15 dezembro 2019

Vírgulas do Destino: Prisioneiros do Amor ~ Capítulo 30

Capítulo 30






Aceitando o desafio de Artemisa, Mikel sentou-se no chão a contar o que sabia, perante o olhar incrédulo de todos os presentes.  




*País de Gales, 1946*




Tudo começou quando uma jovem de 16 anos chamada Rita apareceu à porta da frente de uma família aristocrática, uma das poucas que restavam na sua aldeia, já que muitas haviam perdido o título e o privilégio de poderem continuar a serem chamadas aristocratas. Desde a chegada dos britânicos à ilha, muitos haviam perdido o seu título.


Rita estava hesitante em bater e pedir um trabalho, mas a sua família estava a passar necessidades. Ela era filha de um fazendeiro. Um fazendeiro honesto, sem quaisquer hábitos. A sua família era o núcleo da sua existência. A mãe de Rita tinha de ficar em casa e realizar as tarefas diárias e cuidar dos seus 11 filhos! Rita era a segunda filha mais velha, já que tinha um irmão chamado Pedro, que tinha 17 anos. Ele trabalhava nos campos desde os 13 anos de idade. Rita não era nenhuma excepção, mas o trabalho nos campos não era lugar para uma mulher! Os pais dela achavam que, se ela se tornasse empregada doméstica de uma família nobre, teria mais oportunidades para melhorar de vida. Ambos preparavam a sua irmã mais nova, Maria, que em breve faria 15 anos de idade para também ela seguir os passos de Rita e procurar trabalho numa casa nobre!

Rita bateu numa grande porta verde, e, em seguida, puxou o cordão que accionou a campainha. Poucos segundos depois, uma mulher no final do seu meio século de vida, abriu a porta!

- “Ela deve ser a dona da casa! Que mulher gigantesca!” - pensou Rita.

A mulher era mais alta que a média das mulheres que Rita conhecia! Ela era muito gorda. Tinha um busto muito pronunciado e as bochechas rosadas.

- Sim? - perguntou a mulher.

- Eu estou a procurar trabalho nesta zona. Eu sou daqui perto e queria saber se você estava interessada em contratar-me? Eu sou muito boa a fazer as tarefas! Eu cuido da minha fam...

- Está tudo bem, não precisamos de ninguém. Obrigado. Tenha um bom dia, menina! - rematou a senhora prontamente, com uma voz áspera.

Sem dizer mais nada, a senhora fechou a porta, deixando Rita quase em lágrimas! O que Rita não sabia é que por vezes, não conseguirmos o que queremos é um grande golpe de sorte! Triste e desanimada, ela retomou o caminho de regresso a casa, enquanto se lamentava:


- E agora? O que devo fazer? O que vai ser da minha família? Eles contavam com este trabalho e estou a voltar para casa sem uma boa notícia... Ohhh… Como sou infeliz! - soluçou.



A pobre rapariga respirou fundo e deu um passo para trás, sem se aperceber do local onde estava a colocar o pé. Quando fez isso, ouviu um grito!

- Aiiiiiii!


- Ohhh! Lamento imenso! Eu não queria magoá-lo! - exclamou Rita.



- Está tudo bem! Isso acontece! - respondeu um rapaz.


- Eu sinto muito, senhor! A minha sorte hoje não me favorece! Ainda assim, eu devo ir-me embora agora... Adeus!

- Não, espere! Posso ajudá-la, menina? Eu moro aqui... Você está à procura de alguém?

- Não, senhor! Eu já recebi a resposta, obrigada na mesma... - respondeu Rita com a voz trémula.

A porta principal abriu-se mais uma vez e a senhora que Rita tinha encontrado antes, saiu. Ao olhar para esta, perguntou, em voz alta:

- A menina ainda está aqui? Esqueceu o caminho de casa?

Rita olhou para o chão e caminhou lentamente, recomeçando a chorar.

O rapaz fungou, indignado!

- Já chega, Carmen! Basta! Desde quando é que você é rude com os convidados? A minha mãe não tolera este tipo de comportamento! - respondeu ele, com voz grossa.

- Peço desculpas senhor Arthur! Eu não estava ciente de que ela era sua... Convidada... Isso nunca mais volta a acontecer! - sussurrou Cármen, envergonhada.


- Não é a mim que você tem de pedir desculpas, mas a esta jovem aqui! Você tem sido rude com ela! - resmungou Arthur, olhando muito sério para Carmen.


- Estou muito triste pela minha falta de comportamento, isso não voltará a acontecer!


- Não há problema nenhum, madame! Acho que tudo foi um mal-entendido! - respondeu Rita, mais confiante.



Carmen parecia menos imponente, menos gigantesca! Rita sentiu que Carmen deixara de ser um leão para se tornar um gatinho pequenino! Muito mais aliviada, ela sorriu!



- Os mal-entendidos são bons o suficiente para sermos rudes...! Hum, lamento mas eu não sei sequer o seu nome... Agora sou eu que estou a ser rude por não me apresentar! Eu sou Arthur, John Arthur! O seu nome qual é...? Se eu puder saber? - perguntou o jovem com um sorriso no rosto, enquanto tocava na ponta do gorro de Rita.

- Oh! Claro, claro que pode! Rita... O nome é Rita, senhor! - respondeu ela prontamente, com um sorriso.

- E se me permite, qual era o seu negócio nesta casa?

- Eu estava à procura de um sítio para trabalhar, mas não há vagas disponíveis para os meus serviços. - suspirou Rita, com uma voz enfraquecida.

