz, nos braços de um piloto de corridas. Irónico este facto, se nos relembrarmos que Matthew morreu num acidente de carro. Mais uma vez, a história mostra-nos o quanto é importante darmos tempo ao tempo, para curarmos as nossas feridas mas também mantermos o nosso coração aberto, uma vez que nunca é tarde para amar.


Mas não só os ricos terminam bem. Vários eventos ocorrem entre os criados de Downton Abbey. Muitos decidem mudar de vida, outros partem para novos trabalhos, e também existe quem tenha de finalmente pousar a espada, porque a idade já não permite continuar. Estas foram algumas das maneiras que o autor arranjou para mostrar o quanto é bom a mudança e como é também importante estarmos disponíveis para a acatar e aceitar.      


Fiquei muito satisfeito com a última temporada e mais satisfeito ainda com o Especial de Natal, onde realmente fecham o ciclo de alguns personagens que ainda tinham um final em aberto. Esta série envolveu-me do príncipio ao fim. Definitivamente, ela cativou-me e vai deixar muitas saudades.


Parabéns aos actores e a toda a equipa que com eles trabalhou e tornou esta série possível! Obrigado!


Nota Final João [6ª Temporada]: 10/10

Nota Final João [Temporadas 1~6]: 9,5/10

13 novembro 2020

R. I. P. Tio Victor

Hoje de manhã recebi uma chamada que não estava de todo à espera: uma prima minha, que já não vejo há mais de 7 anos, ligou para a minha avó para falar comigo. Estranhando o facto, ao falar com ela, rapidamente caiu uma bomba: o pai dela, meu tio, faleceu esta madrugada, vítima de um ataque cardíaco fulminante - tal como aconteceu com o meu irmão há 6 anos atrás e à minha cadela, o ano passado. 


De início, eu nem queria acreditar. Parecia algo irreal, surrealista. 


É verdade que ele estava doente. Devido à puta da pandemia, ele, que iria ser operado ao coração, porque tinha uma veia a ficar entupida, viu a sua operação a ser adiada várias vezes. Na semana passada, finalmente anunciaram que iria ser operado em breve. Ele estava bastante optimista com a situação, até porque estavam a contar fazer uma intervenção mais leve, mas igualmente eficaz, o que faria com que ele passasse menos tempo em recuperação e mais depressa pudesse voltar ao trabalho. Ele era taxista em Lisboa, desde que voltou do Brasil há 4 anos atrás. Atendia todo o tipo de pessoas, incluíndo muitos artistas. Era uma delícia conversar com ele, tantas eram as histórias que os seus passageiros partilhavam com ele. No passado ele foi dono de mais de uma dúzia de lojas da Concentra e da Nintendo Portugal, tendo sido graças a ele que eu fui introduzido ao mundo dos videojogos.


Eu e o meu tio temos tanto em comum que por vezes eu pensava se não seria filho dele, ao invés do meu pai. Ele gostava de comer e beber bem, adorava conviver com pessoas amigas, gostava de se divertir na casa dele, era muito amigo de todos os que ganhavam a sua confiança e só não fazia mais pelas pessoas se não pudesse. A vida no Brasil abriu-lhe ainda mais os horizontes, tornando-o ainda mais generoso, bem-humorado, cativante e interessante.


Hoje é um dia muito triste para todos, em particular a minha avó. Ela perdeu uma filha há muito tempo atrás, da qual "herdei" o nome e quem sabe, o talento para as Artes. Depois disso, ela perdeu o marido, depois um neto - o meu irmão - depois foi a vez da nossa cadela, que era a sua grande companheira e partiu o ano passado, agora o 2º dos seus filhos, sendo que o 3º e último deles está a enfrentar o Covid-19 neste momento...


Bom, só posso agradecer a este tio por todos os bons momentos que passamos juntos. Depois do regresso dele do Brasil, a nossa relação melhorou mais ainda, sendo que as afinidades entre nós aumentaram consideravalmente. Afinal, o Brasil tem uma energia muito especial...



Que descanses em paz. 

Tiveste uma vida cheia e plena. 

Partiste cedo de mais. 

Obrigado por tudo.


Abreijos, 

João

11 novembro 2020

Downton Abbey [5ª Temporada]

 




Downton Abbey [5ª Temporada] [2014] é um drama de época histórico.



Sinopse:



Se ainda não conhecem a série, a trama desenrola-se numa propriedade chamada Downton Abbey, algures no Yorkshire, Inglaterra. Os problemas que os donos da propriedade têm, assim como os dramas dos criados deles são o enredo desta série.


