01 novembro 2019

Vírgulas do Destino: A Vingança! ~ Capítulo 1


Vírgulas do Destino: A Vingança! ⚔️🥋🐉💢
Capítulo 1

Ao participar num Grande Torneio de Artes Marciais, Katsumo, o protagonista desta história, derrota Arun, um temível adversário. Este, ferido no corpo e no orgulho, promete vingar-se de Katsumo! Para tal, contará com o apoio de X, que tal como Arun, pretende ajustar contas com Katsumo... De entre os vários participantes de um novo torneio, quem vencerá? Quem é o misterioso X? Quais serão as suas reais intenções? 




Combater não me assusta!
Vencer uma luta justa é viver,
Pois os fortes não se deixam abater!

Um corpo obediente, sob o poder da mente
Vai vencer!
O mundo vai-me conhecer!

Se eu superar os meus limites
Sei o que vou enfrentar!
Sei que o Mal no Mundo existe!
Duro é o combate, mas vou lutar!

Um lutador eu sou!
Se é o meu Destino, aceito!
Tenho a coragem, dentro do meu peito!

Faço a minha sina, conduzo a minha sorte!
Ao encontro do mais forte...!



*Hong Kong, 11 de Setembro de 2018*


A cidade acordou calma.

Era o início de mais um belo dia, que prometia ser bastante solarengo.

Uma leve e ténue névoa emergia do rio Shing Mun.

Victoria Peak, Hong Kong

Um rapaz, chamado Katsumo Hoshi, passeava à beira rio. 

katsumo-hoshi-lee-han-cheng
Katsumo

Ele adorava o silêncio da cidade àquela hora, prestes a despertar. Katsumo tinha 29 anos e era um rapaz que à primeira vista, poderia ser confundido com qualquer outro rapaz. Alto, moreno, cabelos castanhos-escuros e olhos castanhos. O seu olhar era desafiante. A sua expressão era séria. Parecia que estava sempre zangado. No entanto, isso era só a impressão que ele transmitia. Katsumo impunha respeito. Além de alto e olhar provocador, ele era musculoso. Via-se bem que era alguém que tratava bem o seu corpo, já que o tinha completamente delineado e muitos dos seus músculos eram já bem ressaltados. Estava ele a contemplar o rio Shing Mun, quando escuta um grito oriundo do outro lado da rua. 




Curioso, ele decide seguir em direcção do grito e vai para a um café. Lá dentro, 3 homens armados ameaçavam o empregado para que lhes desse o dinheiro que tinha na caixa.

- Passa para cá o dinheiro, que a gente não te magoa, ouviste? - afirmou um deles, enquanto os outros se riam do empregado.

- Sim, claro! - respondeu o empregado, bastante assustado.

O empregado tinha razões para estar assustado. Os bandidos que o atacavam faziam parte de um famoso gangue de Hong Kong, que passava a vida a atormentar donos de bares, cafés e discotecas, para que aceitassem os seus serviços, pedindo quantias exorbitantes em troca de “protecção”. Quando o funcionário estava prestes a abrir a caixa registadora, Katsumo interpelou-o.

- Desculpe, mas porque vai fazer isso? O senhor por acaso deve alguma coisa a estes sujeitos?

Os 3 homens viram-se uns para os outros e um deles aproxima-se de Katsumo:

- Ouve lá, ó franganito, quem é que tu pensas que és? Volta lá para as saias da tua mulher e deixa a gente em paz!

Os outros bandidos aproximaram-se de Katsumo com ar ameaçador. Não tardaram a sacar navalhas e uma katana, para o amedrontar.

Ao ver aquilo, Katsumo fechou os olhos e riu-se levemente.

- Estou a avisar-vos... Vocês vão arrepender-se! - afirmou ele, decidido.

O bandido mais pequeno do grupo, que aparentava ser o líder, aproximou-se de Katsumo e comentou:

- Ah ah ah ah ah! Vamos lá a ver isso, minorca! Mostra-nos o que sabes fazer! Somos três contra um! Nós estamos armados e tu não! Parece-me lógico quem vai ganhar! Rende-te!

- Muito bem! Foste avisado! Tu assim o pediste!

Katsumo lançou-se como um tigre ao homem com a katana e aplicou-lhe um pontapé lateral, com o qual enviou o bandido contra as mesas. O segundo bandido aproximou-se de Katsumo e pretendia agarrá-lo, mas este deu-lhe um pontapé lateral médio de distância, que o lançou na direcção oposta.


*Passados alguns minutos...*


- Vaaa... Vamos embora! O tipo é doido! - declarou o homem baixinho, totalmente aterrorizado!

