13 novembro 2020

R. I. P. Tio Victor

Hoje de manhã recebi uma chamada que não estava de todo à espera: uma prima minha, que já não vejo há mais de 7 anos, ligou para a minha avó para falar comigo. Estranhando o facto, ao falar com ela, rapidamente caiu uma bomba: o pai dela, meu tio, faleceu esta madrugada, vítima de um ataque cardíaco fulminante - tal como aconteceu com o meu irmão há 6 anos atrás e à minha cadela, o ano passado. 


De início, eu nem queria acreditar. Parecia algo irreal, surrealista. 


É verdade que ele estava doente. Devido à puta da pandemia, ele, que iria ser operado ao coração, porque tinha uma veia a ficar entupida, viu a sua operação a ser adiada várias vezes. Na semana passada, finalmente anunciaram que iria ser operado em breve. Ele estava bastante optimista com a situação, até porque estavam a contar fazer uma intervenção mais leve, mas igualmente eficaz, o que faria com que ele passasse menos tempo em recuperação e mais depressa pudesse voltar ao trabalho. Ele era taxista em Lisboa, desde que voltou do Brasil há 4 anos atrás. Atendia todo o tipo de pessoas, incluíndo muitos artistas. Era uma delícia conversar com ele, tantas eram as histórias que os seus passageiros partilhavam com ele. No passado ele foi dono de mais de uma dúzia de lojas da Concentra e da Nintendo Portugal, tendo sido graças a ele que eu fui introduzido ao mundo dos videojogos.


Eu e o meu tio temos tanto em comum que por vezes eu pensava se não seria filho dele, ao invés do meu pai. Ele gostava de comer e beber bem, adorava conviver com pessoas amigas, gostava de se divertir na casa dele, era muito amigo de todos os que ganhavam a sua confiança e só não fazia mais pelas pessoas se não pudesse. A vida no Brasil abriu-lhe ainda mais os horizontes, tornando-o ainda mais generoso, bem-humorado, cativante e interessante.


Hoje é um dia muito triste para todos, em particular a minha avó. Ela perdeu uma filha há muito tempo atrás, da qual "herdei" o nome e quem sabe, o talento para as Artes. Depois disso, ela perdeu o marido, depois um neto - o meu irmão - depois foi a vez da nossa cadela, que era a sua grande companheira e partiu o ano passado, agora o 2º dos seus filhos, sendo que o 3º e último deles está a enfrentar o Covid-19 neste momento...


Bom, só posso agradecer a este tio por todos os bons momentos que passamos juntos. Depois do regresso dele do Brasil, a nossa relação melhorou mais ainda, sendo que as afinidades entre nós aumentaram consideravalmente. Afinal, o Brasil tem uma energia muito especial...



Que descanses em paz. 

Tiveste uma vida cheia e plena. 

Partiste cedo de mais. 

Obrigado por tudo.


Abreijos, 

João

4 comentários:

  1. Deixo-te um grande abraço de sentimentos. De facto, o mundo parou pelo Covid, também há uns dias atrás morreu um colega de trabalho com 39 anos, vítima de ataque cardíaco

    Grande abraço amigo

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    1. Custa muito... Tem sido muitas perdas em pouco tempo.
      Abreijos

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  2. Muito triste meu caro. A vida sempre a nos pregar peças tristes ... Que ele descanse em paz.

    Beijos e fica bem ...

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    1. Puxa Paulo, tem sido muitas peças mesmo! A vida tem sido sacana... Esta década qque está prestes a terminar para mim foi plena de perdas importantes. Muito difícil mesmo...
      Abreijos

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