A minha opinião:


[Contém Spoilers]



A trama da 5ª Temporada começa em 1924. Um novo governo foi eleito, sendo que é um governo do Partido dos Trabalhadoresl liderado por Ramsay MacDonald. [Este facto foi real]. 


A vitória de MacDonald incomoda bastante Lord Robert [Hugh Bonneville] e o seu fiel mordomo, Carson [Jim Carter]. Apesar de ambos receberem a notícia com desagrado - já que eles representam os "Velhos do Restelo" da trama, a maior parte das personagens gosta da ideia e até sente-se feliz e apoiada, por terem um homem que veio de origens modestas a liderar o governo. Uma das principais figuras a levantar a voz e exigir mais direitos será Daisy [Sophie McSheran], que terá aulas com uma professora que ajudará a inflamar ainda mais as mudanças contra Robert, causando alguns momentos de grande tensão nesta temporada. 


Isto leva a vários conflitos internos entre as personagens, ao mesmo tempo que se procura que as mais resistentes entendam que o progresso é inegável e que quem ficar parado no tempo, acabará por ficar para trás. 


Entretanto, para suavizar um pouco as coisas, Lady Rose [Lily James], prossegue no seu papel de animar o pesado fardo que Downton carrega. Com a sua energia solarenga e sorriso delicado, ela convence o primo a escutarem uma mensagem do Rei pela rádio, para além de ajudar alguns russos, após a Revolução Russa. Será ela que trará um pouco de romance, alegria e amor a esta temporada, ao conhecer um jovem muito belo, Ephraim Atticus Aldridge [Matt Barber] - que numa das cenas da trama, se mostra em tronco nú... - E que bem que ele está assim! Havia era de estar totalmente nú!


Surpreendementemente, a Revolução Russa dá-nos a conhecer o Príncipe Kuragin [Rade Šerbedžija], cuja tensão sexual é presente nas cenas com a Condessa Viúva, Violet Crawley [Dame Margaret Smith], mostrando que até ela, sempre tão dura e ríspida - mas com bom coração, no fim de contas - amou um homem de verdade e até teve os seus devaneios e loucuras com ele.


Como de alegria e amor não vive esta novela, a trama adensa-se com os dilemas de Lady Edith [Laura Carmichael] - que descobre que o seu futuro marido morreu as mãos de Hitler e dos seus capangas, deixando a filha de ambos, Marigold, com um futuro incerto. Por sua vez, Tom [Allen Leech], graças à professora de Daisy, recuperará a sua verdadeira natureza, mostrando que é possível sim, mudar e ainda assim, manter-se fiel aos seus princípios. 


Uma palavra de empatia e de interesse para Thomas [Rob James-Collier], que ao longo desta temporada faz "tratamentos" à base da terapia de electrochoques, para "libertar-se" do homossexualismo


Isto é um ponto importante na História Gay, visto que até meio dos anos 60, o Reino Unido punia com prisão os homens que cometessem actos homossexuais. Felizmente, Thomas acaba por abandonar estes tratamentos, quando outras personagens o encorajam a ser quem é e a ser feliz do jeito que é


Nós não diríamos melhor! <3 


A trama caminha rapidamente para o final, sendo que a próxima temporada será a derradeira. Muito cativante e interessante, com alguma comédia leve - totalmente à inglesa - Downton Abbey continua a espalhar o esplendor e a magia dos "loucos" anos 20 do século passado.



Nota Final João [5ª Temporada]: 10/10

10 novembro 2020

Downton Abbey [4ª Temporada]

 


Downton Abbey [4ª Temporada] [2013] é um drama de época histórico.



Sinopse:



Se ainda não conhecem a série, a trama desenrola-se numa propriedade chamada Downton Abbey, algures no Yorkshire, Inglaterra. Os problemas que os donos da propriedade têm, assim como os dramas dos criados deles são o enredo desta "novela". 


A minha opinião


[Contém Spoilers]


Se acompanharam a história até agora, incluíndo os especiais de Natal, já sabem qual o tema que marcará a 4ª Temporada: a inesperada morte de Matthew [Dan Stevens], que morre no Especial de Natal num acidente de carro.


