02 novembro 2019

Vírgulas do Destino: A Vingança! ~ Capítulo 2

Capítulo 2


*Nikko, Japão, 23 de Março de 2013*


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Nikko, Japan



- Olá pessoal! Tudo bem?

- Olha quem é ele! Tudo bem, Kaji! E contigo?

Kaji Hoshi era o irmão mais novo de Katsumo. Ele tinha 17 anos, sendo um rapaz feliz e despreocupado, como a maioria dos rapazes da sua idade. Kaji era um rapaz bonito. Tinha cabelos num tom castanho-claro, compridos, penteados de forma rebelde. Os seus olhos eram cor de amêndoa. Tinha um sorriso atrevido que fazia uma covinha nas suas bochechas. Isso fazia as delícias das raparigas que se cruzavam com ele! As raparigas adoravam-no e ele a elas! Aliás, Kaji não deixava ninguém indiferente. Ele era moreno quanto baste. Tinha um corpo bem musculado e elegante, graças aos treinos que fizera com o irmão.



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Kaji


Kaji acabou por seguir outro caminho que não o das artes marciais. Katsumo deixou-o entregue à sua própria sorte, quando decidiu partir numa demanda. Kaji era um rapaz muito popular e divertido, apesar dos amigos saberem que ele passava por algumas dificuldades económicas. Kaji era orgulhoso e determinado. Como ele confiava muito em si mesmo, conseguia safar-se sempre, mesmo nos momentos mais difíceis. Ele trabalhava numa discoteca bastante famosa da cidade de Nikko, como Relações Públicas.

- Está tudo bem, manos! Tudo numa boa! Vamos bazar? Hoje estou de folga! Vamos curtir a noite! - exclamou Kaji.

- Sim! - responderam os amigos dele, satisfeitos.

O grupo partiu satisfeito a rir e a comentar as mais recentes conquistas que tinham feito. Estava uma bela noite primaveril. Depois de pararem em vários bares, decidiram partir rumo a uma das discotecas mais famosas de Nikko.

Após uma noite de muita diversão, o grupo cambaleava pela cidade, sem destino. Um novo dia raiava no horizonte. Kaji virou a cabeça várias vezes para trás, preocupado.

- Meus, já faz quinze minutos que dois tipos estão a seguir-nos... - sussurrou.

Um dos amigos, meio bêbado, riu-se:

- Às tantas, andaste a curtir com a miúda de um deles...

Kaji era bem conhecido pela sua fama de engatatão. Os restantes amigos riram-se que nem uns alarves. O álcool nunca era bom aliado neste tipo de situações. Kaji sabia-o. Ele não bebera tanto como os amigos. Estava plenamente consciente de que corriam perigo. Tentando suavizar as coisas rematou:

- Humph! Quero lá bem saber... Não tenho culpa que as miúdas me curtam, não é?

Os dois homens que os seguiam aperceberam-se de que Kaji os tinha visto. Sem alternativa, decidiram trocar-lhe as voltas. No entanto, este virou-se de repente e aproximando-se deles, confrontou-os, num tom de voz autoritário:

- Olhem lá... Quem são vocês? Andam a seguir-nos? Porquê?

Um dos vultos fez uma vénia e inquiriu:

- És tu o Kaji Hoshi, o irmão mais novo de Katsumo Hoshi?

Ao ouvir o nome do irmão, Kaji acenou com a cabeça, surpreso:
  
- Sim, sou eu mesmo! Porquê? Aconteceu alguma coisa ao meu irmão?

Um dos amigos de Kaji - o que estava mais bêbado - virou-se para os homens a rir e comentou:

- Vocês parecem palhaços! Vai haver circo aqui na cidade?

Os restantes desataram a rir às gargalhadas! Kaji, no entanto, manteve-se sério e em estado de alerta. Não estava nada a gostar daqueles tipos!

- Mais respeitinho, ó miúdo idiota! - resmungou o segundo homem, fechando o punho, levemente enfurecido.

Tentando colocar água na fervura, o primeiro homem apresentou-se.

