04 novembro 2019

Vírgulas do Destino: A Vingança! ~ Capítulo 4

Capítulo 4

O tempo foi passando e algumas semanas mais tarde, todos os convidados para o torneio desembarcaram no seu destino, uma ilha na Tailândia! Vários grupos de elite foram convidados para assistir ao evento. Eram mafiosos de vários países. Quem sabe se estes não encontrariam ali potenciais guarda-costas, assassinos e mercenários? Todos os participantes do torneio estavam ansiosos por mostrar aquilo que valiam e claro, vencer o torneio!


*4 de Maio de 2016*

*Ilha de Khura Aine, Tailândia*


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Khura Aine, Thailand


Todos os guerreiros convidados estavam reunidos numa grande arena. O misterioso X surgiu no centro da arena, com a sua máscara colocada no rosto. Ele apresentou-se como o organizador do evento. Satisfeito por ver tanta gente ali ao seu redor, ele discursou:

- Errr... Hummm... Meus senhores, minhas senhoras, caríssimos ilustres convidados do público...! Em nome da Zen Fong, eu dou-vos as boas-vindas! Apraz-me muito saber que tantas pessoas aceitaram participar e outras tantas decidir vir, para assistirem a este torneio! Quero que saibam que eu estou muito contente por ver que todos os lutadores aceitaram o meu convite, para participar neste magnífico espectáculo!

Michael Blein levantou-se e, entre risos, perguntou:

- Sim senhor! Isso é tudo muito bonito! Mas... Quanto dinheiro é que vamos ganhar?

X virou-se para ele, aborrecido. Detestava que o interrompessem. Tentando controlar a sua irritação, respondeu:

- Já lá vamos, senhor Michael! Já lá vamos! Agradecia que me deixasse acabar de falar...

William levantou-se e entrando no jogo de Michael, perguntou:

- E as miúdas? Prometeram-me umas girls!!

X pigarreou:

- Eu volto a repetir... CALMA! EU JÁ VOU EXPLICAR TUDO!

Toda a gente deu um salto de repente, tal foi o impacto daquele vozeirão irritado. Recompondo-se, X prosseguiu:

- Muito bem! Agora que os ânimos serenaram, vamos lá então às regras do torneio: 1ª Regra - Todos os golpes são permitidos!

Ao ouvirem aquilo, muitas pessoas viraram-se para o lado a sussurrar baixinho, como abelhas zangadas. Um torneio onde todos os golpes eram permitidos? Por um lado, era bom! Uma óptima oportunidade de mostrarem o seu potencial! Infelizmente, tal facto não deixava de ser perigoso também! As coisas podiam correr para o torto!

X sentou-se na sua poltrona. Aguardou que os ânimos voltassem a serenar. Fechou os olhos, controlando a sua fúria para não dar cabo daquilo tudo, mesmo antes do torneio ter início! Afinal, ele tinha esperado tanto tempo...! Já não faltava muito... Momentos depois, ele levantou-se e prosseguiu:

- Meus amigos, isto aqui é um torneio a sério! Estão aqui pessoas muito importantes a assistir! Vocês já estão a fazer dinheiro, ainda antes de começarem! Se alguém pretende desistir agora, porque não se acha forte o suficiente para embarcar neste desafio, por favor faça-o agora! - exclamou X.

De imediato, 42 lutadores levantaram-se. Olhando para eles com desprezo, X aproximou-se deles e virando-se para o público, afirmou:

- Muito bem! Como prova de que não guardo rancores, gostaria que ficassem cá e assistissem ao evento! Espero que possam aproveitar bem esta oportunidade para improvisarem os vossos dotes de combate!

- Sim! Sim! Viva! Viva X! - exclamaram os 42 desistentes.

- Obrigado senhores e senhoras, obrigado! Continuando com as regras, as restantes serão as seguintes: 2ª Regra - Durante um combate, se quiserem, podem desistir! Para tal, basta que digam em voz alta: “MAT-TE”! E a última regra, mas não menos importante, é esta: 3ª - Eu disse que todos os golpes eram permitidos! O que ainda não vos disse é que, se quiserem, podem eliminar o vosso adversário...!