Começando pelo princípio, a morte de Matthew não estava programada. Foi o actor que lhe deu vida que quis sair, para tentar a sorte em Hollywood - como já tinha feito a actriz que deu vida à caçula da família, Sybill


Esta saída inesperada obrigou a que os argumentistas tivessem de reescrever toda a temporada e inclusivé a regravar algumas cenas da história. O próprio criador, Julian Fellowes, disse que só ficou a sabendo da decisão de Stevens de deixar a série quando não havia mais tempo de providenciar qualquer outra alternativa a não ser matar Matthew.


Sendo assim, a 4ª Temporada apresenta-nos um clima bem pesado. Lady Mary [Michelle Dockery] vê-se de repente, com um filho nos braços e sem o marido, que tanto trabalho teve para a conquistar e ficar com ela. 


Apesar do ambiente soturno e depressivo, a história encaminha-nos, subtilmente, para novos rumos. Entra em cena Lady Rose [Lily James] [a Presidente dos Estados Unidos da América na 3ª Temporada da minha novela, Escrito nas Entrelinhas] e com ela entra um valente fôlego de oxigénio na trama, que corria o risco de se desmoronar completamente.



Lady Rose Aldridge


Esta personagem é uma mulher à frente no seu tempo - talvez com semelhanças com Sybill, mas ainda mais moderna que a prima. Rose adora a vida boémia, não resiste a um pezinho de dança one-step, nem ao charme de qualquer homem que a galanteie. Algumas das cenas mais ousadas da Temporada ocorrem precisamente com esta personagem, que não se importa com o que possam pensar dela - principalmente os pais dela.


É também graças a esta personagem que assistimos a uma das Temporadas mais movimentadas, coloridas e animadas da novela até agora. Temos vários momentos musicais, incluindo um recital de Ópera em Downton, que conduzirá a um drama intenso que se prolongará para além desta temporada. Um dos problemas apresentados nesta Temporada será a questão dos latifundiários, que provocará o "despertar" de Mary, que finalmente vencerá a tristeza e depressão em que se encontra devido à morte do marido. Outro deles será as mudanças no Mundo Pós-Guerra, com a queda de muitos "impérios" como Downton. Como é que essa questão afectará todos os núcleos sociais? Essa é uma das abordagens que descobrimos ao longo desta temporada. 


Com a introdução de mais tramas e dramas, não tardamos a "esquecer-nos" da morte de Matthew. Ele era uma peça importante no enredo, mas com as novas personagens e o destaque de antigas, entre eles os dramas de Lady Edith [Laura Carmichael] e os dilemas de Tom [Allen Leech], Downton Abbey mostra-nos que, apesar da série começar a fraquejar, ainda tem muito para oferecer ao seu público. 


Nota Final João [4ª Temporada]: 10/10

06 novembro 2020

Escrito nas Entrelinhas: Parte 2 ~ Capítulo 3

 

Capítulo 3


*24 de Maio de 2017*


Shappa, a mãe de Matoskah e Takoda, dirigia a alta velocidade. Ela tinha uma reunião com o seu chefe e já estava atrasada. Antes da reunião passara pelo hospital para saber notícias do filho, mas nem a deixaram vê-lo. Frustrada e aborrecida, colocou o pé no acelerador da sua carrinha. Não queria ter chatices com o seu patrão.


Shappa Chayton


Duas horas depois, ela estava a estacionar em frente de uma casa senhorial, imersa num bosque frondoso. Saiu da carrinha e correu apressada, batendo à porta da mansão com elegância. Passados alguns segundos, o mordomo do seu chefe abriu a porta e com uma vénia, conduziu-a à biblioteca.

*Toc, toc*

- Entre! - ordenou uma voz animada.

Shappa abriu a porta e entrou. Assim que fechou a porta atrás de si, fez uma vénia ao seu patrão.

- Peço mil desculpas pelo meu atraso, Director Hudges!

Hudges era um senhor de meia-idade. Um homem baixo, gordo, com uma farta cabeleira grisalha que lhe cobria os olhos. Sorriu para Shappa e convidando-a a sentar-se, carregou num botão que tinha na sua secretária e mandou servir um café.


Hudges
  

- Está tudo bem, doutora Shappa, não se incomode! Eu sei que esteve no hospital. Até estava para lhe sugerir uns dias de férias....

- Obrigado senhor, mas não será necessário. Eu consigo!

- Agrada-me ouvir isso! Também convenhamos dizer…. Outra coisa não seria de esperar, vinda de si! - rematou Hudges, com um sorriso orgulhoso.

A secretária de Hudges entrou na biblioteca, trazendo consigo dois cafés e uma pasta, que tinha o carimbo “Confidencial”. Shappa não pôde deixar de se aperceber que talvez aquele fosse o motivo para a reunião. Afinal, não era todos os dias que se encontrava com o Director do FBI, na casa dele.