- Numa casa como esta, existem sempre muitos ajudantes e muitas tarefas a serem realizadas! O número de mãos nunca é suficiente! Acho que a Carmen nunca iria recusar uma ajuda... Estou certo, Carmen? - inquiriu o rapaz, com um sorriso no rosto, sem tirar os olhos de Carmen.

- Não... Não, senhor! Eu nunca faria isso! - murmurou a mulher, enquanto corava que nem um tomate!

- Então está tudo resolvido! Parece-me que temos um novo membro na nossa família! Venha Rita, deixe-me mostrar-lhe o caminho! Existe mais uma pessoa que tem de aprovar o seu recrutamento na casa! Ninguém faz isso sem o consentimento da minha mãe! Mas não se preocupe! Ela pode parecer dura, mas ela é tão suave como o algodão no interior! - exclamou Arthur, entre risos.


E foi assim que Rita começou a trabalhar para esta família! O trabalho não era fácil. As horas avançavam com uma lentidão horrível. Para a jovem Rita, todo o cansaço de um dia de trabalho árduo desaparecia, ao ver o sorriso amável do seu jovem patrão Arthur.



- Muito bem, Rita! Você deve tratar todos por Senhor ou Senhora, sem excepção a ninguém! Não está autorizada a subir ao segundo andar da casa! Nunca deve andar a correr pela casa. Falar num tom de voz alta não é aceite! Você nunca deve fazer contacto visual com os membros da família! Você deve ser invisível... Isso significa que você deve executar as suas tarefas rapidamente e sem interromper ninguém! Você não deve falar com ninguém da família a menos que lhe perguntem algo e deve responder sempre um “Sim Senhor” ou “Sim Senhora”. Esta é uma casa muito respeitável e deve permanecer assim! Minha jovem, fiz-me entender? - inquiriu Carmen, respirando fundo, enquanto mirava Rita a tomar notas de tudo o que esta dizia, numa lista que parecia não ter fim.


- Sim senhora, entendi tudo!

- Muito bem! Espero bem que sim! Você vai começar com metade do salário nos primeiros 3 meses. Isso dará 15 poundspor mês, sem contar com descontos, caso parta alguma coisa! Se o salário não cobrir o prejuízo, você será despedida e terá de pagar o que faltar. É tudo!

Carmen terminou as suas advertências entregando um avental novinho em folha a Rita.

- Obrigado Senhora! - respondeu Rita, fazendo uma vénia.

Os dias passaram-se rapidamente e Rita aprendeu a fazer tudo como devia ser, muito ordenadamente. Todos os empregados gostavam dela. Achavam-na uma menina com um coração muito gentil. Carmen, apesar da sua aparência e tom autoritário, gostava da Rita. Apesar disso, Rita não se sentia confortável em torno dos membros da família ou dos convidados que visitavam a casa.

Ela só estava realmente confortável ao lado de Sir Arthur. Eles conversavam secretamente num jardim, quando ninguém estava por perto, mesmo sabendo que isso era proibido. Sir Arthur John era muito gentil com ela. O seu sorriso derretia o coração de Rita sempre que ela o via! Não tardou para que Rita desse por si a fantasiar com ele, mas estava ciente de que eles pertenciam a mundos diferentes! Ela sabia que Arthur teria de casar com uma senhora do seu status e posição!


A mãe de Arthur frequentemente solicitava Rita em particular, para esta trazer o seu chá das cinco à sala de estar. Tinha ficado encantada com a simplicidade da rapariga, embora não o demonstrasse abertamente. Um belo dia, durante o mês de Junho desse ano, enquanto Rita servia o chá…



- O meu filho mais velho, Edgar, voltará para casa da Escola de Voos até ao final deste mês! Estou tão animada! Ele vai, certamente, tornar-se um Cavalheiro! Ele é o nosso orgulho! - anunciou a senhora, colocando o tricot sobre a mesa e pegando numa chávena de chá.


A senhora olhou para Rita e sorriu, enquanto a patroa tocou um sininho. Rita sorriu de volta para ela. Carmen apareceu e fez uma vénia à patroa. Virou-se para a jovem e ordenou:


- Rita, pode retirar a roupa do quarto de Sir Arthur John! Neste momento, você não está a incomodar ninguém! Entre na segunda sala à esquerda do vaso de flores, bata 3 vezes e espere por uma resposta. Bata novamente uma segunda vez. Se ele não responder, entre. Deixe a roupa na cadeira ao lado da cama dele, à direita. Pegue na roupa que geralmente é deixada aos pés da cama e desça novamente, rapidamente!



Mal conseguindo acreditar no que acabara de ouvir, Rita sentiu orgulho e medo ao mesmo tempo! Sentia-se confusa. A única coisa que ela sabia que isso significava é que agora era totalmente aceite na casa e que ela era como um deles! Isso fez um sorriso aparecer no rosto de Rita e ela quase sentiu borboletas no estômago.


- Pode ir! Do que está à espera? - perguntou Carmen, rapidamente!

A segunda porta à esquerda ao lado do vaso de flores...” Rita repetia para si mesma na sua mente. “Bater e esperar... Sem resposta, bater de novo...” Como continuasse sem resposta, ela abriu a porta devagar e caminhou em direcção à cama. Colocou a roupa na cadeira, pegou nas roupas que estavam no chão e ficou parada no meio do quarto.