Os restantes lutadores e o público começaram a exclamar em uníssono um sonoro:

- Ohhh! A sério?

Katsumo levantou-se indignado e disse:

- Fogo! Que loucura!

Muitos lutadores riram-se, satisfeitos! Para eles tanto fazia se os seus oponentes ficavam vivos ou não! Entre o público alguns espectadores aplaudiam a ideia. X olhava para todos os lados, muito satisfeito!

- Ora bem, eu penso que está tudo dito! Alguém tem alguma coisa a dizer ou posso dar por encerrado este nosso primeiro encontro?

Michael Blein inquiriu:

- Eu tenho! Quanto é que vai receber o vencedor do torneio?

X entrelaçou os dedos e após um momento de suspense, exclamou:

- O vencedor do torneio, para além do troféu e do título, receberá um prémio monetário de... 2 milhões de euros!

Todas as pessoas ali presentes levantaram-se, empolgadas:

- Fiúúúúúúúúú!! Que grande prémio!

- Muito bem! Eu sabia que vocês iriam ficar contentes! Como estão a ver, vale a pena participarem no torneio! Quanto ao evento, ele começa daqui a uma semana! Treinem muito, pois vão precisar! Mwa ah ah ah!! - rematou X, despedindo-se das pessoas e desaparecendo por detrás de um cortinado.

- O vencedor serei eu... Mwa ah ah ah! - sussurrou X, retirando a máscara.

Finda a cerimónia, Katsumo decidiu procurar o local onde iria ficar alojado. Na sua carta estava o endereço para uma pousada, sendo que ele partilharia o quarto com outro lutador. O seu parceiro de quarto chamava-se Hao Fang. Ao chegar ao quarto, Katsumo bateu à porta e aguardou. A porta abriu-se, passado uns segundos.

- Ehrm... Senhor Fang?

Hao Fang acenou com a cabeça.

- Sim, sou eu! O que deseja?

- Bem… Hummm... Parece-me que vou ser o seu companheiro de quarto... - declarou Katsumo, com um sorriso tímido.

Hao sorriu e abriu a porta do quarto, autorizando Katsumo a entrar. O quarto era muito parecido com o que o rapaz tinha no Japão. O espaço não era grande, mas era acolhedor. Tinha um beliche a um canto, enquanto no outro canto tinha dois cadeirões à beira de uma pequena lareira e uma televisão.

Uma pequena mesa de secretária em bambu completava o mesmo. Tinha uma casa de banho toda rodeada de azulejos azuis, que lhe davam um ar muito fresco. O quarto deles tinha uma janela por onde se podia ver toda a encosta do monte onde eles se encontravam. Katsumo gostava de conhecer aquele local noutras circunstâncias. A paisagem era linda! Ele pousou as coisas dele e apresentou-se:

- Eu sou o Katsumo Hoshi! - apressou-se a dizer, envergonhado por não o ter feito mal entrara no quarto.

Hao Fang riu-se.

- Ah ah ah ah! Sim, eu sei quem tu és! Achas que te deixava entrar assim, sem sequer saber o teu nome? Tu és o rapaz que venceu aquele torneio especial, que ocorreu aqui na Tailândia há uns anos!

Surpreso, Katsumo olhou para o colega de quarto com maior atenção. Hao era mais velho do que ele. Não devia ser muito mais velho, mas tinha todo o ar de já ser bem mais experiente! Hao Fang tinha uma presença forte. Era mais baixo do que Katsumo. Tinha a cabeça rapada. Não parecia ser forte, nem ter muitos músculos, pois era magro.

No entanto, Katsumo sabia desde há muito que as aparências iludem... E não tardou muito para confirmar isso mesmo! Quando ele começou a desempacotar as coisas da mala, Hao Fang deu início aos seus treinos, tirando a t-shirt. Katsumo ficou levemente surpreso. Hao Fang tinha uns abdominais bem-feitos, totalmente delineados. As pernas eram musculosas e rapidamente o rapaz apercebeu-se de que não estava perante um lutador qualquer! Hao Fang fazia flexões com um braço atrás das costas e o outro apoiado em apenas três dedos! Curioso, Katsumo não resistiu a perguntar:

- Se o Hao Fang soube desse torneio, porque não participou? Você tem todo o ar de ser um grande lutador!