- Simmm!! - responderam os capangas dele.

Os bandidos fugiram dali a sete pés! Quanto ao empregado, esse mirava impávido o seu café! Estava parcialmente destruído! E tudo aquilo no espaço de alguns minutos! Ele olhava para tudo, chocado!

- Ohhhh... - suspirou ele, sentando-se numa cadeira.

- O senhor sente-se bem? Quer um copo de água? - perguntou Katsumo.

- Sim, sim, por favor...

Katsumo corre a correr para o balcão e enche um copo de água, regressando quase no mesmo instante para junto do dono do café.

- Aqui tem, senhor!

O empregado pegou no copo e bebeu sofregamente! Parecia impossível! Estaria a sonhar? Era possível! Ele decide beliscar-se.

- Aiiii! Isto é real! Isto é real! - exclamou o empregado.

- Hã? O que é que se passa? - perguntou Katsumo, um pouco confuso.

O dono do café suspirou profundamente.

- Hãããã…. Nada, nada! Deixe lá, senhor! Antes de mais, muito obrigado pelo que fez! Salvou-me daqueles rufias! Nem sei como agradecer-lhe!

- Bem... Eu é que tenho de lhe pedir desculpas pelos danos que causei... - suspirou Katsumo, pensando onde iria desencantar o dinheiro para pagar os estragos!

- Oh não, esqueça isso! Você foi formidável! Diga-me uma coisa...  Você é de cá? Onde é que aprendeu a lutar assim? É deveras impressionante!

Katsumo ficou corado e baixou a cabeça, envergonhado.

- Bem... Sabe? É uma longa história...

O homem puxou uma cadeira para o Katsumo se sentar. Com um sorriso, pediu:

- Sente-se e conte-me! Conte-me lá! Agora fiquei curioso!

Sorrindo envergonhado, Katsumo sentou-se.

- Muito bem, então aqui vai….

A minha história tem início quando eu ainda era pequeno. Eu não sou aqui de Hong Kong. Venho do Japão. Durante muitos anos por lá fiquei, com o meu irmão, enquanto treinava num dojo. Um dia, abandonei o dojo, em busca de respostas...

Viajei muito.
  
Há 8 anos, eu estava na Tailândia. Lá iria decorrer um evento muito especial. Um torneio que pretendia juntar, no mesmo espaço, todos os Grandes Mestres de Artes Marciais do Mundo Inteiro! O meu antigo Mestre estava lá presente e foi uma imensa alegria poder revê-lo ao fim de tantos anos! Ele insistiu para que eu participasse nesse torneio, numa homenagem à sua escola. Sem hesitar, assim o fiz.

Vieram lutadores do Mundo inteiro!

Os combates foram simplesmente espectaculares! Cada artista marcial deu o melhor que podia e sabia! Todos queriam ganhar. A Grande Final do Torneio opôs-me contra um homem bastante poderoso. Eu confesso! Aquele homem era quase invencível! Para mim, foi um dos combates mais incríveis e mais difíceis que já tive na vida!

Esse homem chamava-se Arun. Após um duro e árduo combate, consegui vencê-lo. A vitória foi mesmo difícil! Acho que no fim de contas, eu tive mais sorte que ele. Apenas isso! Os nossos níveis de habilidade e perícia estavam muito equilibrados! O Arun não gostou mesmo nada... Não gostou mesmo nada de perder para um rapaz mais novo do que ele…


*Hua Hin, Tailândia, 2 de Junho de 2010*


Hua Hin Island, Thailand


- Não, não, NÃOOOO! Isto não pode estar a acontecer! Isto é um pesadelo! - gritava Arun, desesperado.

- Parabéns, Arun! Foi um combate e pêras! - respondeu Katsumo, estendendo a mão para cumprimentar o seu adversário.

Arun olhou para ele, enraivecido. Dando um safanão ao cumprimento, afirmou:

- Tu! Foste TU quem me fez perder!

Se pudesse, Arun teria morto Katsumo naquele mesmo instante. O seu olhar feroz não conseguia disfarçar a sua frustração!

- Hey... Hey! Tem calma! - respondeu Katsumo, chateado.

- Maldito sejas, seu miúdo! Eu vou vingar-me, ouviste?

Encolhendo os ombros e virando costas, Katsumo declarou:

- Tretas! Lamento muito que fiques assim! Eu fui convidado para participar neste torneio, tal como tu! Dei o melhor de mim, assim como tu também deste o melhor de ti! Qualquer um de nós poderia ter ganho o combate! Qualquer um de nós merecia ganhar o combate! Eu tive mais sorte, apenas! Se não consegues aceitar a minha vitória... Olha, azar o teu!