- “Este é o lugar onde Sir Arthur dorme... Nunca vi estas coisas lindas num quarto!” - pensou.

Rita andava pelo quarto, segurando a roupa contra o seu corpo com ambos os braços. Aproximou-se de uma das janelas e olhou lá para fora. Ao espreitar para o jardim, encontrou Sir Arthur! Ele estava debaixo de uma laranjeira, o seu local preferido, a ler um dos seus livros.


A empregada sorriu e espreitou ele lá de cima, enquanto segurava as suas vestes. Começou a imaginar qual seria a sensação de andar de mãos dadas com Arthur! Ela sorriu ainda mais e respirou fundo, inalando o cheiro das roupas que ela estava a segurar nas suas mãos.



- “Como é belo o seu cheiro!” - pensou ela.


Cheirava uma e outra vez. Quase inebriada com o cheiro, Rita começou a dançar, segurando as vestes de Arthur como se fosse ele a conduzi-la! Ela inclinou-se e dançou... Sentia-se como se estivesse a flutuar no ar!

- “Ohhhh! O que eu daria para segurar a mão dele uma vez!” - pensava ela.

- Tu danças muito bem, Rita! - disse uma voz atrás dela, tentando conter o riso.


Ao escutar a voz, Rita congelou! Sentia-se uma tola, uma idiota! Completamente embaraçada, ela correu em direcção da porta para sair dali!



- Sinto muito, senhor! Eu estava apenas a brincar... A imaginar... Isso nunca mais vai acontecer novamente! - disse ela, com a voz trémula.


- Sinto muito pelo quê, Rita? Eu amo a forma como você dança! Eu nunca pude mexer-me assim, nesta casa existem muitas regras... Eu acho que as regras foram criadas para serem dobradas, torcidas e quebradas! - disse ele, com um sorriso na cara.

Era aquele lindo sorriso que derretia o coração de Rita sempre que ela o via! Arthur tirou as roupas que Rita estava a segurar e ao fazê-lo, perguntou:


- O que acontece consigo se dançar com uma pessoa de verdade, agora?



Rita riu-se. Ela queria ouvir essas palavras há bastante tempo e nunca imaginara que iria ouvi-las! Elas foram proferidas, mas ela continuava descrente. O rapaz pegou nas mãos de Rita e começou a dançar ao som do silêncio. Uma brisa suave entrou no quarto, carregando consigo o perfume de uma flor de laranjeira a partir do jardim!


- “Eu estou a sonhar! Por favor meu Deus, não me faça acordar deste sonho!” - orou ela.


Arthur puxou Rita e olhando-a nos olhos, sussurrou:



- Você é o mais belo ser que eu já vi, eu daria qualquer coisa por você! Eu sacrificaria qualquer coisa para mantê-la!


Em seguida, ele inclinou-se e beijou Rita, apaixonadamente. Rita sentiu os seus pés a transformarem-se em geleia! Ela deixou-se estar nos braços de Arthur! Nunca fora beijada antes e sentiu tudo o que os outros lhe haviam descrito! Mas isso não chegava nem perto do que ela teria imaginado para ela! O tempo pareceu parar...

- Eu tenho de ir agora... - gemeu Rita, com pesar.

- Eu não quero que você me deixe, meu amor! Mas infelizmente, é o melhor para ambos... - murmurou ele.

Naquela noite, Rita dormiu mais feliz do que de costume. Ela despediu-se daquele dia com um sorriso no rosto, abraçando-se à sua almofada e sonhando toda a noite com o seu amor. No dia seguinte, Arthur pediu para tomar um chá no seu quarto. Era apenas uma desculpa para ver e sentir os lábios de Rita mais uma vez.

Enquanto os dias passavam, ele roubou a ela mais e mais desses momentos de ternura, mas ambos sentiam que tais momentos não eram suficientes! A paixão entre os dois cresceu, quase ao ponto de tornar-se insuportável! Era muito difícil para eles manterem-se discretos quando cruzavam-se no caminho do corredor ou quando Rita servia o jantar! Iam testando a sorte quando os outros viravam os olhos, por um segundo ou dois...

Certa manhã, uma segunda-feira perto do final do mês, os donos da casa saíram com alguns empregados para fora da aldeia por um dia inteiro. Eles precisavam de se preparar para a chegada de Edgar!

- Tudo tem de estar perfeito! - insistia a dona da casa, muitas vezes!


- O ambiente hoje está estranho! Tão silencioso que é estranho! - disse Rita a Arthur, enquanto fazia a cama dele, naquela manhã.



- O que você quer dizer com estranho? Você sabe, mesmo que haja uma centena de pessoas à minha volta, eu sinto que estou sozinho! Ninguém está autorizado a fazer isto ou aquilo! Não posso falar e rir ao mesmo tempo ou jogar! A minha vida era triste antes da Rita vir para cá! Pelo menos agora eu tenho algo porque viver! Algo que me faz querer sair da cama todas as manhãs!


- Ai, você me lisonjeia e eu adoro isso! - respondeu Rita, rindo-se.



- Não, eu não! Eu acabei de dizer a verdade! - disse Arthur prontamente, aproximando-se de Rita e abraçando-a por trás, dando um abraço tão apertado quanto podia.


Rita suspirou e estendeu a mão para ele. Ele beijou-a no pescoço e nos braços. Rita virou-se para ele beijando-o de volta, respondendo a cada beijo apaixonado com um beijo ainda mais apaixonado em troca. As mãos dele tocavam uma melodia sobre o corpo dela, enquanto Rita girava a cada toque.

