18 janeiro 2020

Sombras da Luz: Amanhecer ~ Capítulo 1

Sombras da Luz: Amanhecer ⚔️🏳️‍🌈💘💔🐉🚀

Uma ameaça. Um Mal Desconhecido, capaz de derrotar os próprios deuses! Este é o mote de partida desta saga. Mikel terá de descobrir quem é o Filho do deus Neptuno, ao mesmo tempo que desperta para a sua verdadeira jornada!


Sombras da Luz: Amanhecer ~ Capítulo 1




Chorar não vai curar as minhas tristezas!
É apenas uma maneira de eu sentir a cobardia
Que se instalou no meu coração!

Eu quero acreditar no início deste pequeno sonho:
O meu coração voltou a bater, a dor ficou para trás!

Embora nesta confusão eu tenha perdido a visão do Amanhã,
Os meus pensamentos continuam em busca do Futuro!

Apesar de eu estar desgastado de tanto chorar,
Eu sei que no final do Arco-Íris
As Sombras da Luz irão Despertar!



*Algures no Espaço Sideral...*


- Porque nos terão chamado? - perguntou uma voz forte, tipo trovão, enquanto avançava em passos apressados.

- A mim, admira-me que nos convoquem, em primeiro lugar... - comentou uma segunda voz.

- Sim, lá isso é verdade... Quando foi a última vez que houve um concílio? Aí há uns 5000 anos atrás, não? - perguntou a primeira voz, divertida.

- Ora...! Eu sei lá! Tu achas que eu não tenho mais nada que fazer do que perder Tempo a contar o Incontável? - resmungou a segunda voz.

- Está bem! Está bem! Não te aborreças, Anúbis! Eu estava a brincar! - respondeu o dono da primeira voz, rindo-se divertido.

- Humph! Acho melhor que regressarmos à nossa forma energética, Hórus! Se continuarmos assim, nunca mais lá chegamos! - respondeu Anúbis.

Com um aceno de cabeça, os dois deuses egípcios transformaram-se e mudaram de forma. Hórus e Anúbis eram dois dos deuses do panteão egípcio que outrora caminhara sobre a Terra. Hórus tinha um corpo físico semelhante ao dos homens e uma cabeça de falcão. Anúbis, o seu avô, era mais musculado que o neto e tinha uma cabeça de chacal. 


Hórus

Anúbis

Ao regressarem à sua forma etérea, os dois deuses tornaram-se mais leves do que o próprio ar. Eles deslocavam-se através do Espaço, onde não existe gravidade. Ao regressarem à sua forma etérea, passaram a viajar muito mais rapidamente. Havia momentos em que eles se deslocavam à velocidade da luz. Desde o encontro com Mikel1, uma série de acontecimentos invulgares andava a ocorrer pelo Universo fora. Hórus achava que esse era o motivo pelo qual o Concílio tinha sido convocado.

- Onde é o ponto de encontro? Já não me recordo...! - perguntou uma bonita ave em chamas, uma Fénix [Hórus], meio ensonado.

- Francamente Hórus, és sempre o mesmo! O ponto de encontro é em Spodeth! Segue-me! - respondeu um Chacal-Dourado [Anúbis], voando a uma velocidade superior à velocidade da Luz. 

Hórus riu-se divertido. Sem dizer mais nada, seguiu atrás do avô, tentando acompanhar a velocidade deste. Spodeth era uma estrela visível a olho nú do Planeta Terra. Na realidade, Spodeth não era uma estrela, mas sim duas estrelas-planetas! Uma delas era Azul e chamava-se Spodeth-Alpha. A outra era Vermelha e chamava-se Spodeth-Ómega.

Spodeth-Ómega era uma Estrela-Planeta totalmente desconhecida, oculta pela luz de Spodeth-Alpha. Ninguém sabia da sua existência, a não ser os deuses. Foi para lá que Hórus e Anúbis se dirigiram, assim como outros deuses e deusas, convocados pela mesma entidade.