- Sirva-se, doutora! Esteja à vontade! - convidou Hudges, enquanto pegava na pasta e lia rapidamente o que estava lá escrito.

Shappa serviu-se do café. Não era tão bom quanto os que estava habituada a tomar na sua tribo, mas também não era mau. Até tinha um gosto agradável.

- Presumo que esteja a questionar-se porque a mandei chamar para uma reunião tão intimista, certo? - inquiriu Hudges, depois de tomar o seu café.

- Sim, tem toda a razão, Director.... Fiquei admirada. Já sabem de alguma coisa?


- Tal como suspeitávamos, o seu filho está inocente. Não tem nenhum vestígio de gasolina em todo o corpo. Porém, ainda assim, isso não quer dizer que ele não possa ter agido de alguma forma....
 
Shappa levantou-se, incomodada. Aproximou-se da janela e ficou a observar a paisagem, entregue aos seus pensamentos. Hudges respeitou o seu silêncio. Passado algum tempo, Shappa virou-se para Hudges e comentou:
 
- O senhor conhece-me bem. A mim e à minha família. Sabe que o Matoskah seria incapaz de fazer mal a alguém. Muito menos ao Jules, de quem ele era muito amigo. O Jules tornou-se um takuye1 entre os homens da minha tribo, depois de passar uma prova2! O Matoskah e Takoda gostavam dele como um irmão!
 
- Doutora Shappa, eu concordo consigo! Acredito em si! Ainda assim, temos de colocar todas as possibilidades em jogo. O seu filho pode ter sofrido um ataque de loucura instantânea. Eles podem ter feito uma aposta entre eles. E...
 
Shappa interrompeu-o:
 
- E pode ter sido simplesmente aquilo que foi, um suicídio! Caramba, Director Hudges! Já não basta ter a cidade contra mim e a minha família? Agora tenho de ter você a colocar-me entre a espada e a parede?
 
- Nada disso, doutora! Apenas quero que entenda que estamos a avaliar todas as possibilidades, pois não podemos correr riscos! Você sabe o que está em jogo!
 
- Director Hudges, você tem de acreditar em mim! O meu filho está inocente! Eu sei disso! Bem como sei que as mortes ainda não acabaram! Vão ocorrer mais tragédias em Grace Falls! Tenho esse pressentimento….
 
- Sim, quanto a isso, não nos restam dúvidas. Algo de muito errado está a acontecer naquela cidade e nos arredores. Infelizmente, não podemos chamar muita atenção para este caso. Por isso....




Hudges carregou no botão intercomunicador e mandou entrar uma pessoa. Shappa, que se tinha sentado, virou-se e levantou-se, surpreendida.

- Doutor Michael? Você? - questionou ela, incrédula.

- Olá doutora Shappa! Com que então você também trabalha para o FBI? Mas que surpresa! - comentou o médico, com um sorriso.


Dr. Michael


- Presumo que já se conhecem, vocês os dois.... - comentou Hudges, com um sorriso malicioso. - O Michael é um dos nossos agentes, está a investigar o que se anda a passar na cidade de Grace Falls, há quase tanto tempo quanto a senhora.

- É verdade! Trago novidades, Director! Está tudo pronto para a transferência! - comentou Michael, enquanto cumprimentava Hudges.

- Óptimo! Isso é uma boa notícia!

A mãe de Matoskah e Takoda olhava para um e para outro, com ar inquisidor. O doutor Michael sentou-se, enquanto a secretária de Hudges lhe servia um café. Após esta sair, ele explicou:

- Doutora Shappa, eu acredito que o seu filho está totalmente inocente. Ele estava no local errado, à hora errada. No entanto, existem várias questões que precisam de ser esclarecidas. Como sabia ele que Jules estava naquele local? Porquê que tudo se processou daquela forma? Estaria Jules a planear suicidar-se? Se sim, porquê? Eu sou apologista da verdade e das provas. E as provas não mentem. Aquela fábrica é a chave para as respostas a estas questões. Bem como a chave para provarmos a inocência do seu filho. Entretanto, tenho a dizer-lhe que o hospital não é um sítio seguro para o Matoskah. Assim sendo, eu falei com o nosso Director e ele falou com os seus superiores. Obtivemos autorização expressa do Tieman para encaminhar o seu filho para um local onde ele fará todos os exames necessários e o retiraremos do coma induzido. Ele ficará pronto para outra dentro de duas semanas. Deixá-lo-emos em casa, ainda sedado. Ele acordará na cama dele, no quarto dele. Que tal? Não lhe parece uma boa proposta?