Ambos deitaram-se sobre a cama, o corpo trémulo de Arthur contra o dela. A respiração de Rita tornou-se cada vez mais profunda e pesada. Ele tirou a blusa dela e tirou a sua própria camisa. Beijou-a mais e mais até que a sua paixão não podia ser mais controlada. Ele acariciou o rosto dela e, em seguida, beijou a sua barriga, puxando para baixo a pouca roupa que Rita ainda mantinha, revelando tudo o que corpo de Rita tinha para oferecer.

Ao vê-la assim, ele sussurrou baixinho:

-  Rita… Você é linda!

A rapariga sorriu para ele. Ela nunca sentira tais emoções e o corpo dela estava a reagir de uma maneira que ela nunca soubera até então que existia...! Quando o pénis de Arthur tocou nela, ela tremeu. Não tremia de medo, mas sim de emoção!


Ela consentiu e, pela primeira vez, ela fez amor! Arthur penetrou-a delicadamente e, em seguida, tornou-se mais e mais vigoroso! Ela começou a inspirar e expirar até que o puxou para mais perto de si e pediu-lhe para aquele momento não ter fim! Ela sentia-se como se fosse desfalecer e, em seguida, os seus sentidos despertavam novamente, rumo a um sentimento ainda mais profundo!



O calor era quase insuportável! Ambos estavam cobertos de suor! Eles beijaram-se e trocaram fluidos naquele momento de êxtase, em que se uniram num só! Rita estremeceu de prazer e ao mesmo tempo, teve uma espécie de medo... Um medo ao qual ela não saberia dar um nome ou uma razão...


Ambos adormeceram. Ao ouvir o bater do sino da igreja, horas mais tarde, a rapariga acordou, assustada! Rita ficara paralisada de medo ao olhar para os lençóis! Sacudiu o ombro de Arthur para acordá-lo.

- Ai Arthur, olha só o que eu fiz! Sinto muito, agora toda a gente vai ficar a saber! - disse ela, quase a chorar.

Ela pensava no que iriam dizer as outras pessoas. O que deveria fazer? Como explicar o sangue nos lençóis? Rita começou a chorar enquanto pegava nas roupas dela. Arthur beijou-a no pescoço, acalmando-a.

- Não tenha medo, meu amor, eu estou aqui! Não há nada a temer, nada do que se envergonhar! É perfeitamente normal para uma primeira vez! Eu devo admitir que eu só conhecia pelo que eu ouvi, sabe...? O meu irmão explicou-me o que é, mas jamais imaginei que poderia ser algo tão bom!

Ele continuou a beijá-la e pegou na mão dela. Puxou-a contra ele e fez sentir-lhe o quanto a queria. Ela gemeu quando ele lhe tocou na vagina, começando a acariciá-la com os dedos. Ele sabia que ela queria que ele a penetrasse novamente. Os sentimentos de Rita e o corpo dela não podiam negar o quão excitada ela estava.

Rita deitou-se de barriga para baixo enquanto Arthur brincava com os seus cabelos, cantarolando uma música que eles amavam. Ele penetrou-a em seguida mais profundamente. Ela agarrou-se a uma almofada e suavemente soltou um grito. Ela sentiu algo com mais intensidade por um segundo e de repente pensou que Arthur tinha-a dividido em duas. Ele queria-a a ela e ela queria-o a ele, pelo que o rapaz penetrou-a ainda mais profundamente, entre sussurros, arfares e beijos!


- Que maravilhoso seria se este dia nunca mais tivesse fim! - disseram um ao outro, enquanto se escondiam nos lençóis.



Aquele dia jamais foi esquecido por ambos. Infelizmente, não foi fácil voltarem a ficar sozinhos em casa e agora, com a chegada de Edgar, seria ainda mais difícil falarem. Arthur prometeu a Rita de que iria pedir a bênção aos pais para se casar com ela brevemente! Ele só precisava de esperar pelo momento certo. Quanto a Rita, ela estava feliz, mais feliz do que alguma vez se tinha sentido! Por outro lado, ela sentia-se com medo e secretamente temia o momento. No último dia do mês de Junho…



- Sir Edgar chegou ontem à noite! Ele está no quarto dele a descansar. Estas são as roupas dele, leve-as e verifique se você não o perturba - disse Carmen, calmamente. - Ah... Mais uma coisa - continuou ela.


- Sim? - perguntou Rita.



- Nada de especial... Querida, você é uma boa menina... Mas você já sabe disso! Eu gosto muito de si e a patroa também! Continue assim e um dia arranjarei um noivo para si! - Carmen tocou suavemente no ombro de Rita, satisfeita.


Rita subiu para o segundo andar, passou pelo quarto de Arthur e sorriu. Ela estendeu a mão para a maçaneta da porta do quarto seguinte e abriu o mais silenciosamente que pôde. Ela viu um homem deitado na cama. Calmamente, ela aproximou-se da cómoda e colocou lá as roupas limpas. Olhou em volta da cama e recolheu as roupas de Sir Edgar que estavam espalhadas pelo chão. Ela olhou para ele. Este estava a dormir. Ele parecia um pouco mais velho do que Arthur. Deveria ter entre 27 ou 28 anos. Ela apressou-se a terminar e quando pegou na última meia...

- Bom dia! - saudou o rapaz, com uma voz bem-disposta.

