Capítulo 12
Era já final de tarde quando Matoskah e os amigos chegaram à Reserva. Felizes, saltaram dos cavalos e foram cumprimentar os restantes membros da comunidade. Takoda correu para os braços de Baya Ainila. Matoskah estranhou a alegria que Takoda e Baya demonstraram, mas, antes de ter oportunidade de questionar o irmão, ele foi chamado para ajudar a retirar a bagagem dos cavalos.
Grande parte da tribo deles tinha estado fora, em Grace Falls, para prestarem homenagem no funeral de Jules. Assim sendo, havia muito a arrumar antes de sequer pensarem em comer alguma coisa. Matoskah estava tão entretido que não se apercebeu de que Takoda e Baya deram as mãos pouco depois e com um sorriso que dispensava comentários, afastaram-se para um recanto de uma floresta que existia ali perto.
*Enquanto isso, em Grace Falls…*
Théo demonstrou uma grande pontualidade. O relógio da igreja anunciava as 20 horas quando ele bateu à porta da família Sullivan, com um ramo de flores nas mãos. Laura abriu a porta e ficou surpreendida ao ver o rapaz tão bem-apresentado.
- São para si, senhorita Laura! Espero que goste! - declarou Théo, com uma vénia e um sorriso sedutor.
Laura corou, feliz. Há já muito tempo que não lhe ofereciam flores!
- Awwwww! Théo! Não era preciso! Queres entrar?
- Não quero incomodar, senhorita! Sente-se melhor? A Bianca? Ainda demora muito?
- Estou melhor, obrigada! Quanto à Bianca, a minha filha deve estar mesmo a descer! Bianca! O Théo já chegou!
- Já vou, mãe! Diz ao Théo para me esperar no carro! - gritou Bianca.
Théo despediu-se e obedeceu. Passados dez minutos, Bianca entrou no carro dele e com um sorriso, deu-lhe um beijo.
- Bianca! Uau! Estás linda! - exclamou Théo, completamente abismado.
- Obrigado Théo! Tu estás muito bonito! - respondeu a rapariga, embevecida.
Chegados ao restaurante, Bianca e Théo foram convidados a sentarem-se numa mesa em frente a uma janela panorâmica. Bianca estava encantada. Théo fez os pedidos e rapidamente um empregado veio servir-lhes o vinho, enquanto ambos desfrutavam da vista sobre a cidade. Estava um belo pôr-do-sol.
Discretamente, Théo tocou nas mãos de Bianca e aconchegou-as às suas. Bianca fechou os olhos. Por momentos, só lhe apetecia imaginar que tudo aquilo que tinha vivido era um sonho e que jamais tinha acontecido. Théo suspirou.
- Estás bem, Bianca?
- Ohhhhh! Sim, estou bem! Desculpa, Théo! É que nunca tinha vindo aqui! Os meus pensamentos perderam-se na beleza desta paisagem… - retorquiu Bianca, com ar sonhador.
- Alegra-me saber que ainda te consigo surpreender, minha querida Bianca… - sussurrou Théo, aproximando o seu rosto do de Bianca, para lhe dar um beijo.
- Aqui está a vossa comida...! - declarou um empregado, com ar atrapalhado e de bandeja na mão.
Bianca corou que nem um tomate, tendo um ataque de tosse. Théo recompôs-se na cadeira, chateado! Apetecia-lhe dizer poucas e boas ao empregado! Ele fora muito inoportuno! Bianca bebeu um pouco de vinho e depois levou o guardanapo à boca para esconder o quanto se estava a rir com o momento caricato!
- Desculpa, Théo! - afirmou ela, ao ver o empregado a fugir dali para fora o mais depressa que podia, perante o ar fulminante de Théo.
- Bom apetite! - respondeu Théo, ainda amuado.
Após algum tempo em silêncio, Bianca olhou para Théo e sorriu-lhe. Este retribuiu o sorriso. Ela pegou na mão dele e ganhando coragem, perguntou:
- Théo, tu conhecias bem o meu irmão. Existe alguma coisa, por mais insignificante que seja, que me possas contar sobre ele? Eu gostava de compreender o que aconteceu, efectivamente, com ele!
O rapaz suspirou. Parecia temer aquela pergunta. Colocou os talheres sobre o prato, bebeu um pouco de vinho, passou o guardanapo sobre os lábios e respondeu:
- Bom, o teu irmão era uma excelente pessoa, Bianca. Ele era educado e simpático para toda a gente. Era muito bem visto pelas miúdas da idade dele. Namorou várias. Se não estou em erro, a última namorada que ele teve foi a Michelle, a filha da senhorita Palmer, da loja de ferragens.
