Etecetera #1.1

Acho que toda a gente ficou espantada com dois dos negócios que ocorreram no final da semana passada.

Jorge Jesus foi "convidado" para treinador do Benfica, a troco de 8 milhões de euros por ano (4 milhões limpos só para ele).

O Benfica irá pagar, no imediato, 2 milhões de euros ao Flamengo - o técnico tinha contrato com o campeão brasileiro até Junho de 2021.

No caso do JJ, creio que o principal motivo para o regresso dele seja o facto de Luís Filipe Vieira ir a eleições daqui a uns meses e o novo mandato estar em risco - ele e a equipa que ele apostou perderam o Campeonato - e com isso, cerca de 50 milhões de euros - para além do mau ciclo ao longo dos últimos tempos.

Tem havido muita contestação às decisões do presidente do Benfica e da equipa que trabalha com ele. O Benfica foi das poucas equipas que manteve os seus jogadores a receberem o salário por inteiro no tempo de pandemia - ou seja, ganhavam uma fortuna para ficarem em casa. Resta saber se, com uma nova vaga de COVID-19 ao virar da esquina, terá valido a pena apostar numa cartada tão alta.

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Cristina Ferreira, apresentadora de televisão e uma das figuras mais influentes da panorâmica portuguesa, foi alvo da maior contratação de sempre: a TVI não olhou a meios para recuperar aquela que foi, outrora, a sua "galinha dos ovos de ouro". Para "roubar" a apresentadora à SIC, a TVI aceitou pagar um salário a rondar os cerca de 3 milhões de euros por ano, ficando Cristina Ferreira a cargo da Direcção de Entretenimento e Ficção, para além de se tornar, possivelmente, Accionista da Media Capital, a empresa que detém a TVI.

No entanto, por quebrar contrato com a SIC - contrato esse que terminaria a 30 de Novembro de 2022 - Cristina Ferreira terá de pagar cerca de 4 milhões de euros à SIC. Resta saber quem irá pagar essa quantia exorbitante.

Curiosamente, a novidade não caiu bem na Bolsa de Valores. As acções da Media Capital [a dona da TVI] desvalorizaram mais de 9%. Os accionistas da empresa não ficaram lá muito satisfeitos com este "plot twist".

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Aquilo que me deixa confuso no meio disto tudo é... O Estado deu 15 milhões de euros à Imprensa, dinheiro esse oriundo dos impostos dos contribuintes, porque todos os organismos da Imprensa se queixaram das quebras brutais na Publicidade.

Esse "dinheiro" certamente estará a "aligeirar" as notícias reais, "manipular" algumas informações e agora isto. Um contrato estratosférico com uma pessoa, que não precisa de mais dinheiro, já ganha mais do que 95% da população portuguesa, numa fase em que não se tem certeza de nada, visto que o mais provável é voltarmos ao confinamento não tarda muito.

Afinal, a 2ª vaga de Covid-19 está a caminho e acredito que vá ser muito pior do que a primeira, uma vez que chegará com a gripe e mais tarde o Inverno. Tudo misturado dará um cocktail mortífero para muito boa gente.

Com tantas notícias de pessoas sem comida, sem dinheiro para sobreviver, com uma crise tão profunda e que ainda mal começou, este tipo de contratos - seja no futebol [até porque nem todos os clubes pagam fortunas aos seus jogadores], seja na televisão [existe uma "mão cheia" de pessoas que ganha uma fortuna, enquanto o resto trabalha pelo salário mínimo ou pouco mais]...

... É indecente. É injusto. É rir e gozar com a desgraça de muitos de nós.

Quem toma as decisões havia de colocar a mão na consciência - se a tiver - e tratar de ajudar quem mais precisa - porque é assim que conquistariam as pessoas, ao invés de programas "fantochadas" [o BB2020 é disso o melhor exemplo actual] e de jogos de futebol à porta fechada, sem público.