Hoje dou início a uma nova temática aqui do blogue. Em "Viagens Na Minha Terra", deixarei fotos de locais que tenho andado a visitar. Neste 1º post, vou falar sobre uma trilha que fiz em Valongo!
Valongo fica a cerca de 35 kms do local onde vivo. Lá existe um local chamado Parque Paleozóico, que contém fósseis de Trilobites e outros seres da Era Paleozóica. Para além disso, tem uma estrutura geológica que nos permite conhecer e compreender melhor a História do próprio Planeta Terra.
Este Parque tem várias trilhas, cujo percurso e grau de dificuldade variam.
Subir a Serra de Santa Justa, partindo do ponto da 1ª fotografia é relativamente fácil, até para trilheiros iniciantes - que deve ser o meu caso. Caminho muito mas não costumo fazer trilhas. Pelo caminho, dentro das florestas, podemos ver essas fissuras que são um pedaço da História Geológica da Terra.
Chegados ao topo da serra, temos uma "capela", a Igreja de Santa Justa, Santa Rufina e S. Sabino.
Igreja de Santa Justa e Santa Rufina!
História destas Santas:
Santa Justa e Santa Rufina - eram duas irmãs sevilhanas, que morreram como mártires, em 286 D.C. Tudo começou depois de se recusarem a vender loiças num festival pagão, já que elas eram cristãs. Elas foram torturadas pelo alcaide da cidade onde viviam, mas nem assim aceitaram renunciar à sua fé. Depois de terem sido torturadas com cavaletes [onde foram penduradas] e ganchos de ferro, foram enviadas para a prisão, onde não tinham direito a comida.
Nem isso as demoveu da sua fé.
Foram obrigadas a subir, descalças, a Sierra Morena, uma cordilheira no sul de Espanha. Nem assim desistiram. Desesperado, o alcaide mandou prendê-las de novo, sem direito a água nem comida. Santa Justa morreu primeiro e o seu corpo foi atirado a um poço, sendo mais tarde recuperado pelo Bispo de Sevilha. Santa Rufina não abdicou da sua fé, nem com a morte da irmã. Assim, o Alcaide mandou-a ser entregue aos leões, mas... O leão não a comeu! Muito pelo contrário. Perante a Santa, ele rebolou e agiu como se fosse um grande gato doméstico!
Mais furioso do que nunca, o estupor do alcaide mandou decapitar Santa Rufina e queimar o corpo! O Bispo acabou por recuperar o corpo - o que restaria dele, né? - e colocou-o junto da irmã em 287 D.C.
As duas Santas são as Padroeiras de Sevilha, da Giralda e da Catedral de Sevilha, que acredita-se ter sido salva da destruição por elas, durante o terramoto de 1755.
A capela não é grande, mas tem uma surpresa: por 0,50€ podemos subir à torre!
Aqui consegue-se ver até ao Aeroporto Sá Carneiro!
Mais para a direita temos Arouca bem lá ao fundo, a cerca de 70 kms da minha casa!
Vista do cimo da Torre, dá para ver Vila nova de Gaia, Valadares e arredores, até Espinho!
As vistas são espectaculares do cimo da torre da capela, embora o espaço seja exíguo. Quando subi, um casal com filhos pequenos decidiu "copiar-me", pelo que ainda se tornou mais difícil estar a apreciar a beleza em redor, mas vale a pena!
Temos uma vista sobre toda a área metropolitana do Porto, dando para ver até a área da Refinaria em Leça do Balio e do Aeroporto Francisco Sá Carneiro! Infelizmente, as câmaras dos telemóveis ainda não têm tanta capacidade quanto os olhos humanos, mas a vista é de facto um espanto.
Saíndo da igreja, fui em direcção ao ponto alto da visita: os Tronos Romanos.
Na área de Valongo existem 3 Tronos, denominados Tronos Romanos, que visam "congratular" os trilheiros que completam os percursos. Da Igreja de Santa Justa ao 1º Trono pouco mais são que 10 minutos, novamente a subir!
Perto do 1º Trono, temos um marco da altura a que nos encontramos, a mais de 300 metros acima do nível do mar!
A posar junto do soldado romano, que tem um leão muito semelhante ao Leão de Belfort!
Belfort é uma cidade no nordeste de França, perto da fronteira com a Suíça!
Um merecido descanso no Trono!