- A Michelle? Sim, agora que falas nisso… Sim… Eu recordo-me de ele ter-me falado nessa rapariga. Mas fora isso, o que mais é que tu sabes sobre ele? Eu sei que o meu irmão estava a ser acompanhado pela psicóloga e pelo psiquiatra da cidade… E… Já soube que o meu irmão também fumava erva…. Certo?
Théo ficou surpreendido ao ouvir aquilo! Não esperava que Bianca estivesse tão bem informada! Ele bebeu mais um pouco de vinho enquanto pensava na resposta que havia de dar. Ele tinha prometido a Jules… No entanto, este agora estava morto. Talvez não houvesse mal nenhum em contar. Talvez até fosse uma forma de conquistar Bianca mais depressa!
- Bom… - começou Théo, levemente envergonhado - É verdade… O teu irmão fumava, tal como fumam muitos dos miúdos da idade dele, Bianca…
Esta apercebeu-se que Théo tinha o “rabo preso”. Fazendo um ar sedutor, procurou tirar proveito disso.
- Vá lá, Théo…. Conta-me! Conta-me tudo…
Théo pagou a conta do restaurante e disse:
- Está bem! Eu conto-te, mas não aqui! Vamos para um sítio mais sossegado!
Compreendendo aonde é que Théo queria chegar, Bianca acedeu. Continuou o seu jogo de sedução, disposta a tudo para sacar as informações que pretendia. Théo conduziu o carro até ao topo das Harpy Mountains, onde puderam apreciar a natureza e um céu totalmente estrelado.
Bianca saiu do carro e encostou-se ao capot, sendo seguida de Théo, que a abraçou e beijou.
- Conta-me o que sabes, Théo! Eu quero saber porquê que o meu irmão morreu! - pediu Bianca, com carinho, entre beijos.
Apaixonado, Théo pegou nas mãos de Bianca e olhando o horizonte, contou:
- O teu irmão há muito tempo que andava com problemas, sabes? Ele já tinha sido seguido pela Dra. Mariza no passado. Não se sentia bem consigo mesmo. Ao ponto de… Bem… Isso afectar a sua intimidade com as namoradas…
- Afectar? Como assim? - perguntou Bianca, admirada!
- O teu irmão não conseguia… Hummmm… Tu sabes…! - resmungou Théo, virando o rosto. Aquilo não era conversa para ele ter com uma mulher!
- O meu irmão não conseguia o quê, Théo? Explica-me!
Théo fungou.
- Pronto! O teu irmão gostava das namoradas, mas não conseguia ficar excitado! Ele pediu-me ajuda para isso!
Bianca ficou surpreendida!
- O quê? Com aquela idade? Estás a falar a sério? E o que foi que tu fizeste, Théo?
- De início, eu receitei-lhe umas pílulas que o ajudassem a descontrair nesses momentos… Mas… Antes que fiques chateada, aquelas pílulas eram placebos! Eu próprio as preparei no laboratório da farmácia!
- Então e depois?
- O teu irmão passou a visitar-me com frequência! As pílulas faziam efeito! Ele estava mesmo feliz com isso! Um dia, porém, eu descaí-me e disse-lhe que não eram pílulas com poderes milagrosos. Ele confrontou-me e eu tive de lhe confessar a verdade. Disse-lhe que eu acreditava que ele estava com medo, por serem as primeiras relações, ele querer passar boa imagem e….
- Ele não deve ter ficado nada satisfeito por ouvir isso! - comentou Bianca, ainda admirada com tudo o que estava a descobrir.
- Sim, ele ficou chateado. Um bocado. Durante uns tempos não me procurou, nem falou comigo. Entretanto, ele recomeçou a ser seguido pela psicóloga e não tardou a ser seguido pelo psiquiatra. O psiquiatra passou-lhe medicação para ele dormir e medicação para uma depressão severa.
- E mais? - perguntou Bianca, triste.
- Sei que o teu irmão procurou também o apoio do Father Simon. Ele quando vinha à farmácia, pedia-me sempre para guardar segredo sobre as pílulas e que não contasse a ninguém sobre as medicações. Ele gostava de passar a ideia de que estava tudo bem com ele, mas na verdade, aos poucos, eu fui-me apercebendo que ele estava muito infeliz.
- Porquê que não me avisaste, Théo? - questionou Bianca, quase a chorar.
Théo suspirou longamente.
- Já te disse. O teu irmão pediu-me segredo. Ele não queria que ninguém ficasse preocupado. Houve um tempo, mais tarde, em que ele andava feliz da vida, quando aqueles indígenas vieram viver para a cidade…
- Estás a falar da família Chayton?