Arun rosnou, enraivecido:

- As coisas mudam, Katsumo Hoshi! Não perdes pela demora!

Aquele foi um dos piores dias da vida de Arun. Tinha perdido num dos mais importantes torneios de Artes Marciais, que ainda por cima, ocorrera no seu país. Pior do que isso, Arun fora derrotado por um rapaz mais novo do que ele. Um rapaz estrangeiro, que o vencera porque dominava outra Arte Marcial, para além do Muay Thai.

Arun era um homem muito habilidoso. Ele era alto, entroncado, careca, quarentão. Tinha um olhar negro e duro. O seu corpo, bastante musculado, tinha algumas cicatrizes profundas, marcas de momentos trágicos que atravessara na sua vida. No entanto, graças à sua personalidade, Arun fazia disso a sua força, para lutar cada dia mais e melhor! A vida tinha sido dura com ele. Desde cedo que ele se vira obrigado a mendigar para comer e a trabalhar em inúmeros lugares desde criança para ajudar a sua família, que era extremamente pobre.


arun-boonsong-yusuke-ogasawara
Arun


Um dia, ele descobriu a arte do Muay Thai. Aquela arte marcial cedo se tornou a única coisa que o fazia sentir-se livre. Quando praticava Muay Thai, ele podia libertar a sua raiva e frustração perante uma vida tão difícil e ingrata. Ele sentia que através da arte marcial podia provar aos outros o seu real valor.

Aos poucos, à medida que crescia e desenvolvia o seu talento inato, Arun tornou-se o lutador mais conhecido da Tailândia! A partir do momento em que pisou um ringue pela primeira vez, nunca mais parou. Daquela forma, o dinheiro entrava mais facilmente em casa e ele assim podia ajudar os seus irmãos mais novos, há medida que se libertava da dor e raiva que o consumiam há tanto tempo. Tinha muito orgulho em si mesmo!

No entanto, o pesadelo que mais o atormentava tornou-se realidade! Arun perdera contra Katsumo, um rapaz mais novo do que ele! Aos olhos de Arun, Katsumo não passava de um rapaz com alguma habilidade, mas pouco experiente, já que não carregava as cicatrizes que ele honradamente ostentava! Arun ficou obcecado! A ideia de vencer o rapaz não tardou a consumi-lo, lentamente. Se pelo menos Arun soubesse onde é que ele vivia...


*Bangkok, 11 de Fevereiro de 2011*


- És tu o Arun Boonsong?

- Quem és tu? O que queres daqui? - perguntou Arun.

À sua frente estava um individuo mais baixo do que ele. Tal facto não era difícil, tendo em conta que Arun tinha mais de dois metros de altura! Fazendo uma vénia, o homem apresentou-se:

- O meu nome é Gonzaléz. Ghrishma Gonzaléz! Trabalho para a Zen Fong...


Ghrishma


Arun virou-se surpreendido e deu uma gargalhada.

- Tu? Um rapaz como tu? Não me faças rir! Ah ah ah ah ah!

Ghrishma sorriu delicadamente. De repente, sacou da sua katar1. Num movimento rápido, colocou-a junto do pescoço de Arun, enquanto sussurrava:

- Eu lamento muito, mas sou susceptível... Espero que compreendas...Venho sob as ordens do meu Mestre...

- Tens dois segundos para me largar, antes que eu te parta o pescoço, meu caro Ghrishma...! - ameaçou Arun, entredentes.

Ghrishma largou-o e com um sorriso aberto, exclamou:

- Estou encantado! Vejo que nos vamos dar muito bem! Tenho ordens para te levar à presença de uma pessoa. Trata-se do meu amável patrão. Fazes o obséquio de me acompanhar?

Ghrishma afastou-se a sorrir e fez uma nova vénia, enquanto recolhia a sua katar1. Torcendo o seu próprio pescoço para ambos os lados, Arun sorriu levemente.

- És muito delicado para o meu gosto, Ghrishma! Ainda assim… Eu vou. Gostei da tua ousadia! Sempre quero ver quem é o teu mestre! Se me estiveres a mentir, podes ter a certeza de que te arrependerás quando estiveres no Outro Mundo, visto que eu acabarei contigo tão depressa que nem terás tempo de sentir o doce sussurro da Morte!

Ghrishma riu-se maliciosamente. Ele era um homem muito magro, totalmente musculado. Moreno, de cabelos pretos curtos, olhos pretos e sempre com um sorriso nos lábios. Era bastante atraente e as pessoas olhavam para ele. Chegavam mesmo a virar a cabeça para o ver, ainda que o fizessem inconscientemente. Ele tinha um certo magnetismo, típico dos assassinos.