Antes que Shappa pudesse responder, Hudges falou:

- Entretanto, vamos começar a agitar as coisas em Grace Falls. Tieman não está nada satisfeito pelo facto de vocês estarem a ser vítimas de xenofobia. Isso não traz benefícios a ninguém e está a causar danos indirectos à economia da cidade. Assim, hoje mesmo, o Mayor da cidade receberá uma missiva, a alertá-lo para isso. Até o seu filho acordar do coma, as coisas vão acalmar bastante em Grace Falls.

Shappa estava impressionada. Não sabia que Tieman a tinha a ela e à sua família em tão alta estima. Como que lhe adivinhando os pensamentos, Michael comentou:

- Ele não se esquece. Aquele acto de altruísmo salvou a vida dele e do filho dele....

- E agora, ele salva a vida do meu... - suspirou Shappa, relembrando-se daquele fatídico dia, anos atrás.


*7 de Abril de 2007, Devil’s Lake, Dakota do Norte*


O Senador Tieman e o seu filho, Lucius, tinham acampado numa floresta. Era a primeira vez que o faziam, desde que Tieman se tinha divorciado da sua mulher. Como aquele seria um fim-de-semana prolongado, Tieman tinha aproveitado para fazer uma surpresa ao filho, com quem passava cada vez menos tempo. Durante a tarde de sábado, pai e filho foram fazer uma caminhada pela floresta. A dada altura, Lucius entusiasmou-se.







Tieman



Lucius


- Cuidado! Lucius! Tu não conheces estas florestas! Podem ter animais selvagens! - gritou Tieman, enquanto o seu filho corria a grande velocidade, animado por estar ali, em contacto com a natureza.
 
Tieman correu atrás do filho, mas tropeçou numa raiz de uma árvore e caiu. Tinha fracturado o tornozelo. O filho escutou o pai a gemer e correu para junto dele.
 
- Ó pai! O que faço? - perguntou o rapaz, bastante assustado, ao ver o pai a gemer e a chorar de dores.
 
- Filho.... Regressa ao nosso acampamento! Vai lá! Usa o telemóvel para pedires ajuda!
 
Lucius começou a correr de regresso ao local onde tinham acampado. Porém, ele estava nervoso e a vegetação cerrada fê-lo ficar confuso. Não tardou a perder-se na floresta.
 
- Hey! Socorro! Alguém me escuta? Eu estou perdido! Quero ir para casa e não sei o caminho! Hey! Socorro! Pai!
 
Desorientado, ele sentou-se no chão a chorar. De repente, um rapaz alto e forte apareceu à sua frente.
 
- Aiiii! - gritou Lucius, assustado.
 
- Wasichu3, não tem medo! Eu não fazer mal a ti! - respondeu o rapaz, aproximando-se com um sorriso.
 
- Quem? Quem és tu? - perguntou Lucius, impressionado.
 
- Eu ser Tatanka Ptecila4! E tu?
 
- Eu sou o Lucius! Tens um nome engraçado!
 
O rapaz bateu nos seus peitorais, orgulhoso. Ele tinha cabelos compridos e olhos brilhantes como o sol. Estava totalmente nu, mostrando um corpo delineado, treinado e bastante avantajado.


Tatanka


- A floresta é perigosa para tu, wasichu! Tatanka vai levar-te para fora daqui, agora!

 

Lucius deu a mão ao rapaz, que aos seus olhos era um gigante! Afinal, o pequeno Lucius tinha oito anos, enquanto o rapaz aparentava ter pelo menos o dobro.

 

- Espera! Temos de ir buscar o meu pai! Ele está por ali, algures.... Ele caiu e magoou-se! Não consegue andar! - choramingou Lucius.

 

Tatanka parou e olhou para Lucius, com ar preocupado.

 

- Isso é mau! Hoje é dia da prova! A prova para ser mim ser wicasa5! O Hanska Mato6 andar por aí!

 

- Oh não! Isso não deve ser bom! O que é um han mato? - perguntou Lucius, curioso.

 

O indígena respondeu, com voz dura.


- Wasichu não sabe? Wasichu mata Mato7 muitas vezes! Wasichu ser mau para Mato! Mato não gostar de wasichu!