- Sim, esses mesmos! O teu irmão dava-se muito bem com o rapaz mais velho, o…
- Matoskah…!
- Sim, isso! O Matoskah! Dava-se tão bem com ele e com a família deles que até passou a andar descalço! Lembro-me de que isso causou imensa estranheza e falatório na cidade. No entanto, o teu irmão parecia feliz, de verdade, pelo que não liguei importância.
- Então… O meu irmão andava descalço, hã? Não sabia disso! - comentou Bianca, pensativa.
- É curioso, sim! Mas acredita que ele e o outro rapaz davam-se mesmo bem. Tão bem, que…
Aqui, Théo calou-se subitamente. Levou as mãos à boca. Sentia que as próximas palavras que conseguira prender a tempo iriam estragar a noite.
- Tão bem, que…? - insistiu Bianca.
- Ohhhhh…! Deixa para lá, Bianca! O teu irmão não precisa que andes a remexer no seu passado. Não é justo, nem vale a pena! Ele morreu, certo?
- Ele pode ter morrido, mas tu estás a fugir à pergunta, Théo! Tem alguma coisa a ver com aquela reportagem que passou na televisão sobre o bar gay? Achas que o meu irmão e o Matoskah eram gays um com o outro?
Tentando suavizar o momento, Théo suspirou:
- Aquilo que se comentava na cidade é que o tal índio era o guarda-costas do teu irmão, Bianca! Não sei de nada quanto ao resto! É isso que eu sei!
Bianca fungou o nariz. Tinha a cabeça a andar a mil. De manhã, as informações que Shappa e Agatha lhe tinham dado. Agora de noite, as informações que Théo lhe estava a dar sobre o seu irmão. Ela sentia que precisava de tomar um bom duche e ir para a cama.
- Olha, Théo! Eu peço-te desculpa, mas quero ir para casa. Não estou a sentir-me bem…
- Foi por minha culpa? Eu disse algo que não devia? Desculpa-me, por favor! - retorquiu Théo, beijando Bianca.
Esta afastou-o subtilmente e entrou no carro. Percebendo o sinal, Théo entrou no carro com cara de caso. Já se tinha arrependido de ter falado sobre Jules. Aquilo só iria dar confusão.
Eles seguiram em silêncio até casa de Bianca. Esta trocou um beijo rápido com Théo e com a promessa de um telefonema, este partiu, a grande velocidade. Bianca entrou em casa, falou um pouco com os pais e foi para o seu quarto. Estava muito cansada. E triste com o que estava a descobrir sobre o irmão.
*7 de Julho de 2017*
- Já viste a notícia que temos para hoje? Recomeçou a festa! - gracejou Cher, enquanto colocava o auricular no ouvido direito.
- Essa tua língua… Qualquer dia tu ainda vais pagar por seres tão venenosa… - criticou Mitch, entredentes.
Uma voz-off masculina anunciou na televisão:
- “Em directo dos estúdios da GFNews, esta é a edição das 21 Horas!”
Depois de apresentarem um resumo das notícias do dia, Cher fez uma cara séria e virando-se para a câmara, anunciou:
- “Senhores telespectadores, temos uma notícia de última hora para anunciar! Isto é capaz de incomodar e até chocar as pessoas mais sensíveis, mas aqui vai: foram encontrados os corpos dos 3 jovens desaparecidos no início deste mês. Eles suicidaram-se.”
Uma
foto com dois rapazes e uma rapariga surgiu no ecrã.
Em casa dos Sullivan, Bianca, que assistia às notícias com os pais, deu um grito.
- Ó meu Deus! Eu conheço aquele rapaz, o Kyle! Ele é meu aluno!
Cher prosseguiu:
- “Os jovens desaparecidos são: Kyle Tails, de 14 anos, natural de San Diego, na Califórnia; Frederic Milles, de 14 anos, natural da nossa cidade, Grace Falls; Violet Walsh, de 12 anos, natural de Nova Iorque. Os 3 jovens gravaram um vídeo, supostamente hoje, antes de cometerem o suicídio. No vídeo que vamos apresentar a seguir, vemos os jovens a cantar uma canção de despedida. Por razões de respeito às famílias e aos telespectadores, não passaremos o vídeo todo, que incluí o suicídio colectivo. Vejamos o vídeo que os jovens publicaram na rede social Criss-Cross.”
A imagem de Cher desapareceu. Os 3 jovens apareceram num vídeo, com ar bastante abalado. Sorriram tristemente para a câmara enquanto cantavam:
“[Kyle]
Porque temos de continuar a sofrer?