A partir daqui, ainda subimos mais um pouco até à montanha seguinte. Pelo caminho encontrei um cristal de quartzo, que guardei de recordação. Já se sabe que depois de subir, temos de descer, não é?
Aproveitei o início da descida, do outro lado da serra, para almoçar, enquanto apreciava as vistas. Estava um calor do caraças, ali no meio da natureza, sem ninguém. Uma verdadeira paz... Apenas cortada pontualmente por ciclistas, mais ou menos jeitosos! ;P
Aqui, já agarrado a dois paus! xD
Como disse anteriormente, as vistas são espectaculares e as câmaras dos telemóveis não conseguem captar a beleza que os nossos olhos vêem. Ainda assim, espero que as fotos vos permitam apreciar um pouco!
Dizem que para descer, "todos os Santos ajudam". Pois aqui, vocês bem precisam da ajuda de todos os Santos e mais alguns! Valeu-me a sábia decisão de levar dois paus, porque o terreno é a pique, escorregadio, em xisto, o que faz esta nova descida, pelo outro lado da serra, uma verdadeira aventura!
Parece uma descida fácil e pequena, mas não se deixem enganar! Levam um bom tempo a descer com cuidado, para não caírem! Tragam calçado adequado, para além dos paus de trilhas, para terem um apoio adicional nas descidas íngremes [ou na subida de regresso, se for o vosso caso!]
Depois de uma descida atribulada, eis que nos deparamos com um baloiço junto de um precipício!
A vista é lindíssima e a experiência de andar de baloiço aqui, também!
Pouco depois deste baloiço, encontrei um ciclista
que parecia querer algo, mas acabou por se acorbardar e que seguiu viagem, antes de eu chegar até ele. Perto desse local, estava uma casa para deleite da criançada.
Uma casa no meio da serra, literalmente! Tem campainha e tudo!
Na casa, dentro da caixa do correio, existe um caderno de notas, onde podemos escrever uma memória. Foi giro ver o que dezenas - senão centenas de pessoas - escreveram ao longo dos anos, visto que havia registos com vários anos e muitas folhas tinham vários escritos de datas diferentes! um verdadeiro pedaço de Tempo e de História, guardado ali!
Como não podia deixar de ser, eu também deixei uma mensagem para memória futura! ^_^
Seguindo viagem, rumo ao sopé da serra, a paisagem mostra-se mais árida, mais vazia, uma vez que a acção humana é inevitável.
O caminho parece não ter fim! xD
Quanto mais andamos, mais nos damos conta do quão alto estávamos anteriormente...
Não sei se conseguem perceber, mas aqui o caminho volta a ser uma descida a pique, rumo ao Rio Ferreira!
Após uma descida onde é muito fácil escorregar e cair [mais uma vez, aconnselho a trazerem os bastões de trilhas e calçado adequado - o que não foi o meu caso!], chegamos ao Rio Ferreira! Com o calor que se fazia sentir, a minha vontade foi tirar a roupa toda e mergulhar no rio. Como não tinha toalha, e nem sempre estava sozinho - aqui no rio havia outras pessoas a passear, visto que já estava próximo de São Pedro da Cova - acabei por me conformar em colocar os pés de "molho", o que já foi uma delícia!
Umas libélulas que me acompanharam no rio, enquanto recuperava as forças!
Depois de descansar um pouco, prossegui viagem, junto ao rio.
Um dos paus ficou pelo caminho, mas o outro ainda me acompanhou durante muito tempo!
Deixem-me dar-vos outra dica: não se fiem muito no Google Maps. Eu queria encontrar o caminho para regressar de outra forma a Valongo, mas ele confundiu-me de tal forma, que acabei por andar às voltas até encontrar um caminho funcional - ele até me levou a um caminho sem saída, que só seria possível de fazer, se eu escalasse a montanha!
Impressionante de pensar que, horas antes, estive ali no topo!
Depois de andar às voltas, lá optei por seguir o rio e foi a escolha certa. Hoje sei quais os caminhos a fazer, graças a outros aplicativos que não o Google Maps!
Depois de atravessar o rio e mais umas duas horas de caminhada dentro da floresta, tanto a subir, como a descer, lá encontrei uma segunda ponte, esta flutuante, que permitiria o regresso a Valongo!
Pelo caminho, encontrei esta "pérola"...
A Natureza tem destas coisas! xD
Ainda ri-me muito com a fotografia acima!