- Bom dia senhor, desculpe tê-lo acordado! Eu vou já sair e deixá-lo descansar! - respondeu ela, apressadamente.

- Os padrões desta casa têm melhorado desde a última vez que cá estive! Muito, muito melhor do que Carmen, devo dizer! - exclamou ele prontamente, de forma sarcástica, sentando-se na cama.

Rita olhou para ele e não proferiu nenhuma palavra.

Em seguida, fez uma vénia, e caminhou em direcção da porta.


- Qual é o seu nome? Você não se apresentou ainda! Isso é que é muito rude, você sabe? - perguntou ele rapidamente, levantando-se da cama.



- Rita, Sir... O meu nome é Rita! - respondeu ela, enquanto olhava para o chão.


- Além de bonita, também é tímida! 

Edgar riu-se. Aproximou-se de Rita e tocou no seu queixo. Levantou a cabeça dela, para que esta o olhasse nos olhos.

- Vamos lá, não seja tímida!


- Desculpe, senhor, mas... Eu não deveria estar aqui sozinha consigo, eu penso! - suspirou Rita, lentamente.



- E porque não? Eu não mordo você, sabe?


- Você poderia cobrir-se, Sir? Não é apropriado! - disse ela, numa voz suave.

- Apropriado? Você vai dizer-me que nunca viu homem com as suas vestes de dormir? Tenho a certeza de que sim, que já viu, às vezes! Vai-me dizer que você nunca foi para o quarto do meu irmão desde que você aqui chegou, querida? - Edgar ria-se, cada vez mais divertido.

- Sim... Eu quero dizer, não...! Desculpe-me, eu devo ir embora! - respondeu Rita, virando-se para sair.

Mas Edgar agarrou-lhe um braço e beijou-a nos lábios com ternura. Rita ficou chocada! Não tinha a certeza se deveria correr, gritar, empurrá-lo ou simplesmente deixar-se levar! Ela nunca se tinha sentido tão confusa! Edgar, por sua vez, sorriu para ela. Puxou-a para mais perto de si e beijou-a novamente com mais vigor enquanto deslizava a mão para baixo, agarrando firmemente os seus seios.

Aí, uma campainha despertou dentro de Rita para o que estava a acontecer e isso fez com que esta voltasse a si mesma. Ela empurrou Edgar para longe de si e correu para fora do quarto, deixando as roupas para trás. Rita correu escadas abaixo para a sala dos empregados a chorar e sentou-se na janela, olhando para o céu e rezando com todo o seu coração para que chegasse rapidamente o dia em que estaria com o seu grande amor, Arthur.


Os dias foram dando lugar às semanas. Rita nunca partilhou uma palavra sobre o que acontecera naquela fatídica manhã. Ela descobriu que o regresso de Edgar estava relacionado com o seu futuro casamento com Adele, uma jovem senhora da rua principal da aldeia. Ela conheceu Adele num jantar de família. Era uma rapariga bonita. Não era alta e era um pouco gorda, mas tinha um rosto bonito e belos cabelos com cachos castanhos.



Uma tarde, cerca de um mês após a chegada de Edgar, num dia muito quente, Rita foi convidada a levar bebidas ao quarto de Edgar. Ela não estava feliz com a ideia, já que ela evitava-o como se ele fosse a peste. Infelizmente, não tinha hipóteses de se escapar desta vez. Ela bateu na porta do quarto e não ouviu nenhuma resposta. Bateu novamente, mas nada. A jovem pensou que talvez ele estivesse a dormir ou até ausente do quarto, mas ela podia ouvir a música que saía de lá. Rita cuidadosamente virou a maçaneta da porta e entrou muito devagar. O quarto estava vazio. A porta dos fundos estava ligeiramente aberta. Era de lá que a música vinha! Ela disse para si mesma que o melhor seria deixar a bebida ali e sair, mas a curiosidade venceu! Ela sabia que a porta levava para a casa de banho, mas ainda assim ela estava estranhamente atraída para a porta ligeiramente aberta. Lentamente, ela aproximou-se da porta e espreitou lá para dentro! Edgar estava na água a cantarolar a música que estava a tocar no gramofone! Em seguida, ele levantou-se e estendeu a mão para os cigarros! Acendeu um e voltou para a banheira.



Rita ficou estranhamente fascinada pela cena e não conseguiu arredar pé. Edgar pegou numa toalha e saiu do banho. Rita ficou parada, sem sequer respirar! A visão de Edgar, nu, fê-la imaginar o dia em que ela fizera amor com Arthur. Ela teve de admitir que Edgar era muito bem constituído e tinha melhor aparência do que Arthur! Ele era mais alto e o seu corpo era bastante semelhante a um dos homens que vira em pinturas no salão da casa.


Ela estava confusa. Quando viu Edgar a mover-se em direcção da porta, entrou em pânico! Ela tentou sair rapidamente, mas o copo que trazia na mão escorregou e ao cair no chão, partiu-se! Ela baixou-se rapidamente para pegar os cacos, mas, segundos depois, Edgar saiu da casa de banho com um sorriso no rosto. Ela levantou-se para sair do quarto, assustada, mas Edgar correu atrás dela, acabando por pisar um vidro!

- Aiiiiiiiiiiiiiiiii! Rita! Olhe o que você fez! Olhe para o meu pé, Rita! Pare já aí! Estou ferido! - disse ele em voz alta, dando um pequeno grito.

Rita parou e olhou para baixo, para os pés dele. O pé esquerdo estava a sangrar e ela podia ver gotas de sangue!