Eu não quero magoar mais ninguém
Se a vida é um jogo, então eu quero desistir
O que é que vocês acham?
[Violet]
Eu não tenho tempo para procurar um motivo
Eu não quero que ninguém roube o meu bem mais precioso
Eu não vou fugir, eu vou acabar com este tormento
O que é que vocês acham?
[Fred]
Eu sei que ninguém me entende, agora
Mas sei que um dia tudo fará sentido!
[Kyle, Violet, Fred]
Primary Colors
Nós temos medo
[Kyle]
Temos medo de acreditar em nós mesmos!
[Kyle, Violet, Fred]
Primary Colors
Entregamos o nosso destino à Mão Divina!
[Violet]
Porque quando dermos as mãos
[Fred]
Nós seremos infinitos!
[Kyle]
Eu não sei dizer se é certo ou errado
Mas nós estamos cansados de sofrer, percebem?
As nossas vidas são muito complicadas
O que é que vocês acham?
[Violet]
Eu só confiava em mim mesma
Até conhecer a Mão Divina!
Eu não quero mais continuar!
Cheguei ao meu limite…
[Fred]
Eu sei que não sou forte,
Mas eu tenho a certeza de que tudo ficará bem, agora…”
- “Perdoem-nos…” - suspirou Kyle, enquanto cortava os seus pulsos com violência, sendo seguido pelos restantes.
Os três jovens entraram numa banheira cheia de água, enquanto davam as mãos, sorrindo e chorando ao mesmo tempo. Prepararam-se para o grande momento. Bianca chorava e gritava desesperada, agarrada à televisão.
- Kyle! Não faças isso! Por favor, Kyle!
- Filha! - gritavam Eddie e Laura, abraçando Bianca com força.
“[Kyle]
Ninguém sabe,
Mas de certeza que tudo ficará bem, agora…
[Kyle, Violet, Fred]
Primary Colors
Nós temos medo
[Kyle]
Temos medo de acreditar em nós mesmos!
[Kyle, Violet, Fred]
Primary Colors
Entregamos o nosso destino à Mão Divina!
[Violet]
Porque quando dermos as mãos
[Fred]
Nós seremos infinitos!
[Kyle]
Nós somos as três cores primárias…
E juntos com a Mão Divina, nós seremos infinitos!”
Kyle, Fred e Violet abraçaram-se, trocaram um beijo e ligaram vários aparelhos eléctricos a tomadas que tinham próximas da banheira. O vídeo foi interrompido nesse momento. Cher reapareceu no ecrã.
- “Estes três jovens foram encontrados mortos, num quarto de um motel na cidade de Loveland, no estado do Colorado. De acordo com a autópsia preliminar, eles morreram electrocutados.”
Eddie desligou a televisão. Bianca chorava descontroladamente.
- Ó meu Deus, porquê? Porquê? O Kyle era um menino tão bom! Porquê?
- Tu conhecias aquele rapaz, filha?
- Era meu aluno, pai! E olha que era um aluno bem aplicado, bem popular! No entanto, ele tinha problemas de autoestima… Sofria com o desprezo da família dele…. Queriam ter uma filha e tiveram-no a ele… O pai dele dizia-lhe muitas vezes que ele era um desgosto, vejam lá vocês!
- Mas que pai! Que grande filho da…! - resmungou Eddie, furioso!
- Eddie! - criticou Laura.
- Estou revoltado, Laura! Tu já viste ao ponto que estes miúdos estão a chegar? Já paraste para pensar no que terá levado o nosso Jules a cometer suicídio?
Laura sentou-se e colocou as mãos sobre a cabeça. Não queria pensar nisso. Lembrou-se do seu segredo e ficou inquieta. Seria possível?
*11 de Julho de 2017*
O dia em que Laura iria encontrar-se com a pessoa que lhe enviara missivas ameaçadoras chegara finalmente. O que iria acontecer? Eddie tinha regressado ao seu trabalho e Bianca estava com Shappa, quando Laura saiu de casa, deixando um bilhete em cima da mesa. Estava bastante nervosa.
Ela telefonou para a Uber e pouco tempo depois, um carro parou à porta de casa dela, buzinando uma vez. Laura saiu imediatamente. Entrou no carro e pediu ao condutor que a levasse até ao Pico do Diabo, uma montanha que ficava na fronteira com o estado seguinte. Faltavam alguns minutos para as 16 horas quando chegaram.
- A madame deseja que aguarde? - perguntou o motorista, solícito.
