28 julho 2020

Escrito nas Entrelinhas: Parte 1 ~ Capítulo 12


Capítulo 12



Jules e Matoskah namoravam há mais de 2 meses. Os primeiros tempos não tinham sido fáceis. Os medos e as confusões de Jules em relação a si mesmo, associados aos choques culturais, provocaram diversas discussões que quase levaram ao final do namoro entre eles.

Os problemas começaram logo no dia seguinte. Jules não queria que ninguém soubesse do relacionamento. Isto obrigou os dois rapazes a fingirem que eram apenas bons amigos. Não podiam trocar carinho em público. Após muita insistência e persuasão, Matoskah aceitou que Jules namorasse com uma rapariga que se mostrava interessada nele. Porém, Matoskah perdeu as estribeiras durante um intervalo, dias depois, ao ver Jules a beijar a rapariga com intensidade. Matoskah e Jules por vezes iam namorar para a floresta, mas com a chegada de um Inverno rigoroso, que trouxe consigo muita neve, eles tiveram de procurar novas soluções.

A primeira delas foi os dois ficarem a namorar em casa, depois das aulas. Na casa de Jules, Maurice andava pela casa o dia todo e este nunca conseguia esconder o “entusiasmo” quando fazia sexo com Matoskah. Este revelara-se voraz no que dizia respeito ao sexo. Queria fazer sempre que estavam juntos e o seu corpo era a melhor prova disso. Estava sempre “pronto”.


Jules não conseguia esconder o seu entusiasmo quando estava com Matoskah!


Devido a isso, eles decidiram conviver para casa de Matoskah. 

Um dia, porém, eles foram apanhados por Takoda, quando estavam nus e em cima um do outro! Takoda ficou admirado por vê-los assim, mas considerou a situação muito natural. Afinal, Matoskah passava o tempo nu dentro de casa e por vezes brincava às lutas com ele.


Matoskah estava habituado a andar nu pela casa, mas esse facto ainda fazia confusão a Jules...


Jules saiu apressado da casa de Matoskah sem dizer uma palavra. Ficou a sentir-se pessimamente e cheio de vergonha. Durante alguns dias Jules até evitou frequentar a casa de Matoskah, apesar de este insistir que era o melhor local para ficarem. O irmão não tinha feito perguntas relevantes, nem falado mais no assunto. Procurar um motel estava fora de questão. Jules odiava a ideia, além de que não tinha dinheiro para tal. Apesar de ter um pai endinheirado, este controlava muito os gastos, pois era da opinião que nada se conseguia sem esforço. 

Finalmente, depois de várias tentativas frustradas, Jules e Matoskah acabaram por chegar a um consenso: havia um prédio vazio nos limites da cidade. Era um local que ninguém visitava, que há muito estava em obras de remodelação. Jules ficou contente: aquele prédio era do seu pai! Se alguém fizesse perguntas, ele responderia que andava a visitar aquilo, sob as ordens do pai. Depois de se certificarem que estariam em segurança, combinaram que aquele seria o local onde se encontrariam, já que não tinham muito tempo livre.

E foi assim que a relação deles pôde, por fim, conhecer alguma tranquilidade. Jules e Matoskah transportaram algumas coisas para o prédio, com o objectivo de tornarem o local mais confortável. Matoskah não precisava de nada, já que estava habituado à vida simples na natureza, mas acedeu ao pedido de Jules. Assim, ambos levaram um colchão, roupa, comida, bebidas, tabaco e lenha para fazerem fogueiras nos dias mais frios. Não tardou muito para que um dos andares do prédio se convertesse num ninho de amor.





*6 de Março*


Jules adorava ver a chuva cair na rua. Mais ainda quando estava na companhia de Matoskah, no prédio abandonado. Já chovia há vários dias, mas isso não era problema para eles. Afinal, com o tempo assim, ninguém andava na rua. Depois de fazerem amor, Jules fumou um charro. Tinha descoberto, semanas antes, que isso lhe dava um prazer enorme. Matoskah não gostava dessa atitude, mas como Jules lhe saciava a fome do desejo, ele acabava por não dizer nada. Naquele dia, não era excepção. A chuva caía intensamente. Jules permitiu-se encostar-se à janela do prédio, enquanto fumava, a contemplar a paisagem.

Matoskah encontrava-se num momento de relaxamento, após o orgasmo. A fogueira que tinham criado ardia com vivacidade, pelo que ele se começou a sentir sonolento. Enroscou-se na capa de inverno que levara consigo e olhou para Jules.