Chegados lá, depararam-se com um cenário idílico. Um belo jardim, rodeado de inúmeras flores de todos os tipos, vastos prados verdes, fontes a jorrar aqui e ali. Ninfas banhavam-se em riachos e cachoeiras, para delírio de alguns deuses e deusas. Dois rapazes, de seus nomes Apolo e Jacinto, trocavam carícias num dos muitos recantos do jardim, para delírio e alguma raiva de várias ninfas que os observavam, embevecidas pela beleza dos dois jovens deuses.

Apolo era um deus bastante alto, com um corpo atlético, delgado, pernas firmes e torneadas. Musculado quanto baste, não tinha problemas em andar desnudado, mostrando os seus atributos a quem quisesse ver. Os seus olhos eram azuis, brilhantes como duas safiras acabadas de polir. O seu cabelo era castanho-claro a fugir para o loiro e terminava em cachos sobre os seus ombros largos. Sorvia uma taça de um néctar vermelho. Um líquido conhecido por vinho entre os humanos. Essa bebida era algo a que nem os deuses resistiam.

Jacinto era mais baixo e mais jovem do que Apolo. Tinha cabelos castanhos, bastante compridos e um ar andrógino. Esbelto, a sua beleza ficava realçada   quando estava junto de Apolo. O rapaz tinha olhos esverdeados, como duas águas-marinhas. Possuía umas curiosas orelhas pontiagudas, que se diziam ser um sinal dos deuses primordiais. Graças a elas, Jacinto tinha o dom de escutar mensagens muito especiais, oriundas dos mais altos planos celestes. O rapaz era muito estimado por todos e quando falava, prestavam-lhe sempre muita atenção. Tal como Apolo, Jacinto estava nu. Ele sorria feliz, abraçado a Apolo, enquanto este sussurrava-lhe algo ao ouvido. Os dois sorriram um para o outro. Beberam da mesma taça de vinho. Beijaram-se.


Apolo e Jacinto

Cavalos alados conversavam animadamente sobre uma corrida que tinham feito. Um deles, mostrava-se particularmente feliz e orgulhoso por ter ganho, mas os seus “rivais” não pareciam impressionados. Pelo contrário, trocavam elogios entre si. O grande vencedor tinha sido um cavalo alado chamado Árion. Ele era filho de Gaia, a deusa guardiã do Planeta Terra. Árion era um cavalo de grande porte, preto, com uma enorme crina vermelha e asas negras. Diziam as lendas que Árion tinha um cavalgar tão leve que ele era capaz de correr sobre a água sem se molhar e correr por cima de espigas de milho sem as partir.

Javalis, cavalos, centauros, pavões, gatos, cães, leões, ursos, borboletas, cabras, inúmeros pássaros e algumas serpentes vagueavam pelos jardins. Tudo parecia estar em perfeita harmonia. À medida que o tempo ia passando, outros deuses e deusas ancoravam em Spodeth-Ómega! 

Não tardou muito para que se desse início a uma festa! Felizes por reverem amigos que já não viam há imenso tempo, os deuses não tardaram a preparar um verdadeiro banquete! Animado com o clima de festa que se tinha instalado, Hórus foi ter com os jovens Apolo e Narciso e inquiriu:

- Olhem lá... O que me dizem a cantarmos alguma coisa para animar este reencontro?

Antes que estes pudessem responder, com um clarão de luz eis que surge Artémis, a irmã gémea de Apolo, dona de uma inigualável beleza. Ela possuía longos cabelos loiros, aos quais havia acrescentado uma coroa de botões de rosa, em vários tons e cores. Os seus olhos eram azul-água, muito brilhantes, tal como o irmão. A sua pele era de tom rosáceo, muito suave e delicado ao toque. Os seus lábios, carnudos, eram da cor das cerejas maduras. Ela vestia uma bela armadura dourada, com um decote em V, já que ela era uma deusa avantajada. O seu corpo era elegante e tinha umas pernas compridas e bem musculadas. Artémis sorriu e abraçou Hórus, pois já não o via há mais de 1000 anos.

- Há quanto tempo, Hórus! 

Artémis passava a ponta dos dedos pelo peitoral do deus, de forma provocante. Fazendo-se desentendido, Hórus coçou a cabeça e indagou:

- É verdade! Parece que ainda foi no outro dia...