- Não, não! Pode deixar! Eu vim ter com uma amiga! Se eu precisar, eu depois entro em contacto com vocês! Muito obrigado! - respondeu Laura, pagando a viagem e saindo do carro, apressadamente.
- Muito bem, madame! Até uma próxima! - respondeu o motorista da Uber, acenando-lhe uma última vez. Este deu meia-volta e partiu a grande velocidade.
Laura não sabia o que estava ali a fazer. Uma série de dúvidas assaltou-lhe o pensamento. Ao longe, o sino de uma igreja batia quatro badaladas. Laura caminhou rumo ao pico da falésia, não se apercebendo de um par de olhos que a observava na penumbra das árvores. Respirou fundo, enquanto se perdia em pensamentos, a ver a paisagem.
- Laura Sullivan, presumo? - inquiriu uma voz metálica, de repente, por entre as árvores.
A mulher deu um guincho tão estridente que um bando de pássaros voou disparado do meio da floresta que rodeava aquela zona, rumo aos céus.
- Sim, sou eu! Quem está aí?
Um homem mascarado saiu do bosque. Era uma figura alta e esbelta, que lhe fazia lembrar alguém.
- Não nos conhecemos, presumo? - perguntou Laura, nervosa.
- Já tivemos esse desprazer, mas já lá iremos, minha cara senhora… - respondeu a voz metálica, num tom apreensivo.
Laura percebeu o tom com que fora dito “senhora”. Havia ali uma espécie de raiva contida! Quem seria o homem mascarado? Enchendo-se de coragem, Laura questionou:
- Presumo que foi você quem me enviou as missivas? O que é que sabe sobre mim, afinal?
O homem sacou de uma pistola, à qual deu um beijo e acarinhou como se fosse um objecto muito estimado. Laura ficou assustada!
- Não tenha medo, senhora! Antes de tudo, deixe-me dizer-lhe que eu não sou o único que sabe do seu segredo! Recorda-se desta canção? - respondeu o homem, empunhando a arma e tirando um gravador do bolso.
[???]
Depois de ti,
Ficou o teu lugar...
Na cama onde morri,
De tanto te esperar...
Chorei!
Mas acordei, por fim!
Esta vida, é mesmo assim!
Depois de ti,
Fiquei aqui parada...
À espera de te ouvir,
Chegar de madrugada!
Chorei!
Mas acordei, por fim!
Esta vida, é mesmo assim!
Se amanhã, um dia...!
Tu, precisares de mim!
Vem, entra e senta-te à vontade!
Quero ver o que vais fazer,
Ao sentires como eu mudei!
Como eu me perdi de ti,
E me encontrei!
- Ó meu Deus! Não pode ser! Isto não pode ser possível! - gemeu Laura, chocada! - Por favor! Tenha piedade de mim! Por favor! - suplicou, ajoelhando-se perante o homem mascarado.
- Levante-se, senhora! Você não tem perdão possível, Laura Sullivan! O seu segredo causou uma dor imensa! Uma dor que você jamais poderá apagar! - explodiu o homem, retirando a máscara.
- Ó meu Deus! Eu sabia! Eu sabia que este dia haveria de chegar! - gemeu Laura, chorando copiosamente, ao ver o rosto escondido por detrás da máscara.
- Já sabe quem sou, senhora?
- Reconheceria essa expressão em qualquer lugar do mundo…. - gemeu Laura, derrotada.
O temível segredo de Laura seria descoberto se aquela pessoa abrisse a boca. Ela aproximou-se do homem, abrindo a sua mala, que estava cheia de dinheiro. O homem viu a mala, riu-se com desdém e empunhou a arma directo ao peito dela, empurrando Laura para a ponta do precipício.
- Eu não quero o seu dinheiro para nada! Eu quero a vida que você me roubou! Adeus, Laura…! - sussurrou o homem.
- Perdoa-me…! - gemeu Laura.
- NUNCA! Depois daquilo que você fez…. Vá para o Inferno, senhora! - vociferou o homem.
Com uma fúria desmedida, a arma foi disparada. Laura foi atingida em cheio no coração, caindo do topo do precipício, com os olhos suplicantes, marejados de lágrimas.
Laura Sullivan é morta devido a um grande segredo! Que segredo será esse?
Quem matou Laura Sullivan? Peguem nas vossas lupas de detectives, juntem as pistas que estão escritas nas entrelinhas e preparem-se para desvendar estes e outros mistérios!!
[Continua...]
Emocionantemente a saga continua ...
ResponderEliminarE entramos na contagem decrescente para o final desta história!
EliminarMuito bom, gostei muito :)
ResponderEliminarObrigado Francisco! <3
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