- Ajude-me por favor Rita! Dê-me um lenço da gaveta de cima, no armário à esquerda!

Ela foi buscar um lenço e regressou para junto de Edgar, assustada. Lágrimas rolavam pelo seu rosto.

- Desculpe senhor, eu não sabia!

- Já vi pior! - comentou Edgar, com um sorriso.


- Por favor senhor, pode cobrir-se? Estou muito confusa!


Rita só queria desaparecer, tal era o desespero que sentia dentro de si.


- Porquê? Você já viu tudo o que tinha de ver, de qualquer maneira!



- Senhor, isto não é ético!

A jovem evitava olhar para Edgar. Entregou-lhe uma almofada para este cobrir-se.


- Eu gosto quando você faz essa cara, querida!

Edgar falou num tom de voz bem sedutor! Ele atirou a almofada para um canto e caminhou na direcção de Rita, agarrando-a pelos ombros! Ele empurrou-a para cima da cama e segurou-a, fazendo com que esta o olhasse nos olhos. Sorrindo, ele beijou-a enquanto a segurava com um braço, puxando-lhe a saia e rasgando as suas roupas. Rita tremeu de medo! Ela tentou gritar, mas nenhum som saiu! Ela estava com medo de reagir. Edgar forçou o seu pénis dentro dela violentamente enquanto cobria a boca dela com uma mão, para impedi-la de gritar. Ele penetrou-a o mais forte que podia. Conseguia sentir o corpo dela a opôr-se à sua vontade. No entanto, isso deixou-o ainda mais excitado! Ele penetrou-a ainda mais rápido e mais profundamente… Até que não conseguiu aguentar por mais tempo o seu desejo e explodiu dentro da pobre rapariga! Ao fazê-lo, ele libertou as duas mãos e Rita soltou um grito agonizante que encheu a casa!

O choro dela encheu o ar! Nos gritos dela, escutava-se a voz do medo e da dor... Poucos segundos depois, Arthur entrou no quarto e, sem hesitação, correu para junto deles! Deu um soco ao irmão com toda a sua força, fazendo Edgar cair para trás e bater na parede!

Em seguida, Arthur socorreu Rita, cobrindo-a com um lençol. Os pais de Arthur e Edgar não tardaram a aparecer, alertados pelos gritos. Com eles estavam um casal de criados e Carmen, que se desfazia em lágrimas.


- O que vem a ser isto? - perguntou o pai dos rapazes, com voz áspera.



- Pai, não vê que Edgar violou Rita? O estafermo hediondo! - resmungou Arthur, enraivecido.


- Vá...! Não vamos tirar conclusões precipitadas! Ela tem-me tentado! Foi ela que me desafiou! Eu estava no banho! Eu sou apenas humano, no fim de contas! Ela é que me provocou, essa puta vadia!

- Como é que você ousa chamá-la de puta? Seu cabrão nojento! - Arthur desatou aos gritos com Edgar, acabando por cuspir na cara dele.

Numa questão de segundos, os dois irmãos trocaram socos um com o outro! Os criados tentaram acalmar Arthur e agarraram-no, afastando-o do irmão.

- A Rita o tentou? Edgar! Você é mesmo um imundo mentiroso! Você disse o mesmo sobre a Mariah e a Jade! Ambas tinham provocado você! Pai, como pôde o senhor acreditar nesse monstro? Minha mãe, diga alguma coisa! Por favor! - trovejou Arthur.

- Você está a fazer uma cena, Arthur! Não levante falsos testemunhos sobre o seu irmão... Não temos nenhuma prova do que o menino diz! - resmungou o pai.

- Provas? Está aqui a prova! Clara como o ar que respiramos! Pai, ele já fez isso! E o pai sempre cobriu a merda que ele fez! Ele violou-a, pai! Ele violou a minha amada!! - explodiu Arthur, sentando-se ao lado de Rita, segurando-a firme e acariciando-a.

- Amada? Você ama essa puta?! - perguntou Edgar, rindo-se com desdém.

Colérica, a mãe dos rapazes explodiu:

- O seu amor? Você está doido, Arthur? Como é que o menino pode estar apaixonado por uma vadia? Tentar um homem que está prestes a casar-se em nossa casa, depois de tudo o que eu fiz por ela? Esta é a maneira dela retribuir a nossa bondade? Ponham essa puta fora da minha vista de uma vez por todas! Carmen, você deve ver que tipo de pessoas é que emprega aqui! Eu sabia desde o princípio que ela tinha tudo, problemas incluídos! 


- Mãe, eu imploro-lhe para ver a verdade, lá no fundo você sabe que Rita é inocente! Ela é melhor que o animal que tenho como irmão! - suplicou Arthur, com voz trémula.



- Cuide da sua língua Arthur, eu estou a avisá-lo! A minha paciência tem limites! Você deveria ter vergonha de falar assim do seu irmão! Só de pensar que ele era capaz de semelhante coisa… É quase revoltante! - trovejou a mãe, ainda mais irritada!


Decepcionado, Arthur fechou um punho em frente dos pais. Sentia-se destroçado. Ele levantou a cabeça e abraçou a sua amada.

- A senhora sabe que é verdade, mãe! E você permite! Sabe o que é revoltante? Toda esta família é revoltante! Isso deixa-me doente, só de pensar que compartilho o mesmo sangue que a senhora! Na verdade, se você está a expulsar a Rita, eu vou com ela! Eu amo-a, mãe! Amo-a com todo o meu coração e alma! Nem você, nem ninguém, podem fazer algo quanto a isso!