Hao continuou o seu treino. Quando acabou aquele exercício, virou-se para o rapaz e explicou:

- Ora bem, não participei pela simples razão que aquele torneio tinha como objectivo apresentar novas promessas ao mundo das artes marciais! Eu não sou propriamente um novato nestas coisas! Ah ah ah ah! Ainda assim, não deixa de ser uma grande honra partilhar a camarata com o campeão desse torneio!

Katsumo riu-se. Aquele elogio caíra-lhe bem! Hao Fang não parecia ser má pessoa! Ele trocou de roupa e vestiu a que usava durante os treinos.

- Obrigado, senhor Hao! Você parece ser um bom lutador! É mestre?

Hao sorriu levemente. Acenando com a cabeça, comentou:

- Katsumo… Ninguém consegue ser Mestre de 2500 anos de Kung Fu! Eu treino desde muito pequeno, desde que comecei a dar os primeiros passos! Como não tenho família, fui adoptado por uns monges que me ensinaram o Shan Hi Ko, uma arte marcial ancestral...

- Nunca ouvi falar dessa arte! O que é?

Hao sentou-se a descansar um pouco e tirou uma garrafa de água do mini-bar, que se encontrava no móvel debaixo da televisão. Depois de beber um pouco de água, respondeu:

- O Shan Hi Ko é uma arte de Kung Fu. É, talvez, a variante mais ancestral e pura! Nesta arte, estudamos Medicina, temos um treino muito extensivo, que nos obriga a muita disciplina e dedicação. Eu demorei quase 25 anos a atingir o estatuto de “Mestre”, mas no Shan Hi Ko estamos sempre a aprender!

Katsumo olhou para Hao, incrédulo!

- 25 anos?! Possa! Que idade tem o senhor?!? - perguntou, completamente abismado.

Ele riu-se e respondeu:

- Eu tenho 35 anos! Quantos me davas? - inquiriu, com um sorriso genuíno.

- Eu...? Talvez… Uns 25? Não achava que o senhor fosse muito mais velho que eu! Ainda por cima, já é Mestre? Caramba, isso é impressionante! - afirmou Katsumo, totalmente surpreso.

Hao aproximou-se do rapaz e aplicou-lhe uma palmada amigável nas costas.

- Pois bem, agora já sabes. E outra coisa: podes tratar-me por tu! Creio que vamos ser amigos! Então e tu, Katsumo? Fala-me um pouco sobre ti!

O rapaz sentou-me ao lado de Hao.

- O senhor já sabe que eu me chamo Katsumo Hoshi. Venho do Japão. No Japão, eu treinei durante muitos anos, num dojo. Tenho um irmão mais novo, chamado Kaji. Já não o vejo há

alguns anos, embora tenha estado no Japão recentemente... Gostava de o ter visitado, mas não tive oportunidade de o fazer... Nessa altura, eu andava a treinar com o meu antigo Mestre. Já agora... O que acha deste torneio? É no mínimo invulgar, não é?

Hao levantou-se e foi contemplar a paisagem à janela. Fechou os olhos e deixou a brisa do vento acariciar o seu peito suado. Após alguns minutos em silêncio, onde apenas se escutava o chilrear dos pássaros na encosta da floresta, ele comentou:

- Bem, alguns deles são meus conhecidos, pelo menos de vista... Já ouvi falar deles! Desconfio até de quem irá chegar até às Meias-Finais... Estão aqui oponentes muito fortes e experientes!

Espantado, Katsumo questionou:

- A sério? Quem? Quem é que vai conseguir chegar às Meias-Finais?