- Ainda há momentos estive dentro de ti… E já sinto vontade de entrar novamente! - comentou, enquanto sacava o seu membro para fora, mostrando a Jules que não estava a brincar.      

- Tu saíste-me melhor do que a encomenda, Matoskah! Livra, tu só pensas nisso! Eu estou com dores, sabes? Dá-me tempo! - resmungou Jules, entre risos.

- Vá lá… Ao menos “faz-me um bico”, Jules! - respondeu Matoskah, com voz suplicante.

- Até parece que não fazemos nada sei lá eu há quanto tempo, seu parvo! Acabamos de fazer! E mais: ainda me vais dizer onde aprendeste a falar assim, puto!  

Matoskah levantou-se e aproximou-se de Jules. Abraçou-o contra si e este sentiu de imediato o regozijo do namorado.

- Tonto! Tu és um tonto! - sussurrou Jules.

Ele encostou-se a uma parede enquanto satisfazia o desejo do namorado. Matoskah beijava-o veemente. Jules saboreava com gosto aquele prazer que tinha nas mãos. Ele crescia e endurecia a olhos vistos. Jules fechou os olhos e deixou-se levar. Degustava lentamente, não queria que terminasse depressa. Aos poucos, o falo do Matoskah ingressava naquele domínio tão seu, cada vez mais a fundo. À medida que o fazia, este crescia ainda mais. A língua de Jules deliciava-se com um gosto doce que jorrava do pénis de Matoskah. Jules abocanhou com mais gosto, enquanto Matoskah gemia de prazer. Jules agarrou-se às nádegas duras e perfeitas de Matoskah, enquanto este acelerava o ritmo. Matoskah puxou a cabeça de Jules e beijou-o no pescoço. Colocou-o de quatro.

- Eu preciso disto, Sunka24! - sussurrou Matoskah, enquanto metia o seu dote dentro de Jules.

O ritmo não cessou, muito pelo contrário! Matoskah entrava e saía a grande velocidade, perante um Jules totalmente descontrolado, agarrado às almofadas, com lençol na boca para abafar os gritos e gemidos de prazer. Este revirava os olhos. Parecia-lhe impossível que minutos antes eles tivessem feito aquilo e repetir já estar a ser tão bom! Matoskah também gemia, deliciado. Ele dizia coisas já sem nexo, no seu dialecto.

Jules também não conseguia pensar em nada. Como era bom! O seu membro necessitava de atenção e Matoskah percebeu isso. Não tardou para que este começasse a friccionar o membro de Jules à medida que dava estocadas no sesso deste. De repente, Matoskah desfrutou do orgasmo, ejaculando dentro de Jules. Este sentiu um jorro quente a inundar-lhe as entranhas, escorrer e cair no chão. Delirante, Jules atingiu o orgasmo pouco depois. Deixou que a sua essência se espalhasse pelo corpo de Matoskah, entre gemidos e arfares.





*26 de Abril*


O relacionamento de Jules e Matoskah acabou por esfriar. As discussões tornaram-se frequentes, muitas vezes pela desarmonia de tesões. Matoskah detestava discutir com Jules. Quando este iniciava arengas, ele virava costas, sem dizer nada. Isto deixava Jules à beira de um ataque de nervos, pois não gostava daquela atitude. Preferia que Matoskah berrasse e até mesmo usasse de alguma violência para justificar a sua própria frustração. Assim, Jules acabava por descarregar no seu corpo, cortando-se não só nos pulsos, mas noutras partes do corpo também.



Jules descarrega no seu corpo as frustrações que sente na sua vida...


Com a chegada da Primavera, agora que era um homem adulto aos olhos dos seus semelhantes, Matoskah tinha de estudar e praticar diversas actividades ligadas ao seu povo. Ele acabou por sentir muita necessidade de estar sozinho na floresta, a fim de se concentrar plenamente e treinar para as funções a que estava destinado na sua tribo. 


Matoskah dedica-se cada vez mais ao seu derradeiro objectivo!


Matoskah tinha de estudar a fundo sobre a cultura indígena e por vezes, Chefes da sua tribo e os seus amados ciyé5 vinham visitá-lo e treinar com ele à floresta, junto da cascata onde ele passara as provas, meses antes.

Quanto a Jules, este não abdicava das consultas no hospital e das conversas com Father Simon. Houve dias em que sentiu que aqueles momentos conseguiam ser melhores que os momentos passados na companhia de Matoskah. 