- O que estavam a falar, vocês os três?

Jacinto sorriu.

- Oh, o Hórus estava a propôr cantarmos alguma coisa para celebrarmos este reencontro! Afinal, não é todos os dias que nos reunimos!

Apolo rematou:

- Parece-me uma excelente ideia! Vamos a isso?





[Hórus]

Às vezes, a dor é causada pela Amizade, por vezes, é causada pelo Amor!
Eu apostei o meu coração em pessoas em quem confiava!
A dor dura apenas um Momento, o Amanhã está a chegar!
Mesmo que o amor te abandone, não chores de Tristeza.

[Artémis]

Eu não gostava de mim.
Eu reclamava de tudo à minha volta.
No entanto, havia uma razão para viver neste Mundo...
A vida é curta demais para não valorizarmos o amor!

[Apolo e Narciso]

Sorriam mesmo quando seja difícil e esteja a doer!
Esqueçam as palavras que deixam cicatrizes dentro de vocês!
Esqueçam tudo, não chorem!
Abram as vossas asas escondidas e voem rumo aos vossos sonhos!


A música foi um grande sucesso! 

Todos os presentes bateram palmas e prosseguiu-se com a festa! 

Os deuses rapidamente esqueceram-se do motivo que os levara a estarem reunidos. Afinal, quem os havia convocado não aparecera! Muitos deuses, depois de comerem e beberem, deixaram-se levar pelas emoções tanto do corpo, como do espírito. Não tardou para que muitos deles se agrupassem, atrás de moitas ou arbustos, para estarem mais à vontade!

Várias horas depois, um estrondoso trovão pôs fim à festa! 

Escutaram-se gritos por todo o lado! As ninfas não tardaram a voar por todo o jardim, aos guinchos. As deusas assumiam uma forma etérea, se percebessem que não estavam sóbrias o suficiente para o que iria acontecer! Os deuses podiam fazer a mesma coisa. No entanto, eles sabiam que era preferível assumirem a sua forma divina, pelo que o melhor era estarem o mais “limpos” possível.

Instantes depois, um vulto encapuzado apareceu no centro do jardim. Era Vesta, a deusa do Fogo Sagrado. Ela era uma deusa muito respeitada por todos os outros deuses. Ajoelhando-se, Vesta levantou o capuz para trás, libertando os seus longos cabelos cor de fogo. Ela era uma deusa mesmo bonita. Alta, forte, com a pele levemente morena. Os seus olhos eram avermelhados. Os seus lábios eram carnudos. Os seus peitos eram voluptuosos, assim como as suas pernas. 


Vesta

- Belo cenário, sim senhor! Basta haver um pequeno atraso que vocês logo se entregam aos prazeres da carne! É por isso que depois surgem os “imprevistos”! - resmungou Vesta, num tom autoritário.

Ela olhou para os restantes deuses. Estes estavam totalmente intimidados com a sua presença. Depois de dar uma volta por todo o jardim em silêncio, ela sentou-se junto de uma fonte, onde suspirou longamente. Ninguém ousou dizer nada. Ao aperceberem-se de que ela ficara mais calma, muitos deuses suspiraram de alívio! O sermão tinha acabado! Como Vesta não dissesse mais nada, os deuses trocaram olhares entre si. Ela parecia preocupada, perdida em pensamentos. 

- Afinal... O que aconteceu, Vesta? - inquiriu Artémis.

Vesta levantou e dirigiu-se ao centro do jardim. Lá, ela criou uma fogueira. Todos os deuses aproximaram-se, em silêncio. Vesta virou a cabeça para Artémis e rematou: 

 - Tivemos problemas. No entanto, ele já vem a caminho...



Nota do Autor:

1 - "Vírgulas do Destino: Prisioneiros do Amor";


[Continua...]

4 comentários:

  1. Tens vocação para este estilo de escrita.
    Parabéns.
    Continua.

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    1. Muito obrigado!
      Se gostas deste tipo de escrita, convido-te a ler as minhas outras histórias, repartidas pelas páginas "Pescador de Sonhos" 1-2-3, aqui no blog! :D

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