A mãe de Arthur e Edgar virou-se para Rita e rosnou:


- Saia da minha frente, sua puta ingrata! Você desonrou esta família! Quanto a si, Arthur, você não me chama mais de mãe! Você deverá deixar esta casa de uma vez por todas! O menino não faz mais parte desta família! O único herdeiro da nossa fortuna será o seu irmão Edgar! Você manchou o bom nome e a reputação desta família! Você nunca mais vai chamar-se de nosso filho! Desapareçam daqui os dois! Agora! 


A mulher virou costas e saiu dali, seguida por Carmen, que estava completamente desesperada!



- Senhora, deve repensar sobre isto! O menino Arthur é da sua carne e sangue! Lamento dizer-lhe, mas ele ainda é seu filho depois de tudo! Ele não fez nada de errado! - suplicou Carmen.


A senhora da casa parou no corredor e declarou:

- Minha velha amiga! Eu tinha um filho chamado Arthur...! Mas... Ele morreu...!

E sem mais delongas, a senhora da casa continuou a andar...



*De volta à actualidade...*



Todos escutavam a história, completamente fascinados! Quanto a Mikel, este suspirou, cansado. Um trovão ecoou ao longe. 


- A Rita e o Arthur eram os teus avós... Eles tiveram uma filha, a quem chamaram de Serena, mas como o irmão do teu avô, o Edgar, foi o único herdeiro dos teus bisavós paternos, eles tiveram de mantê-la escondida durante 17 longos anos... A tua mãe nunca foi para a escola, porque eles tinham medo que a tentassem raptar ou fazer-lhe mal! Quanto aos títulos da família, de acordo com o testamento de Sir Wallace Yuga - o teu bisavô paterno - e do diário que encontrei, o teu avô Arthur, efectivamente, nunca teve direito a nada! Nem mesmo ao nome de família! As propriedades e os títulos a que ele tinha direito, passaram para o seu irmão Edgar! Tu falsificaste os documentos e apoderaste-te dos bens do irmão do teu avô, mas eu encontrei os documentos originais! Mas...! Ainda há mais! O Edgar acabou por ter filhos 19 anos depois! O único filho dele teve descendentes e o mais incrível de tudo... O mais incrível de tudo é que o último dos descendentes da família Yuga está aqui presente! O legítimo dono do título que tu roubaste é... Howl! Ele é teu primo e é o verdadeiro Barão de Gales!


- Wow!!! - exclamaram todos, completamente surpreendidos!


- O quê? Não posso acreditar!! - gritou Howl, levantando-se.

- Mas é a mais pura das verdades! Tu és um Barão! - declarou Mikel, com um sorriso triunfante.


Ao ser desmascarada, Artemisa desatou a rir, desvairada! As suas gargalhadas ecoaram pelo espaço todo, parecendo que não era apenas uma, mas dez ou mais Artemisa a rirem malevolamente! Mikel e os restantes entreolharam-se, levemente amedrontados.  



- Estou a ver que tu e o teu pupilo Michi fizeram um bom trabalho! É uma pena que ele não esteja mais entre nós para saber o resto da história! - declarou Artemisa, com um sorriso mau.


Mikel levantou-se, pronto para o confronto com a terrível vilã!


- Pois não, tu mataste-o! O que tu não sabes é que ele já se tinha apercebido dos movimentos dos espiões que tu tens! Ele preparou uma série de documentos e enviou-os aos meus restantes pupilos, para que eles os entregassem a mim! Eu já sei de tudo! Tu andavas a planear uma enorme conspiração contra os Governadores! Pretendias que a Governadora Milú abdicasse a teu favor, para assim conseguires colocar o povo das Terras do Sul a lançar uma ofensiva agressiva contra o povo das Terras do Norte! Quando a Governadora Milú abdicasse a teu favor, o Governador George faria o mesmo a favor do filho! Aí, tu mandarias matar o Kojiru, através de um atentado! Tu sairias impune do homicídio e algum inocente acabaria por ser acusado injustamente do crime! Tu estavas a preparar a armadilha para que fosse eu a arcar com as culpas! Como eu sou o Chefe dos Conselheiros das Terras do Norte, passarias a ideia de que eu matara o Kojiru para ficar com o lugar dele. A minha imagem ficaria completamente arruinada! O povo das Terras do Norte revoltar-se-ia e tu ficarias a governar sem rivais!


Artemisa riu-se ainda mais alto e desatou a bater palmas, orgulhosa! Mikel e os restantes olhavam para ela. A vilã não parecia nada incomodada. Muito pelo contrário. Ela circulou pela sala e recostou-se a uma janela. Uma brisa agradável agitou a sua longa ruiva.  


- Bravo! Que grande detective que tu me saíste, Lord Mikel! Parabéns! É isso mesmo! No entanto...! Creio que existe um último grande segredo a meu respeito que tu ainda não sabes...! Como eu sou tua amiga, vou ter todo o prazer em partilhá-lo contigo!


Artemisa aproximou-se do rapaz, tirou um envelope do bolso e entregou-o a Mikel. Este abriu o envelope e retirou de lá uma fotografia! Uma fotografia de Ángel!


Porque terá Artemisa uma fotografia de Ángel? 


- Onde...! Onde é que tu foste arranjar esta fotografia? Ele...! Ele tirou esta fotografia para mim...! No dia...! No dia...! - Mikel gaguejava, sem palavras!