Father Simon ajuda Jules a superar a depressão em que este se encontra!


Embora continuasse sem revelar uma palavra sobre o relacionamento com Matoskah, Jules aparentava estar melhor. Pressionado pelos médicos, ele lá acabou por confessar que estava apaixonado, mas não revelou por quem, até porque ele não tinha certezas quanto ao futuro da sua relação.


*11 de Maio*


Um dia, depois de mais uma discussão com Matoskah, Jules pegou na mota e decidiu sair para espairecer. Estava muito irritado! Para piorar a situação, ele estava sem marijuana! Frustrado, Jules deu algumas voltas pela cidade. Como continuasse com a neura, acabou por dar meia-volta e seguiu viagem até à cidade mais próxima. Ele viajava sem destino. Queria apenas libertar-se daquele desconforto que sentia. Pelo caminho, lembrou-se que numa outra cidade mais a norte existia um bar gay. Ele nunca tinha ido a um. Aquela noite era perfeita para tal. Precisava de conhecer alguém e libertar a frustração que sentia. Isso ou apanhar uma bebedeira fenomenal. Melhor ainda se conseguisse juntar as duas coisas!





Animado com os planos que começava a fazer na sua mente, Jules acelerou e passada uma hora, estava às portas de San Lynch. San Lynch era uma cidade muito mais moderna, quando comparada com Grace Falls. Prédios enormes, cheios de luz e cor, rodeavam Jules. Este procurou uma orientação num mapa da cidade. Como continuasse com dúvidas, acabou por ultrapassar a vergonha que sentia e acabou por pedir ajuda a transeuntes que encontrou e que com amabilidade lhe indicaram o caminho para o “Born2B”, o bar gay da cidade.


Born2B é o bar gay da cidade de San Lynch!


Chegado lá, Jules ficou admirado ao ver o espaço. O Born2B era um espaço moderno, que naquele momento se encontrava cheio de homens. Uns dançavam na pista de dança, outros envolviam-se com outros homens ali mesmo enquanto muitos estavam sentados às mesas ou nas cadeiras do bar, enquanto observavam o ambiente ou se estimulavam. A meia-luz e entorpecido pela música, Jules aproximou-se do balcão e pediu uma bebida. Estava surpreso por ver que ninguém queria saber se ele não tinha idade para estar ali. Na verdade, já se apercebera que havia muitos jovens da idade dele e até um pouco mais novos, que dançavam freneticamente, sem se importarem de estar a ser abordados por homens com idade para serem pais deles. Jules não tardou a cruzar olhares com um homem que estava na penumbra, iluminado às vezes pelas luzes do bar.

- “Aquela cara não me é estranha… Quem será?” - pensou.

O barman, entregou um copo a Jules. Como este se mostrasse surpreendido pelo gesto, o barman disse, com um sorriso:

- Oferta daquele pedaço de mau-caminho!

Jules levantou o copo em direcção ao homem, que levantou o seu com um sorriso. Bebeu a bebida de um só trago e aproximou-se do homem.

- Olá boa noite! Obrigado pela bebida! Eu tenho estado a pensar que a sua cara é-me familiar, mas acho que não nos conhecemos… Eu sou o Jules!

O homem saiu da penumbra e sorriu abertamente:

- Não fomos apresentados formalmente, mas sim, já nos conhecemos de vista! Sou o Dr. Michael, ao teu dispôr!

- Dr. Michael? Ohhh! Você também é gay? - perguntou Jules, espantado.


O Dr. Michael é um dos médicos que trabalha no Hospital de Grace Falls!




O médico começou-se a rir, divertido. Ele era um homem alto, um pouco mais alto que Jules. Ele tinha 28 anos. Michael tinha cabelos pretos, lisos, abaixo dos ombros. Os seus olhos eram castanhos-escuros. Elegante, ele vestia uma t-shirt branca debaixo de uma camisa azul-noite, que estava aberta e calças da mesma cor, bastante justas e que lhe realçavam os atributos. Michael colocou uma mão sobre os ombros de Jules e respondeu:

- Presumo que esta seja a tua primeira vez num bar gay, estou certo? Nem toda a gente que aqui está é gay. Muitas pessoas vêm a bares gay pela música ambiente e pelo espaço em si! Mas sim, Jules. Eu sou gay. Fiquei surpreso de te ver aqui. Mas não te preocupes!