Ele vestia-se bem, cuidava da sua aparência e tinha um sorriso falso. Nunca falhava no seu trabalho. A falsa simpatia e a sua capacidade de bajular faziam-no ser muito bem estimado por quem lhe interessava. No fundo, tudo na sua vida resumia-se a isso. Ele agradava a quem tinha de agradar, fazendo o seu serviço sem levantar objecções, nem fazer perguntas. Como Arun tinha aceite o convite, Ghrishma conduziu-o até à sede da Zen Fong, uma organização secreta tailandesa, que comandava subtilmente os destinos do país, através de uma teia de corrupção.

A sede da Zen Fong ficava no interior da selva de Khiri Khan. 


Khiri Khan, Thailand


Ao chegarem lá, os dois homens atravessaram um gigantesco labirinto natural, à medida que se embrenhavam cada vez mais na selva, rumo às grutas que lá existiam. Algumas delas tinham sido trabalhadas pela Zen Fong. Ao fim de meia hora, chegaram a uma porta onde Ghrishma teve de apresentar um olho de vidro. Um leitor de retina analisou-o rapidamente. A porta abriu-se e os dois homens entraram.

- Amável Mestre, aqui está o senhor que mandou chamar... - anunciou Ghrishma, com uma profunda vénia.

- És tu o Arun Boonsong? - perguntou uma voz profunda, escondida nas sombras.

- Assim é, sou eu mesmo... E você? Quem é?

- O meu nome não interessa. Mandei-te chamar por um só motivo.

Levemente acanhado, Arun inquiriu:

- Porque me chamou?

Não costumava ter medo, mas a presença que a voz misteriosa impunha, o local em si, tudo mostrava um profundo respeito e admiração pelo líder.

- Não vou perder tempo, por isso, vou directo ao assunto. Eu sei que te queres vingar do Katsumo Hoshi. Eu tenho umas contas a ajustar com ele! Que me dizes a fazermos uma aliança para o derrotar? - perguntou a voz, em tom decidido e frio.

Arun fungou e rodando o pescoço, respondeu:

- Hummm... Vejo que andas bem informado... Sim, é verdade... Não me esqueci daquilo que aquele rapaz me fez... Desejo isso mais do que tudo na minha vida...!

A voz misteriosa riu-se, satisfeita:

- Mwa ah ah ah! Muito bem, creio que isso é um sim! Eu ajudo-te a derrotares o Katsumo, mas em troca, tu tornas-te o meu fiel servidor... Aviso-te já que eu não perdoo “deslizes” ...

- Por mim não há problemas! Se me pagar bem, eu aceito! - respondeu Arun, com uma vénia.

- Óptimo! O dinheiro não é problema! Receberás o teu peso em ouro, quando derrotares o Katsumo! Parece-me um valor justo, não achas? Entretanto… Presumo que já conheces o Ghrishma... Doravante, vocês irão trabalhar juntos. Ele é o meu assassino pessoal e colocar-te-á a par de tudo o que for necessário. Alguma questão, é só dizeres! Se os teus serviços me agradarem, então teremos oportunidade de nos conhecermos pessoalmente!

Fazendo uma nova vénia, Arun sorriu:

- Com certeza! Será um gosto derrotar aquele maldito! É tudo o que mais quero!

- Então, brindemos à nossa aliança! Mwa wa wa wa! - respondeu a voz misteriosa.

Com um estalar de dedos, uma mulher voluptuosa apareceu, com uma bandeja onde estavam três taças de champanhe. Ela entregou uma taça a Ghrishma e outra a Arun. Antes de entregar a última taça ao dono da voz, fez uma profunda vénia. Uma mão enluvada saiu das sombras e pegou na taça rapidamente. A mulher voluptuosa fez nova vénia, virou costas e desapareceu. 

- Longa vida ao nosso Mestre! - responderam Ghrishma e Arun enquanto brindavam. Por detrás da cortina, um vulto saboreava a terceira taça de champanhe, rindo-se bastante satisfeito.


Nota do Autor:

1 - A katar é uma arma de origem indiana. É uma adaga composta de lâminas e um bracelete, para que possa formar uma extensão do braço. Era muito usada pelos mercenários da Antiguidade para executar as suas vítimas com muita velocidade, precisão e silêncio. São perfeitas para perfurar armaduras. Eram armas utilizadas para cortar carne e matar bois.


[Continua...]

2 comentários:

  1. Parece-me interessante, muito mesmo :)

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    1. Vou publicar a história diariamente! Logo à tarde sai o próximo capítulo! ;)

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