- Estamos a ser mal-educados! Eu chamo-me Ghrishma e o meu amigo aqui chama-se Arun! Nós gostaríamos que nos acompanhasses... Como tu és irmão do Katsumo, o nosso Mestre quer ver-te. Ele faz absoluta questão disso! Agradeço-te que nos acompanhes, sim?

Kaji riu-se da situação inusitada.

- Desculpa? É que NEM penses! Não vos conheço de lado nenhum! Eu não participo nessas palhaçadas! O melhor é vocês darem de “frosques”!

Os amigos de Kaji aplaudiram e riram-se. Um dos amigos berrou:

- É assim mesmo! Não somos adeptos dessas cenas, ó palhaços! Só se tiverem muitas miúdas pelo meio…

- Ah ah ah ah ah ah! - Kaji e os amigos riram-se, divertidos. 

- Então… Não vens a bem, meu amigo....?

Arun aproximou-se de Kaji. Mirou-o de cima a baixo, com olhar mau. Aplicou-lhe uma joelhada tão rápida que este nem se apercebeu, antes de sentir a dor.

- Aiiiiiiiiii....!!! - gritou Kaji, caindo inconsciente!

Assustados, os amigos dele desataram a correr, enquanto berravam:

- Acudam, acudam! Socorro! Os palhaços são doidos!!

Ghrishma aproximou-se de Kaji e observou-o. Ao fim de alguns segundos, suspirou:

- Ohhhh....! Foste tão mauzinho com ele...! Ainda por cima, o Kaji é um rapazinho tão giro!

- Humph! Vamos embora! Traz o miúdo! - rematou Arun, virando costas.

Passadas algumas horas, Ghrishma e Arun regressaram ao quartel-general na companhia de Kaji. Este mantinha-se inconsciente, devido ao forte golpe que Arun lhe havia aplicado. O chefe deles aguardava-os com alguma impaciência, oculto atrás de uma cortina.

- Finalmente! Estava a ver que nunca mais chegavam! Trazem-me alguma novidade? - perguntou o chefe.

- Sim, Mestre! - responderam Arun e Ghrishma, com uma vénia.
  
- Óptimo!

Ghrishma aproximou-se mais da cortina e sussurrou:

- Senhor, trouxemos o irmão de Katsumo Hoshi, tal como nos pediu! Ele ofereceu alguma resistência, mas... Nós tratamos disso...!

- Hummmmmmmmmmmmmm... Acordem-no! - ordenou o misterioso patrão.

Arun aplicou um novo golpe a Kaji e este despertou, quase instantaneamente! Confuso e cheio de dores, virou-se para todos os lados e perguntou:

- Mas... Onde é que eu estou? O que é isto?

Nas sombras, uma voz começou-se a rir e respondeu:

- Mwa ah ah ah! Bem-vindo ao meu humilde lar, Kaji! O meu nome é... X.


Kaji olhou à sua volta. Era um lugar húmido e escuro. Pelo ambiente, estaria numa gruta ou caverna, bastante grande... Sentia que estava numa base, muitos metros abaixo da superfície. E aquelas pessoas? Quem seriam? O que queriam dele e do seu irmão? Indignado com tudo o que se estava a passar, Kaji levantou-se, meio tonto e perguntou, num tom de voz desafiante:

- X? Hum...! Belo nome...! Mas afinal, porque me mandaste capturar?

X moveu-se nas sombras e após um breve silêncio, respondeu:

- Faz já muito tempo que espero pela vingança! O teu irmão Katsumo derrotou Arun, o meu melhor guerreiro! Além disso, soube que ele tem treinado muito! Quero ver se ele continua tão bom e tão forte como se diz por aí!

Kaji olhou para o misterioso vulto oculto atrás das cortinas.

- És mesmo idiota! Julgas que o meu irmão vai preocupar-se em vir até aqui, para dar uma tareia a um bando de palhaços como tu e os teus amigos?

Irado, X declarou:

- Pobre insolente! Vê-se logo que não me conheces! Nunca ouviste falar de mim, mas o teu irmão conhece-me bastante bem... O teu irmão terá de lutar contra mim!

Kaji riu-se incrédulo. Não era possível! Aquilo só podia ser uma piada de extremo mau gosto, criada pelos seus amigos. Virando costas, ironizou:

- Nunca! Eu jamais permitirei tal coisa! Só por cima do meu cadáver!