Hao voltou a fechar os olhos e suspirou. Virando-se para Katsumo, mirou-o de alto a baixo, sem dizer nada. Ele era dono de uns espectaculares olhos azuis, num tom glaciar. Com um ar misterioso, ele voltou costas a Katsumo e declarou:

- Lamento meu jovem amigo, mas não vou partilhar contigo! Se aquilo que penso se tornar realidade, acredita que vamos ter sarilhos...!


*Enquanto isso, noutra camarata...*


Michael Blein estava muito feliz! Ele tinha conseguido ficar sozinho num quarto, pelo que podia estar completamente à vontade! Olhou-se ao espelho. No pulso direito, uma pulseira de 7 cores reluzia2/3. Onde andaria Caim? Será que ainda se recordava dele2/3? Michael suspirou. Por momentos, sentiu saudades de Portugal. Perdido em pensamentos, não se apercebeu que bateram à porta. Voltaram a bater.

- Senhor Abel Santos4? Estão aqui as meninas que pediu! Trazemos champanhe connosco! - responderam várias vozes femininas.

Michael voltou a olhar para o espelho, piscando o olho ao seu reflexo! Abrindo a porta, sorriu! Estavam ali 3 belas raparigas! Uma loira, uma morena e uma ruiva! Todas elas eram bem “apetrechadas”! As mulheres entraram e Michael foi buscar o carrinho com as bebidas à porta.

- Olá Abel4! - anunciaram as três mulheres, beijando o rapaz de forma provocante.

- Mas que maravilha! - exclamou Michael, feliz!

As raparigas ajudaram Michael Blein a tirar as roupas rapidamente. Entre muita diversão e bebida, elas acariciavam-se e festejavam com o rapaz! Entre muita risota e galhofa, elas e ele vão para a banheira do quarto, a qual enchem de espuma. A dada altura, Michael Blein fechou os olhos. Recordando-se de Caim2/3, suspirou:

- Hummm! Cheguei ao Paraíso! Gostava de ficar com vocês as 3 para sempre!

As mulheres trocaram um olhar cúmplice. Com voz sedutora, a ruiva declarou: 

- A sério? Isso pode-se arranjar! Michael, Abel ou lá como te chamas4! Adeus! Dorme com os anjos!

Michael Blein levanta-se da banheira. Imerso em espuma, perguntou, surpreso:

- O quê? O que queres dizer com isso?
  
A mulher ruiva sacou de uma arma que tinha escondida sob as toalhas. Sem hesitar e com um olhar cheio de ódio, ela disparou um tiro que atingiu Michael em cheio no peito.


*PAMMMM!!!*


- Nãoooo! Eu não posso morrer.... Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh…. Caim2/3….

Com as suas últimas forças, Michael toca na pulseira arco-íris que tinha no pulso direito. Revira os olhos. Um fio de sangue escorre da sua boca.

As três raparigas levantaram-se da banheira, bastante satisfeitas!

- Eh eh eh! Bom trabalho! Este já teve o que merecia! Quem te mandou seres um idiota arrogante e desrespeitares o nosso mestre? - questionou a morena, enquanto dava um jeito ao cabelo com o secador.

- Mesmo! Quem é que o mandou ser um playboyzeco de 3ª categoria? - gracejou a loira.

- Que se lixe! Está feito! Este já teve o final que merecia! Vá meninas, vamos embora! Agora o Ghrishma que trate do resto! - ordenou a ruiva, que parecia ser a líder do grupo.

Divertidas, as três mulheres calcaram Michael, enquanto se arranjavam. Antes de abandonarem o quarto, pegaram nas taças de champanhe e fizeram um brinde:

- À nossa, meninas! Pelo fim dos playboyzecos de terceira categoria! - gritaram em uníssono, bebendo o champanhe e saindo do quarto.


[Continua...]


Notas do Autor:

2 - Vírgulas do Destino: O Turista;
3 - Vírgulas do Destino: Meandros da Vida;
4 - Abel Santos, personagem que os leitores conheceram em “Vírgulas do Destino: O Turista” e “Vírgulas do Destino: Meandros da Vida”. Depois dos acontecimentos narrados nessas histórias, ele partiu para os Estados Unidos da América. Lá, ele tornou-se Michael Blein.    

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