Capítulo 6
*7 de Janeiro de 2014*
Durante a viagem de regresso a Portugal, Mikel acabou por adormecer. Estava cansado e decidido a ignorar o mais que pudesse o Governador George. Não sabia ao certo até que ponto podia confiar naquele homem. Sabia apenas que tinha tomado uma difícil decisão e que esta tinha-lhe custado imenso! Com o coração cheio de esperança de que reencontraria Caim muito em breve, ele caiu num sono pesado e cheio de sonhos confusos, onde escutava muitas pessoas a chorar e a gritar, desesperadas! Ao ver Caim a cair num buraco, Mikel acordou. Confuso, olhou à sua volta. O Governador George anunciou:
- Que pontaria, meu caro! Acabamos de chegar ao Porto!
Mikel, estremunhado, abriu os olhos. O dia ainda não tinha nascido. Era noite, mas já não faltaria muito para amanhecer. Olhando em redor, ficou chocado - o Porto que ele conhecia estava diferente! Muitas casas naquela zona estavam danificadas! Algumas, completamente destruídas. Seria aquele o cenário por todo o país? Lendo-lhe os pensamentos, George declarou:
- É por isto que eu te fui buscar, meu jovem amigo. Contigo do meu lado, eu sei que acabaremos por chegar a acordo com a Governadora Milú. Não me agrada nada continuar com esta guerra, mas também não aceito que ela ganhe, porque ela quer regredir a sociedade em que vivemos....!
- E você espera que eu consiga alterar as coisas? Eu sou apenas um homem, como pode depositar assim tanta confiança em mim? Nem me conhece! - criticou Mikel, asperamente.
- É verdade, mas antes de te procurar… Eu informei-me bem. Sei do que tu és capaz e confio plenamente em ti. Mikel, eu sei que tu estás chateado e mesmo zangado comigo porque te separarei do teu namorado. Não me atreveria a fazê-lo, se não soubesse que tu terias alguma hipótese... O meu filho garantiu-me que sim, que tu poderás, de facto, marcar a diferença...
Mikel virou-se para ele.
- O seu filho? Eu conheço-o?
- Vais conhecê-lo daqui a umas horas... Ele vai surpreender-te, estou certo disso... - respondeu George, de forma enigmática.
O carro parou. O motorista olhou pelo retrovisor e anunciou:
- Senhor, chegamos à Avenida dos Aliados. Devo acordar o jovem Kojiru?
- Sim, sim, o meu filho já deve estar pronto ou quase... Quanto a ti Mikel, sugiro que vás tomar o pequeno almoço e um café forte... Vais precisar... - respondeu George.
- O senhor não vai ficar comigo?
- Não... Vou tomar o pequeno-almoço contigo e depois disso, parto para um dia de reuniões. Será o meu filho Kojiru quem te vai orientar. Partirás com ele para a nossa base, depois de resolveres a questão dos teus familiares...
- Menos mal... - suspirou Mikel.
George e Mikel dirigiram-se para um café ao fundo da avenida. Entretanto, o motorista aproximou-se de uma cabine e marcou um número. Ouviu o telefone a tocar várias vezes. Quando já estava prestes a desistir, alguém atendeu do outro lado da linha. Olhou para os lados e vendo que não havia ninguém...
- Olá bom dia! Daqui fala Estrela-do-Mar!
Alguém bocejou do outro lado da linha e respondeu:
- Uahhhh.... Sabes por acaso que horas são? Bom dia... Daqui fala a Lebre!
- Eu sei, eu sei... Desculpa, mas achei que devias saber...
- O que se passa?
Baixando ainda mais o tom de voz, o motorista revelou:
- O Corvo acabou de chegar. Trouxe o Lobo com ele...
- O Lobo? Ele já deu esse passo?
- Sim... Achei que era uma boa informação...
- Tens toda a razão... É muito bom saber disso... A Galinha vai ficar satisfeita! E o que veio ele cá fazer?
- O Corvo quer que o Lobo trabalhe para ele. Daqui a pouco o Lobo vai conhecer o Mocho... Ambos vão tratar dos restos mortais da “alcateia” ... Depois disso, eles vão-se embora para a Base...
- Estou a ver... Fizeste bem em avisar-me... Mantém-me a par de tudo, ok?
- Já sabes que sim! Olha, não te esqueças é de me fazer chegar o pagamento...!
- Está descansado. Adeus.
- Adeus.
Desligando a chamada, o motorista olhou em volta e vendo que a costa estava livre, decidiu seguir para o local onde Kojiru estava hospedado, num hotel ao fundo da rua.
*Entretanto, muito longe dali, na cidade de Cascais...*
- A Artemisa já acordou? - perguntou um rapaz de média estatura, a uma rapariga que teria sensivelmente a mesma idade que ele.
- Não... Ainda não, porquê? - perguntou a rapariga.
- Ela que me mande chamar quando estiver a tomar o pequeno-almoço, preciso de falar com ela... - respondeu o misterioso rapaz.
- Agostinho, tu vê lá no que te andas a meter... A Artemisa não é flor que se cheire... - sussurrou a mulher. - Tem cuidado com o que andas a tramar....
O rapaz sorriu e rematou:
- Não te preocupes, Belinha... Eu sei tomar conta de mim...
*Enquanto isso, no Porto...*
- As coisas por aqui continuam a funcionar dentro da normalidade? - perguntou Mikel, ao ver que a televisão estava a transmitir notícias num dos canais que já conhecia.
O Governador George olhava para o relógio. Após alguns minutos, resmungou, impaciente.
- Sim, tentamos fazer com que as pessoas tenham uma vida “normal”, apesar de estarmos em guerra... É uma questão de tempo até uma das partes lançar o ataque final...
- Entendo…
- Quanto às televisões, só restam dois canais... O canal estatal foi destruído! Ninguém o queria... Estou a ver que o Kojiru está atrasado! Ele sabe que eu tenho mais que fazer...
- Não se prenda por mim, George! - gesticulou Mikel, com uma leve ironia na voz.
- Olá pai! Desculpa o atraso!
Um rapaz aproximou-se de George e abraçou-se a ele. George sorriu e abraçou-o, anunciando:
- Mikel, apresento-te o meu filho, Kojiru!
- Muito prazer! - respondeu Mikel, com um sorriso educado.
- O prazer é todo meu, Lord Yusuke! - declarou o rapaz, fazendo uma vénia.
Mikel recuou para trás, chocado!
- Como... Como é que tu sabes desse nome?!?
[Continua...]
Muito fixe
ResponderEliminarBom fim de semana
Obrigado Francisco! ^^
EliminarAbreijos :3