X suspirou e abanou a cabeça, incrédulo!

- Porque será que as pessoas não pensam antes de falar? Sabes, Kaji Hoshi? Essa deve ser a coisa que mais me irrita nos seres humanos!

Kaji preparava-se para responder, quando X abriu as cortinas e saiu das sombras. Era um homem alto, bastante entroncado, de cabelos pretos. Uma máscara cobria o seu rosto. Ele estava vestido como um militar da cabeça aos pés e envergava uma capa sob os ombros. Com um tom de voz melífluo, fez um sorriso triste para Kaji. 


X

- Só por cima do teu cadáver, Kaji Hoshi? Humph! Então, meu querido amigo... Que o teu desejo se torne realidade...!!!

X colocou-se em posição de combate. Kaji, ao ver aquilo, apercebeu-se de que aquilo estava a ir longe demais!

- “Será que isto é mesmo uma brincadeira dos meus amigos?” - pensou.

Kaji estava a ficar verdadeiramente assustado! Gotas de suor desciam pelo seu pescoço, rumo ao peito, completamente encharcado! Sem alternativa, ele colocou-se em posição de combate, tentando recordar-se do que Katsumo lhe ensinara. X aproximou-se. Sorrindo por detrás da máscara, ele movia-se rapidamente, enquanto Kaji tentava defender-se dos golpes. X aproximava-se de Kaji, dava-lhe um golpe e afastava-se. Repetia o ciclo, perante o coro de gargalhadas dos seus súbditos! A dada altura, X retirou a máscara e olhou para Kaji.

- Foi assim que o teu irmão te ensinou a lutar? Tu não passas de uma grande anedota, meu jovem!

Horrorizado pela expressão de malvadez no rosto de X, Kaji afirmou:

- Por favor…! Eu não treino! Eu nem tenho ideias de vir a ser um lutador! Mas que raio…! Afinal… Quem és tu?

X colocou novamente a máscara no rosto.

- A questão é saber o que é que eu vou fazer contigo...! Tu não passas de um isco...! Um isco que pode ser usado vivo ou morto...! - rematou.

Infelizmente para Kaji, X falava muito a sério. Apesar de Kaji aguentar estoicamente todos os golpes, não tardou muito para que uma nova ronda de ataques, fizessem Kaji perceber que estava em muito maus lençóis! Ainda assim, Kaji defendeu-se e tentou fazer-lhe frente, provocando-o:

- O meu irmão já derrotou gente melhor do que tu! Tu não passas de um doido! Um louco! Como se isso não bastasse, escondes-te por detrás dessa máscara ridícula!

Enraivecido, X perdeu completamente a paciência.

- Agora chega! Não passas de um fraco! Idiota! Morre, meu grande animal! - gritou.

Dando um salto, X aplica um pontapé alto, em cheio na cabeça de Kaji. O rapaz caiu para o lado, inconsciente. X aproximou-se do jovem adolescente. Virou-o e baixou-se para sentir a sua pulsação. Depois de confirmar que ele morrera, riu-se malevolamente:

- Mwa ah ah ah! Arun! Leva este monte de esterco e dá-o de comer aos cães! – ordenou, virando costas.

Arun aproximou-se e com uma vénia, respondeu:

- Às suas ordens, Mestre!

Ghrishma olhou para o corpo inanimado de Kaji.

- “Que pena! Terias ficado vivo se tivesses colaborado com o Mestre!” - pensou.

Embora apreciasse mulheres, existiam certos homens que o cativavam. Kaji tinha sido um deles. Agora o pobre rapaz estava morto, pelo que nada mais havia a fazer. Suspirando levemente, seguiu atrás de X, recompondo-se quase de imediato.

- Foi muito fácil, Mestre! - exclamou.

X aproximou-se de um grande cadeirão e sentou-se. A primeira etapa do seu plano estava concluída. Estalando os dedos, Ghrishma serviu-o com uma taça de vinho tinto. X pegou na taça e saboreando o doce néctar, rematou:

- Só espero que o Katsumo morda o isco...

[Continua...]

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