Como Lucius desatasse a chorar, assustado, Tatanka colocou-o aos ombros. Assim seria mais fácil para os dois. Lucius chamou pelo pai. Ao fim de várias tentativas, este respondeu de volta, com uma voz fraca. Tatanka correu pela floresta, enquanto olhava para todos os lados. Temia que Hanska Mato aparecesse a qualquer momento.

 

Por fim, ele e Lucius encontraram o pai deste.

 

Tatanka pegou em Tieman sem dificuldades e transportou-o a ele e ao filho dele em direcção ao local onde tinham acampado. Estavam quase a chegar lá, quando de repente...


- Oh não! O que é aquilo? - perguntou Lucius, apontado para uma enorme criatura que se aproximava a grande velocidade.


- Aquele ser Hanska Mato! Eu ter de lutar com ele! Vocês esconder ali! Atrás da pedra! Depressa! - gritou Tatanka, colocando Tieman no chão e ajoelhando-se para que Lucius descesse em segurança.


Hanska Mato



Tieman e Lucius esconderam-se atrás de uma rocha em forma de penedo, enquanto Tatanka corria na direcção oposta. Um grande urso pardo rosnava, furioso! Tatanka bufava e o urso bramia cada vez mais alto, até que se colocou de pé, em tom ameaçador!


- Fecha os olhos e tapa os ouvidos, filho! Isto não vai ser bonito de se ver! - gemeu Tieman, enquanto chorava de dores e angustiado por não poder fazer nada.


A luta foi rápida. O grande urso pardo trespassou os peitorais de Tatanka com as suas garras afiadas. O rapaz ainda lhe deu luta, mas as garras do urso perfuraram-lhe os pulmões. O urso, passados alguns minutos a cheirar o corpo inerte de Tatanka, virou costas e foi-se embora.


Quando se aperceberam do silêncio que reinava, Lucius e o pai esgueiraram-se da rocha, para descobrirem que Tatanka estava morto. Horrorizado, Lucius começou a chorar e a berrar desesperado! Tieman deixou-se cair por terra, lívido.


Não tardou muito para que um rapaz indígena, alertado pelos gritos de Lucius, aparecesse de repente. Lucius chorava junto de Tatanka. O rapaz indígena, ao ver o corpo de Tatanka, gritou e uivou. Poucos minutos depois, a clareira onde se encontravam encheu-se de indígenas, entre eles Shappa, que começou a gritar, em estado de choque! Tatanka Ptecila era o seu filho mais velho! Chayton, o seu marido, abraçou-se a ela e ao pequeno rapaz indígena de cabelos arruivados que tinha uivado. Este encontrava-se abraçado ao corpo de Tatanka enquanto gritava algo no seu dialecto:


- Tatanka, acorda! Acorda, ciyé8! O mato já foi embora!

- Matoskah…. Tatanka partiu para junto do nagi tanka9 - gemeu Chayton, abraçando o filho, que começou a chorar convulsivamente.
 
O líder da tribo, o Chefe Heȟáka Sápa10, ordenou aos seus guerreiros que levassem Tatanka, Lucius e Tieman para a tribo. Na tribo, eles foram recebidos com respeito e dor, por parte dos homens, mulheres e crianças. A morte de Tatanka perturbou-os imenso. Ele era muito novo. Depois de analisar os ferimentos, o Wicasa Wakan11 tratou de Tieman e do filho deste.
 
Enquanto isso, os indígenas colocaram o corpo do jovem guerreiro no centro da aldeia. Shappa, Chayton e Matoskah, o irmão mais novo de Tatanka, lavavam cuidadosamente o corpo, enquanto algumas mulheres traziam roupas cerimoniais e o perfumavam. Os homens da tribo cantavam cânticos de pesar, à medida que pintavam o corpo do herói tombado em combate.
 
Todos choravam.
 
Ao cair da noite, uma fogueira enorme foi erguida. Para espanto de todos, Matoskah sentou-se em frente do corpo do irmão e começou a tocar flauta, sendo seguido de Cetan Nagin12, Maȟpiya Lúta13, Siha Sápa14 e Wakinyan15, quatro rapazes um pouco mais velhos do que Matoskah. Estes pegaram em guitarras, tambores e sininhos para o acompanhar.
 
- Tu sabias que o nosso filho sabia tocar flauta? - sussurrou Shappa para o marido.
 
- Não, eu não! O Tatanka deve ter-lhe ensinado em segredo! - respondeu Chayton, no mesmo tom de voz.
 
O Chefe Heȟáka Sápa deu início à cerimónia fúnebre, falando no seu dialecto.
 