Mikel está prestes a descobrir uma terrível verdade!!


Artemisa perdeu as estribeiras. Com olhar raivoso, rosnou:

- Sim! No dia em que ele te pediu em casamento! Esse maldito miúdo! Pagou bem caro a insolência de não querer sequer ser meu amigo! Como é que ele se atreveu a escolher-te a ti?!?

Ao escutar aquilo, Mikel olhou para a mulher, confuso. Aos poucos, compreendeu o que esta dissera. Prestes a perder a cabeça, questionou:

- O quê?!? Onde é que tu arranjaste isto?!? Espera lá...!! O que é que tu queres dizer com isso, Artemisa?!?

Artemisa aproximou-se de Mikel e incapaz de se conter por mais tempo, berrou:





- Siiiiiiiiiiiiiiiim!! Mikel... Fui EU!!! Fui EU quem mandou assaltar a casa do Caim! Fui EU quem deu a ideia de chamar o Caim para ele vir lutar ao lado de Jéssica! Sou EU quem tem feito chantagem com ele, ameaçando-o de que matava os pais dele, para que ele te mentisse e vocês se separassem! Quanto ao Ángel... Ele não morreu de acidente...! O atropelamento de que foi vítima foi propositado! É isso mesmo, Mikel...! Fui EU...! EU é que o mandei matar! Foi muito bem feito! - rematou Artemisa, rindo-se perdidamente!


Finalmente, Artemisa revela o seu terrível segredo! Ela matou Ángel!! 😨
O que irá acontecer?!? 


- Ohhhhhhh! - exclamaram George, Kojiru, Caim, Howl, Mark, Thiago, Sophie, Jéssica e Milú ao mesmo tempo, completamente chocados!

- Tu...! Tu...! Tu fizeste o quê?!? - Mikel não conseguia acreditar no que Artemisa acabara de dizer!


- O que tu ouviste! O Ángel não quis ser meu! Nem sequer queria ser meu amigo! Ele dizia que tinha encontrado o seu “oka-chi ~ su lobito amado” e que nada mais lhe importava! Finalmente era feliz!! Como se ele pudesse ser feliz ao lado de outro rapaz! Ele, que não passava de um miúdo anormal… ...Um miúdo que gostava de se vestir como uma rapariga!!! - trovejou ela.

- SUA...! SUA...! SUA PUTAAAAAAAA! AHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!

Mikel lançou-se ao pescoço de Artemisa, completamente descontrolado, a chorar de raiva! Destroçado pela dor, ele não tardou a estrangulá-la!

- VAIS MORRER, SUA CABRA!!! EU VOU MATAR-TE!!!!

- Agarrem-no! - gritou Artemisa com dificuldade, para os seus leais guardas, que continuavam sob um estranho transe!


Assim que ela deu ordem, os comparsas de Artemisa lançaram-se contra Mikel! A vilã afastou-se para junto da janela, a recuperar o fôlego. O rapaz esperneava, gritava, esmurraçava e pontapeava tudo e todos que se aproximassem dele! Naquele momento, ele parecia um verdadeiro demónio! Colocou todos os soldados que combatiam contra ele K.O. em poucos segundos! Ao verem-no lutar tão corajosamente, Howl, Caim e Kojiru partiram para a luta contra os restantes bandidos! Mark e Thiago ajudavam Jéssica, Sophie e os Governadores a afastarem-se para a porta dos fundos, enquanto assistiam a tudo, escandalizados!



- ELE ERA A MINHA VIDA, SUA CABRA!!! E TU MATASTE-O!!! EU JURO QUE VOU ACABAR CONTIGO!!! NEM QUE SEJA A ÚLTIMA COISA QUE EU FAÇA NESTA VIDA!!! AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!! - Mikel gritava, totalmente enraivecido, disposto a acabar com Artemisa com as suas próprias mãos!

Fora da mansão, um trovão gigante ecoou! Todo o espaço estremeceu com o barulho! Com o impacto, todos ficaram imobilizados por breves instantes. Ao ribombar do trovão seguiu-se uma chuva torrencial. Artemisa sacou de uma pistola. Com um suspiro impaciente, apontou a arma para Jéssica!

- Ai, ai, ai...! Chega de conversa! Está a chover! Já viram? Vou ter de molhar-me para ir embora daqui! Enfim...! Vamos lá a acabar com isto de uma vez por todas! Jéssica, aceite renunciar a meu favor! Eu vou-me embora com os meus homens e deixo-vos escapar com vida, na condição de nunca mais me incomodarem! Parece-me um bom acordo!


Jéssica riu-se, completamente indignada! Apesar do medo, a indignação que crescia dentro do seu peito era ainda maior!

- Nunca!! Você irá levar este país à ruína! Você não passa de uma louca! Você é apenas mais uma assassina, que vive num mundo completamente à parte do nosso!!

- Sendo assim, minha querida... Bye-bye!!!

Artemisa disparou a arma, em direcção a Jéssica.

- Nãoooooo! Jéssica!!! - gritaram Kojiru e Milú.

- Oh!!!! - exclamou Jéssica, assustada.

- Mikel!!! - gritaram Howl, Caim, Mark, George e Thiago.




Mikel colocou-se à frente de Jéssica. A bala atingiu-o em cheio no peito. Por momentos, ele pareceu ficar suspenso no ar. Depois disso, ele caiu lentamente para trás, com um ar de surpresa estampado no rosto.

[Continua...]

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