21 novembro 2019

Vírgulas do Destino: Prisioneiros do Amor ~ Capítulo 6


Capítulo 6

*7 de Janeiro de 2014*

Durante a viagem de regresso a Portugal, Mikel acabou por adormecer. Estava cansado e decidido a ignorar o mais que pudesse o Governador George. Não sabia ao certo até que ponto podia confiar naquele homem. Sabia apenas que tinha tomado uma difícil decisão e que esta tinha-lhe custado imenso! Com o coração cheio de esperança de que reencontraria Caim muito em breve, ele caiu num sono pesado e cheio de sonhos confusos, onde escutava muitas pessoas a chorar e a gritar, desesperadas! Ao ver Caim a cair num buraco, Mikel acordou. Confuso, olhou à sua volta. O Governador George anunciou:

- Que pontaria, meu caro! Acabamos de chegar ao Porto!

Mikel, estremunhado, abriu os olhos. O dia ainda não tinha nascido. Era noite, mas já não faltaria muito para amanhecer. Olhando em redor, ficou chocado - o Porto que ele conhecia estava diferente! Muitas casas naquela zona estavam danificadas! Algumas, completamente destruídas. Seria aquele o cenário por todo o país? Lendo-lhe os pensamentos, George declarou:

- É por isto que eu te fui buscar, meu jovem amigo. Contigo do meu lado, eu sei que acabaremos por chegar a acordo com a Governadora Milú. Não me agrada nada continuar com esta guerra, mas também não aceito que ela ganhe, porque ela quer regredir a sociedade em que vivemos....!

- E você espera que eu consiga alterar as coisas? Eu sou apenas um homem, como pode depositar assim tanta confiança em mim? Nem me conhece! - criticou Mikel, asperamente.

- É verdade, mas antes de te procurar… Eu informei-me bem. Sei do que tu és capaz e confio plenamente em ti. Mikel, eu sei que tu estás chateado e mesmo zangado comigo porque te separarei do teu namorado. Não me atreveria a fazê-lo, se não soubesse que tu terias alguma hipótese... O meu filho garantiu-me que sim, que tu poderás, de facto, marcar a diferença...

Mikel virou-se para ele.

- O seu filho? Eu conheço-o?

- Vais conhecê-lo daqui a umas horas... Ele vai surpreender-te, estou certo disso... - respondeu George, de forma enigmática.

O carro parou. O motorista olhou pelo retrovisor e anunciou:

- Senhor, chegamos à Avenida dos Aliados. Devo acordar o jovem Kojiru?

- Sim, sim, o meu filho já deve estar pronto ou quase... Quanto a ti Mikel, sugiro que vás tomar o pequeno almoço e um café forte... Vais precisar... - respondeu George.

- O senhor não vai ficar comigo?

- Não... Vou tomar o pequeno-almoço contigo e depois disso, parto para um dia de reuniões. Será o meu filho Kojiru quem te vai orientar. Partirás com ele para a nossa base, depois de resolveres a questão dos teus familiares...

- Menos mal... - suspirou Mikel.

George e Mikel dirigiram-se para um café ao fundo da avenida. Entretanto, o motorista aproximou-se de uma cabine e marcou um número. Ouviu o telefone a tocar várias vezes. Quando já estava prestes a desistir, alguém atendeu do outro lado da linha. Olhou para os lados e vendo que não havia ninguém...

- Olá bom dia! Daqui fala Estrela-do-Mar!

Alguém bocejou do outro lado da linha e respondeu:

- Uahhhh.... Sabes por acaso que horas são? Bom dia... Daqui fala a Lebre!

- Eu sei, eu sei... Desculpa, mas achei que devias saber...

- O que se passa?

Baixando ainda mais o tom de voz, o motorista revelou:

- O Corvo acabou de chegar. Trouxe o Lobo com ele...

- O Lobo? Ele já deu esse passo?

- Sim... Achei que era uma boa informação...

- Tens toda a razão... É muito bom saber disso... A Galinha vai ficar satisfeita! E o que veio ele cá fazer?

- O Corvo quer que o Lobo trabalhe para ele. Daqui a pouco o Lobo vai conhecer o Mocho... Ambos vão tratar dos restos mortais da “alcateia” ... Depois disso, eles vão-se embora para a Base...

- Estou a ver... Fizeste bem em avisar-me... Mantém-me a par de tudo, ok?

- Já sabes que sim! Olha, não te esqueças é de me fazer chegar o pagamento...!

- Está descansado. Adeus.

- Adeus.

Desligando a chamada, o motorista olhou em volta e vendo que a costa estava livre, decidiu seguir para o local onde Kojiru estava hospedado, num hotel ao fundo da rua.

*Entretanto, muito longe dali, na cidade de Cascais...*

- A Artemisa já acordou? - perguntou um rapaz de média estatura, a uma rapariga que teria sensivelmente a mesma idade que ele.

- Não... Ainda não, porquê? - perguntou a rapariga.

- Ela que me mande chamar quando estiver a tomar o pequeno-almoço, preciso de falar com ela... - respondeu o misterioso rapaz.

- Agostinho, tu vê lá no que te andas a meter... A Artemisa não é flor que se cheire... - sussurrou a mulher. - Tem cuidado com o que andas a tramar....

O rapaz sorriu e rematou:

- Não te preocupes, Belinha... Eu sei tomar conta de mim...

*Enquanto isso, no Porto...*

- As coisas por aqui continuam a funcionar dentro da normalidade? - perguntou Mikel, ao ver que a televisão estava a transmitir notícias num dos canais que já conhecia.

O Governador George olhava para o relógio. Após alguns minutos, resmungou, impaciente.

- Sim, tentamos fazer com que as pessoas tenham uma vida “normal”, apesar de estarmos em guerra... É uma questão de tempo até uma das partes lançar o ataque final...

- Entendo…

- Quanto às televisões, só restam dois canais... O canal estatal foi destruído! Ninguém o queria... Estou a ver que o Kojiru está atrasado! Ele sabe que eu tenho mais que fazer...

- Não se prenda por mim, George! - gesticulou Mikel, com uma leve ironia na voz.

- Olá pai! Desculpa o atraso!

Um rapaz aproximou-se de George e abraçou-se a ele. George sorriu e abraçou-o, anunciando:

- Mikel, apresento-te o meu filho, Kojiru!

- Muito prazer! - respondeu Mikel, com um sorriso educado.

- O prazer é todo meu, Lord Yusuke! - declarou o rapaz, fazendo uma vénia.

Mikel recuou para trás, chocado!

- Como... Como é que tu sabes desse nome?!?


[Continua...]

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