- Mitakuye Oyasin16! Tudo está ligado, como o sangue que une uma família. Todas as coisas estão ligadas. O que acontece à Terra, recai sobre os Filhos da Terra. Não foi o Homem que teceu a trama da Vida. Ele é só um fio dentro dela! Tudo o que fizer à teia, ele estará a fazer a si mesmo!
 
Virando-se para Tieman e o filho, Heȟáka sorriu e falou:
 
- Ser um guerreiro não é o que vocês pensam que seja. O verdadeiro guerreiro não é alguém que mata, porque ninguém tem o direito de tirar a vida de alguém. Um guerreiro, para nós, é aquele que se sacrifica pelo bem dos outros. A sua tarefa é olhar pelos mais velhos, pelos indefesos, por aqueles que não podem trabalhar e acima de tudo, pelas crianças, que são o futuro da Humanidade!
 
Tieman e Lucius começaram a chorar! O Chefe Indígena chorava também, mas tinha um ar tão sereno, tão tranquilo! Não havia no rosto dele, nem de nenhum dos restantes indígenas, um traço de ódio. Apenas dor e tristeza. Heȟáka continuou:
 
- Ó Grande Espírito, cuja voz ouço nos ventos, cujo sopro anima o mundo, escuta-me. Sou pequeno e fraco, preciso da tua força e sabedoria. Permite que eu caminhe na Beleza, e faz com que os meus olhos contemplem para sempre o vermelho e púrpura do sol poente. Faz com que as minhas mãos respeitem todas as coisas que tu criaste. Faz os meus ouvidos aguçados, para que eu escute a tua voz. Torna-me sábio para que eu possa entender tudo aquilo que ensinaste ao teu povo. Permite que eu apreenda os ensinamentos que escondeste em cada folha, em cada pedra. Busco força, não para ser maior do que o meu amigo, mas para lutar contra o meu maior inimigo - eu mesmo. Permite que eu esteja sempre pronto para ir até ti, de mãos limpas e olhar firme. Assim, quando a minha vida estiver no ocaso, como o sol poente, que o meu espírito possa ir até à tua presença, sem nenhuma vergonha. Que o nosso amado filho e irmão, Tatanka Ptecila, de coração puro como o mais belo cristal, siga em paz, rumo à Boa Estrada Vermelha, onde reside o Grande Búfalo Sagrado! Que ele olhe por nós! Mitakuye Oyasin!
 
Todo o povo indígena clamou a uma só voz:
 
- Mitakuye Oyasin!
 
Uma estrela cadente cruzou os céus, quando Matoskah e os seus amigos terminaram de tocar a sua canção. Naquele momento, o Céu e a Terra tinham-se unido, partilhando a dor de todo um povo.
 
- Shappa, está a ouvir-me? Shappa? - Michael dava pancadinhas suaves no rosto de Shappa que parecia estar totalmente ausente.
 
De volta à realidade, Shappa suspirou:
 
- Desculpem-me.... Estava perdida em recordações.... - rematou Shappa, levantando-se, enquanto limpava algumas lágrimas que, teimosas, rolavam pelo seu rosto.
 
 

Notas do Autor:

 
1 - Familiar;
2 - “Escrito nas Entrelinhas: Parte 1”;
3 - Homem-branco;
4 - Touro Pequeno;
5 - Homem. Nesta saga de histórias, os guerreiros indígenas tornam-se maiores de idade aos 17 anos. No entanto, para serem considerados “homens” aos olhos dos restantes membros da tribo, eles submetem-se a uma prova ou conjunto de provas, geralmente provas físicas, que exploram as suas aptidões;
6 - Urso Alto. Aqui, Tatanka refere-se ao facto dos ursos, quando ameaçados, colocarem-se em posição erecta, para se mostrarem mais assustadores;
7 - Urso;
8 - Irmão mais velho, quando é um rapaz a dizer, referindo-se ao seu irmão mais velho;
9 - Grande Espírito; 
10 - Alce Negro;
11 - Curandeiro;
12 - Falcão das Sombras;
13 - Nuvem Vermelha;
14 - Pé Preto;
15 - Pássaro do Trovão;
16 - Esta expressão indígena significa “Estamos todos interligados”. Na história, eu traduzi como “Somos Todos Um”; 

[Continua...]