- Oh… Sabe… - retorquiu Jules.

Ele ficou atrapalhado. Tinha-se desmascarado! Como se não bastasse aquilo, a uma figura da cidade dele! Michael riu-se da atrapalhação de Jules e rapidamente ofereceu-lhe bebidas e charros, já que ele também fumava. Muito mais aliviado, Jules baixou as defesas e animado pela música, abriu o seu coração e desabafou. Não conseguiu deixar de sentir um enorme alívio ao fazê-lo. O médico escutava-o com atenção.

- Sabes, Michael? Eu não quero deixar uma marca no Mundo! Eu quero que o Mundo deixe uma marca em mim! Mas também não quero ser renegado, só porque sou do jeito que eu sou…

- Renegado, Jules? Tu achas que vivemos no século XVIII ou assim?

- As coisas não são assim tão simples! Eu… Eu não sei o que eu quero! Eu quero ser feliz! Mas não sei como! Não encontro a felicidade em lado nenhum!

Michael olhou nos olhos de Jules, aproximando-se deste.

- Sabes, Jules? Muita gente questiona exactamente a mesma coisa que tu. Achas que a maioria das pessoas aqui presentes não deseja a mesma coisa que tu? Ser feliz? A felicidade é algo especial por ser efémera. Se ela fosse algo presente o tempo todo nas nossas vidas, ela tornava-se banal… Quanto às tuas dúvidas em relação à sexualidade, eu não sou o melhor conselheiro nessa área. Devias falar com a Mariza ou com o Joshua sobre isso. Mas, da minha parte, enquanto gay, posso-te garantir que todos enfrentamos esses medos e dúvidas que te assaltam o tempo todo. Mesmo quem não é gay tem medos e dúvidas. O medo de sermos rejeitados está inerente na essência do ser humano. Ninguém quer ser rejeitado, Jules. Mas, também não deixa de ser verdade que não há mal nenhum em seres como és, muito pelo contrário. Esses medos fazem parte do nosso crescimento. Renegar a nossa essência, a nossa verdadeira natureza, isso sim, é que nos faz mal. E muito…

- Tu achas que sim? - indagou Jules, pensativo.   

- Não só acho, como tenho a certeza, Jules. Tu és um rapaz tão bonito… Porque tens tanto medo? E já agora... O teu namorado não veio contigo porquê?

- Estamos chateados. Ele só pensa em sexo, sabes? - comentou Jules, com desagrado.

- Ah ah ah ah! Nada de mais natural! Com a vossa idade, eu também pensava sempre nisso! - retorquiu Michael, rindo-se.

Ao fim de várias rodadas, Jules já só dizia coisas disparatadas. Queria ir para a pista de dança dançar com Michael.

- Anda, esta música é porreira! Vem daí! - clamou Jules, dando mãos ao médico e conduzindo-o para o palco!

Ali, os dois jovens deixaram-se levar pelo momento. Michael e Jules tiraram as t-shirts e beijaram-se com volúpia. Outros homens aproximaram-se e apalpavam Jules e Michael, mas estes não davam por nada, de tão focados que estavam um no outro. Quando a música terminou, Michael convidou Jules para irem para sua casa, onde poderiam estar mais à vontade.

Este aceitou de imediato.


*17 de Maio*




- Olhem só as fotografias que postaram da última festa do Born2B! - comentou Rogers, um colega de Jules, durante um intervalo.   

- O quê? O que é isso do Born2B? - perguntou Michelle.

- Um bar em San Lynch! Michelle, tu vais gostar de ver estas! - rematou Rogers, com um ar gozão.



Jules bem tentou manter segredo sobre a sua sexualidade, mas...


Jules aparecia em várias fotografias a dançar de forma ousada, seminu. Numa delas, ele surgia abraçado a um homem mais velho, não dando para ver quem era, enquanto trocavam um beijo.


[Continua...]


E no próximo episódio...

Jules bem tentou esconder de toda a gente, mas uma câmara indiscreta apanhou-o e carregou o seu segredo directamente para a rede social Criss-Cross! Conseguirá o rapaz aguentar este golpe? 

Escrito nas Entrelinhas: Parte 1 ~ Capítulo 13 [FINAL]
31 de Julho de 2020, disponível a partir das 00:00!

2 comentários:

  1. Fiquei com palpitações no coração e podes mandar o médico cá a casa sff?

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    1. O Dr. Michael terá todo o gosto em visitar-te e ver o que se passa contigo! ;)

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