04 novembro 2020

Etecetera #2.5



Já lá vai o tempo em que a pandemia ainda estava a afectar a China. Nesses tempos, a Diretora-Geral da Saúde dizia que aquilo ficaria por ali, quietinho, que não seria nada de especial. Afinal, os chineses e os vizinhos deles já estão habituados. É o que dá comerem carne crua. Deviam aprender connosco a saborear outros tipos de carne. 

Com o passar dos dias, semanas e meses, já perdi a conta à quantidade de bacoradas ditas pela mulher.

Ora use-se máscara, ora não se use; ora saia de casa, ora não saia. Sinceramente, já não há pachorra para tanta incoerência. E não venham eles com a desculpa do costume - o vírus é novo, "bla, bla, bla, whiskas saquetas". É verdade que este Covid é novo, mas o tipo de vírus - corona - já é conhecido desde os anos 60

Ainda ontem ou anteontem um dos Ministros - acho que nunca tivemos um governo que desse tanto showoff, tantas entrevistas, tanto tempo de antena - disse que o vírus não se apanha nos transportes públicos, desde que todas as pessoas andem com máscara. Sendo assim, se não é naqueles ajuntamentos de pessoas que têm de sair de casa e andar de metros, comboios, autocarros a abarrotar de gente, como é que se apanha o vírus?


O vírus parece ter predilecção por certos ambientes e horários. Com esta "revelação" do Ministro da Presidência, fica explicado porquê que o país não entrará, nos próximos dias, em confinamento total. 


Desta vez, é obrigatório o teletrabalho. 

E eu pergunto-me porquê, se o vírus não gosta de ser apanhado nos transportes públicos! O vírus parece gostar de incomodar apenas outras pessoas. Sei lá, ainda agora cheegou e já tem modas, este sacana do bicho. 

Mas depois de anunciar isto, o governo voltou atrás. Afinal, o teletrabalho é obrigatório para quem não tiver outra forma de trabalhar - que é como quem diz, a Função Pública, que já deixa muito a desejar, e vai poder ficar em casa a ganhar o seu e a dar ainda mais cabo da pachorra de qualquer mortal, alegando esta desculpa. [Sim, eu sei que existem trabalhos que dá para fazer através de casa - e ainda bem! - mas vocês entendem o que eu quero dizer]. 

As excepções, neste Estado de Emergência que deve entrar em vigor amanhã ou na sexta feira são claramente uma forma de agradar a gregos e a troianos. Afinal, é como se o governo estivesse a dizer assim:

- Olhem lá, vocês têm de ficar em casa!! Não podem sair!! Mas... Se precisarem passear o cãozito, podem. Se precisarem de apanhar ar nas ventas, podem. Se precisarem de vestir o vosso fato de licra e andarem de bicicleta sem máscara e a incomodar os outros quando andam de bike nos passeios, esquecendo-se de que os passeios são para os peões e não para os ciclistas, já que nem tudo é ciclovia, podem. Se precisarem de gastar dinheiro nas compras do Natal, para nós ganharmos uns trocos no IVA, podem. Se precisarem de ver um espectáculo da outra que tem a puta da mania ou um jogo de futebol, podem. Se precisarem de comer fora, porque até foram bons meninos e andaram a poupar e todos sabemos que custa muito cozinhar em casa - que chatice ter de lavar a loiça à mão, não é? - podem ir comer fora. E não se esqueçam! Lavem as mãos sempre que puderem, metam a máscara se não puderem evitar o distanciamento social! Mas... Se forem a festas, Avantes, Ondas da Nazaré, Provas de F1, casamentos, feiras e mercados... Epá, vivam como se não houvesse amanhã e esqueçam lá isso! 

Afinal...

#vai tudo ficar bem!


Aqui entre nós, que ninguém nos ouve...


01 novembro 2020

Novembro

Hot-Man-On-The-Beach-sexy-pic-jpeg-dick-cock-suck-fuck-muscles-naked-sex-blowjob-anal-jpeg


My heart's Ideal, that somewhere out of sight
Art beautiful and gracious and alone,—
Haply, where blue Saronic waves are blown
On shores that keep some touch of old delight,—
How welcome is thy memory, and how bright,
To one who watches over leagues of stone
These chilly northern waters creep and moan
From weary morning unto weary night.
O Shade-form, lovelier than the living crowd,
So kind to votaries, yet thyself unvowed,
So free to human fancies, fancy-free,
My vagrant thought goes out to thee, to thee,
As wandering lonelier than the Poet's cloud,
I listen to the wash of this dull sea.


Poema "On the Beach in November" da autoria de Edward Cracroft LeFroy 
[29/03/1855 ~ 19/09/1891]